Além da Eternidade
Capitulo VIII
Além da Eternidade
Seria bem difícil levar uma vida dupla, uma no mundo bruxo e outra no mundo trouxa, mas Angel não se importava nem um pouco, mesmo depois da cara feia que Draco fez quando ela disse que continuaria no hospital. Ela não pretendia abrir mão disso, mesmo sabendo que não precisaria trabalhar por mais nenhum dia de sua vida, já que Draco seria capaz de lhe satisfazer todos os sonhos possíveis e imagináveis. Mas sua carreira era muito importante, não havia nascido para ser “dondoca”, apesar de saber que tinha responsabilidades sociais no mundo bruxo. E ela as cumpriria todas, pois sentia que isto era importante para Draco.
Angel acordou cedo no seu apartamento em Londres, depois de uma festa com suas amigas do seu mundo e suas novas amigas bruxas, Ginny e Hermione. Tinha uma dor de cabeça monstruosa, conseqüência de uma tarde inteira e parte da noite bebendo, digamos, um pouco mais de álcool. Entrou no banheiro, tomou um remédio e se enfiou na banheira. Ginny e Hermione não tardariam a chegar. Elas a levariam via chave de portal para o Solar Reed.
Enquanto relaxava e o remédio fazia efeito, Angel se lembrava de toda a correria dos últimos dois meses. Draco agora tinha um nome no mundo dela e, no final da tarde daquele dia, ao pôr-do-sol, eles fariam seus votos no mundo trouxa. A tradição Celta seria seguida ali também, mesmo com a cerimônia acontecendo na Catedral da Ilha.
A Igreja fora enfeitada com rosas brancas. Estava maravilhosa. Depois da cerimônia, haveria uma recepção nos jardins do Solar, que seria a residência oficial do casal no mundo trouxa. A primavera havia explodido na ilha, e o jardim estava abençoadamente lindo, repleto de flores. O Solar Reed se vestia para uma união que passaria pela eternidade. Tudo fora planejado com cuidado. Cada flor, cada mesa, cada detalhe.
A campanhia tocou e tirou Angel do seu torpor. Saiu depressa da banheira, colocou seu roupão e foi atender à porta. Ginny e Hermione sorriram para ela no corredor do prédio.
- Porque não usaram a lareira, ou aparataram no quarto? – Angel perguntou, deixando as duas mulheres entrarem no apartamento.
- É que, bem... – Ginny parou e olhou para Hermione, como que a mandando responder.
- Pensamos que ele poderia estar aqui. – A morena completou.
- Eu disse que ficaria na casa da Gin! – Respondeu Angel, e todas riram.
- Malfoy deve ter ficado irado! – Comentou Ginny, ainda rindo. Hermione olhou no relógio em seu pulso e tratou de apressar as amigas:
- Vamos logo! Nós ainda temos muitos detalhes para ver antes da recepção!
Na ilha tudo estava caminhando muito bem. O vestido de noiva já havia sido entregue e as criadas já o haviam pendurado. O quarto de Angel já estava arrumado com cuidado, todo em tons de branco. Em um criado-mudo, havia um jarro com magníficas rosas vermelhas e um cartão:
Que seu dia seja especial,
Que seus sonhos sejam realizados,
Que nosso amor ultrapasse a eternidade.
Seu DM.
No outro criado-mudo, havia mais um, desta vez com flores do campo, e também com um cartão:
O casamento é como um barco, só precisa de um bom vento e um bom capitão! Se ele não for um bom capitão, diga para seu avó aqui, e eu resolvo com ele!
Felicidades, meu Anjo!
“Vovô” Oliver
Angel limpou uma lágrima fugidia da face; aquilo a fez lembrar-se de sua avó e do quanto queria que ela estivesse ali. Abriu sua caixinha de música, um dos presentes que ganhara dela, o mais querido, e fechou os olhos, deixando uma corrente de lembranças inundar sua alma. As lágrimas caíam sem reservas. Até se esqueceu que suas amigas estavam no quarto.
- Ah não! Hoje é dia de felicidade, apesar da sua péssima escolha para marido! –Hermione brincou, fazendo com que Angel sorrisse. – Vamos você precisa secar essas lágrimas, ou vai ficar com os olhos inchados no casamento. Não tem feitiço que conserte isso!
