Capitulo XXIII
- Gina, não pensei nada disso... Eu apenas... achei que havia mais alguém aqui, alguém que lhe fizesse companhia, alguém responsável por sua fuga.
- Não existe uma pessoa, mas, um motivo, Harry. Arranjei um emprego em Manchester. Vou ganhar o suficiente para ser independente. E arrumei um lugar para morar, também.
- Mas por quê?
- Porque não posso continuar dependendo de você e não tenho vontade nenhuma de ir para a Suíça. Não pode me forçar a ir. Daqui a alguns meses completo dezoito anos.
Harry aproximou-se, as mãos enfiadas nos bolsos.
- Você não precisa desse emprego, Gina - murmurou. - Vim para lhe oferecer outra opção.
- Estou cansada das suas opções - disse, observando-o caminhar pela sala de estar.
- Tenho a minha. Mas agradeço por finalmente reconhecer que sou adulta e posso levar minha própria vida.
- Não foi o que eu disse, Gina - ele replicou, parando na soleira da porta. - A minha intenção é conservá-la ao meu alcance... Uma senhora antiga amiga de papai, cujo marido faleceu recentemente, precisa companhia... Vim lhe propor que fique com ela. Pelo menos até o inverno, quando então, como você mesma diz, será maior de idade...
- Não - disse Gina, apertando uma mão contra a outra. - Não quero.
- O que pretende fazer então?
- Vou trabalhar num salão de beleza. Tenho um quarto numa casa em Prestside.
- Prestside?! Exclamou inconformado.
- Sei que o lugar não é bom, mas...
- O lugar não é bom? Ele repetiu. - Aquilo é um cortiço Gina! Por isso está fugindo... Sabia perfeitamente que eu não concordaria com a idéia!
- Você não tem de concordar -replicou. - A vida é minha!
- Acredita mesmo no que está dizendo? Gina, não vou deixá-la fazer isso.
- Não pode me deter - disse, encarando-o selvagemente. - Lavou as suas mãos, trazendo-me para Manchester. Não se incomodou em me tirar de sua casa. Como agora vem me dizendo que devo fazer isso ou aquilo? Você mostrou nitidamente que não se preocupa comigo, nem um pouco!
- Não é verdade - disse, com a voz tocada por alguma emoção que ele procurava ocultar. - Por me preocupar com você é que tirei-a de casa, não notou isso, sua maluca? Apoiou o braço no console da lareira e, descuidadamente, derrubou um bibelô, que se estilhaçou no chão. - Oh, Gina, não sei por quanto tempo irei suportar esta situação. Preciso muito de você!
Gina fitou-o com um ar de incredulidade.
- Está me iludindo, Harry, para que eu faça o que quer.
Harry ergueu a cabeça, seu olhar transbordando uma paixão que a desconcertou.
- Desde que partiu, não dormi direito uma só noite!
- Oh, Harry! exclamou Gina, estremecendo por dentro, incapaz de dar um passo.
- Você tem dezessete anos, eu, trinta e cinco - comentou com tristeza. - Nesses últimos três anos tenho tentado me convencer de que nossa diferença de idade é grande demais... e de que, quando você namorasse um rapaz, eu não ligaria a mínima. Isso não aconteceu, Gina, porque simplesmente não consigo me convencer.
- E por que não me falou isso antes?
- Porque eu queria lutar conta mim mesmo! Eu a evitei desde que você voltou da escola... Contratei Cho Chang exatamente por isso...
- Pensei que estivesse preocupado com a opinião dos outros...
- Desde quando me importo com os outros? Por eles, eu a teria posto numa escola há muito tempo, por eles, o nosso relacionamento não será mais que uma indecência...
- Mas, Harry, você me mandou embora de Matlock Edge!
- Justamente depois de seduzi-la! Não pense que isso me alegrou ou fortaleceu o meu ego. Eu não aceitava o fato de amá-la.
- Não entendo...
- Gina, eu achei que estava agindo da maneira mais acertada. Eu sabia que não podia conviver com você, quanto mais casar! Achei que... Oh! sei lá o que achei! Me ocorreu que, mandando-a para longe, talvez eu e você pudéssemos pôr nossos sentimentos nos devidos lugares, mas é claro que não ia funcionar. Essas últimas semanas têm sido um inferno para mim, por isso vim com a intenção de convencê-la a ficar com a sra. Gelightly.
- Ela mora do outro lado do rio!
- A seis quilômetros de Matlock. Longe o suficiente para eu ficar distante da tentação, mas perto o suficiente para eu não perdê-la de vista.
Gina mordeu o lábio com impaciência.
- Também tenho vivido num inferno, Harry! Fez uma pausa. - Notou que eu emagreci?
- Claro. Observou, olhando-a detidamente. - Observei-a em todos os detalhes desde o instante em que pensei que você tinha se envolvido com outro homem.
- Sentiu ciúme?
- Senti ciúme de Malfoy, de Diggory e da minha sombra também!
- Sentiu ciúme de Cedrico? Indagou, respirando fundo. - Ele percebeu mas não acreditei.
- E então, o que vai fazer? Pensa seriamente em aceitar esse emprego?
Gina sentiu o corpo inteiro estremecer e apoiou-se contra a porta do quarto,
Harry resmungou qualquer coisa e cruzou o espaço que os separava.
Parou ao lado dela, tão perto, que Gina podia sentir-lhe a respiração. Sem resistir, ela ergueu a mão e tocou-lhe afetuosamente os lábio com dedos trêmulos. Harry segurou-lhe a mão com ternura.
