Único
Blablablá da autora:
Bom gente, mais uma coisa louca minha. Música da Taylor Swift, Segunda música da Erica Rae.
Letraem itálico é da Alice, negrito é da Lene, normal é da Lily e sublinhado é da Dorcas.
Boa leitura e espero que gostem!
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Por Alice Fillibet
”I don't think that passenger seat
Has ever looked this good to me
He tells me about his night
I count the colors in his eyes"
“Eu entrei no trem ouvindo as façanhas que ele tinha feito com os Marotos durante as férias. Nos sentamos em uma cabine só nossa, como sempre acontece no começo da viagem – Depois das novidades contadas cada um vai para a cabine com seus amigos.
Só que dessa vez era diferente. Eu já tinha descoberto. Eu, Alice Fillibet, já tinha descoberto que estava totalmente apaixonada pelo meu melhor amigo. E essa descoberta aconteceu nas férias, o que é pior, porque me deu tempo para pensar. E quando eu paro para pensar, normalmente eu me acovardo.
E foi exatamente o que aconteceu.
Agora aqui estou eu, ouvindo sobre a noite passada dele, onde ele e os Marotos foram á algum lugar, beberam não sei o que e ele beijou não sei quantas, enquanto eu encaro fixamente o a parte do banco que estava vazia ao meu lado.
-Alice? Tá tudo bem? Você tá estranha, não tá sequer me olhando – Ele pegou o meu queixo com a mão e eu olhei-o nos olhos, tentando ao máximo esconder o que quer que eu pudesse estar mostrando pelo olhar.
-E então eu olhei para o lado e ela me beijou! Digo, que tipo de garota faz isso? – Ele continuou a falar e eu desliguei novamente, minha atenção toda indo para outra coisa. As orbes, antes castanhas, agora misturavam o castanho com o mel, algo âmbar, meio alaranjado, e o verde. E fiquei ali contando as cores deles até sentir uma respiração logo em cima dos meus lábios.
-Lice, tem certeza que ta tudo bem? – Eu não entendi por que ele estava ofegando até que percebi a real distância que havia entre nós, que era praticamente nula. E, sabe-se lá por que, ele foi se aproximando também agora, fechando lentamente os olhos e inclinando a cabeça...
-Lice! Frank! Agente vai cortar o bolo do Remo porque depois não vai dar tempo! A Dorcas e sua maldita idéia de fazer bolo de sorvete... – Ouvi alguém praguejar enquanto abria todas as portas das cabines, á procura de nós dois. Me separei de Frank, que ainda estava entorpecido e não entendera nada.
-Ah! Finalmente achei vocês! – Lily apareceu descabelada, afando pelo esforço da corrida até aqui, mas com um sorriso satisfeito no rosto – Vamos logo! – Ela pegou a minha mão e me levou dali rapidamente, sem nem me deixar olhar para trás.
Mas eu nem queria. Juro. Porque eu sabia que se olhasse para trás, então não teria volta. Eu estaria demonstrando o que sentia, e aí estaria tudo acabado. Toda a amizade de anos construída entre nós pouco a pouco.
Eu sabia que, se olhasse para trás, veria que o tinha perdido.”
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Por Lily Evans
"Don't ever fall in love
He swears, as he runs his fingers through his hair
I'm laughing 'cause I hope he's wrong"
“-Eu juro cara, eu nunca me apaixonei por nenhuma garota. – Ele riu – Ah, qualé, por que vocês não acreditam em mim? Ela é só um desafio, e nada mais – Eu ouvia os Marotos zoarem da cara do Potter por causa daquilo.
Eles estavam jogando verdade ou conseqüência na cabine ao lado da nossa, então era meio impossível não ouvir o que eles diziam. Eu até ia usar os meus poderes de monitora para acabar com aquela algazarra, mas Dorcas impediu-me, dizendo-me para deixá-los aproveitar o primeiro dia do último ano deles no colégio. Afinal, no ano seguinte eles sairiam e não me causariam mais problemas.
Era isso que, em parte, me aterrorizava. O que seria de mim sem saber se veria ou não todo mundo novamente? Eu acho que eu piraria nesse fim de ano. Tanto pelos N.I.E.M.’S quanto pela perspectiva de deixar Hogwarts definitivamente, e nunca mais ter aquilo tudo de volta.
-Mas que !@#¨%$& cara, porque é que vocês não podem acreditar em mim? Eu nunca me apaixonei! Querem que eu prove isso? – Ouvi vários tipos de aprovação por parte dos Marotos, de “Uhum’s” pra “Só se for agora, Prongs” {que, aliás, foi dito pelo Sirus, claro. Sempre tão imaturo e imprudente} – Okay okay, então eu vou lá. – Barulho de gente se levantando, protestos por parte dos outros garotos {é claro, eles estavam sentados no chão, o Potter deve ter pisado em cima de todo mundo pra sair da cabine}, porta de cabine se abrindo.
Alguns segundos de silêncio depois e a porta da minha própria cabine tinha se aberto, revelando um Potter com o rosto afogueado, sorriso e olhos brilhantes, passando a mão pelos cabelos.
E, por algum motivo além da minha compreensão, eu sorri de volta para ele. Sorri, desejando que o que quer que ele queria provar ali, comigo, não desse certo.
Desejando que sim, ele já tivesse se apaixonado por alguém.
Mais especificamente, por mim”
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Por Alice Fillibet
"And I don't think it ever crossed his mind
He tells a joke, I fake a smile
But I know all his favorite songs"
“Logo depois de cantarmos os parabéns para Remo, que fazia aniversário {incrivelmente} no dia do começo das aulas no hemisfério norte quase todo – o dia 1° de Setembro – e comermos todo o bolo á mando de Dorcas, que não queria ver o chão melado pelo sorvete derretido, nós nos sentamos todos naquele cubículo, de menos Sirius e James que ficaram sentados por fora da cabine, no chão do corredor, os dois lambendo os próprios dedos lambuzados de sorvete.
