Prólogo




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Dei uma enorme volta na cama, embrulhando ainda mais os lençóis que envolviam o meu corpo. Devia ser a milésima volta na cama que eu dava nessa noite. As imagens da última caçada começaram a chegar à minha cabeça. Era algo que eu já me habituara à muito. Todas as noites tinha que ter um show de imagens monstruosas a importunar o meu sono. Para ser sincera não me lembro quando foi a última noite em que eu não as tive.
O meu coração dava enormes batidas descontinuas. O ar começou a ficar difícil de respirar, pesado.

Afoguei o meu rosto no travesseiro com esperanças que aquelas sensações de insegurança passassem, mas nada mudou.

Virei-me de barriga para cima, olhando fixamente para o tecto, na esperança de que este mudasse ou desse uma justificação para a minha enorme insegurança, mas para minha enorme tristeza, nada aconteceu. O tecto continuou branco, com uma enorme sombra negra a cobri-lo, mas mesmo assim branco.

Fechei os olhos com uma enorme força, tinha que adormecer. Fiquei alguns segundos assim, até que fui forçada a abri-los pois estes começavam a doer-me. Estes ficaram turvos, e começaram a passar pequenas luzes confusas, que me fizeram ficar tonta.

Eram três da manhã, e eu ainda estava acordada, à horas que eu devia estar a tentar adormecer. Ainda ia ter que esperar uma boa quantidade de horas para que o dia aparecesse, uma boa quantidade de torturosas horas.
Não suportava noites longas como aquela, não suportava ter que ficar acordada a olhar para o escuro e não poder ter nada para desconfiar ou atacar. Deixava-me completamente louca e cansada, mas mesmo assim não fazia com que eu adormecesse.

Dei diversas voltas à cama, até que me apercebi que isso nada resolvia. Decidi então levantar-me. Sentei-me na borda da cama, dobrando as pernas e envolvendo os meus braços nestas. Comecei a balançar o meu corpo levemente, nunca abandonando esta posição. Cantarolei baixinho uma canção de embalar. Fechei os olhos e comecei a contar mentalmente os cordeirinhos.

Um cordeirinho, dois cordeirinhos, três cordeirinhos, quatro cordeirinhos...e fui por aí fora. O sono começou a apoderar-se do meu corpo, para minha enorme satisfação.

Estava a começar a adormecer quando a imagem da última criatura que havia "caçado" apoderou-se da minha cabeça, afugentando os meus cordeirinhos.

Era uma criatura horrorosa. Estava a incomodar-me desde a noite que a cacei, fazia quase uma semana. Era um wendigo. Uma criatura que habita nas florestas. Tem uma velocidade fenomenal, que nos impossibilita de a ver. Para além da sua velocidade tem uma grande força e umas garras bastante afiadas, que nos conseguem desfazer em pedaços em um som golpe. Segundo a lenda, esta criatura "forma-se" quando um homem, que normalmente habita nas florestas, procura a vida eterna, começando a matar outros homens e comendo a sua carne, depois faz um feitiço qualquer e torna-se, passado umas décadas neste fantástico bicho. Acho que é praticamente impossível descrever fisicamente um wendigo, pois acho que não existem palavras que descrevam uma criatura tão horrorosa e monstruosa, mas acho que posso tentar, recorrendo às memórias do último que enfrentei. Um wendigo é uma espécie de lobo gigante, só que sem pelo e talvez sem pele, com umas garras e dentes enormes. Anda somente com duas patas, as traseiras. Nunca tive uma imagem muito clara de um wendigo, visto que eles são ultra rápidos, quase impossíveis de se ver. A maneira de os matar é fácil, teoricamente. Basta enfiar-lhe com uma bala de prata no peito, como com a maioria das criaturas sobrenaturais, o problema é conseguir-lhe acertar com a bala no peito.

Este último foi particularmente difícil de matar, se não tivesse sido o meu irmão Jack a meter-lhe a bala no peito, talvez não estaria a ser torturada pelo facto de não conseguir dormir.

Este wendigo havia matado 7 pessoas naquela semana, estou a excluir os animais. Quando entrei no seu covil a única coisa que consegui cheirar foi o sangue e a carne podre. Era nojento, se eu já não tivesse habituada acho que teria vomitado.

Continuei a baloiçar-me e a cantarolar baixinho, mas esta táctica também não resultou.