As garotas no quarto riram. Angel foi para o jardim para acompanhar os preparativos de perto Pôde ver Ginny escondida consertando, com magia, alguns arranjos de flores que não estavam do seu gosto, e isto fez Angel sorrir; a ruiva se tornara mais que uma irmã, sua melhor amiga.
Logo após um almoço delicioso que as criadas serviram com lágrimas nos olhos (elas se emocionavam com facilidade em casamentos, explicaram a Angel), a equipe que iria arrumar a noiva chegou e todos foram para a saleta de música, que fora rearranjada para arrumar Angel e suas amigas – amigas essas que trataram de alegrar aquela tarde, quando perceberam que a médica estava um pouco saudosa naquele dia.
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A tarde passou voando, e Angel finalmente se viu na porta da igreja de braço dado com Doutor Oliver, seu avô de coração. A respiração de Angel estava incerta, seu coração batia descompassado. Os altos acordes da marcha nupcial provocaram um sobressalto na morena, que estava deslumbrante em um vestido branco clássico, com um decote princesa, meia manga justa e um longo véu que chegava à altura dos joelhos na frente e aos pés nas costas; trazia um lírio branco nas mãos, maquiagem leve, um colar de pérolas emprestado da senhora Potter e um par de brincos que pertencera a sua avó. (Um pouco de superstição não faria mal, um objeto emprestado – para nunca se esquecer que precisamos de amigos sempre, um objeto velho – para não esquecer do que o passado nos ensinou, e um objeto novo – para saudar o futuro que juntos construirão.) Lá fora, a tarde desvanecia e o poente estava com cores vivas que ninguém ali jamais vira antes. Quando a marcha nupcial terminou para dar lugar à música com que Angel entraria na igreja, ela invocou a deusa em pensamento:
“Senhora de minha vida, guia-me com sabedoria.
Faça com que eu compreenda o que não tem explicação
Daí-me luz para clarear a mente dos que não entendem
Ajuda-me a ver com teus olhos de justiça para que eu nunca acuse em vão.
Sua presença paira
Sobre as terras quentes.
Os mares te obedecem,
As tempestades se acalmam.
A sua vontade detém o dilúvio.
E Eu, tua pequena criatura,
Faço a saudação:
Minha Grande Rainha, Minha Grande Mãe!”
(Apesar de trouxa Angel sempre se voltava a cultura Celta, que ficou mais forte quando ela ficava horas olhando para o mar. Sua avó lhe ensinou.)
A música tocava e a cada passo que dava, Angel podia ver seu futuro, agora representado por olhos grises que a fitavam com extremo amor. Draco estava magnífico com um terno azul escuro, mas Angel não viu mais nada depois que seus olhos foram capturados pelos olhos dele. Nada mais existia só aqueles olhos, que agora eram seu espelho. Ambos fizeram seus votos.
- Eu, Draco Malfoy, prometo te amar e te proteger, por toda a eternidade. Que meu amor seja o seu escudo para os dias ruins que eu não conseguir afastar. Que da minha boca não saia nenhuma palavra que não possa ser perdoada. Que meus ouvidos estejam sempre prontos a te ouvir. Que nossos dias sejam ensolarados e cheios de paz. Que eu tenha sabedoria para receber os frutos do nosso amor.
- Eu, Angel Reed, prometo te amar por toda a eternidade. Estar sempre presente na sua vida. Ter sempre uma palavra doce para seus ouvidos. Ser seu porto seguro nos dias ruins. Receber dentro de mim os frutos do nosso amor. ¹
Ambos tinham os olhos brilhantes de lágrimas não derramadas. Trocaram alianças e a cerimônia teve fim. Draco estava maravilhado com a cerimônia trouxa, cheia de emoção e sentimento; uma magia estranha para ele pairava no ar, e ele finalmente reconheceu este sentimento como felicidade extrema. Ele havia se perdido nos olhos do seu anjo no dia em que os viu pela primeira vez e nada o havia preparado para aquilo. Ele não sabia bem o que o futuro lhe havia reservado, mas sabia exatamente com quem passaria o resto dos seus dias: Angel Reed Malfoy.