-Duas crianças – Lílian disse rolando os olhos, mas logo sorriu como todo mundo ao ver aquela cena. Era hilária, eu devo confessar. James então, ao ouvir aquilo sair da boca da sua ruivinha, decidiu limpar os dedos de outro jeito.
-E agora, quem é a criança? – Ele perguntou após passar os dedos lambuzados pela bochecha e boca dela, que tentou se afastar, rindo. E então ele começou a depositar beijos nos lugares melados, o que fez Sirius fingir vômito e Dorcas tampar os olhos de Remo, e provocou resumidamente uma risada geral.
Mas quando ele fez menção de ‘limpar’ o sorvete que estava na boca dela, ela o afastou prontamente, aprumando o uniforme e indo, sem dizer uma só palavra, para o banheiro.
Eu sabia que ela não estava brava pelo tremor das mãos dela quando voltou, já limpa. Mas o Potter tinha pego o seu lugar no banco, e agora dormia com a cabeça apoiada no meu ombro.
-Ah não, eu não mereço isso – Ela disse rolando os olhos, indo acordá-lo. Mas alguma força maior a parou, porque para parar Lily Evans, meu bem, a força tem que ser absolutamente e brutalmente grande. Pois bem, ela parou, observou a cara do Maroto adormecido e logo desistiu de sentar, postando-se de pé ao lado de Frank, que estava sentado no chão ao lado de Sirius.
Ele me lançou um sorriso maldoso e piscou para mim, me fazendo fingir um sorriso. Ele então olhou para cima e assoviou, fazendo Lílian perceber que ele podia ver uma grande parte das suas pernas. Ela se afastou e tropeçou sem querer, caindo no colo do Potter.
-Seu infeliz – Ela disse por entre os dentes trincados, enquanto todo mundo ria e James acordava, esfregando os olhos e tentando entender o que estava acontecendo. Ela se levantou e ele fez o mesmo, deixando-a se sentar no lugar onde ele estava. Mas como James estava praticamente dormindo, eu cedi o meu lugar para ele, sentando no chão do lado do Frank, que passou um braço pelos meus ombros, começando a assoviar uma música que eu muito conhecia.
E eu fiquei me perguntando quantas músicas que ele gostava eu gostava também. Quantas coisas em comum nós teríamos?
E quando será que a possibilidade de olhar para o lado e me ver realmente, não como amiga, mas como garota, passaria pela mente dele?”
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Por Lily Evans
"And I could tell you
His favorite color's green
He loves to argue
Born on the seventeenth
His sister's beautiful
He has his father's eyes
And if you ask me if I love him..
I'd lie"
“ –Certo, agora o último deles, James Potter - Marlene disse e eu sorri, pensando no que elas falariam. Estávamos {digo, elas estavam} juntando tudo o que sabíamos dos Marotos em um caderno, para futuras eventualidades, de acordo com Alice.
Futuras eventualidades, sei
-Bom, todas sabemos que o nome inteiro dele é James Alan Potter – Marlene começou, escrevendo no caderno.
-Ele adora chocolate meio-amargo, café com chantilly e canela – Alice continuou.
-E adora ruivas! – Dorcas continuou e todas riram, menos eu, que estava olhando pela janelinha. Observando a paisagem.
-E você, Lily? O que você sabe do Potter? – Marlene me perguntou, pensando que eu sabia tanto quanto elas. Sem conseguir me conter, comecei a falar:
-A música preferida dele é, incrivelmente, More Than Words do Extreme – Eu suspirei enquanto Marlene anotava – A cor preferida dele é verde. Ele não gosta realmente de ruivas, sempre preferiu as loiras – Dorcas riu – Gosta muito de debater e discutir sobre um assunto, principalmente quando sabe – ou acha - que está certo, nasceu no dia 17 de abril, os primos dele são as coisas mais fofas do mundo, ele tem os olhos do pai, com três cores, é absolutamente sangue-frio ante ao perigo, mas faria qualquer coisa para não perder alguém que gosta – Eu terminei e Marlene terminou de escrever. E eu não tirei os olhos da janela. – E a sua fruta preferida é morango. Vai entender.
-Lily… - Alice começou, se sentando no banco ao meu lado, cuidadosamente selecionando as palavras – Você gosta dele, não gosta?
Eu nem ao menos movi meus olhos.
-Não. Ele continua sendo o Potter, Alice, mas que tolice! Eu detesto tanto quanto sempre detestei, e nada, eu disse nada pode mudar isso – Falei isso e voltei meus olhos para as meninas, que me olhavam com cara de pesar.
Continuei a encarar a janela, olhando a neve que começou a cair antes do tempo naquele ano. Muito antes do tempo, para dizer a verdade. Deveria estar uns três meses adiantada. Mas eu não ligava.
Pois ela estava de acordo com o meu astral.
Fria.”
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Por Dorcas Meadowes
"He looks around the room
Innocently overlooks the truth
Shouldn't a light go on
Doesn't he know that I've had it memorized for so long"
“-Dorcas? Dorcas, você tá sentindo isso? – Remo me perguntou no dia seguinte á nossa chegada em Hogwarts. Estávamos no salão comunal sentados em poltronas á frente da lareira, ele jogando uma bolinha no chão e eu com um livro – Uma cena com absurda troca de papéis. Pois bem, ele começou do nada a se virar e cheirar o ar, olhando em volta do salão vazio.
-Sentir o que, exatamente? – Perguntei á ele, mas ele fez sinal para que eu ficasse quieta. Pegou a minha mão e fomos pé por pé até a saleta que ligava o salão comunal da grifinória aos dormitórios dos monitores-chefes. Observei os passos confiantes, mesmo quando andava tentando não fazer barulho, e o jeito que ele franzia o nariz quando parecia sentir algo, algum cheiro que eu não conseguia distinguir. Engraçado o jeito que ele parecia brilhar com o entusiasmo da descoberta – a qual eu não entendera ainda.
