A procura de uma solução.

A procura de uma solução.



Capítulo 6 – A procura de uma solução.


Sirius escolhera o lugar mais longe possível dos cavalos para dormir, cobrira o rosto com o lençol e caíra no sono instantaneamente. Sonhava com uma bela mulher, de cabelos castanhos, mas não conseguia chegar perto o suficiente para ver seu rosto. Quanto mais corresse atrás dela, mais ela se afastava. Ouvia as risadas da tal mulher. Então, de repente o pai de James aparecia na sua frente e ela sumia, estavam numa igreja e Petúnia caminhava em sua direção. James ria. A risada de James ficou tão alta que fez o Bispo se calar, o volume ia aumentando cada vez mais até que não via mais ninguém.


- Vamos, almofadinhas! Acorde! – James retirou o lençol que estava sobre os olhos do amigo. – Acorde, ou eu chamarei o Aluado para jogarmos você no lago!


Sirius abriu os olhos, ainda assustado com o sonho que tivera. Levantou-se em um salto. James estava em pé ao seu lado com duas canecas em mãos. Definitivamente não estavam numa igreja.


- Pontas, não tem como o seu pai acabar me obrigando a me casar com Petúnia, não é? – Sirius falou exasperado, enquanto James parecia aturdido com a possibilidade de alguém estar perto o suficiente para escutá-los.


- Creio que não, afinal, ainda sou o príncipe por aqui. – James falou baixo. – O que Diabos aconteceu com você? E por que está com esta cara?


- Tive um pesadelo terrível ...- Sirius fez uma careta.- Isso é chá?- James fez que sim e entregou uma das canecas a ele. – Seu pai me obrigava a casar com Petúnia.


- Muito obrigado, por me lembrar que a minha realidade é um pesadelo. – James disse enquanto o amigo tomava um gole do chá.


- Tem razão, quem sabe não a deixamos morrer? – Sirius brincou e recebeu um olhar nada amigo do príncipe.- Quem fez esse chá? Não foi o Rabicho! Está muito bom!


- Lily está tentando ser útil.- James disse simplesmente depois de dar um gole da própria caneca. – Temos sanduíches também, e estão realmente bons, apesar de só termos pães envelhecidos.


- Eu disse que era uma boa idéia ter companhia feminina. – Sirius brincou enquanto ambos caminhavam em direção a onde havia uma pequena mesa com a comida e vários homens em pé alimentando-se. Porém, subitamente Sirius puxou James pelo ombro. – E se você morrer? Será que seu pai me obriga a casar com Petúnia?


Lily estava junto de Remus levando Raio de Sol mais uma vez ao lago antes da viagem. Os cavalos sofriam mais no verão, tinham de beber bastante água. Haviam enchido algumas baldes para o caso de irem parar num lugar sem lagos ou rios.


O sol de verão era muito forte e enquanto acariciava o dorso de Raio de Sol admirava o lago a sua frente. Daria tudo por um banho, mas infelizmente com todos aqueles homens seria inviável.


- Lily! Lily!- Marlene veio correndo em direção aos dois. Lily e Remus sorriram ao ver a amiga, mesmo correndo ela mantinha a elegância. – Vamos poder tomar banho! Almofadinhas arranjou um jeito!


A princesa mesmo sem saber que jeito era este sorriu alegremente. Encheu-se de esperança de se banhar em água fresca.


- E posso saber que jeito é esse? – Perguntou Remus divertido, já conhecia Sirius o suficiente.


- Vamos mandar os homens irem na frente com as outras carruagens e então, quando só restar a nossa. – Marlene fez uma pausa para sorrir. – Poderemos vir ao lago tomar banho, eles ficarão lá encima.


-E você realmente confia no Almofadinhas? – Remus perguntou erguendo as sobrancelhas. Lily fez o mesmo.


- Não!- Marlene riu.- Mas confio em você, Remus! Você consegue contê-los lá encima. – E virou-se para Lily. – Nós podemos usar somente as vestes de baixo...


- Se querem minha colaboração, me poupem dos detalhes. – Remus falou erguendo uma das mãos. E subiu levando Raio de Sol consigo.


