Primeira Semana [100%]
Narrado por: Richard Conner
O ranger suave e apressado das folhas de um livro, ao tocarem-se umas nas outras, era o som mais distinto que ecoava nas paredes sombrias daquele local. E, apesar de eu ter uma audição muito mais apurada que a dos humanos, aquele lugar era tão morto em sons como era morto em pessoas.
Só duas pessoas continuavam paradas naquele lugar escuro, com apenas uma janela que era praticamente oculta pelas altas estantes que forravam as paredes. Uma sentada numa secretária em frente à maior das estantes, a outra estava sentada na mesa mais escondida da biblioteca.
Fora a segunda que me atraíra até ali. O seu cheiro, que chegava a quase todo o castelo, indicou-me que ela encontrava-se na biblioteca.
A bibliotecária encarou-me surpreendida durante alguns segundos, depois tornou a desviar os seus olhos para os vários livros que catalogava.
Vernot permanecia abstracta à pouca vida daquele local, os seus olhos permaneciam fixos a um dos livros.
Que estaria ela a ler?
Na biblioteca não havia nada que cativasse a leitura de estudantes, somente livros de escola, nada de muito importante.
Aproximei-me lentamente, tentando desvendar o que lia.
Era imensamente misteriosa, ninguém em seu perfeito juízo iria para a biblioteca no primeiro dia de aulas, a não ser que procurasse algo de muito importante.
Vernot não estava a procurar nada relacionado com a escola, logo só poderia estar à procura de algo relacionado com as suas curiosidades e receios, e isso levava-a directamente a mim.
- Com trabalhos de casa já?- Perguntei-lhe calmamente. Tinha que saber o que é que ela procurava e escondia de mim.
Vi uma das suas mãos sair rapidamente da mesa e ir para o seu colo. O susto que apanhara roubara-lhe toda a calma. Podia ouvir a velocidade excessiva com que o seu tentador sangue atravessava as suas veias.
Fiz um sorriso meigo.
- Um pouco cedo não achas?- Perguntei-lhe de novo, tent6ando confortá-la e faze-la falar.
Olhou-me desconfiada. Não era em nada igual a todas as outras humanas, essas ter-se-iam sentido imediatamente confortáveis.
- Presa na biblioteca num dia tão bonito.- Disse com um sorriso.- Posso sentar-me?
Vernot anuiu com a cabeça, mas mesmo assim pude reparar que não se sentia confortável com a minha presença, como se soubesse quem eu era.
- Não sou a única aqui sentada na biblioteca, creio.- Murmurou fechando um dos livros.
- Pois creio que não.- Percebi que referia-se a mim.
Tentei entender o que pensava, olhei fixamente para os seus olhos, mas a profundidade destes escondiam-me o que eu essencialmente queria.
A mente humana era fácil de se ler através dos olhos, do cheiro e através do som produzido pelos seus corações. Mas a mente de Vernot era demasiado oculta, demasiado diferente da mente de todos os outros humanos vulgares. Talvez fosse isso que a tornasse tão fascinante, a sua humanidade tão desumana.
- Porque te encontras aqui presa?- Perguntei-lhe tentando faze-la dizer-me algo que me ajudasse a desvendar a sua mente invulgar.- Sozinha, no escuro?
- A solidão agrada-me.- Respondeu-me secamente, enquanto virava o rosto para uma das estantes e cortava o contacto visual.- E tu?
- O sol não me agrada muito.- Respondi-lhe com serenidade.
Os olhos dela voltaram-se na minha direcção, arregalados. Não era tão ingénua como os outros humanos-
Os meus olhos voltaram-se na direcção do livro que ela guardava debaixo dos seus braços. Vampiros. Senti-me mais rijo.
- A ler sobre vampiros?- Perguntei-lhe fazendo uma indicação para o livro. Enquanto forçava os meus lábios a sorrirem- Gostas desse assunto?
Vernot começou a levantar-se.
- Acreditas que eles existem?- Perguntei tentando mantê-la durante mais algum tempo, pelo menos o tempo suficiente para saber algo mais sobre a sua misteriosa vida.
- Eles quem?-
- Vampiros.- Disse-lhe num silvo.
- Os lobisomens existem, não é?- Fiz um pequeno sorriso. Era esperta o suficiente para arranjar boas maneiras de fugir ao assunto, mas essa esperteza não era o suficiente para ludibriar-me.
- Então acreditas que eles existem?
Pude ver como a conversa não agradava-lhe, mas eu precisava de saber porque se fascinava tanto com o assunto.
- Há pouco tempo diziam-me que feiticeiros não existiam e pelos vistos existem.- Respondeu-me.
Porque haveria ela de acreditar naquelas histórias vampíricas, quando os feiticeiros recusavam-se a ouvi-las?
- Vampiros.- Sussurrei.
- Sim. Nunca se sabe.