-Sente? – Ele perguntou aos sussurros e eu maneei a cabeça, dizendo que não. Então ele me puxou mais para perto e nos escoramos na porta que dava acesso á sala dos monitores, olhando pelas frestas que haviam um pouco acima do olho mágico. Remo me ergueu com facilidade para que eu visse o que ele via também.
-Sirius... E Marlene? – Eu me virei para ele e me dei conta de que ele sorria. Era óbvio, agora ele tinha um trunfo sobre Sirius, e eu um sobre Marlene. Éramos cúmplices naquilo. Voltamos para frente da lareira e ele continuou a jogar a bolinha para baixo e pegá-la no ar. E eu desisti de ler o livro, fiquei observando as chamas – Afinal, nunca conseguia prestar atenção em nada com ele por perto.
-E aí? O que acha que deveríamos fazer sobre isso? Chantagem? Ou só zoar da cara deles? Temos um trunfo nas mãos adora, Dorcas – Se ele ao menos soubesse o quanto eu gosto do som do meu nome na boca dele - Nós temos uma infinidade de possibilidades agora - Será que ele sabia o quanto aquele “nós” acabava comigo? Naquele momento eu desisti.
-Eu acho... – Eu disse me aproximando dele, para bagunçar-lhe os cabelos e beijá-lo na testa, como sempre fazia – Que você deveria dormir, assim como eu, e que deveríamos pensar nisso só amanhã. Vamos? – Estendi-lhe a mão, a qual ele aceitou com um sorriso, e subimos as escadas com um braço dele sobre os meus ombros, nos despedindo bom “boa’s noite’s” absolutamente comuns.
Se ao menos ele soubesse que para mim não é tão comum assim...”
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Por Marlene McKinnon
"He sees everything in black and white
Never let nobody see him cry
I don't let nobody see me wishing he was mine"
“-Mas Sirius! Será que você não pode para um pouco pra pensar? E se ela realmente gostar de você? – Eu dizia a ele na saleta dos monitores, sentada no grande sofá vermelho que tinha ali. Ele caminhava pela sala, eventualmente mexendo nos cabelos.
-Eu já te disse que não acredito no amor, Marlene. Amor não existe, e ela não me ama, só quer ter o status que ela ganha enquanto fica comigo! Já decidi, vou terminar com ela amanhã – Ele disse e eu me joguei no sofa, deitando-me, revoltada. Quem ele achava que era para acabar assim com o coração das garotas? Sem dó nem piedade, gentileza ou escrúpulos? Já bastava eu, sendo machucada durante todos aqueles anos.
Não, agora ele teria que me escutar.
-Sirius por favor! Eu já falei com ela, ela gosta de você, o que mais você quer? Hein? Acabar com o coração de mais uma garota, sem nem ao menos explicar para ela o por que? Chega, Sirius, ou você pára com isso ou nós vamos brigar de verdade - Ele sabia o que significava brigar de verdade para mim. Eu já tinha feito isso com ele quando éramos pequenos, e por mais que dormíssemos em quartos vizinhos e pudesse ouvir o choro dele pela parede de madeira, eu não voltei a falar com ele ou a parar de ignorá-lo até que ele viesse me pedir sinceras desculpas. O que demorou um bocado, se é que você quer saber, porque ele sempre foi muito orgulhoso.
-Eu nunca dei esperanças para nenhuma delas – ‘Nem para mim’, eu pensei constrangida – Elas que começam a vir com essa de ‘namoro’ e ‘me apresentar para os pais delas’. Ah, corta essa – Ele fez um gesto com a mão e se jogou no sofá.
-Isso não importa. Você não tem o direito de ferir os sentimentos delas desse modo – Eu me levantei do sofá e fiz ele se calar com um gesto das mãos – Não quero ouvir mais nada, Sirius. Volte a falar comigo quando se decidir: Ou os corações quebrados e a sua “liberdade”, que eu chamaria mais de “galinhagem sem limites”, ou eu. A escolha é sua – Eu disse e saí da saleta, correndo até o dormitório, sem nem ao menos deixá-lo falar qualquer coisa.
Sentei-me no parapeito da janela ao lado da minha cama, observando a chuva que caía por toda Hogwarts e além dela, talvez. Eu não poderia saber, os terrenos de Hogwarts eram realmente muito grandes.
Sem que percebesse, gotas de lágrima tão grossas quando as da chuva caíam dos meus olhos, então eu tive que me recolher para a minha cama e fechar cuidadosamente o cortinado. Não poderia deixar ninguém saber. Não poderia deixá-los saber da humilhação que era gostar dele enquanto todas as outras garotas do colégio podiam tê-lo.
Não poderia deixar ninguém saber que o queria para mim.”
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Por Dorcas Meadowes
"He stands there, then walks away
My God, if I could only say
I'm holding every breath for you"
“Eu corri através dos jardins, vendo-o começar a transformação, uivando dolorosamente. Aquilo me matava. Mas agora eu tinha um jeito de ajudá-lo, eu poderia. Se eles ao menos deixassem.
-Dorcas, você não vai! – Sirius disse me segurando como se eu fosse, sei lá, uma vara de bambu, de tão leve. Ele então me deixou no chão e eu vi James e Peter correndo já como animagos para o Salgueiro Lutador, o lugar onde Remo estava indo também.
-Mas eu tenho que ir! Sirius por favor, eu treinei as ferias inteiras para isso e consegui virar um animago só para isso! Você não pode me impedir de tentar ajudá-lo! – Eu disse brava, mas Sirius continuava a me segurar no lugar sem esforço.
-Desculpe, Dorcas. Ele me disse para não deixá-la ir, mesmo que tivesse que te segurar a noite inteira. Ele não quer que você se machuque, diz que já bastamos nós, três doidos que lutam todo o mês contra a fúria de um lobisomem – Sirius começou a falar – Você sabe como ele é. Você é a melhor amiga dele, Dorcas, acha mesmo que ele a deixaria sair machucada por causa dele? Seria dor demais para ele poder suportar.
Ouvi mais um ouvi doloroso e estremeci nos braços de Sirius, que lentamente foi me soltando.
