De volta a realidade.
Capítulo 10 – De volta a realidade.
A nova carruagem era menor que a anterior, no entanto com um pouco de boa vontade foi possível acomodar os seis e mais seus poucos pertences. No interior da cabine só cabiam quatro pessoas, mas do banco de condutor cabiam mais duas.
Lily queria conduzir a carruagem a qualquer custo, mas ninguém mais pareceu achar esta uma boa idéia. O cabelo ruivo da princesa chamariam a atenção para sua identidade, o melhor era ela ficar fora de vista dentro da cabine.
A princesa reclamara tanto que Marlene implorou para ir no banco de condutora ao lado de Remus. A morena achara que agora que a amiga parecia admitir seus sentimentos pelo amigo do príncipe, as discussões iriam ser mais raras. No entanto, as discussões pareciam ainda mais calorosas.
Era bom estar no banco da condução. O vento parecia vir de encontro a eles, que sentiam seus cabelos serem levados para trás. A vista também era bonita, apesar de monótona, às vezes viam coelhos que logo se escondiam na mata. Outras vezes eram animais maiores.
- Acha que ainda vamos demorar muito para chegarmos? – Marlene perguntou enquanto observava atentamente o caminho a sua frente. Estava ajudando Remus a avistar qualquer sinal de perigo.
- Não muito. – Remus suspirou. – Ainda não sei bem o que estamos fazendo...
- Como assim? – Marlene perguntou confusa. – Estamos perdidos?
- Não, Lene. – Ele sorriu para ela, mas logo depois assumiu uma expressão mais seria. – Este Voldemort quer a princesa. E o que estamos fazendo? Estamos levando-a de encontro a ele.
- Mas o príncipe vai derrotá-lo! – Marlene falou confiante. Como Remus continuou calado, perguntou com mais duvida. – Não vai?
- Quando as pessoas estão apaixonadas, Lene, elas tendem a agir com as emoções. – Remus continuou em seu tom serio apesar de lançar um sorriso para amiga. – Numa batalha temos que agir com a razão. Temo pelo príncipe também.
Marlene ficou calada por alguns minutos. Como se digerisse o que acabara de escutar.
- Não sabia que o Príncipe estava apaixonado. – Remus a olhou de relance. Era obvio que James estava apaixonado pensou. E então se lembrou que Marlene achava que estavam falando de Sirius. – Certo ele vai se casar, mas não me parece morrer de amores por Petúnia.
Remus foi incapaz de conter uma gargalhada. Marlene não via graça. Seu coração disparara com a simples visão de beijos apaixonados de Sirius e Petúnia. Ambos controlaram-se.
- Bem, é impossível morrer de amores por Petúnia, Lene. – Remus falou vagamente. – Dê um desconto ao príncipe.
- Mas você disse que ele estava apaixonado. – Seu coração agora batia ainda mais forte. Que espécie de brincadeira era esta?
- Estava me referindo ao Pontas. – Remus falou dando mais atenção aos cavalos já que agora faziam uma subida.
-Mas eu ouvi você dizer que o Príncipe estava apaixonado. – Marlene reclamou. – Que eu saiba o Pontas não é o príncipe!
-Desculpe, Lene. – Remus falou com pouca atenção. – fiz confusão.
Marlene não falou mais nada, mas enquanto observava as paisagens pelas quais passavam sua cabeça trabalhava. Por que Remus dissera que o Príncipe estava apaixonado? Será que Almofadinhas tinha um outro amor que não Petúnia? Agora além de seu coração bater forte, seu estomago doía.
Após a discussão James e Lily permaneceram emburrados dentro da cabine. Sentados lado a lado, cada um voltava-se para sua janela e além da expressão carrancuda mantinham os braços fechados. Já haviam horas de viagem sem trocar uma só palavra.
Frank cochilava, aproveitando o silêncio. Sirius desistiu de tentar dormir e começou a tentar conversar com os dois a sua frente.
- Parecem duas crianças de três anos de idade. – Disse e tanto Lily quanto James voltaram-se para ele com expressões confusas. – Eu falei que vocês dois, parecem duas crianças de três anos de idade.
- Então vossa alteza acabou de nascer? – Perguntou Lily com uma sobrancelha suspensa. James riu desafiando Sirius a responder melhor.
- Não sou eu que brigo a cada dois minutos. – Acusou Sirius com um sorriso vitorioso.
- Muitos adultos brigam diariamente. – James argumentou incerto de sua defesa.
- Adultos que não amadureceram. – Explicou Sirius.
- O que me diz de Voldemort, então? – James o provocou. Lily encarou Sirius, duvidando de uma resposta.
- Não me surpreenderia se encontrasse uma criança de três anos comandando os comensais. – Sirius riu de si mesmo, enquanto James e Lily o olhavam assustados. Ele era mais louco do que pensavam. – Aqueles comensais que usam capuz para esconder o tamanho pequeno de seus cérebros.
James riu, sendo acompanhado de Lily. Sirius ficou observando-os em suas gargalhadas. Viu James secar uma lagrima que escorreu pelo rosto da princesa, de tanto rir. Imediatamente ficaram sérios.
Como Frank ainda dormia, e seu melhor amigo estava ocupado beijando uma princesa, Sirius abriu a janela que comunicava a cabine com o banco condutor.
- Alguma novidade por aí? – Remus perguntou sem desviar os olhos dos cavalos.
- Nada demais. – Sirius olhou para dentro da cabine e Lily e James ainda trocavam caricias. Olhou então para Marlene que parecia pálida. – Acabou que você estava certa sobre sua amiga!