- A alternativa é casar comigo no Natal - disse ele, repentinamente.
- No Natal? Ela repetiu, perplexa.
- Ninguém poderá dizer que você não tinha idade suficiente para tomar suas próprias decisões. Quer dizer... se é que aceita a proposta.
- Claro que aceito - apressou-se a dizer, envolvendo-o com os braços. - Oh, Harry! Teremos de Esperar tanto tempo?
- Nós... nós poderemos ficar juntos antes disso - continuou emocionado, procurando os olhos dela. - Tentarei me controlar para não continuar a sentir o que estou sentindo agora, não sei se agüetarei esperar a sua volta a Matlock Edge.
- Está me pedindo para voltar a Matlock Edge? Quando? Quando?
- Que tal esta noite? Sugeriu. - Ou estou pedindo demais?
- Demais? Indagou, balançando a cabeça e deslizando a mão pelo peito dele. - Mas antes preciso explicar tudo para o Ricardo.
- Quem é Ricardo? Quis saber, recuando instintivamente.
- O cabeleireiro que me deu o emprego - respondeu com um sorriso malicioso. - O mesmo a quem Cho pediu para cortar meus cabelos lembra?
- Cho queria que você cortasse os cabelos? Perguntou espantado.
- Mas Ricardo disse que seria um crime...
- Sujeito de bom senso! Deslizou a mão possessivamente pelos cabelos macios de Gina. - Se eu soubesse...
- Aposto que teria concordado com ela - objetou.
- Eu fui um estúpido, não fui?
- Mais ou menos . - Admitiu, calando-se para receber o lábios de Harry. - Deixe que eu resolvo tudo com ele...
- A propósito - sorriu Harry, abraçando-a com ardor, antes que eu comece a perder a razão, a que horas mamãe disse que estaria de volta?
Momentos mais tarde, Gina despertou de um breve sono e encontrou Harry apoiado nos cotovelos, ao lado dela, contemplando-a com orgulho indisfarçável.
- Das mulheres que conheço, você é a única que é bonita sem maquiagem. - E beijou-a de leve no canto dos lábios.
- E olhe que você deve ter conhecido muitas - murmurou Gina, ainda sonada.
- Algumas - replicou com sinceridade, enquanto era atraído aos braços dela. - Não, não... mamãe está para chegar a qualquer instante. Um flagrante desses a esta altura seria um desastre!
- Não tenho medo dela - Gina comentou lembrando-se dos momentos em que conviveu com a sra. Potter.
- Sei disso - ele disse, recuando para vê-la melhor. - Não é que me importe, mas se ela nos pegasse assim e ainda por cima descobrisse que planejamos nos casar seria um choque duplo numa única noite. Além disso, você precisa acabar de arrumar as suas coisas. Partiremos logo depois de eu explicar a ela os nossos planos.
- Ela vai levar um tremendo susto! - Gina exclamou, saindo preguiçosamente da cama, e parando diante do espelho.
Harry também saiu da cama e a envolveu por trás num abraço.
- Deliciosa... vi você de fraldas, de calças de plástico, e agora... - Alisou-lhe os cabelos e recuou. - Vamos, vista-se logo senão eu perco a cabeça de novo...
Gina e Harry casaram no dia vinte e três de dezembro e passaram o Natal em Londres, em companhia de Marion e Greg Marsden, antes de voarem para Nice e para a casa de Harry numa ilha do Mediterrâneo. A Sra. Potter compareceu ao casamento depois de muita resistência e em seguida embarcou numa excursão para o Egito. Não participara dos preparativos do casamento, deixando-os ao encargo de Harry, mas aceitou postar-se ao lado deles durante a recepção.
- Sabe - disse Harry certa manhã, durante o café. - Acho que mamãe finalmente ficou aliviada de me ver casado. Naturalmente, devia desconfiar dos motivos que me fizeram ficar solteiro durante tanto tempo.
- Os motivos, não, o motivo...
- Você - completou ele.
- Provavelmente receava que você me seduzisse - observou Gina com satisfação.
- Tinha razões para isso...
- E você se arrependeu?
- O que você acha?
- Só lamento não termos feito isso um ano atrás - disse sinceraniente. - Mas você não me respondeu a pergunta... Se arrependeu?
- O que acha?
- Diga você.
- Dizer o quê? Que te amo mais do que julguei possível amar uma mulher? Que estava louco ao acreditar que poderia viver sem você?
- Harry
- Sim?
- Vamos voltar para a cama? Não estou com vontade de me vestir tão cedo...
Harry sorriu com malícia.
- Você é impossível! Nesses últimos dias eu...
- Pare de me provocar! Gina se inclinou e pegou a mão dele levando-a aos lábios o dasafiando com o olhar.. - Não sente preguiça, um soninho, qualquer coisa assim?
- Não com você perto de mim - ele disse sorrindo. - Está bem, vamos voltar para a cama. Continuaremos a conversar mais tarde...
- E durante todos os dias de nossas vidas - Gina acrescentou.
Fim.
Acaboou *.* Eu disse que teria mais uns dois capitulo, mas resolvi postar tudo.
Espero que tenham gostado. Adorei poder adaptar a fic :D
Quero agradecer aos 346 leitores, aos 120 votos e aos 105 comentários ( que me fazem muito feliz ) !
Peço desculpas a todos por ter demorado a postar, mas a vida anda muito corrida... ¬¬
Comentem e vote.
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