Desisti. Tinha que se estar a passar algo para eu me encontrar assim tão insegura, algo de muito grave.

Levantei-me lentamente pegando na minha adaga de prata que se encontrava ao lado do meu revólver de balas de prata, que se encontravam na minha cabeceira. Eu sei a minha faca ou meu revólver sentia-me completamente desprotegida e nua, tinha que os ter sempre perto de mim, senão entrava em pânico. Eu tinha uma grande colecção de adagas de prata, de todos os tamanhos, e tinha três revólveres, dois com balas de prata, e um com balas feitas a partir de sal. Eu poderia ser uma excelente caçadora, mas acho que sem as minhas armas perdia a confiança toda, tornando-me fraca e uma presa fácil para o inimigo.

Levei a mão até ao peito e procurei o meu rosário, quando o achei apertei-o firmemente. Outro meio para proteger-me.

Fui andando vagarosamente até à janela, passando pela minha pequena escrivaninha. Pousada em cima desta tinha uma varinha.

Eu nunca usava a minha varinha, tirando em Hogwarts, é claro. Hogwarts. Muitos ficavam felicíssimos ao ouvir esta palavra. Eu simplesmente sentia-me deprimida. Não gostava de Hogwarts, nem de magia. Vivia bem sem ela. Vivia bem só com a minha caça. Mas infelizmente, quando tinha onze anos, recebi a maldita da carta, e o meu pai ficou felicíssimo. Ele nunca gostou que eu tivesse no negócio de família. Não sei se é por protecção ou por eu ser mulher.

Hogwarts era uma escola fantástica, admito, com muitos mistérios e segredos, mas nada de especial para mim, nada de criaturas, nada de caça. A única zona onde eu poderia ir caçar, e era sem o conhecimento dos professores- logo não poderia ser sempre- era a Floresta Proibida, e como diz o nome ela era proibida para os alunos. Acho que a Floresta Proibida era o único motivo que me fazia pôr ainda os pés em Hogwarts. Podia caçar livremente, sem seguranças atrás e além disso a Floresta Proibida era uma pipa de ouro no que se referia a criaturas negras.

Em Hogwarts eu era considerada sangue de lama- uma pessoa que é filha de muggles- ingénua aos grandes conhecimentos mágicos, das criaturas existentes. Ria-me com os meus botões sobre esse mesmo assunto, apesar de ser muggle, conhecia eu muito mais de criaturas negras do que os maiores feiticeiros entre eles.

Se alguém lhes perguntasse o que era um vampiro, eles simplesmente olhariam-nos confusos e diriam.

- Vampiros não existem.

Algo que não é verdade. Pois eles tanto que existem que eu já matei uma boa quantidade deles.

Em Hogwarts eu andava sempre sozinha, afastava-me de todos, fazer amigos não era algo bom para mim, nem para a segurança deles. Sabia coisas a mais, sabia coisas que poderia pôr a sua vida em risco.

Não era ingénua a certos conhecimentos como eles, e nisso eu invejava-os e muito. Não poderia andar pelo escuro sem uma arma atrás, sem um alerta de segurança presente. Nunca fui ingénua, nunca fui criança o suficiente para poder temer o escuro, sem saber bem o porquê.

Recebi muitos convites de garotos para sair, mas eu recusei-os a todos, namorar nunca foi algo que realmente me importasse, isso irritou-os e fez com que se afastassem ainda mais de mim, como se eu fosse uma maldição ou uma praga.

Era uma aluna muito boa, apesar de odiar magia, mas esforçava-me para dar o meu melhor, tirando os melhores resultados. No meu tempo livre costumava pesquisar e estudar sobre criaturas negras e arquitectar planos para me esquivar, para as minha caçadas.

Tinha um particular interesse num grupo de rapazes da escola, os marotos- os miúdos mais populares- entre eles havia um rapaz, Remus Lupin, era da minha casa e da minha turma, desconfiava dele desde a primeira vez em que o vi, desconfiava que ele fosse um lobisomem. Desaparecia sempre na altura de Lua Cheia, com desculpas muitos esfarrapadas, andava sempre bastante pálido e com um ar bastante fraco. Queria pôr as minhas dúvidas em prática, mas precisava de ter certezas, e este ano iria tê-las, iria saber se Lupin era de facto a criatura que ela pensava que ele fosse.