-Eles dão conta sem você? – Eu perguntei e Sirius deu aquela risada de latido, dando uma olhada na lua cheia, implacável no céu vazio. Quase sombria, como se condenasse alguém. Remo.
-Eu não sei, da última vez que um de nós não pôde ir, os outros dois saíram absurdamente machucados – Ele riu – Remo quase nos matou depois com tanta bronca, falando da nossa irresponsabilidade. Mas agora, bem, agora é diferente. Acho que ele prioriza a sua segurança, então o quão machucados James e Peter vão sair não importa, já que eles sempre se curam, desde que você esteja a salvo.
Eu maneei com a cabeça, tentando tirar as imagens dos hematomas nos corpos dos quarto garotos, que eu acidentalmente vira na última lua cheia. Dei um longo suspiro.
-Vá logo Sirius, eu prometo que não vou lá – Ele se animou rapidamente, virando aquele grande cão preto e latindo para mim - Dessa vez - Ele rosnou para mim e eu ri, vendo-o corer para o salgueiro lutador, ouvindo os uivos de dor de Remo.
Fiquei ali por algum tempo, mas logo me faltou alguma coisa. Eu não percebi que estava segurando a respiração até que a soltei, ofegante, e me sentei na escadaria do colégio, tentando ao máximo não adormecer.”
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Por Marlene McKinnon
"He'd never tell you, but he can play guitar
I think he can see through everything but my heart
First thought when I wake up is
My God, he's beautiful
So I put on my make-up and pray for a miracle"
“Fiquei me lembrando daquele dia na casa de James, nas férias.
-Posso falar com você? – Ele me chamou no meu quarto, e eu encarei os olhos azuis dele ansiosos. Assenti com a cabeça.
-Claro – Então, com um gesto que dizia para eu segui-lo, fomos até o quarto dele. Observei que o aposento estava demasiadamente arrumado. Ele deu um sorriso torto.
-É bom você não abrir aquele armário – Ele disse eu sorri, imaginando que ele teria enfiado tudo lá dentro de qualquer jeito antes de ir me chamar. – Antes isso não fazia diferença, mas agora, como você é uma moça, pelas palavras da tia Sarah {mãe do James}, eu devo ter ao menos o quarto arrumado quando trago uma moça aqui – Eu sentei na cama dele, como sempre fizera, desde que me entendo por gente.
-Não é como se eu fosse uma moça qualquer, Sirius – Eu disse e ele sorriu, coçando a cabeça – Mas diga logo, o que você queria falar comigo? – Eu perguntei e o brilho nos olhos dele triplicou, e então ele cuidadosamente abriu o armário da bagunça e tirou de lá um violão preto.
-James vinha me ensinando faz algum tempo. É claro que ele é muito melhor do que eu, já que treina a muito mais tempo - Minhas mãos começaram a suar, então eu as manti apoiadas na cama dele.
Ele começou a cantar uma música qualquer, muito desafinadamente. Eu então ri e ele fez careta pra mim.
-Tá rindo é? Então faz melhor – Ele me entregou o violão preto e eu o peguei sem hesitar, dando um longo suspiro. Logo comecei a cantar:
|N/A – Música e letra by Erica Rae (com modificações pra caber na história)|
-Lying here, in your arms I feel, safe from the world…Trees of green, sun so bright, skin like diamonds… - Eu comecei a cantar e ele ficou sem fala, arregalando os olhos pra mim - When you speak, it's like velvet, and it's cool as ice – Eu dei um longo suspiro seguido de um sorriso nervoso, e então continuei:
- Tracing the lines of your hands in mine, Closed eyes, so still…I'm speechless. Beautiful, than marble halls or stone – Ele se sentou na minha frente no sofá branco, e eu fui ficando nervosa, com medo de gaguejar. Mas os olhos dele brilhavam tanto que eu não tive coragem de parar.
-I'll take the pain, I'll stand the pain for you, my dear, if that's the case I'll choose to stay for eternity just for you to love me… - Sirius foi se aproximando de mim, porque eu comecei a cantar baixo, e eu fui corando, quase perdendo o fio da meada - I know i wanna be with you forever, we said that we'd be together, forever and ever – Agora ele estava próximo demais, até mesmo para alguém que queria ouvir a música que eu estava cantando. Mas eu não conseguia mais parar - I'd stare into your ice eyes
for a lifetime – Então eu senti a respiração dele, gelada, sobre a minha.
O violão deixou de se tornar um obstáculo entre nós, mas eu já não lembro quando. Os lábios dele cobriram os meus com incerteza, do mesmo modo com o qual os meus responderam. Ele não sabia o que estava fazendo, e eu também não.
Alguns instantes, ou talvez dias depois, nós quebramos o beijo, e seus olhos me encararam. Estávamos deitados na cama de casal dele, lado a lado, nos encarando. Eu ia me levantar para voltar ao meu quarto, trocar de roupa – porque dormir de jeans não é confortável – Mas ele me segurou.
-Dorme aqui – Ele me pediu e eu paralisei.
-Sirius, por favor – Eu pedi, mas ele me segurou com mais força.
-Por favor, fica – Ele pediu e se aproximou, o nariz gelado tocando meu pescoço, minha orelha, me causando arrepios violentos por toda a espinha – Por favor... – Agora ele sussurrava.
-Certo, certo, mas se eu acordar com olheiras amanhã por não ter dormido bem por causa dos seus roncos, você vai se ver comigo - Eu ameacei como faria antes daquele beijo, mas não deu jeito. A partir daquele momento, eu sabia que não haveria o que voltasse atrás.
Sirius não disse nada, somente me fez virar de costas para ele na cama e me abraçou, ficando com as mãos protetoramente sobre a minha cintura, a respiração na minha nuca.
Acordei virada de frente para ele, e, encantada, observei-o dormir. Meu Deus, esse garoto é lindo.
Tirei o braço dele de cima de mim devagar e corri para o meu quarto, me avaliando no espelho. Eu era tão sem-graça em comparação á ele. Tão… Normal. Não me admirava que ele preferisse qualquer outra á mim.