Remus teve algum trabalho em convencer James e Sirius de ficarem na carruagem esperando Marlene e Lily. Frank pouco ajudou, já que para ele, tudo isto era pura perda de tempo. Ele sabia muito bem que jamais conseguiria impedir James ou Sirius de fazer qualquer coisa, não usando só palavras pelo menos. No entanto, as meninas ficaram sãs e salvas já que James lembrou-se que se Sirius fosse ver Marlene banhando-se, veria Lily também. Sirius, por outro lado, não permitiu que James fosse vê-las sem sua companhia.


- Muito bem. – Remus olhou para os dois, sentados na carruagem e emburrados com a falta de sorte. Frank arrumava os cavalos.- Agora podem me falar devagar como pretendem resolver este problema?


- Que problema? – Sirius perguntou desolado - Daqui a pouco as garotas estão de volta.


- Não estou falando deste problema, Almofadinhas. – Remus sentou-se ao lado dele e de frente para James. – Ou deveria chamá-lo de Sirius?


- Do que está falando? – James sentiu a boca seca.


-Eu sei.- Remus olhou para os dois que estavam mais brancos do que o normal. – Percebi há três semanas...E só fui tento confirmações ao longo do tempo.


- Por que não contou para ninguém? – Sirius inquiriu ainda surpreso.- Mais alguém sabe?


- Não sei o que vocês pretendem fazer, mas sei que são boas pessoas. – Remus sorriu.- E eu estava querendo uma solução, um milagre, melhor dizendo, porque não quero o Reino em que nasci e pelo qual lutei tantas vezes, fique nas mãos de Petúnia.


-Certo. – Sirius olhou de James para Remus. – Eu não vou me casar com Petúnia, nem que seja por uma causa nobre.


-E em que solução você está pensando? – James ignorou Sirius e questionou Remus esperançoso.


- Pensei que a idéia principesca viria de sua parte. – Remus falou divertido, sem conseguir esconder, no entanto a decepção que sentia.


- Meu pai... Não aceitaria meus argumentos...- James balançava a cabeça lentamente. – Mas eu certamente não pretendo me casar com Petúnia, no entanto, não arquitetei nenhum plano. – então sorriu – aceito sugestões.


- Neste caso...- Remus olhou para Sirius, e então eles riram.


- Não tem graça...- Reclamou Sirius mesmo que também estivesse rindo.


Lily e Marlene voltaram com o humor muito melhor. Frank terminou de ajeitar a carruagem e eles foram embora. Já estavam mais de uma hora atrás do resto da tripulação. Ficaram com mais dois cavalos para que alcançassem os outros, mas isso só aconteceu no meio da tarde.


- Quantas noites demorarão até que cheguemos ao local? – Lily perguntou para Frank.


- Não sabemos ao certo. Mas é longe.- Frank apontou para o mapa nas mãos de James. – Acho que pelo menos umas cinco noites.


Passou-se mais um tempo em silêncio. Marlene dormia com a cabeça encostada no ombro de Remus, Sirius, dormia ora caindo com a cabeça sobre a janela, ora sobre Marlene. Remus relia pela milésima vez a carta que Hestia lhe entregara no dia em que partiram. Frank, que inicialmente estava conduzindo a carruagem, agora tentava descansar já que colocara Amus em seu lugar. James não parava de estudar o mapa. Lily decidiu que estava absolutamente entediada, esperava mais ação desta viagem. Resolveu então ler o mapa por cima do ombro de James que estava ao seu lado.


- Onde estamos agora? – A princesa perguntou fazendo com que James retirasse os olhos do mapa para entender do que ela estava falando.


- Estamos aqui. – Apontou para um ponto cheio de verde do mapa. – Acho possível que na manhã seguinte possamos passar por este vilarejo aqui.- mostrou para Lily um ponto onde haviam algumas casas desenhadas. – Assim poderíamos nos abastecer de comida.


- Nós estamos realmente precisando. – Lily sorriu com a idéia de conhecer novas pessoas, um novo vilarejo.