- Como nas histórias?- Perguntei-lhe
Pude sentir a insegurança aumentar no seu corpo, talvez devido à sede que aumentava no meu. Talvez ela fosse esperta o suficiente para aperceber-se dos perigos.
Seria tão fácil matá-la. Coloquei as mãos sobre os meus joelhos e apertei-os, tentando ganhar alguma racionalidade e controlar-me. Seria perigoso demais para mim.
- Nada é como nas histórias.- Respondeu-me convicta.
- Pois não.- Respondi-lhe. Depois olhei-a sombrio- Costumam ser muito piores na realidade.
- Que queres?- Perguntou-me irritada
Levantei-me e sentei-me ao seu lado.
Tinha que descobrir de onde vinha aquele interesse. Tinha quase a certeza que este encontrava-se relacionado aos mistérios que tanto guardava para si.
- Conversar. E como vejo que tens um grande interesse em vampiros, porque não?- Menti.
- Ah também acreditas em vampiros?- Perguntou-me.
- Não.- Murmurei.- Acredito que sejam apenas…histórias para miúdos.
- Assério? Mas existem lobisomens…
- Ah pois! -Exclamei.- Os eternos inimigos dos vampiros.
Apesar de poder ouvir toda a vida existente dentro e fora daquela biblioteca, a minha concentração estava toda concentrada em Vernot. Podia ouvir tudo o que o seu fraco organismo humano fazia, desde os pequenos movimentos até aos seus simples batimentos cardíacos. Podia ouvir tudo o que o seu corpo fazia, podia ouvir o receio que causava-lhe, e isso era-me vantajoso.
Esses sons acompanhados com a sua voz formavam uma
- É claro que os vampiros ultrapassam-nos.- Murmurei.
Pude ouvi-la rir-se.
- Ultrapassam? Os vampiros são monstros sádicos e…
- Os lobisomens não?- Perguntei-lhe encarando-a sério. Aquela frase de uma certa maneira irritou-me.
- Os lobisomens não se controlam enquanto que os vampiros matam por puro prazer.- Respondeu-me.
- Afinal é amor a lobisomens e não a vampiros.- Disse-lhe sarcástico.- Interessante.
- Mas não acreditas…
Aproximei-me lentamente do pescoço de Vernot, tentando ver qual seria a sua reacção.
- Rose- murmurei meigamente- vampiros não existem.
- Como podes ter tanta certeza?
- Como era possível manterem-se escondidos durante tanto tempo se existissem?- Perguntei-lhe. Perguntas que eu sabia perfeitamente a respostas.
- Escondendo-se.- Respondeu-me calmamente.- Como os feiticeiros e os lobisomens.
- Impossível.- Murmurei
- Porque?- Perguntei-lhe.
- Tens um cheiro demasiado bom.- A minha cabeça começou a aquecer, e um zumbido começou a afectar os meus ouvidos. Sabia o que estava para vir, não poderia ficar ali muito mais tempo.
- Como?- Perguntou-me confusa.
- Se houvesse vampiros a esta hora não estavas aqui pois o teu cheiro já teria atraído algum.- Expliquei-lhe enquanto começava a levantar-me. Não estava a resultar, ela conseguia escapar-se facilmente às minhas perguntas.
- Como sabes que eles são atraídos pelo cheiro humano?
- Calculo.- Respondi-lhe. Percebi que a pergunta a havia intrigado, possivelmente por saber que o que eu dissera era verdade. E isso acabava por intrigar-me a mim também.
- Para alguém que não gosta de vampiros pareces saber muito sobre eles.- Desafiou-me.
Ri-me. Era esperta e ainda conseguia ser mais desconfiada e atenta que eu. Sem dúvida que era bastante diferente dos humanos que eu estava habituado a caçar.
- Eu não disse que não gostava deles, pelo contrário acho-os fascinantes.- Respondi-lhe calmamente, fazendo de seguida um pequeno sorriso.
Levantei-me e coloquei-me atrás de Vernot.
- Fascinantes?- Perguntou-me surpreendida e assustada.
- Sim.- Disse.- Imortalidade, beleza, o que poderia ser mais interessante?
- Eles matam humanos!
Fiz um pequeno sorriso apesar de ser muito diferente deles as suas preocupações eram iguais às da maioria dos humanos.
- Mesmo aí são fascinantes.
Empurrei-a para a frente e segurei-a com alguma força para impedi-la de debater-se, depois coloquei os meus lábios no seu frágil pescoço.
Apesar de me ter alimentado à pouco tempo com o sangue da outra humana, esse não chegava para apaziguar a minha sede.
Aguentei-me alguns segundos, apesar de saber que seria um perigo para mim, caso a matasse ali mesmo, mas era um risco que tomei para poder apagar as ideias maluquinhas e verdadeiras que ocorriam na cabeça dela.
-Um beijo da morte.- Sussurrei ao ouvido de Vernot.- Um beijo da imortalidade. Até tu te negarias a isso Rose?
Pude senti-la arrepiar-se e sorri.