Afastando esses pensamentos da cabeça, tomei um banho, coloquei alguma maquiagem – para ver se conseguia chegar perto da beleza estonteante dele – e, sem sucesso, me vesti e fui tomar o café da manhã.
E agi o resto do tempo como se nada tivesse acontecido.
Porque sabia que, pra ele, não tinha.”
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Por Lily Evans
"Yes I could tell you
His favorite color's green"
“Eu o vi caminhando na minha direção, andando em câmera lenta. Era assim que a minha cabeça o percebia naquele dia de sol, radiante após mais uma vitória no quadribol. Eu o vi sorrindo, sorrindo muito, e o vi limpar o suor do rosto no uniforme de quadribol. O vi, como se fosse de fora do meu corpo, ele colocando as mãos na minha cintura e se aproximando de mim, os olhos brilhando.
Eu podia sentir as ondas de calor da felicidade dele irradiando até mim. Eu podia ver ele brilhando, no último jogo de quadribol escolar de toda a sua vida, no qual ele havia sido vencedor.
Mas eu também podia ver algo a mais. Uma admiração em seus olhos, algo que eu não percebia normalmente nos olhos dele. Eu só vira aquele olhar neles poucas vezes, e em todas vezes ele estava falando as quatro palavras fatais: “Eu te amo, Lily”. Só que nessa, o que eu fiz foi diferente.
Nessa vez eu continuei o encarando e sorri, sorri largamente, e bobamente talvez. Mas eu não me importei. Eu precisava fazer aquilo. Precisava.
Deixei-o me abraçar longamente, e então ele se desculpou:
-Droga, eu esqueci que estava todo melado. Obrigado pelo abraço de congratulação, Lily - Ele disse tentando se afastar, mas eu pus as minhas mãos na cintura dele. Eu sei que se ele quisesse, ele teria saído dali facilmente. As minhas mãos eram realmente pequenas, e ele com certeza era infinitamente mais forte que eu.
Mas algo o fez parar. Ele encarou os meus olhos por alguns instants, mas eu não dei a ele muito tempo para raciocinar. Subi nas pontas dos pés e beijei-o nos lábios, com real vontade, com afinco no que fazia. Ele não reagiu imediatamente, mas logo segurou a minha nuca por sobre os cabelos, e passando um braço em volta da minha cintura, me ergueu no ar, fazendo com que eu ficasse com os pés sobre os dele.
Quando quebramos o beijo ele me encarou, acariciando meu rosto com a mão, eu só pude sorrir. Só pude sorrir também ao ouvir a frase dele antes de nos beijarmos novamente:
-Minha cor preferida é verde desde que vi os seus olhos pela primeira vez...”
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Por Marlene McKinnon
" He loves to argue
Oh, and it kills me"
“-Por que você está fazendo isso? – Eu perguntei tentando conter as malditas lágrimas dos meus olhos. – Por que está jogando uma amizade de tanto tempo fora? Por causa de galinhagens? Por que não poderia mais quebrar os corações das garotas? Sirius, OLHA PRA MIM! – Eu estava nervosa, mas nessa parte eu só aumentei um pouco o tom de voz.
Ele me encarou imediatamente, mexendo nos cabelos. Eu segurei as lágrimas, mas por outro motivo. Por saber que ele não lembrava de absolutamente nada daquelas férias. E não tinha significado nada para ele.
-Por que a sua voz fica tão diferente quando você canta? – Aquilo imediatamente me desarmou. Mas alguns instantes depois eu sentei em uma carteira daquela sala vazia, me segurando ao máximo para não gritar com ele.
-É isso então, Sirius? Você prefere quebrar corações á ter uma amiga de verdade do seu lado? – Eu perguntei novamente sendo direta, mas ele preferiu encarar o chão.
-Você sabe que não. – Ele disse e, com raiva, socou a parede de pedra – Que droga Marlene, por que você tem que me colocar numa situação tão difícil? É quase como se você estivesse me pedindo para escolher entre você e elas! – Finalmente ele me olhou nos olhos, desde que começamos aquela discussão. Eu pude ver a consternação neles, mas não podia parar agora. Ele voltou a fitar o chão.
Desci silenciosamente da carteira e me aproximei alguns passos dele:
-E se eu estivesse fazendo isso? – Eu calculei o tom e a velocidade em que dizia aquelas palavras. Ele somente mexeu nos cabelos – E se eu te pedisse para escolher entre mim e elas? O que você escolheria, Sirius? – Eu fui me aproximando devagar, e ele apoiou as costas na parede, com as pernas afastadas, sentando em uma carteira.
Eu me pus então entre os joelhos dele e toquei-o levemente no braço, fazendo-o levantar o olhar para o meu rosto bem devagar.
-O que você escolheria, Sirius? – Repeti a pergunta com um pouco mais de veemência, acariciando o rosto dele e forçando-o a me encarar. Eu já sussurrava á essas alturas.
-Pra que perguntar se você já sabe a resposta? – Eu me arrepiei inteira quando ele sussurrou aquilo de volta acariciando o meu braço, cujas mãos seguravam o rosto dele, ainda naquela expressão dolorida de quem tem que escolher entre o chocolate e a baunilha, mesmo sabendo que gosta um pouco mais do chocolate, com a baunilha só está com vontade mesmo.
Eu sorri levemente.
-Porque eu quero ouvir isso da sua boca – Agora assim nós estávamos realmente perto. Ele deu uma risada.
-Você é má, Marlene... É má e sabe disso – Os braços dele me envolveram, mas eu soltei um “então...?” como se dissesse para ele “fale logo!”. E ele assim o fez.
-“ I know i wanna be with you forever, we said that we'd be together, forever and ever” – Ele respondeu com uma parte da música que eu cantei pra ele na casa dos Potter, e eu o enlacei pelo pescoço, absolutamente feliz. E então ele finalmente uniu nossos lábios, e eu senti aquelas malditas borboletas no estomago, aquela sensação de estar descendo de uma montanha-russa.
