High Hogwarner Musical
Hemmaione continuaria presa por algum tempo e na escola não se falava em outra coisa. Até mesmo professora Lopes em uma de suas aulas comentou sobre o assunto.
– Gente... ham... a imprensa esteve aqui e eu tive que dar horas e horas e horas de entrevistas porque eles pensavam que eu... ham... estava realmente envolvida no caso.
– E o que a senhora disse, professora? – quis saber Runpert.
– Eu disse a verdade, aluno querido. Disse que não sabia o que estava acontecendo, porque eu não sabia como... ham... começou a acontecer...!
Runpert andava cada vez mais triste e cabisbaixo com o rumo que as coisas estavam tomando. Numa tarde de verão, linda, maravilhosa, ele sentou em dos banquinhos em frente à fonte de mármore preto em forma de sereias penteando os cabelos para pensar na vida e viu Lilá se aproximando. Ela usava um vestido branco esvoaçante, que balançava com o vento e reluzia ao sol enquanto cantava.
Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
Lilá ria e rodava enquanto se aproximava cada vez mais.
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim
Um vento forte balançou as folhas das árvores que começaram a desprender flores que embelezaram e perfumaram aquela parte do jardim.
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis
Runpert sentiu um desejo incontrolável de dançar com Lilá. Pegando-a pela cintura, saiu rodopiando pelos jardins em volta da fonte.
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim!
Lilá e Runpert se beijaram e água da fonte jorrou com ainda mais força e mudou de cor, ficou azul. Pássaros rodavam em volta das cabeças do casal e folhas secas do outono caiam sobre eles.
Perto dali, Harrycliffe estava descendo a escadaria quando também teve uma vontade súbita de começar a cantar.
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Harrycliffe parou no meio da escada e logo vários figurantes apareceram à sua volta e começaram a dançar.
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Os figurantes carregaram Harrycliffe para o alto da escada e rodaram com ele carregado nos ombros
Faço tudo pela fama não tem jeito eu sou assim
Sei que a fama tem um preço, vou pagar, quero subir
Na cama com madonna quero mais é ser feliz
Se eu tiver quinze minutos viro capa de revista
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Todos começaram a fazer uma coreografia imitando uma ciranda de roda. Pedro, Lissa e Ademilton que estavam vindo da biblioteca também sentiram um impulso incontrolável de acompanhar a música. Eles jogaram o material de estudo para o lado e começaram a dançar de maneira idêntica aos demais, apesar de nunca terem ensaiado aquilo antes.
Papagaio de pirata, stand in stand in
Sou modelo sou ator, luzes, câmeras em mim
Pago mico, tô na mídia, quero mais aparecer
Se eu tiver quinze minutos viro estrela de TV
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
A coreografia atingiu o auge. Os alunos se dividiram em duas fileiras e escorregaram pelo corrimão da escadaria enquanto papel picado prateado caia do teto sobre Harrycliffe que descia as escadas de braços abertos.
Um jatinho pra voar quando estiver a fim
Sem limites pra sonhar, Hollywood é logo ali
Por ali ou por lá, eu nasci pra ser artista
Se eu tiver quinze minutos viro capa de revista
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso
Money no bolso, é tudo que eu quero
Money no bolso, saúde e sucesso!
Depois que a música acabou, os alunos pegaram seus materiais escolares e voltaram para as aulas como se a cena jamais houvesse acontecido. Harrycliffe pegou sua mochila Dolce & Gabanna e foi estudar no jardim.
Mais tarde, na hora do jantar, os alunos estavam todos reunidos no Grande Salão e o babado da noite era o namoro de Runpert e Lilá.
– Gente, mas não é que a Lilá conseguiu pegar o Runpert mesmo? – comentou Lissa que não se conformava com aquilo.
– Já disse que não queremos mais saber de você – disse Ademilton olhando para o seu prato – Nada no mundo lhe daria o direito de nos tratar daquele jeito.
– Não acredito que ainda está chateado com aquele dia na piscina, senhor Ademilton!
– Pois estou! – gritou Ademilton cuspindo um pedaço de galinha.
– Runpert só fez isso porque está muito decepcionado com Hemmaione – Pedro olhava fixamente para Lissa, obviamente tentando mudar o rumo da conversa – Vocês leram a última entrevista que ela deu na prisão? Ela vomitou em cima do repórter, disse que estava possuída por Voldemort e fez várias propostas para posar nua na Playwizard.
– Ah, eu li sim! Acho que ainda tenho a revista.