- És louco?- Perguntou-me enquanto debatia-se para libertar-se dos meus braços. De novo eu sorri.
- Tens realmente um cheiro muito bom.- Murmurei para mim mesmo- Por desejar a imortalidade, creio que todos nós desejamos, Rose. Faz parte do homem não é?
Vi-a olhar-me com fúria e a levantar-se de seguida.
- Não me digas que és algum deles.- De novo o meu corpo enrijeceu, mas depois ri-me.
- Como tu mesma disseste, nunca se sabe.- Respondi-lhe calmamente, mas tornei-me de seguida sério e dei um tom misterioso à frase.- Mas como os vampiros não existem creio que podes ficar descansada.
Vernot levantou-se e dirigiu-se à saída da biblioteca.
- Mas se houvesse vampiros e eu fosse um deles, Rose, podias ter certezas que a esta hora estavas morta.- Murmurei com a certeza de que ela ouvira-me.
A bibliotecária que até então tinha estado concentrada a catalogar os livros olhou-me curiosa.
- Necessita de alguma ajuda Senhor Conner?- Perguntou-me.
Eu fiz-lhe um sorriso educado.
- Não, obrigada.- As minhas expressões tornaram-se sérias, enquanto que ocorria-me uma nova ideia
Abanei ligeiramente a cabeça. Tinha que aguentar-me até ao final daquela semana, altura em que iria ter com Andrey.
Peguei no livro e dirigi-me à bibliotecária.
- Creio que a minha amiga esqueceu-se de entregar-lhe isto.- Disse estendendo-lhe o livro.
- Oh!- A mulher observou a capa.- Vampiros? Este livro não pertence à biblioteca, deve ser da tua amiga.
- Não?- Olhei para a capa, depois sorri e estendi a mão para receber de novo o livro.- Então e melhor entregar-me.
A mulher sorriu e devolveu-me o livro.
Sorri-lhe de volta e dirigi-me até à saída da biblioteca, mas antes dei mais uma vista de olhos pela capa do livro. Senti uma sensação desagradável no corpo, sem saber porquê algo dizia-me que aquela garota sabia muito mais sobre mim do que eu sobre ela, e isso era algo que nunca me havia acontecido.
Foi só para mostrar que ainda não me esqueci desta fic, o resto do capítulo é para muito em breve.
Narrado por: Rose Vernot
Observei as labaredas que crepitavam ferozmente, tentando pensar em algo que fosse minimamente coerente.
Uma guerra entre vampiros era algo que estava para além da minha imaginação, mesmo com todas as coisas inimagináveis que eu já havia visto.
Sangue?
Cadáveres?
Mas já não era isso que eles eram? Cadáveres ambulantes? Que sangue eles poderiam jorrar se nem uma gota deste escorria nas suas escuras e espessas veias.
Lancei um pequeno suspiro e brinquei distraída com o crucifixo que tinha pendurado no pescoço.
Nos meus pensamentos passavam imagens de possíveis consequências de guerras vampíricas, mas nenhuma delas era demasiado irrealista para ser considerada uma possibilidade.
A maior parte das minhas ideias provinham de meras imitações de imagens de guerras entre humanos que eu havia visto nas televisões de diversas estalagens para passar o tempo em que esperava que o meu pai e Jack regressassem. Grande maioria destas imitava a Guerra do Vietname que havia acabado à cinco anos atrás.
Ironicamente estas não se diferenciavam muito dos rastos de morte que os monstros que eu já havia caçado deixavam para trás.
Os meus olhos desviaram-se das labaredas para observarem a escuridão que ambientava aquela noite.
Nem as risadas altas na sala comunal dos Gryffinthor me roubaram os vagueios pelos quais a minha mente passava.
Entre todas as possibilidades uma batalha entre vampiros assemelhar-se-ia mais à luta fictícia que me aparecera em sonhos- em que o vampiro arrancava o coração ao lobisomem- do que a uma guerra entre humanos.
Era difícil imaginar uma batalha entre criaturas insanas, onde não haveria qualquer a não ser o dos humanos que serviram de alimento antes e após a batalha.
Os meus olhos fixavam-se pelos longos campos de Hogwarts, imaginando-os, por segundos, manchados com sangue e cobertos com corpos mórbidos ou já falecidos.
Senti náuseas ao sentir, por leves centésimos de segundo, o cheiro a morte pairar no ar.
O meu coração palpitou fortemente.
Seria esse o ar de um campo de batalha? Tão similar ao ar das cavernas das criaturas que eu já havia caçado.
Olhei novamente para as labaredas, tentando vaguear por outros caminhos.
Por algum motivo, que me era até então desconhecido, os meus pensamentos andavam até então sempre a roda do mesmo assunto, tornando-se algo quase doentio, mas independentemente das tentativas desesperadas que eu tomava o tema sobre vampiros vinha sempre à tona. Um tema que nunca me havia trazido qualquer interesse, tanto pela cinematografia que rodeava este como pela raridade que era encontrar alguma destas para caçar.