Aquela coisa estranha e gostosa que só sentia quando estava com ele.
-E agora, o que agente vai fazer? – Eu perguntei a ele após quebrarmos o beijo, mas ele deu de ombros.
-Eu não sei. O que você sugere? – Ele devolveu com uma pergunta, e eu fingi cara de pensativa.
-Que tal agente não brigar mais? Ou, pelo menos, evitar ao máximo que isso aconteça? – Eu sugeri e ele sorriu, cheirando o meu cabelo e voltando a me olhar.
-Certo. Tudo o que a única garota da minha vida quiser... – Eu ri da brincadeira, mas sabia que, se eu quisesse mesmo, talvez aquilo pudesse se tornar verdade.
E eu quis.”
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Por Dorcas Meadowes
"His sister's beautiful
He has his father's eyes"
“Eu não pude acreditar naquilo quando entrei na casa de madeira, pintada de branco com as janelas azuis. Tinha as típicas cercas brancas e tudo. E um jardim absolutamente lindo, com algumas árvores por trás da casa.
Mas a minha atenção foi tirada de toda aquela paisagem paradisíaca em meio ao mundo rural para uma linda garotinha que descia os degraus da porta da casa correndo, indo direto para os braços de Remo.
-E aí pequenininha? O que você e a mamãe andam aprontando, hein? – Ele perguntou carinhoso ao levantá-la nos braços, jogá-la no ar e pegá-la de novo. Ele olhou para trás de fez sinal para que eu o seguisse e entrasse em sua casa, pela trilha de brita branca que seguia até a porta principal.
Entrei meio incerta. O hall de entrada era pequeno e aconchegante, e de uma porta logo á frente da escada á minha direita um cheiro maravilhoso saía. Adentrei o aposento vendo que Remo tinha entrado lá também com a irmãzinha, e agora estava sentado em uma cadeira de madeira branca, com a pequena Lupin no colo.
-Por que não avisou que ia trazer compania? Eu teria feito algo melhor que carne assada! – A Sra. Lupin bronqueou Remo quando me viu parada á soleira da porta. Ela era absolutamente adorável, e vestia um vestido tradicional todo florido.
-Relaxa mãe, agente só veio pegar algumas coisas antes de ir pra casa do James – Ele deu um beijo no rosto da mãe e eu senti um arrepio subir pela minha espinha com o sorriso que ele deu depois disso.
-Olá querida! Entre, entre, não fique acanhada pelos modos grosseiros de Remo – Ela lançou um olhar censurando-o, e ele levantou os braços deixando a irmãzinha pendurada em seu pescoço pelos braços, soltando uma risada gostosa de criança – Você nem ao menos convidou a moça para sentar. Venha, venha, sente-se e coma alguns biscoitos – Ela ofereceu e tirou de um pote alguns cookies caseiros. Me servi de um enquanto observava Remo brincar com Taylor e a Sra. Lupin provar o molho da carne, acrescentando mais algumas coisas.
-Eu vou lá buscar as coisas. – Ele avisou para a mãe – Não faça perguntas constrangedoras á ela, mãe – A mãe lançou-lhe um olhar inocente – A senhora já afugentou Lílian aqui de casa, ela tem vergonha até hoje de lembrar das suas perguntas – Antes de subir a escada correndo ele me deu um beijo no rosto.
Eu me perguntei como que uma pessoa tão agradável quanto a senhora Lupin poderia constranger alguém como Lílian, por exemplo, um dos gênios mais duros que eu já conheci. Mas logo entendi o por que, quando a Sra. Limpou as mãos no avental branco e se sentou na cadeira logo á minha frente, sorrindo de um jeito... Estranho.
-E então? Quando que foi? – A voz dela era baixa e o tom, absolutamente provocativo. Sem dúvidas ela estava perguntando algo constrangedor, mas eu não entendi o que ela quis dizer.
Eu sabia que ia me arrepender, mas mesmo assim perguntei:
-Quando foi o que? – Ela soltou uma risada tão cheia de segundas intenções que eu estremeci por dentro. Do que diabos ela estava falando?
-Ora meu bem, eu sou casada com um lobisomem e mãe de outro. Eu sei bem como é. Agora me diga: Quando foi a última vez que você foi para a cama com o meu filho? – Eu imediatamente engasguei com o café. – Você sabe que eles ficam extremamente mau-humorados se não conseguem o que eles querem, não sabe?
-Senhora, a senhora entendeu tudo errado, eu e Remo somos só amig... – Á essa hora eu já estava vermelha, mas ela não me deixou terminar:
-Vamos minha filha, não seja acanhada! Diga-me: ele te satisfaz? Porque se ele for mais um imbecil egoísta eu vou ter que ter uma conversa séria com esse menino. Onde já se viu? Pensar só em si mesmo com uma moça tão bonita e direita como você, tsc tsc tsc – Á essas horas eu já tinha afundado na cadeira, não sabia onde enfiar a cabeça.
-O que você está fazendo, Emma? – O Sr. Lupin entrou pela porta que ligava a cozinha á sala, colocando um belo sorriso no rosto ao me ver. – Está interrogando mais uma, é? Remo já não lhe pediu para não fazer isso? – Ele beijou a testa da mulher, que olhou para ele com falsa inocência nos olhos.
-Mas eu só quero o bem dele! Será que ele não vê isso? – O tom de voz dela era absolutamente convincente. Mamãe coruja, sei -.-‘
-É claro que ele vê, e eu vejo também. Mas não dá pra ficar invadindo o espaço deles pra fazer isso. Lembra do que a minha mãe te perguntou na primeira vez que você foi lá em casa? – Ela fez uma leve careta – É, você está agindo como ela agora. Eu observei os olhos dele. Idênticos aos de Remo, só com um toque de sabedoria a mais. Remo tinha mais um toque de vitalidade e malícia, divertimento naqueles olhos dourados.
Ela bufou e fez uma cara desapontada.