Cheguei à janela e verifiquei que esta estava fechada, o sal e a água benta ainda estavam colocados no parapeito desta.

Fui andando pelo quarto verificando se estava tudo em ordem, se estava tudo seguro.

No dia seguinte iria ter que limpar tudo, para poder ir-me embora da estalagem. Eu não tinha casa própria, era demasiado perigoso. Nós andávamos de terra em terra, procurando ataques para as nossas caçadas. A única altura em que eu ficava muito tempo no mesmo lugar era quando ia para Hogwarts.

Parei em frente ao espelho. Fechei os olhos. Odiava espelhos, dizem que são os portais para o inferno. Abriu-os lentamente e verifiquei a minha imagem.

Continuava com a camisa de dormir branca. Olhei bem para o meu reflexo no espelho. Era bastante bonita, tinha uma beleza completamente rara e invulgar. Apesar de não me importar com isso tinha que o admitir.

Tinha cabelos negros, sedosos, ondulados que me chegavam a metade da cintura. A minha pele era branca, com as faces bastante rosadas. Os meus olhos eram azuis esverdeados e tinha uns lábios carnudos e vermelhos. O meu corpo era bastante bonito, com umas belas curvas, eu realçava-o, despropositadamente, com as roupas justas e escuras que usava.

Nunca liguei muito à minha beleza, e nunca me interessou se a tinha ou não. Não ligava muito aos rapazes, aprendi a lidar demasiado com a caça para lhes prestar atenção alguma. A única altura em que eu agradecia a minha beleza tão chamativa, era quando esta servia de isco aos demónios e aos outros seres. A minha beleza com o cheiro do meu sangue tornavam-me um enorme isco, e uma enorme tentação para o mal.

Isso era algo útil, visto que assim escusava de andar atrás deles, já que eles vinham ter comigo.

A imagem que o espelho reflectia era exactamente igual à que as fotos da minha mãe, Christinne, mostravam. Eu era a fotocópia viva dela, todos mo diziam e eu tinha que concordar com tal.

A minha mãe, tal como eu, também tinha uma beleza extremamente rara e um sangue precioso. O meu pai, quando raramente fala nela, diz que foi isso que causou a sua morte, o facto de ser tão bela e de ter um sangue tão apelativo.

Não conheci a minha mãe o tempo suficiente para ter memórias dela. O meu pai ainda procura o demónio que a matou, mas não gosta que toquemos no assunto, e nós assim o fazemos.

Tenho leves recordações, de músicas que suponho que ela cantava e da sua voz, penso que é a dela.

Dirigi-me de novo à cama, as pálpebras começaram a pesar-me nos olhos. Passei pela porta e verifiquei que esta estava trancada e bem guardada, tive vontade de passar para o outro lado, para ver se passava-se algo de mal, mas logo tirei essa ideia da minha cabeça. Tinha que ir descansar.

Dirigi-me de novo para a cama. Deitei-me e cobri-me com os lençóis. Fiquei a olhar para o tecto durante alguns minutos até que uma memória ocorreu-me na cabeça.

Um encontrão com um rapaz que eu suponha ser dos Slytherin. Não sabia o seu nome. Mas algo nele me chamou à atenção, me despertou a curiosidade. Ele era extremamente bonito e pálido. E no momento em que demos um encontrão pareceu-me ver um reflexo vermelho nos seus olhos. Ele esboçou um ar de surpresa e de desejo, um ar de quem tinha sede.
Abanei a minha cabeça para afastar aquele pensamento. Nenhum ser tão negro era suficientemente estúpido para ir para uma escola cheia de crianças, com milhares de hipóteses de ser descoberto. Era demasiado estúpido.
O cansaço invadiu o meu corpo, e eu comecei a perder os sentido, as imagens desapareceram e encontrava-se agora tudo escuro.

Uma breve lembrança ocorreu-me no cérebro. Eu conhecia-o de algumas aulas, mas como era o seu nome?

Era qualquer coisa começado por "r" e o apelido era qualquer coisa como Connel, não era Conner.

Richard, lembrei-me no meu último momento de lucidez, Richard Conner.





N/A: Bem espero que tenham gostado. Esdtá pequeno, mas também não tencionava que fosse muito grande.
Obrigada pelos comentários yohanah e luana, espero que gostem do prólgo e da história :D
Dêm-me as vossas opiniões e comentários sobre a fic.
E mais uma vez, espero que gostem.

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