A Weasley



A Toca continuava a mesma de sempre; grande, nos parâmetros dos Weasley’s, barulhenta e animada, muito animada. Porém eu, a “princesinha” da casa, a única mulher dentre os meus irmãos, estava cansada de minha vida. Por um lado, claro. Não me importava que me chamassem de pobretona, e tudo mais. Porém, estava cansada de ser tratada como uma pirralha. Sim. Ronald, a minha mãe, o meu pai, Harry, todos me tratavam daquele jeito. E ficava com mais raiva ainda quando Harry me tratava assim. Porque ele? Logo o garoto que eu amava. Eu já tinha quinze anos, já era uma “mocinha”. Queria me rebelar, era fato.

A primeira coisa que fiz foi chamar Hermione – que praticamente morava conosco, nas férias. Na verdade, ela morava -. Ela veio correndo ao meu quarto, quando usei a palavra urgência. Tranquei a porta do quarto, e tentei falar o mais baixo possível; ainda não podia usar feitiços fora do colégio, mesmo os banais.



- Ginny, o que ouve? – A voz de Hermione estava baixa, assim como a minha.
- Tenho um problema.
- Que é? – Neste momento, corei. Estava envergonhada.
- Quero me tornar uma mulher. Quero que os garotos me olhem como uma mulher. Tenho que trocar minhas roupas, começar a me maquiar. . . Você é linda, Mione. Me ajude a ser linda! – Hermione riu.
- Gina, você é linda. E o Harry te acha linda, se quer saber. Mas Ok, eu te ajudo.



Fiquei muito entusiasmada. Dei vários beijos em Hermione, mas logo me recompus. Não poderíamos perder tempo. Corri para o meu guarda-roupa, e retirei as minhas melhores roupas. Escolhemos um look para uma festa trouxa que iria ocorrer, em Londres. Não sei como, mas Hermione conseguiu convencer ao meu pai, a minha mãe e principalmente a Ronald. Talvez, o último deixou porque iria, não sei ao certo. Sei que aquela seria a oportunidade perfeita para eu. . . bem, ficar com o Harry. Em minutos, me vi sentada em uma cadeira, de frente para o espelho. Hermione penteou os meus cabelos com rapidez, me deu um perfume ótimo. Coloquei-o, e passei para minhas roupas. Assim que estava vestida, coloquei um colar de metal.

Exatamente às dez horas, desci as escadas com aflição. Não sabia se iriam gostar de como eu estava vestida. Começando de baixo para cima, obviamente. Eu estava com uma bota preta, que ia até os meus joelhos, de salto fino. Vestia uma calça jeans marrom, que entrava na bota. Por fim, vestia uma blusinha amassada e um colar de metal. Usava ainda uma boina marrom. Minha barriga estava à mostra, e minha timidez também. Assim que todos me olharam e soltaram palavras como “Uau”, me corei, imediatamente. Respirei fundo, e voltei a descer, fitando Harry. Ele me olhava, boquiaberto. Meu plano estava dando certo. Hermione estava mais linda ainda; As botas eram iguais as minhas, porém, no local do salto eram vermelhas. Ela vestia uma saia que cobria os joelhos, era de uma tonalidade escura. A blusa mostrava a barriga, e tinha um grande decote. Era vermelha. Rony não estava apenas boquiaberto: estava babando.

Harry me acompanhou, durante todo o percurso. A noite estava quente, por incrível que pareça, em Londres. Começamos timidamente a dançar, assim que chegamos no meio da multidão, nos separando de Rony e Hermione. A música mudava de ritimo, ficando cada vez mais quente. E eu, também. Fazia movimentos provocativos e, quando encostei a parte de trás em Harry. . . Bom, senti que ele estava excitado. Sorri algumas vezes, e me virei. E então, eu o beijei, finalmente. O meu sonho havia se realizado.