A recepção foi perfeita. Naquela noite, a lua cheia estava alta no céu e iluminava o jardim de rosas, agora com a lápide de mármore branco que Angel providenciara para Lizie. E foi em frente a ela que Angel e Draco encerraram a noite. Todos os convidados já haviam se retirado, alguns para um hotel, alguns no Solar, alguns na casa dos Weasley na ilha.
- Se me contassem essa história há alguns anos, eu mandaria essa pessoa direto para a ala psiquiátrica. – Angel confidenciou para Draco. – Mas ainda bem que Lizie se foi.
- Eu sou grato a ela. Se não fosse seu toque, eu não teria recuperado minha memória.
Eles se retiraram para o quarto de Angel, onde Draco colocou feitiços de tranca e alarme para alertá-los caso algum desavisado tentasse entrar no aposento. Ginny saberia o que fazer caso acontecesse qualquer problema no Solar. De lá eles aparataram para algum lugar imapeável no mundo bruxo, mais uma das surpresas de Draco. Era um lugar lindo e aconchegante, com uma lareira que exalava um aroma convidativo.
- Desde que conheci você, minha imaginação está sempre perdendo. – Angel brincou, enquanto olhava maravilhada, para o belo quarto em que estavam. – E olha que sou bem criativa!
Draco parecia realmente satisfeito.
- Que bom que acertei anjo!
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Londres bruxa – local reservado a casamentos da alta sociedade bruxa
No dia seguinte, Angel se viu novamente diante de uma porta fechada. Seu vestido agora era preto, quase no mesmo estilo do anterior. Harry Potter estava a seu lado e gentilmente lhe oferecia o braço.
A cerimônia bruxa era simples. Eles não trocariam varinhas, visto que Angel era trouxa, mas Draco colocou em seu dedo um anel que, junto com a aliança anterior, representavam seus votos. Quando as jóias se encontraram, uma energia percorreu o corpo de Angel e fez com que a garota se arrepiasse. Uma união bruxa era indissolúvel e, enquanto Angel usasse o anel, estaria protegida no mundo bruxo e seria reconhecida como senhora Malfoy.
Angel e Draco começaram uma vida nova. Draco cumpriu sua promessa: todos os dias ele aparatava perto do hospital para levar Angel para casa. Eles moraram no apartamento em Londres até o dia em que Angel se descobriu grávida, quatro meses depois do casamento. Como presente, Draco já havia escolhido uma nova mansão nos arredores da parte bruxa de Manchester; era uma casa magnífica! Angel não se importava muito com a suntuosidade, mas, se aquilo era importante para Draco, era importante para Angel também.
Biddy ficou maravilhada quando soube do bebê, e tomou cuidados redobrados com Angel. Hermione também foi chamada. Nada poderia dar errado. E Draco surtou quando Angel saiu para trabalhar no dia seguinte, mas acabou aceitando.
Os finais de semana eram na ilha, e muitos deles passados com os Potters, que haviam se tornado os melhores amigos do casal. Draco e Harry haviam entrado no mausoléu de Jonathan Malfoy e retirado dali seus restos mortais, que agora estavam junto de Lizie no centro do jardim de rosas – é claro que o mundo trouxa não ficou sabendo disso, mas ainda assim os dois homens tiveram que explicar a Ginny e a Angel por que não usaram os caminhos legais para isso. Contudo, elas acabaram aceitando o gesto. Jonathan e Lizie agora repousavam juntos.
Lily ainda dava birra na hora de ir embora. Quando soube do bebê, a garotinha correu para o colo de Draco com Drake (seu amigo inseparável) cheia de lágrimas nos olhos, e perguntou a Draco duas coisas: a primeira era se ela teria que devolver Drake, e a segunda, se ela ainda seria sua bruxinha preferida. Draco se emocionou, e lhe respondeu num volume baixo o bastante apenas para que Angel e Lils o ouvissem:
- Aconteça o que acontecer, eu amo você! E Drake sempre estará sob os seus cuidados.