- Não sei se é seguro que venha conosco, Lily, poderiam contar para os comensais que a princesa... – James não conseguiu continuar.


Não tenho medo!- Lily falou sorridente.


Pois eu tenho medo justamente desta sua descrença no perigo. – James sorriu para ela. – Talvez possamos ir disfarçados. Você nunca saiu de Hogwarts, certo?


Eles não me reconhecerão. – Lily falou com convicção. – Posso ser uma cigana? Podemos levar mercadorias e fingir que estávamos vendendo? Ia ser divertido.


James riu. Até que a idéia não era ruim. – De qualquer forma os homens teriam que ficar por aqui, podemos ir só com nossa carruagem. – Ela sorriu com alegria sincera. – E então, seremos uma família cigana?


Ouvi dizer que as mulheres jogam cartas para adivinhar o futuro, acho que trouxe um baralho... – Lily falava encantada. – O que podemos vender?


Não sei. – James a fitou com interesse. – Já que temos de fingir ser uma família, você será minha esposa, então.


Desde de que eu possa ir! – Lily tentou não demonstrar o quanto estava satisfeita com o papel a ser representado. Tinha certeza que a viagem estava afetando sua mente.


A noite chegou e mais uma vez eles entraram na mata. Lily com a ajuda de Marlene fez uma sopa com os ingredientes que tinham. Ao redor da pequena fogueira que servia tanto para cozinhar como para espantar os mosquitos, estavam sentados os que ainda não haviam caído no sono. Sirius conversava animadamente com Marlene e James.


Será que posso perguntar como uma princesa aprendeu a cozinhar? – Sirius brincou, Lily apenas sorriu.


Ah, Almofadinhas, a Lily não gosta de ficar parada. E o melhor lugar do castelo é realmente a cozinha. – Marlene respondeu pela amiga.


Acha que Marlene passa por minha irmã? – Lily voltara ao assunto do dia seguinte quando fingiriam ser ciganos.


Acho que não. – Sirius examinou as duas. – Certamente vocês são muito diferentes, uma morena e a outra completamente ruiva. Acho que o Pontas está certo, você deveria ir como irmã de Remus.


É, pode ser. – Lily olhou para o céu entre as copas das arvores. Haviam muitas estrelas. – Tomara que Alice e Petúnia estejam bem.


Ele não fará nada com elas, pelo menos até que cheguemos. – Sirius tentou tranqüiliza-la, apesar de não ter tanta certeza assim.


Lily tentou sorrir para Sirius, realmente gostava deste príncipe, pelo menos Hogwarts ficaria em boas mãos quando ele se casasse com sua irmã. Ficou intertida em seus pensamentos enquanto Sirius e Marlene mantinham uma conversa animada e cheia de risos.


Esses dois não vão dormir tão cedo, dormiram a tarde toda. – James falou baixo por trás de Lily fazendo-a levar um susto. Ele estendeu a mão para ajudá-la a se levantar. Ela aceitou a ajuda erguendo-se. – Está tudo pronto para a nossa farsa cigana?


Claro. – Lily respondeu com um sorriso. – Falou com os homens?


Eles ficaram aqui nos esperando. – James respondeu enquanto caminhavam em direção as carruagens. – Só estou preocupado com uma coisa...


O quê? – Lily parou enfrente a carruagem em que dormiria.


Estes nomes fictícios que você arranjou. – Ela riu. – Não tenho cara de Mark.


Nem de Sirius. – Ela brincou o fazendo sorrir. – É sério, não é a toa que todos te chamam de Pontas.


Você está certa. – Ele pensou em contar para ela, quem sabe ela o entenderia. Mas a possibilidade de vê-la o rejeitando e perder a proximidade que tinha conquistado até agora o impediram. – Boa noite, Lily.


Comece a treinar, me chame de Margarida. – Ela riu. – Boa noite, Mark.


Ele se aproximou e deu um beijo no rosto dela antes de ir se deitar em seu saco de dormir. Ela ficou observando-o pela janela da carruagem, até que finalmente ele tivesse deitado.

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