Passaram-se de duas a três músicas, e continuamos a nos beijar. Porém, depois de várias danças e vários beijos, a festa havia terminado. Voltamos para a Toca, e os meninos foram para os seus quartos, e as meninas também. Hermione me contou que ficou com Rony, timidamente. Já eu. . .



- Uau.
- O que foi, Mione?
- Nunca imaginei isto. . .
- De mim?
- Não, do Harry. Você é uma diabinha, Ginny.



Nós duas rimos durante vários minutos, e só depois desligamos as luzes para dormir. Pela primeira vez na minha vida, tive sonhos eróticos. Com o Harry. Nem sabia como eu podia imaginar aquilo, sei que tive. Me acordei em um susto, quando Hermione gritou por mim. Ela me disse que eu estava suando cada vez mais, e gemendo. Desci as escadas de camisola, ainda, e tomei rapidamente o meu café. Depois do meu banho – e do de todos – partimos para o Beco Diagonal.

O carro voador deu vários problemas durante o caminho, dando origem a paradas contínuas. Depois de demorados trinta minutos, estávamos no Beco. Corri com Hermione para Madame Malkins. Fizemos várias roupas, tanto para Hogwarts tanto para fora. Passamos pela de animais, onde hermione comprou rações para Bichano, e eu comprei um gato. Ele era lindo; os olhos azuis, os pêlos acinzentados. Era igual ao de hermione, exceto por esses detalhes. Dei-lhe o nome de Alucard. Drácula, ao contrário. Minha inspiração foi o livro de Bram Stoker, que eu tinha acabado de ler a alguns dias atrás.

Tudo havia sido comprado. E não eram mais farrapos; meu pai havia ganhado o dobro naquele mês, sabe-se lá porque. Parte foi economizada, e boa parte foi doada aos filhos. Comprei o que devia e o que não devia, com minha parte: eu era boa negociadora, ao meu ver. Consegui economizar bastante, os donos das lojas sempre abaixavam os preços para mm. No fim do dia, já era noite. A fria e gélida noite de Londres. Aquele dia sim, era como qualquer outro. Talvez no dia anterior algo tenha afetado o clima, algo do gênero.

O três vassouras seria o último local que eu iria. Afinal, minha garganta estava seca. Eu nescessitava de uma cerveja amanteigada, de alguns petiscos, antes de ir embora. Estava conversando com Hermione – estávamos sendo seguidas por Harry e Rony – quando abri a porta do “restaurante”. A porta se chocou violentamente com um loiro, e eu sabia que loiro era esse. Me assustei; o barulho fora muito alto. E quando vi o sangue, meu coração palpitou ainda mais. Eu havia quebrado o nariz de Draco Malfoy. Ouvi suas provocações, e me mantive calada. Parte era verdade, parte não me afetava em nada. Assim que ele deu a deixa, falei, por fim.



- Me desculpe, Draco. – Minha voz começou baixinha, e foi aumentando, gradativamente.
- Você vai se desculpar com esse olho junto?
- Vou sim. Qual o problema? Só quero curtir a última semana de férias, Ron. Não quero perder meu tempo com brigas infantis. Se quiser, fique aí. – Olhei-o uma última vez. Avistei uma mesa vaga, e caminhei para lá.


Mesmo que eu não quisesse, ainda tinha a imagem de Draco estancando o sangue com a mão. Eu estava voando; nem prestava atenção na conversa animada de Rony e Harry. Hermione apenas me fitava, apreensiva, enquanto bebia um pouco de algum líquido - que nem parei para perguntar do que se tratava -. Voltei ao mundo real quando meu pai entrou no Três Vassouras, e nos levou para fora. Neste momento, Draco passara na minha frente, já sarado.

O fitei. Não sei porque, mas meu coração palpitou naquele momento. E muito rápido. O loiro me olhou, e quando nossos olhos se encontraram, desviei minhas orbes. Comecei a caminhar para o carro voador e, por fim, estávamos voando para a Toca. Draco. . . ele era intrigante.


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