Angel se aproximou e abraçou os dois, completando a fala de Draco e dizendo a Lils que também sempre a amaria, e que o bebê também seria sua responsabilidade quando ela estivesse com eles. E Harry teve que engolir seus ciúmes!
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No mundo bruxo, rumores da volta de comensais começaram a tirar o sossego do Ministério da Magia. Harry e Ginny foram pessoalmente à mansão Malfoy para alertar Draco. Afinal, as organizações Malfoy estavam no auge novamente. Draco tinha tino para os negócios, mas ainda era um Malfoy, um traidor do sangue.
Então, uma fuga de Azkaban tirou a vida de vários aurores. Na lista de fugitivos que Harry entregou a Draco, dois nomes o fizeram gelar: Bellatrix Lestrange e Fenrir Greyback. Em sua opinião, os piores – depois de Lucius, é claro.
Draco colocou mais feitiços de proteção na mansão e contratou seguranças especializados para proteger Angel sem que ela soubesse. Draco e Harry colocaram feitiços de proteção no Solar também, pois Angel não ficaria longe de lá. Angel estava nos seus sete meses de gestação e todo cuidado era pouco.
Mas nem todo esse aparato de proteção foi capaz de deter a “Tia Bella”, que encontrou Angel em um plantão. Ao olhar para Bellatrix, Angel teve certeza de que corria perigo. Seu anel de casamento emitiu uma forte luz branca, e então a médica sentiu um puxão forte no estômago.
Bellatrix lançou um feitiço contra ela, mas nada aconteceu; Angel pôde ver, por um segundo, um grande escudo se projetar na sua frente, e não entendeu. Bella lançou mais feitiços, fortes o bastante para que parte de sua energia atravessasse o escudo e atingisse Angel, fazendo-a desmaiar. Mas boa parte dos feitiços ricocheteou e atingiu Bella em cheio, dando tempo para que Draco, avisado pelo anel, aparatasse no hospital de varinha em punho e iniciasse uma batalha feroz com Bellatrix, destruindo a sala de Angel e o corredor do hospital, agora já vazio. Nenhum dos dois lados cedia.
Angel acordou com uma dor de cabeça terrível. Ouviu sons estranhos de ar sendo rasgado ao seu redor, mas não conseguiu se mover. Abrindo um pouco os olhos, ela pôde ver algumas manchas, um grande borrão negro lutando com outro borrão negro, e vários raios coloridos zunindo entre eles. Ela soube imediatamente que um daqueles borrões era Draco.
Usando de todas as suas forças, Angel conseguiu pegar seu telefone celular e discar o número da única pessoa que poderia ajudá-la: Ginny.
- A - ajuda... –foi tudo o que a morena teve tempo de dizer, antes que milhares de estilhaços caíssem ao seu redor.
Ginny não precisou de mais nada para entender que aquilo era uma emergência. Com a velocidade de um raio, a ruiva enviou uma coruja para Harry e se preparou para aparatar no hospital, o único lugar em que Angel poderia estar àquela hora da tarde.
Draco se viu em apuros. Greyback surgiu de repente de dentro de um dos muitos quartos do hospital, e avançou sobre o loiro, mas nunca chegou a realmente feri-lo: Ginny apareceu bem na hora, já lançando milhares de azarações e acertando o lobisomem em cheio. Draco fez um feitiço escudo que bloqueou os feitiços que ricochetearam nas proteções de Greyback, e só teve tempo de gritar:
- O que faz aqui, ruiva?
Ginny desviou de um raio ao pular para dentro de um quarto já parcialmente destruído.
- Sua mulher me chamou para a festinha!
Draco se sentiu mais animado, sabendo que Angel estava viva. Em outros corredores, mais comensais foragidos duelavam com os seguranças que Draco havia contratado, mas a festa acabou logo com a chegada de Harry, Ron e um destacamento completo de aurores.
Bella viu-se sem saída quando Greyback finalmente sucumbiu a uma forte saraivada de feitiços de cinco aurores diferentes. Com os olhos vermelhos de raiva, ela apontou a varinha para Angel, decidida a não voltar para Azkaban sem ao menos ter a certeza de que levou consigo uma vida importante. Mas Draco foi mais rápido:
- AVADA KEDRAVA!