- É? – Marlene falou aflita. Sobre o que ele tava falando? Agora que havia compreendido que gostava do príncipe parecia impossível parecer natural perto dele. Ou até mesmo compreender o que ele estava falando.
-Bom pelo que andei vendo aqui, posso dizer que Lily realmente gosta do Pontas. – Ele disse divertido. A menina, no entanto, apenas lhe lançou um sorriso nervoso.
- Você está bem, Lene? – Agora Sirius estava preocupado. Ela estava realmente pálida. Remus olhou para os dois com o canto dos olhos.
- Está escurecendo, vamos acampar aqui. – Começou a preparar os cavalos para frearem.
Assim que pararam Sirius saiu da carruagem e ajudou Marlene a descer do acento ao lado de Remus. Ela teve de se apoiar nele para não cair. Ele a olhou preocupado.
- Vamos, tem um rio aqui perto. – Sirius a pegou pela mão. – Você precisa de um pouco de água fresca.
Ela apenas deixou-se levar por entre as árvores. Não estava se sentindo bem. Saber que havia uma grande possibilidade de Sirius estar apaixonado verdadeiramente por Petúnia ou até mesmo por uma desconhecida a fez ver como ela o desejava verdadeiramente. Sentia-se péssima com o fato de cobiçar o noivo alheio e ainda ser rejeitada por este.
Chegaram a margem do rio. Sirius encheu sua garrafa e deu para que Marlene bebesse a água.
Agora que sabiam que estavam sendo perseguidos teriam de acender a fogueira num lugar mais distante do acampamento. Frank ficara próximo a carruagem esperando que Marlene e Sirius voltassem.
Lily esquentava na fogueira um pernil que Catherine havia dado para eles. Enquanto ela prestava bastante atenção para dourar a carne e não deixá-la torrar, Remus e James conversavam entre sussurros.
- Eu não quero te desesperar, Pontas. – Remus argumentou. – Mas é uma loucura trazermos ela conosco.
- Eu sei Aluado. – James falou exasperado enquanto observava Lily. – Mas você acha mesmo que ela não viria atrás de nós? Acho que pelo menos assim posso protegê-la.
- Pontas, você sabe que ....- Remus não conseguiu terminar de falar.
- Eu sei Aluado. – Ele olhou para o amigo. – Sei que estou errado também. Mas prometo que ela ficará bem. Certo?
Remus decidiu não falar mais nada. A cada dia temia mais pelo futuro.
Marlene estava sentada junto a margem do Rio com os pés para trás. Sirius havia arregaçado as calças até os joelhos e sentou-se na margem com os pés imersos na água límpida do rio. Eles ficaram calados a maior parte do tempo.
- Está se sentindo melhor? – Ele olhou para a menina ao seu lado. Pelo menos não estava mais pálida.
- Um pouco. – Marlene disse sinceramente.
- Você me assustou! – Sirius tentou esconder sua real preocupação com um tom divertido.
- Não foi minha intenção. – Ela disse ainda cabisbaixa. – Posso fazer uma pergunta?
- Claro. – disse serio e depois acrescentou sorrindo. – Só não prometo responder.
- Certo. – Ela conseguiu dar um pequeno sorriso. – Você se apaixonou por Petúnia?
- Petúnia? – Ele falou incrédulo com uma careta.
- É com ela que vai se casar...- Marlene o lembrou timidamente.
- Isto se Voldemort não a tiver matado antes. – Marlene arregalou os olhos. – Estou brincando, Lene. – Olhou para frente observando a outra margem do rio, que ficava bem distante. Depois olhou para ela novamente. – Na verdade eu não gosto de Petúnia.
- Mas vai se casar com ela...- Marlene concluiu por ele.
Sirius a observou cautelosamente. Desta vez ela manteve o olhar querendo saber a verdade.
- O Rei progamou um casamento sem que eu soubesse, você acha isto justo? – Sirius perguntou honestamente. Marlene fez que não com a cabeça. – Não sei como isto tudo vai acabar, Lene, mas... eu não vou me casar com Petúnia, com toda certeza não.
- Então por que Remus disse que o príncipe estava apaixonado? – Marlene viu que ele lhe respondera com honestidade. Uma ponta de felicidade começou a invadi-la.
Sirius riu por um momento. Remus deve ter se confundido pensou. Olhou para Marlene, era perceptível que o interesse que ele tinha por ela era recíproco. Inclinou-se em direção a morena.
Lily resolvera mostrar para James que sabia o caminho de volta para o acampamento. Saiu correndo na frente dele e este foi atrás dela. Remus havia voltado com Pernil e raio de sol à frente.
- Lily! – Ele gritava para que ela parasse. Estava tomando a direção errada. Indo para o rio.
No entanto a princesa continuou. Até que avistou duas pessoas por entre as árvores. Quando finalmente chegou mais perto, ficou imóvel.
Viu o príncipe inclinando-se em direção a uma Marlene estática. Viu ele aproximar seus lábios dos dela. E não teve dúvidas quando o beijo começou a acontecer que ele vinha das duas partes.
James finalmente a alcançou. Não reparou que a princesa estava de boca aberta.
- Almofadinhas tem razão, às vezes você parece ter três anos de idade. - James falou apoiando as mãos na perna e tomando fôlego. Olhou então para Lily. – O que aconteceu? – Então acompanhou o olhar dela. Ajeitou os óculos para poder enxergar melhor e enfim praguejou: - eu vou matar o Sirius.
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