Nós nunca tivemos grandes especializações, caçávamos tudo o que era das trevas e nos aparecia à frente, e vampiros era algo raro, visto que apareciam com pouco frequência e em grupos numerosos. Podíamos matá-los quando se separassem na caça. Mas na maioria, os vampiros que encontrávamos eram fracos, caça fácil e rápida, logo desinteressante.
Sempre preferira caçar demónios. Talvez pela aura negra que os envolvia e pelo efeito que estes causavam facilmente sobre os humanos, ou então por no fundo saber que por mais que tentasse eles jamais iriam desaparecer e acabariam sempre por dominar as mente humanas.
Mas naquela última semana o meu interesse por vampiros havia aumentado catastroficamente. Possivelmente era apenas uma reacção provocada pelo meu organismo em resposta à insegurança e aos medos que começava a sentir daquele lugar. Talvez isso e os sonhos não passassem de meros avisos para me alertarem sobre o fundo verídico que existia por trás das minhas suspeitas sobre a criatura que poderia caminhar nos mesmo corredores que eu.
Soltei um pequeno bocejo. Estava cansada precisamente por não conseguir dormir bem à noite, onde acordava ao mínimo ruído que se fizesse, isto tudo causado sempre pelo mesmo medo e inquietação.
Jack tinha razão, se eu não relaxasse e acalmasse um pouco iria com toda a certeza endoidecer.
Deixei então que os meus olhos se fixassem definitivamente no externo da janela.
O tempo no exterior do castelo mudava rapidamente, mas estando sempre com diversas nuvens a cobrir o céu. Naquele momento este encontrava-se completamente encoberto, cobrindo de seguida os longos pátios de Hogwarts com uma densa chuva.
Dias negros avizinhavam-se.
Um forte relâmpago iluminou os céus, trovejando segundos depois, deixando o seu som ecoar pelos bosques ali perto e engrossando ainda mais a chuva.
Nos bosques negros pode ver-se várias aves levantarem voo, assustadas.
Dias negros, demasiado negros até para os dias comuns de Inglaterra. Mais chuvosos, frios e desolados.
Todos esses factores só indicavam uma coisa: época propícia para a caça de criaturas negras, que se aproveitavam destes dias negros- muitas vezes criados por elas próprias- para matarem uma maior número de humanos.
O meu pai e Jack deveriam já estar a prepararem-se para o grande número de casos que iriam aparecer pelos tempos que se seguiam.
A melancolia e aborrecimento que eu já sentia aumentaram.
Bati com um pé no chão, com alguma da raiva que tinha acumulada durante os longos anos naquela escola.
Ninguém na sala parecia ter notado as transformações que o tempo exterior começava a sofrer, todos estavam absortos nas suas próprias conversas e emoções.
Os meus olhos estavam tão fixos nas alterações óbvias que ocorriam nos átrios do castelo que não notei que Lupin havia acabado de entrar na sala acompanhado pelos seus amigos.
Mas mesmo assim, os meus olhos continuaram absorvidos na nula vida que ocorria nos pavimentos externos de Hogwarts, até me sentir ser observada por um outro par de olhos.
Observei a sala em meu redor. Em todos os cantos todos continuavam com as suas alheios nas suas conversas e fracos dilemas. Em todos os cantos menos num. Numa extremidade da sala, extremidade oposta à que eu me encontrava, onde também havia uma grande tensão que envolvia o tema que os quatro rapazes debatiam vivamente. Nesse canto, um par de olhos observava a sala com um olhar aéreo, e distante de qualquer intriga que pudesse estar a ocorrer entre os seus amigos naquele momento. Percebi que os seus olhos deslocavam-se na minha direcção diversas vezes, cautelosos, desviando-se logo de seguida, parecendo temerem que eu conseguisse assim descobrir algo que o imputasse.
Não poderia estar mais perto de adivinhar a verdade, talvez por ele já saber, mesmo que intimamente, que eu conhecia o seu grande segredo.
Parecendo nervoso, Lupin desviou o olhar para o seu grupo fingindo-se interessado naquilo que eles falavam, onde um deles deslocou ligeiramente o olhar na minha direcção, olhando de seguida para Lupin num misto de preocupação e suspeita.
Talvez já previsse a pouca sorte que abalava e abalaria o mundo do amigo.
Fechei os olhos deslocando de seguida a minha cabeça na direcção da lareira.
Fosse qual fosse o seu medo eu sabia que não demoraria muito para se concretizar, afinal a minha função era eliminar todas as criaturas negras que pudessem por em risco vidas inocentes, independentemente da sua idade ou sexo.
Um novo relâmpago, ainda mais forte que anterior, obrigou-me a abrir novamente os olhos. Pude ver a sua luz branca iluminar o meu corpo e rosto, e segundos depois ouvi o seu trovão que fora suficientemente forte para sobrepor-se a todas as conversas que ocorriam ali.