Dizendo isso, Lissa mexeu na sua mochila por uns segundos e arrancou de lá um exemplar da “Fazendo a Diferença” que tinha uma foto de Hemmaione dentro da cela com um vestido curtíssimo listrado em preto e branco e uma boina da mesma estampa, luvas sem dedos nas mãos que agarravam as grades, uma sandália de salto alto e várias jóias no pescoço e nos braços.
– Ai que infortúnio – murmurou Pedro folheando a revista.
– E o fato da Lilá ser gostosa e viver dando mole pra ele também não dificulta as coisas – falou Ademilton do nada e os amigos o encararam incrédulos – Que é? Só falei a verdade!
– Gente, eu notei uma coisa! – disse Lissa – Por que a maioria dos alunos está em preto e branco?
Os outros dois olharam em volta e perceberam que era verdade.
– Qual o motivo dessas películas misturadas?
A resposta, é claro, veio cantada.
As pessoas coloridas são os atores da Warner
E as preto e branco devem ser os figurantes
Gambondore se levantou tropeçando para dar os avisos da noite.
– Pois bem, agora que vocês já acabaram de come, eu posso falar. Todos vocês, fofoqueiros como são, já devem saber do incidente com a senhorita Grantson. Depois que aquela bruxa idiota arrumou aquela confusão, uma equipe do Departamento da Educação Mágica do Ministério resolveu fazer uma visita à nossa escola. É claro que eu tentei subornar o inspetor para ele fazer uma crítica positiva sobre o estabelecimento, mas o idiota é honesto, então, por favor, finjam que são seres humanos civilizados pelo menos por um dia, ou então vocês vão ver só uma coisa! Podem ir embora agora!
Os alunos se retiraram do Grande Salão e foram para seus dormitórios. Lilá e Runpert estavam abraçados, quase se comendo vivos num dos sofás da Grifinória.
– Eu não sou obrigada a suportar isso – reclamou Lissa que estava sentada perto dos dois garotos e conversava com Pedro – Simplesmente não é justo que Vacander fique com Runpert! – e dizendo isso, Lissa começou a cantar.
Parece uma rosa
De longe é formosa
É toda recalcada
A alegria alheia incomoda
Venenosa... Êh... êh... êh... êh... êh...
Erva venenosa... Êh... êh... êh...
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel... el... el... el...
Lilá notando Lissa se aproximando perguntou:
– Isso é comigo, Mônica?
Ademilton e Pedro tentaram fazer Lissa parar, mas ela continuou apontando para Lilá e cantou ainda mais alto.
De longe não é feia
Tem voz de uma sereia
Cuidado não lhe toque
Ela é má pode até te dar um choque
Venenosa... Êh... êh... êh... êh... êh...
Erva venenosa... Êh... êh... êh...
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel... el... el... el...
– Com quem você pensa que está falando, sua figurante sem importância? – Lilá largou de Runpert e se levantou.
Lissa continuava a cantar e todos os alunos presentes não tiravam o olho das duas.
Se coça como louca,
Rachada tem a boca
Parece uma bruxa, um anjo mau
Detesta todo mundo, não para um segundo
Fazer maldade é seu ideal
Como um cão danado
Seu grito é abafado
Lilá começou a correr atrás de Lissa que subiu rapidamente as escadas do dormitório. O resto dos estudantes atrás das duas.
É vil, é mentirosa
Deus do céu, como ela é maldosa
Venenosa... Êh... êh... êh... êh... êh...
Erva venenosa... Êh... êh... êh...
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel... el... el... el...
Lissa acabou num quarto sem saída e Lilá a encurralou.
– Quero ver você repetir na minha cara o que você estava dizendo, anda!
Lissa ficou calada por uns momentos, mas logo recomeçou a cantar.
Se coça como louca,
Rachada tem a boca
Parece uma bruxa, um anjo mau
Detesta todo mundo, não para um segundo
Fazer maldade é seu ideal
Lilá puxou a varinha das vestes e apontou para Lissa.
– Rictusempra!
– Protego! – alguém gritou um feitiço de defesa e desviou a azaração de Lilá antes que ela atingisse Lissa.
– O quê? Mas quem foi que desviou o meu feitiço?
– Fui eu, Lilá – Runpert saiu do meio dos colegas que fizeram um longo “oh”.
– Mas, Runpert, você não viu o que essa sub-pessoa fez comigo? O que ela estava dizendo? Ela estava me defamando!
– Você não quis dizer difamando?
– Tanto faz!
– Lilá, se você quiser ser minha namorada vai ter que aprender respeitar as pessoas. Agora peça desculpa para Lissa.
– Mas, amor...
– Sem “mas”, peça desculpas agora mesmo!
– Está certo. Desculpa, Manuela – disse Lilá com uma expressão horrível, como se cada palavra fosse custar a ela um órgão vital.