-Não se preocupe, com certeza agente entende, mas deixa ele viver a vida dele, Emm – Ele disse novamente para a esposa e beijou-a rápida e gentilmente nos lábios. Ela então deu um sorriso e voltou-se novamente para o fogão, provando mais uma vez o molho da carne.
-E então? Pronta pra ir? – Ele apareceu na escada branca com um saco de pano verde nas mãos absolutamente cheio, segurando-o nas costas com a mão por sobre os ombros {como agente costuma segurar cabide em lojas de roupa}. E eu achei que, pra aquela sacola que parecia particularmente pesada, ele estava com facilidade até demais de carregá-la.
Ao me ver observando-o, ele deu uma daquelas risadas estranhas, que lembram um grunhido. E logo eu lembrei do lado lobo dele, revirando os olhos e sorrindo.
-Vamos logo – Comandei em tom de brincadeira, dando tchau pra todo mundo e beijando a irmãzinha dele no rosto quando ela me pediu, saindo pela porta da frente com Remo logo atrás de mim.
-CUIDE BEM DO MEU FILHOTE, VIU? – Dona Emma gritava enquanto acenava pr’agente, e eu só acenei de volta, vendo a mão de Remo indo parar no meu ombro, o braço sobre toda a extensão dele.
-Muito difícil lidar com a minha mãe? – Ele perguntou rindo. – Eu bem que te avisei.
-Que nada – Eu brinquei – Ela até me deu umas dicas ótimas de como... – Eu parei para ver a careta dele e comecei a rir – Certo, você não acreditou nisso, não é mesmo? – Eu reparei que a careta que eu esperava dele não tinha vindo.
Não, os olhos dourados dele apenas brilhavam. E com um entusiasmo crescente. E eu senti uma pedra de gelo descer pelo meu estômago – Como em todas as vezes na viagem de trem que fizemos até aqui, e até antes dela, quando ele me olhava desse jeito. Absolutamente fascinado.
Não posso mentir que achei que tudo aquilo era só por minha causa. Sabia que tinha algo de lobo por trás daquele rubor involuntário nas bochechas dele, os olhos brilhantes e a disposição repentina dele. Mas algo estava despertando aquele lado lobo.
E eu queria saber o que é.
-O que é que deu em você? – Eu subi nas pontas dos pés na frente dele, observando-lhe a face que parecia irradiar uma aura divertida. Ele parecia saber algo que eu não sabia, e eu tentei absorver isso da expressão dele – mas não consegui nada.
Um segundo depois eu ouvi o saco pesado cair no chão de barro vermelho da estrada em que caminhávamos com um baque surdo, e então as mãos dele circundaram a minha cintura com facilidade – eu nunca notei isso, mas ou a minha cintura era minúscula, ou as mãos dele eram realmente grandes. Aquilo já não importava mais.
Não importava porque, aquelas mãos me puxavam mais para perto do corpo dele, que eu percebi mais quente que o normal para um ser humano. Certo – É aí que entra a parte do lobo que eu ia dizer.
Os lábios dele nunca me pareceram tão convidativos quanto naquele momento. Eu percebi que ele estava deixando de lado a nossa suposta amizade – arriscando tudo o que levamos tanto tempo pra construir. E eu não me importava.
Pra dizer a verdade, não ligaria nem um pouco. Mas só se ele me tomasse nos braços naquele exato momento e me desse um beijo tão ousado quando a condição dele de licantropo o impelia a dar.
-Tem certeza... Digo, que quer isso? Sabe que não vai ser fácil depois, não sabe? – Ele perguntou com um último resquício de sanidade que tinha em sua mente. Ele sem querer soltou uma risada, como se realmente soubesse mais que eu, mas estivesse rindo comigo, e não de mim. Ainda assim eu me fiz de irritada – ou o máximo que os meus hormônios me deixavam naquela posição, com o corpo e os lábios mais próximos do que a minha sanidade agüentava. Então ela pegou as malas dela e foi embora – pelo jeito conseguiu entender que provavelmente demoraria para que Remo me deixasse em paz.
Agora ele nos movia devagar, os corpos juntos, como se estivéssemos dançando no lugar. Mas estávamos mais parados, e eu entendi que ele queria me deixar mais avoada do que eu estava com o contato, me fazendo esquecer da minha pergunta. Mas, pela minha cara de emburrada, ele notou que eu não esqueceria. Então ele chegou bem perto da minha orelha e começou a falar:
-Eu posso ouvir o seu coração bater mais rápido – Eu entendi que ele estava falando dos ouvidos do lobo, não dos dele. Mas o hálito quente no meu pescoço não me deixou pensar muito, me fazendo arrepiar – Eu posso sentir as variações de temperatura e respiração do seu corpo facilmente. Eu sei que me quer tanto quanto eu te quero – Os sussurros dele me fariam perder a cabeça logo logo. – Mas antes eu quero que saiba de uma coisa.
Eu não conseguia mais pensar direito. E mesmo assim meu coração deu um salto e começou a bater mais rápido ainda, e ele riu disso. E eu quis esbofeteá-lo tanto quanto queria beijar aquela boca deliciosa naquele momento.
-Eu queria que você soubesse que eu desisto. – Eu fiquei parada alguns instantes, esperando que ele explicasse. Ele suspirou – Eu sempre me achei perigoso para você, por isso não me permitia tentar ficar contigo. Mas não dá mais. É impossível. Eu a quero demais, e me sinto egoísta por querer que você desperdice a sua vida comigo! – Ele quase me soltou, mas eu segurei a cintura dele com as minhas mãos.
-Eu nunca ouvi nada tão estúpido sair da sua boca, Sr. Lupin – Eu disse e meus braços foram lentamente subindo pelo peito dele, e eu descobri que a camisa dele estava aberta. Passei as minhas mãos por dentro dela, arranhando-o suavemente enquanto encarava seus olhos. Agora eu ria – era fácil ouvir o grunhido do lobo que saía involuntariamente e baixo por sua boca. Além do que, as pupilas dele dilataram – mais do que o normal para um humano, devo dizer.