Guerra ou não, sabia perfeitamente que algo de muito negro não tardaria a começar.
- Rose?
Os meus olhos voltaram-se para o local onde a voz emitira o meu nome. Evans encarava-me com um sorriso gentil.
- Rose?- Repetiu o meu nome com calma.
- Estás sozinha?- Eu anuí lentamente com a cabeça.- Porquê?
Os meus lábios esboçaram um pequeno sorriso indicando que não tinha qualquer resposta para lhe dar.
Supliquei intimamente para que aquele pequeno sorriso lhe servisse com a perfeita deixa para Evans sumir, mas, como eu já muito bem calculava, isso só teve o efeito contrário.
A garota ruiva sentou-se numa poltrona que se encontrava à minha, encarando-me com um olhar pensativo.
- Não precisas de ficar aqui sozinha, Rose.- Murmurou.- Aliás, nem devias
De novo esbocei um pequeno sorriso na expectativa que esta se fosse embora, e de novo
Enganei-me.
- Quando estiveres sozinha vem ter connosco.- Propôs gentilmente enquanto alargava um amável sorriso.- Anda para aquela mesa junto à lareira onde estão as outras.
Antes que pudesse arranjar uma desculpa para poder escapar-me àquele tormento, Evans puxou-me por uma das minhas mãos de forma a forçar-me a levantar-me.
Os seus olhos caíram por descuido no crucifixo que tinha pendurado no meu pescoço. Vi uma ruga de curiosidade formar-se entre as suas sobrancelhas.
- És cristã?- Perguntou com o interesse impresso na sua voz.
Soltei um pequeno riso sem qualquer emoção.
- Não.- Respondi logo de seguida. A minha mão esquerda envolveu o crucifixo com os seus dedos, brincando com este de modo alheio, enquanto que os meus olhos deslocaram-se na direcção da janela.- Sou apenas supersticiosa.
- Compreendo.- Voltei-me na sua direcção e pude ainda ver um brilho triste emanar no seu olhar, enquanto girava a cabeça para o local que eu, segundos antes, encarara.- Nestes tempos precisamos de uma segurança extra.
Olhei-a, curiosa. Saberia ela algo mais do que aquilo que aparentava?
Evans fez então um sorriso mais alegre e de novo, sem qualquer aviso prévio, foi contra a minha vontade e puxou-me por um dos meus braços obrigando-me a segui-la até junto à lareira que era rodeada por seis poltronas, três das quais eram ocupadas por três garotas da nossa idade.
Deveriam estar ali à pouco, pois não me lembrava de as ter visto quando me dirigi para o local onde me encontrara anteriormente.
A loira, cujo nome não me recordava, olhava diversas vezes por cima do ombro para vislumbrar o canto onde encontrava-se Lupin. Uma outra garota com os cabelos dum tom também claro, que não me havia sido apresentada, observava-a divertida lançando pequena risadas e a morena de cabelo cacheado e olhos azuis-claros, que eu cria que se chamasse Rachel Mattson, observava com seriedade e desconforto a janela junto à qual eu estivera sentada.
Observei Mattson com algum interesse e curiosidade. Não me parecia ser tão ignorante quanto as suas amigas, e isso pelo simples facto de parecer ligeiramente nervosa ao observar o que se passava no exterior do castelo. Aos primeiros segundos pensei que se tratasse de um estúpido medo do relâmpago que reflectira-se na sala e do trovão que o acompanhara, mas depois percebi que esta não ignorava por completo as mudanças que se efectuavam no exterior indicando a chegada da época de caça.
O seu corpo parecia-me tenso e pude notar que esta por vezes arrepiava-se, pois quando o fazia os dedos das mãos dobravam-se intensamente. Os seus olhos abriram-se e fecharam-se sequencialmente por algumas vezes.
Entendi que talvez Mattson não fosse tão ingénua como aparentara ser durante todos aqueles anos.
- Do que acham que eles estão a falar?- Perguntou a garota de cabelos loiros, que voltava-se constantemente para trás e observava o grupo de Lupin, assim que nós nos acomodamos nas outras duas poltronas.
- Pela seriedade com que falam, eu diria que era sobre os ataques que têm ocorrido.- Respondeu a outro garota de cabelos claros.
Ataques?
Os meus ouvidos tornaram-se então mais atentos. Seria algo relacionado com a guerra vampírica?
Mattson também voltou a sua atenção para a conversa que começava a ocorrer no grupo das suas amigas, assim como Evans.
- Tem havido desenvolvimentos sobre os ataques?- Perguntou Evans com interesse.
- Até agora nada.- Respondeu a loira.
Os meus olhos percorreram os de todas as outras à procura de alguma resposta.
- Ataques?- Perguntei por fim.
Todas encararam-me surpresas.
- Sim, ataques.- Respondeu a de cabelos castanhos claros.- Os ataques que houve a povoados muggles. Não ouvistes falar deles?
As outras continuaram a encarar-me estupefactas.