Draco ficou imóvel e respirava com dificuldade enquanto via o corpo de Bellatrix caindo no chão, com os olhos estáticos. Ele havia acabado de lançar uma Maldição Imperdoável, e iria para Azkaban por isso; mas havia jurado proteger Angel, e não se arrependeria de seus atos nem por um instante.
Antes que Draco pudesse sequer pensar em algo a dizer, Harry se aproximou com Ron e percebeu o que estava acontecendo. Aproveitando que não havia mais nenhum auror próximo (todos estavam ocupados demais com os fugitivos restantes), o Menino Que Sobreviveu lançou um Obliviate em Greyback e forjou-lhe a falsa memória de que a Maldição saíra de sua varinha, acertando Bellatrix por acidente.
Draco observou a tudo sem conseguir falar nada. Estava desconcertado, assim como Ron. Ginny, ao contrário, estava realmente orgulhosa do marido. Harry viu todos aqueles olhares sobre si, e ruborizou.
- Não me olhem assim! – Harry resmungou, ajudando um atordoado Greyback a ficar em pé - O que eu diria a Lils quando ela perguntasse do “Tio Draco”?
Draco agora tinha certeza de que ele e Potter haviam se tornado realmente amigos – afinal, só um amigo mentiria para salvar o outro. Mas ninguém tocou no assunto depois daquele dia.
Hermione foi chamada para atender Angel, que estava bem, apenas com muito sono, conseqüência dos feitiços que a protegeram. Pela primeira vez Hermione pôde sentir na varredura a assinatura mágica do bebê. Sua magia havia se manifestado naquele momento: como Angel não tinha magia para protegê-lo, o bebê protegeu a ambos. E pôde detectar também a magia de Draco ali: seu juramento fora cumprido, seu amor seria seu escudo.
Antonie Reed Malfoy nasceu dois meses depois e, apesar de não ser um bruxinho puro-sangue, era poderoso. Biddy cuidou de Antonie com o mesmo carinho com que cuidara de Draco. A vida na mansão Malfoy ganhara novas cores com a chegada dele. Seu padrinho era Harry, que se encheu de orgulho quando o garoto foi para Hogwarts e se tornou um Gryffindor apaixonado por quadribol, um apanhador nato. Era um piloto excelente, e ganhou todas as partidas de que participou.
Dois anos depois, Isabelle Reed Malfoy deu um susto em Draco ao chegar com pressa ao mundo, dois meses antes do tempo previsto. Era prematura, mas, com a ajuda de Hermione e da equipe de Angel, Isabelle sobreviveu e se tornou uma bruxa bela, talentosa e inteligente, características que lhe renderam uma vaga em Ravenclaw. Nenhum dos filhos de Draco foi para Slytherin, mas ele não se importava mais com isso; afinal, ele não tinha mais aqueles valores que o acompanharam até o dia em que traiu o Lord das trevas.
Harry e Ginny tiveram um casal de gêmeos, Thiago e Paulinne, que nasceram antes de Isabelle, e Rodrigo, o terrível, que havia saído a seu tio Fred. Juntamente com as crianças Malfoy e os filhos de Hermione e Ron, Paul e Alex, eles eram o novo terror de Hogwarts: os pais eram chamados o tempo todo por causa de alguma travessura ou aventura. Nada muito diferente do “Trio Maravilha”, era o que Minerva McGonagall dizia depois de seu sermão habitual.
A vida foi generosa para os três casais, até o dia em que Draco adoeceu atacado por um câncer agressivo. Nem Angel, nem Hermione (que se tornara um nome importante na sociedade medibruxa) conseguiram isolar o tumor. Desta vez, Angel não conseguiria salvar Draco.
In this world you tried
(Neste mundo você tentou)
not leaving me alone behind.
(Não me deixar sozinho para trás.)
There's no other way.
(Não há outro caminho.)
I prayed to the gods let him stay.
(Eu rezei para os Deuses te deixarem ficar.)
The memories ease the pain inside,
(As memórias aliviam a dor interna,)
now I know why.
(Agora eu sei por quê.)