-Vai rir da minha cara? Tem certeza? – O nariz dele passou pela minha bochecha e foi descendo pela minha mandíbula, onde os lábios o substituíram. Eu fiquei sem ar.
-Cala a boca e me beija logo, Remo – Eu disse irritada puxando-o pela nuca, enquanto ele soltava uma daquelas risadas que faziam ele brilhar. E então ele me puxou mais para perto e me beijou.
Menina. Ual.
Foi aí que eu vi que a mãe dele tinha razão. Lobisomens são espécimes extremamente... Selvagens quando se fala de sexo. Ela só não me contou o quão perfeitos eles poderiam ser.
E que faziam maravilhas com a língua.”
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Por Alice Fillibet
"And if you ask me if I love him..
If you ask me if I love him…
I'd lie"
“-Alice? Alice? Você está… Saindo com aquele cara? – Eu ouvi Frank perguntar entrando não sei como no dormitório feminino da grifinória. Eu estava tirando as pulseiras e os brincos que havia usado para ir á Hogsmeade com Tyler McGareth. E Frank, pelo jeito, não tinha gostado muito disso.
-Estou. Por que, Frank? – Eu finalmente ficava feliz, conseguia sorrir com outro cara e tentar deixar Frank para lá e ele estava brigando comigo? Ah sim, essa é boa.
-Por que... Por que... – Ele estava mexendo nos cabelos. Mau sinal. Ele sempre ficava mau humorado quando estava confuso. – Porque sim, oras! Ele estava praticamente te comendo você com os olhos, como você pôde não ver aquilo? Era... Era um desrespeito com você! Eu quase bati nele, juro, Alice – Ele rodava de um lado para o outro no quarto por entre as camas, eventualmente grunhindo e mexendo nos cabelos, nervoso.
-E se eu quisesse que ele me olhasse daquele jeito, Frank? – Eu me levantei da cadeira da penteadeira e me virei para ele, com as mãos na cintura. Pude ver que ele ficou sem ar por alguns instantes, e seu queixo caiu. Mas logo se recompôs.
-Alice, cubra-se agora mesmo! – Eu poderia rir da expressão dele, expressão com a qual ele pegou um lençol e me cobriu.
-Frank, eu não estou usando nada que as outras meninas não usem também – Eu estava certa. Vestia uma saia jeans um palmo acima dos joelhos e uma blusa com um decote razoável. Não era grande, nem pequeno, como eu costumava usar. E a blusa era verde escuro, ainda por cima.
Da cor dos olhos dele hoje.
-Sim, mas, mas... – Ele grunhiu de novo, esmurrando a porta. Eu nem me abalei, só joguei o lençol que ele tinha posto em mim no chão, tirando as mãos da cintura suavemente, sem deixar a postura agressiva.
-Qual é o problema, Frank? Qual é o problema de alguém me achar atraente? Hun? Porque se você não consegue ver que eu estou atraente, Frank, então o problema é seu! – Eu praticamente gritei, o meu tom de voz aumentando a cada palavra. Ele se aproximou rapidamente de mim.
-Não é isso! – Ele gritava também, e eu desejei ter lançado um feitiço abafador no quarto. Agora era tarde demais. – Não é isso, Lice. É só que... Certo, você está certa, eu seria um cego se não visse o quanto você está linda, Alice. Eu só não gosto da idéia de você estar linda para eles!
Então eu quis rir. Rir. Porque ele mais parecia meu irmão ciumento.
-Frank, você está agindo como um idiota. Um melhor amigo idiota e ciumento – Eu falei e ele se aproximou mais ainda de mim, me segurando pelos braços sem me machucar de modo algum, mas ao mesmo tempo firmemente. Ele me encarou nos olhos e meu coração pulou uma batida com a proximidade. A respiração dele estava sobre o meu nariz, por entre os meus olhos. Ele me abraçou e encaixou o queixo no topo da minha cabeça.
-Só que meu ciúme já ultrapassou todas as barreiras de amizade que eu conheço, Alice! – Os braços dele estavam na minha cintura, e impaciente e hesitantemente foram subindo, indo para os meus braços – Eu não gosto de vê-los olhando você, não gosto de vê-los tocando-a. Não suporto ver os lábios dela sobre a sua pele macia... – Eu senti um calafrio enquanto ele demonstrava o que ele falava, me olhando, me tocando, colocando os lábios sobre o meu pescoço e inspirando profundamente.
-O que você quer, Frank? – Eu baixei o meu tom de voz para parecer mais... Menos trêmulo. Ainda assim eu gaguejei em duas das cinco palavras. É uma reação estranha, para mim. Nunca ninguém me viu hesitar. Só ele.
-Eu quero tocar você. Quero beijá-la, quero poder olhá-la como mais que uma amiga, minha melhor amiga. Olha, Lice, se você não quiser falar mais nada comigo, eu vou entender completamente. Mas eu precisava falar isso, estava me matando! Eu quero você, Alice, só você, e não consigo mais suportar que todos os outros possam ter! – As mãos dele finalmente pararam em minha cintura, ainda hesitantes. Mas agora pela minha reação.
Eu digeri o que tinha ouvido bem devagar, devagar o suficiente para ele dar alguns suspiros e apoiar o queixo no meu ombro. Então eu o envolvi com os braços e comecei a coçar a sua nuca levemente, fazendo-o rir. Da última vez que eu tinha feito isso, eu estava meio alta pela bebida, e nós dois tínhamos nos beijado. Tivemos um grande amasso, para dizer a verdade. Mas prometemos nunca mais comentar sobre aquilo.
Até agora.
-Então quer dizer que a Srta. Alice Fillibet está me dando o sinal verde de novo? - Ele falou isso olhando nos meus olhos, aproximando sua boca do meu pescoço no final. Eu me arrepiei e ri, abraçando-o pelo pescoço. E então, após nos encararmos e ele me beijar no rosto e em seguida dos lábios, acariciando a minha face, eu senti que estava tudo certo.
Estava tudo como era feito para ser.
Perfeito.
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"And if you ask me if I Love him... I’d lie."
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