- Não.- Respondei.- Não tenho estado por cá, e não tenho lido jornais. Mas do que se tratam esses ataques?
- Nestas férias duas povoações muggles foram atacadas. Muitas mortes, poucos sobreviventes, e todos os que sobreviveram estão bastante feridos e em estado choque, por isso pouco contaram.- Respondeu-me Evans.- Muitas casas tornaram-se praticamente cinzas.
Todas observavam-na em silêncio e com um uma linha de temor no rosto.
- O meu pai trabalha no Ministério da Magia e disse que têm tido grandes problemas graças a esses ataques.- A loira falou.- Para além de terem que apagar a memória dos acontecimentos a todos os que sobreviveram, ainda têm que lidar com o alarme que o Profeta Diário e os outros mídia andam a passar à população mágica. O meu pai diz que se está a tornar-se um pandemónio.
- Mas o que tem provocado esses ataques?- Perguntei um pouco agitada.
- Feiticeiros. Um grupo deles.- A loira respondeu-me.- Possivelmente das trevas.
Feiticeiros? Então o assunto não era da minha conta. Deixei-me relaxar um pouco na cadeira, e rezar para que aquela conversa não demorasse muito e que não tardasse para que eu me pudesse ir embora.
- Eles deixaram uma espécie de sinal nas duas povoações, não foi?- Ouvi Evans a perguntar, parecendo um pouco nervosa.
- Sim.- Respondeu a de cabelos castanhos claros.- Uma caveira negra com uma cobra a sair-lhe pela boca.
- Argh.- Murmurou alguém parecendo enojado.- Odeio cobras!
Vi Evans encarar o chão em silêncio.
- Acham que vai continuar?- Perguntou num murmúrio.- Quero dizer, podia ter sido uma vingança ou algo do género.
O silêncio reinou naquele local durante alguns segundos. Todas parecia temer pensar no pior.
- Não.- Mattson pronunciou-se pela primeira vez na conversa.- Vingança a duas aldeias muggles? Não me parece. E vou realçar muggles na frase.
- Qual o problema de serem muggles?- Perguntou a de cabelos castanhos claros com alguma irritação na voz.
- Há pessoas que odeiam muggles.- Respondeu Mattson calmamente, parecia convicta na sua teoria.
- O que estás a sugerir, Rachel?- Perguntou a de cabelos castanhos claros , todas observaram Mattson curiosas.
- O óbvio, Alice.- Respondeu a morena, no seu tom calmo.- Pode ser um grupo que odeia muggles, um grupo que tenciona acabar com eles. Talvez do mesmo género dos KKK.- Alice e a loira entreolharam-se confusas.- Não sei se fui a única a reparar, mas o símbolo deles tem uma cobra, e a cobra pertence aos Slytherins, que por sua vez têm os ideais de purificação da raça bruxa...
Todas tremeram, em particular Lily, ao pensarem no que Mattson estava a sugerir. Até eu mesma não pude deixar de sentir parte desse receio. Mas logo após isso, decidiram mudar de conversa, uma ainda mais enfadante, e eu tentei lembrar-me de algo que me pudesse tirar dali.
Os meus lábios entreabriram-se um pouco.
Ergui-me rapidamente ao lembrar-me que me havia esquecido do livro de Luc Povor na biblioteca.
- Aonde vais?- Perguntou Evans surpreendida ao ver-me levantar tão bruscamente.
- Tenho que ir à biblioteca esqueci-me de uma coisa lá.
E afastei-me sem esperar resposta, saindo rapidamente da sala comunal, e atravessando os corredores a passos largos sem ligar ao vazio sinistro que se encontrava nestes.
Parei somente quando cheguei à entrada da biblioteca e com a respiração ofegante aproximei-me da bibliotecária.
- Eu acho que deixei um livro cá...- Comecei a falar.
- O teu amigo levou-o.- Respondeu-me rapidamente , sem sequer erguer os olhos.
Observei-a surpresa.
- O meu amigo?- Perguntei surpresa. Por alguma razão já sabia a resposta e isso fez as minhas veias pulsarem fortemente na zona das têmporas. O meu coração também palpitou fortemente.
Vi os olhos da mulher erguerem-se ligeiramente para me encarem e depois tornarem a baixar.
- O alto de cabelo preto.- Respondeu pesadamente.
- Conner.- Sussurrei. Apertei as mãos com firmeza e depois falei com a voz afagada.- Obrigada.
E saí da biblioteca.
Comecei a caminhar rapidamente de novo na direcção da sala comunal. Mas aos poucos fui forçada a tornar o meu passo mais vagaroso. O meu corpo fervia, a minha respiração acelerara e o fluxo sanguíneo corria a grande pressão pelas minhas veias.
Encostei-me a uma parede e fechei os olhos.
Insegura, sentia-me tão insegura.
Por mais que a minha mente o tornasse humano, a outra parte queria-o como monstro, a parte mais forte queria-o como monstro.