All of my memories keep you near.
(Todas as minhas lembranças mantêm você perto.)
In silent moments imagine keep you here.
(Nos momentos de silêncio imagino você aqui.)
All of my memories keep you near.
(Todas as minhas lembranças mantêm você perto.)
You silent whispers, silent tears.
(Seu silencioso sussurro, silenciosas lágrimas.)
- Angel, meu amor... Preciso que me ouça com atenção. – Draco disse, um dia, com a voz fraca. – Eu não quero que você me dê mais remédios...
- O que está dizendo? – Angel saltou para longe do leito onde Draco estava deitado, tomada pelo susto. – Quer morrer? Vai me deixar?
Draco respirou fundo com dificuldade. Parecia sentir muita dor, e não apenas em seu corpo físico.
- Sim, meu anjo. Não há mais salvação para mim, eu... Eu sei que o fim está próximo, e você está exausta... Então, pare...
Angel negou com gestos fervorosos, as lágrimas caindo copiosamente de seus olhos.
- Não, Draco! Eu não... Eu não posso viver sem você! Eu morrerei se não o tiver mais!
- Nós tivemos uma vida feliz... – Draco sorriu, estendendo o braço para a esposa. Angel tomou-lhe a mão entre as suas como se, com esse gesto, pudesse impedir a chegada da morte. – Nossos filhos são bruxos notáveis, e você sempre será o anjo da minha vida. Nosso amor é pela eternidade... Eu vou te esperar... Você não poderá me seguir agora, nossa filha ainda vai precisar de você. Mas prometo que virei te buscar quando chegar a hora...
Made me promise I'd try
(Me fez prometer que eu tentaria)
To find my way back in this life.
(Encontrar meu caminho de volta nesta vida.)
I hope there is a way
(Eu espero que haja um caminho)
To give me a sign you're ok.
(Para me dar um sinal de que você esta bem.)
Reminds me again it's worth it all
(Lembrando-me de novo que tudo vale a pena)
so I can go home.
(Então eu posso seguir em frente.)
Draco morreu dois dias após essa conversa.
Angel sentiu como se seu coração fosse arrancado do seu peito, mas, como Draco previu, sua Belle precisava dela: a garota estava grávida. Foi uma gravidez complicada e cheia de riscos para a mãe e o bebê, mas Isabelle sobreviveria, graças aos cuidados da mãe.
Angel fechou a mansão e se refugiou no solar com Isabelle e Thiago, pois o clima era mais favorável para o estado delicado da moça. Antonie vivia viajando com os Chudley Cannons, mas quando estava em Londres ia direto para o Solar. Angel via a barriga de Isabelle crescer e olhava o poente. Sua solidão era palpável, mas nunca derramou uma lágrima por Draco. Ela apenas esperava.
Os dias iam e vinham como as marés. Certeiros. Apenas um após o outro.
Together in all these memories
(Juntos em todas estas memórias)
I see your smile.
(Eu vejo seu sorriso.)
All the memories I hold dear.
(Todas as lembranças eu guardei bem.)
Darling, you know I will love you
(Querido, você sabe que eu amarei você)
until the end of time.
(Até o fim do tempo.)
Enfim seu neto nasceu. Isabelle deu-lhe o nome de Draco: o bebê herdara os olhos e os cabelos do avô, um autêntico Malfoy.
oOo
“Eu olho para o poente.
Da minha janela no solar Reed, eu olho para o poente. Draco Malfoy, você se foi há um ano, exatamente um ano. O garoto de olhos grises me deixou, e foi para onde eu não pude segui-lo. Eu ainda posso vê-lo em cada sala, em cada recanto do meu jardim. Dentro de mim. Você é meu bem mais precioso.
Dia após dia espero que você cumpra sua promessa, a de me buscar aqui no Solar. Ao meu lado, nosso neto, no colo de nossa filha, tem o seu nome. Sei que não vou vê-lo crescer. É uma escolha difícil, mas sei que eles não precisam mais de mim, não mais. Ele será um bruxo poderoso como os pais e os avôs. Talvez a última das ironias de Merlin seja esta: juntar finalmente um Malfoy e um Potter. Ainda me lembro do seu semblante quando Isabelle nos apresentou Thiago Potter como seu namorado. Você quase enfartou! A relação dos dois era óbvia, mas você não queria ver que seu bebê havia crescido e se apaixonara pelo seu eterno namorado. Eles viviam pregados desde a infância. Era um fato anunciado. Depois rimos muito! Você se lembra?