– Clarissa! – rosnou a garota – Meu nome... é... Clarissa!
– Tudo bem, desculpa, Clarissa – Lilá disse isso tão rápido que foi quase impossível entender.
– Sua vez, Lissa – disse Runpert sério.
– Minha vez de quê, Runpert? – Lissa recebeu um beliscão de Ademilton pelas costas – Ai! Certo! Desculpa, Lilá! Eu não devia ter começado.
– Acho que o circo acabou, não foi, minha gente? – falou Runpert em voz alta – Vamos voltar a dormir!
Todos saíram do quarto deixando os três amigos sozinhos.
– Clarissa, você enlouqueceu de vez?! – gritou Ademilton – Se Gambondore pega a gente se envolvendo em alguma briga, somos expulsos na mesma hora! Já esqueceu de como tivemos que subornar ele para entrar aqui?!
Mas Lissa não parecia estar ouvindo uma só palavra. Continuava imóvel, com um sorriso estranho no rosto e os olhos quase fechados.
– Lissa? – chamou Pedro – Você está bem?
– Nome... – balbuciou – Meu nome. Ele sabe meu nome, chamou por ele. Me defendeu. Me tocou. Meu nome – POF!
Lissa desmaiou e caiu de uma só vez no chão acarpetado do quarto. Após várias tentativas mal-sucedidas de reanimar a garota, Ademilton e Pedro tiveram que carregá-la de volta para seu quarto.
No dia seguinte o oficial do Departamento da Educação Mágica chegou ao castelo para avaliar as condições em que o local se encontrava e o nível das aulas. Seu nome era Chris Columbus. A primeira professora a ser avaliada foi Leila Lopes.
– E qual a sua qualificação profissional? – perguntava o oficial algum tempo depois.
– Eu tenho... ham... três faculdades, ou seja, eu sou realmente qualificada... ham... para o cargo.
– E o que você achava da aluna Hemmaione Grantson?
– Olha, inspetor, a Hemmaione, assim como eu, queria apenas... ham... ser uma menina boa! Porque já que nós nascemos nus... ham... porque teríamos vergonha de ficarmos nus por aí não é mesmo? – e sorriu.
Todas as outras aulas se passaram sob a supervisão de Chris Columbus, que parecia realmente disposto a colocar tudo em ordem na escola. À noite, durante o jantar, o inspetor pediu a palavra e começou seu discurso.
– Muito bem, meus jovens, eu passei o dia inteiro analisando como as coisas estavam correndo aqui em Hogwarner. Meu relatório final não é nada bom, está tudo de pernas para o ar, professores inadequados, falta de uniformes, mudanças perigosas nas instalações e etc. Infelizmente Hogwarner será fechada e pedirei ao ministro que as medidas necessárias sejam tomadas sob a minha supervisão.
Lissa, Ademilton e Pedro ficaram radiantes com a notícia.
Chris Columbus sentou e Gambondore se levantou para dar os avisos da noite. Um silêncio quase sepulcral tomava conta do grande salão, Gambondore chegou no seu púlpito, suspirou profundamente e berrou:
– O QUE VOCÊS ESTÃO ESPERANDO?! PEGUEM ELE!!!
Todos os alunos se levantaram com as varinhas na mão e correram em direção a Chris Columbus, que tentou fugir, mas foi impedido rapidamente.
– Não! Não! Me soltem! O que vocês estão fazendo?!
Ademilton, Lissa e Pedro tentaram fazer alguma coisa para ajudar, mas foram impedidos pela onda de alunos que se punha entre eles e o prisioneiro.
– Gente, gente! Vocês não podem fazer isso assim – disse a professora Leila Lopes subindo na mesa dos professores e conjurando um chicote que passou a segurar – Vocês precisam de uma trilha sonora marcante pra tentar salvar esse capítulo que serviu apenas para encher lingüiça! – e estalando seu chicote fez com que uma música começasse a tocar.
Vamos quebra tudo
O show não pode parar
Uma chuva de alegria
Vai cair nesse lugar
Demorou demais pra chegar até aqui
Quero ver essa galera agitar e sacudir
Hoje a Festa vai ser nossa
Eu quero ver você contente
Vamos só nos divertir
Hoje ninguém segura a gente
A folia vai ser grande
Não quero ninguém parado
E se a chuva começar
Quero ver você pular, pular, pular
Sapateando no molhado
Todos os alunos cantavam e pulavam animados enquanto levavam Chris Columbus todo amarrado para o penhasco do lago, de onde jogaram o coitado. Felizmente ele não morreu, só ficou muito machucado e nunca mais quis saber de nada que tivesse ligação com Hogwarner.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!