E eu sabia o que tinha que fazer com os monstros. Só fazia uma única coisa com os monstros...matava-os.
Se ele fosse um monstro teria que matá-lo. Mas se ele fosse um monstro, porque ainda não me havia morto?
Abri os olhos e observei o corredor à minha frente. Pequenos pontinhos amarelos bailavam sobre ele.
Esperei que algum monstro aparecesse nele. Mas estava desarmada completamente desarmada e se houvesse um monstro eu estaria morta.
Não havia monstros...queria acreditar, mas a minha alma dizia-me que havia. A minha razão, a parte não ingénua de mim dizia-me que havia monstros, assim como me dizia que ele era um deles, assim como me dizia que o teria que matar, a ele e a Lupin.
Engoli um seco. Teria que matar duas criaturas dentro de Hogwarts... duas criaturas, dois estudantes.
Neguei com a cabeça.
Se Conner fosse um vampiro seria um monstro, e monstros não tinham alma, apenas matavam por puro prazer, por isso é que eram monstros.
E como uma caçadora das criaturas das trevas, eu teria que caçar, inevitavelmente, todas as criaturas que fossem das trevas.
Logo, se Conner fosse um vampiro, eu teria que matá-lo antes que matasse alguém da escola ou mesmo antes que me matasse a mim- algo que eu sabia que se ele fosse um vampiro não estaria longe de fazer.
A conclusão era-me bastante óbvia. Para poder acabar com a angústia de toda aquela insegurança, eu teria que matar primeiramente Richard Conner, isto se ele fosse aquilo que parte da minha mente dizia ao meu corpo que ele era. E para ter certezas do que ele era, iria ter que arranjar provas concretas disso, ou seja, teria que esperar até que houvesse uma primeira vitima. Iria ter que esperar que ele atacasse, o que por outra palavras queria dizer que iria ter que esperar que ele estivesse pronto para atacar-me.
Inspirei fundo e fechei os olhos.
Para poder matá-lo, teria que esperar que ele me fizesse sua vitima- tal como no meu sonho, tal como com o semi-demónio- e isso era algo que eu sabia, caso ele fosse um vampiro, que não tardaria a acontecer.
-.-
Abri novamente os olhos e soltei um longo suspiro desanimado.
Por mais sono que tivesse não conseguia dormir. O meu coração palpitava fortemente dificultando-me um pouco a entrada de ar- que ainda havia-se tornado denso- nos pulmões. Os meus olhos mesmo que fechando-se por alguns segundos e fazendo-me perder momentaneamente a lucidez, acabavam sempre por abrir-se ao mísero ruído que os meus ouvidos captassem, e então eu tornava a recuperar a minha perspicuidade.
Acabava por tornar-se algo muito cansativo, por vezes até mais cansativo do que estudar ou planear meios de capturar criaturas.
Era óbvio que me sentia insegura e temerosa. Sabia disso, e por mais que me esforçasse a porção desconfiada continuaria a dominar a maioria da minha mente. E por mais que eu não quisesse o meu organismo continuaria a obedecer a essa parte cegamente, e eu ouvia-a obedientemente, pois por mais que não quisesse acartar a verdade, fora ela que me salvara de diversas situações fazendo-me evitá-las.
Fechei os olhos novamente, mas ao ouvir de novo um ruído fui forçada a abri-los. E cansada, desisti.
Ergui-me e percorri com os dedos uma pequena mesa que tinha ao lado da minha cama. Os meus dedos pararam ao senti algo sedoso. Sem esperar segurei numa pequena bolsa e abri-a. Vários graus de sal escorreram para a minha mão ao incliná-la ligeiramente.
Obviamente não havia protegido o quarto com grãos de sal.
Ergui-me e caminhei lentamente até à única janela que havia no quarto. Esta encontrava-se aberta.
Ao aproximar-me da janela uma pequena brisa ergueu os meus cabelos e fez os grãos de sal que ainda encontravam-se na minha mão voarem e espalharem-se pelo pavimento junto à janela.
Fechei a janela e depois, com os grãos de sal que ainda tinha na pequena bolsa, cobri o parapeito desta.
Desloquei-me então até à porta, onde havia ouvido um estranho ruído que me fizera “despertar”.
Os meus olhos vagaram as várias camas do quarto. Todas haviam deixado o dossel escarlate aberto, dando-me assim a oportunidade de ver que anda dormiam.
Passem por uma pequena mesa junta à cama de Evans, e sem esperar segurei o castiçal que encontrava-se sobre esta.
Desloquei-me então lentamente até à porta, que também não havia protegido. Os meus pés deslocavam-se devagar numa tentativa de silenciar os seus passos. Mas eu sabia que se houvesse ali alguma criatura- que parte de mim sabia perfeitamente não existir- esta já teria dado conta da minha lenta acção.