Antonie acaba de vencer o campeonato pelos Cannons. Está aqui comigo para as férias. Ele lembra você em muitos aspectos. Pretende cuidar dos seus negócios a partir do ano que vem. Você ficaria orgulhoso de ver seu filho hoje.
E Lils, a minha corajosa Gryffindor, também está aqui hoje. De todos, depois de mim, ela é a que mais sente a sua falta. Ela ainda se entristece quando se lembra de você, e mantém Drake sob seus cuidados. Ela espera seu primeiro filho. É uma medibruxa notável, e agora trabalha com Hermione.
Ginny, Harry, Hermione e até mesmo Ron, todos estão aqui comigo no Solar. Eles provaram ser amigos desde o principio, e estão aqui no fim de tudo.
Já andei pelo solar, revi antigas fotos. Ecos de um passado distante, mas, sem dúvida alguma, extremamente feliz. Sabe o que eu mudaria amor? Nada. Absolutamente nada! Há um ano, eu deixei que você se fosse. Não estava preparada para ir, você tinha toda razão. Nossa filha ainda precisava de mim. Mas agora... Olhando tudo que construímos e aprendemos juntos, tudo que vivemos juntos, tudo que amamos juntos... Vejo que fizemos bem feito.
Eu me sinto pronta para partir agora. Apenas aguardo a sua chegada, para que você possa me levar de volta para casa.
Minha parte nessa historia agora chega ao fim. Mas ainda há espaço para nossos filhos, a nova família Malfoy Potter, e a continuação do seu nome, agora, graças a você, meu amor, em uma nova roupagem ‘do lado da luz’.
Isabelle agora será a guardiã da nossa história. Que ela tenha palavras alegres para escrever, como eu tive. Que Merlin a proteja como me protegeu um dia.”
Angel fechou o diário que um dia pertenceu a Lizie Reed e colocou-o na caixa, junto com o pingente e a varinha de Malfoy, ainda aquela que pertenceu a Adele Weasley. Com um último suspiro, trancou a caixa e entregou-a para Isabelle, que estava sentada ao seu lado na sala de música.
Angel segurou seu neto nos braços, para que a filha pudesse guardar a caixa e a chave que recebera; o pequeno Draco olhou fundo nos olhos da avó, com certeza adivinhando que esta seria uma despedida. A senhora Malfoy deu a cada pessoa naquela casa um abraço afetuoso e saiu para o jardim de rosas.
Draco estava a sua espera, Angel podia vê-lo da janela. Belle fez menção de acompanhar a mãe, mas Ginny a impediu. A ruiva sabia, sempre soube: eles jamais viveriam separados.
“Angel Reed Malfoy encontrou seu garoto de olhos grises nesse mesmo dia, e estão juntos na eternidade.”
Porque a vida é uma eterna volta pra casa.
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N/A¹: Olá!!!
Casamentos Americanos e já vi alguns Ingleses (em filmes é claro) não tem aquela coisa do padre falar e do noivo responder, nessa hora eles dizem seus fotos que foram preparados por cada um. (acho isso tão romântico!)
N/A²:
Finalmente! Depois de tanto tempo o fim dessa história! *Belle desvia das azaraçoes* Matar Draco foi cruel, mas agora eles estão juntos na eternidade. E todos viveram felizes para sempre e blábláblá... Aff, que coisa! Foi a primeira vez que matei um personagem assim, mas c’est La vie.
Agradeço a todos que acompanharam esta história de perto, em especial a minha querida Beta, Lindinha da Titia, a Innis Winter, talentosa e pacienciosa escritora e Beta, vale a pena conferir ela ecreve Draco e Hermione que é muito bom!!!
Bem, foi muito bom escrever essa história! Agradeço a todos pela paciência e pela leitura.
Jinhos da Belle
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