Ao chegar a esta, a minha mão esquerda deslocou-se rapidamente até a maçaneta, e num gesto rápido e seguro rodei-a e puxei-a o suficiente para deixar a porta com a abertura suficiente para eu conseguir atacar o quer que me tentasse atacar. O meu braço direito que segurava o castiçal deslocou-se para a frente mal a porta abriu. O castiçal encontrava-se ligeiramente inclinado, com os pequenos adornos feitos em relevo que poderiam ser fatais se atingissem alguém com grande velocidade e força.
Ouvi o meu braço com o castiçal deferir um primeiro golpe que atingiu o ar ceifando-o. Mas percebi que não havia atingido ninguém e então desloquei o meu corpo rapidamente para a frente, fazendo movimentos horizontais com o meu braço direito tentando atingir com o castiçal algo invisível que poderia encontrar-se ali.
Mas como parte de mim sempre suspeitara, não havia ali nada.
Observei o salão comunal, que já se encontrava vazio, na esperança de poder ver algo que me fosse suspeito e assim- após destruir o que quer que isso fosse- pudesse dormir finalmente descansada.
Mas não havia lá nada de assustador ou suspeito, nada que eu pudesse considerar desumano. E como tal não havia, a minha mente não poderia ter o seu descanso.
Verifiquei que estava tudo dentro dos possíveis do que eu considerava normal, e depois voltei para trás em direcção à minha cama.
Deitei-me e fechei os olhos. Talvez já conseguisse dormir.
Mas não consegui.
O ruído tornava-se tormentoso quando a insegurança reinava num ambiente de silêncio.
Ergui-me já cansada daquela luta contra a minha própria mente.
Dirigi-me até à minha mala e tirei de lá as primeiras peças de roupa que vi. Nas fendas discretas e propositadas que estas tinham coloquei a minha estaca de prata. Depois prendendo o cabelo, direccionei-me até à porta.
- Onde vais?- Perguntou Evans sonolenta, enquanto erguia-se com fraqueza.
- Vou até à sala. Dorme.- Respondi.
Evans permaneceu parada a olhar-me fixamente, mas ao fim de alguns segundos deixou-se cair no sono.
Saí rapidamente do quarto e, atravessando a sala a ao mesmo passo, fui novamente para os corredores.
Nestes desloquei-me com grande rapidez pois sabia que não seria nada bom para mim se fosse apanhada a horas já tardias, mas como sempre acontecera eu tinha a capacidade de deslocar-me depressa o suficiente para não ser apanhada por ninguém, quer fosse professor, fantasma ou aluno. Nenhum deles notava a minha presença, quando me tentava esquivar.
O meu objectivo era bem claro, como na maioria das vezes.
A minha maior intenção era a de ir para os pátios do castelo onde reinava a escuridão.
Comigo era assim, para acabar com a minha própria insegurança tinha que ir para junto do maior perigo.
Os corredores eram ainda mais silenciosos e sinistros à noite, e, muito curiosamente, apesar dos meus passos serem altos e bem audíveis, os quadros que cobriam as paredes nem sequer despertaram.
Talvez fosse a única que vagueava com sono naquela noite. A única que vagueava com sono mas que não conseguia dormir.
Ou não.
Atravessei o grande salão e sem distrair-me também com o rosto escuro que ele ganhava à noite, dirigi-me até a uma pequena porta, discreta, de madeira escura, que se encontrava a alguns metros do grande portão, numa parede vazia e escura. A porta era discreta o suficiente para ninguém que não tivesse um olho atento reparasse nela. O mais curioso dessa porta, é que estava sempre aberta, dando-nos a oportunidade para escapulirmo-nos.
Abri a porta e desloquei-me então para a rua.
Estava mais frio do que eu esperava, e não pude deixar de arrepiar-me. Vi algumas gotas de orvalho cobrirem as plantas indicando que chovera à pouco tempo.
Fui para um local coberto pelas sombras onde não havia janelas com vista na sua direcção. Era um óptimo local para esconder-me do quer que eu me escondesse.
Sentei-me e fechei os olhos.
Talvez conseguisse dormir ali.
Fiz um pequeno sorriso ao pensar nisso.
Uma pequena brisa arrepiou-me e depois atravessando os bosques e a Floresta Negra, provocou um ruído horripilante.
Os meus olhos deslocaram-se então na sua direcção.
Obviamente que nem ali conseguiria adormecer. Precisava de encarar o perigo para me sentir segura.
Lancei um suspiro e comecei a levantar-me já pronta a voltar para dentro.
Que ideia parva fora aquela?
E então, no preciso momento em que iria voltar, um novo ruído fez-se aparecer.
Um chiar de uma porta com falta de óleo,
Um som de uma porta a bater quando fechada,
E por fim...
- Vernot.- Falou um voz branda, gélida e assombrosa.- Rose Vernot...
O meu coração palpitou fortemente.
Inspirei fundo e voltei-me para poder finalmente encarar o...Monstro
"Para poder matá-lo, teria que esperar que ele me fizesse sua vitima, e isso era algo que eu sabia que não tardaria a acontecer."
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