Bã de Benoic e Bor de Ganes



- Majestade. – Arthur estava sozinho em seus aposentos pensando no dia cansativo que tivera, quando foi interrompido por um servo.

No dia anterior ele viu o Sexteto e Sirius jurarem lealdade a ele, se fosse sincero consigo mesmo sabia que não faria questão desse juramento, para Arthur bastava à lealdade que eles tinham para com Merlin e a justiça, mas para seus súditos isso era importante, um juramento de honra como aquele era para toda a vida, não podia ser quebrado. Arthur não sabia como era no futuro, mas naquela época um juramento era mais do que simples palavras, eram um compromisso, se conhecesse magia Arthur compararia um juramento com um voto-perpétuo.

- Sim. – respondeu Arthur se virando para Edmond, ele era seu escudeiro quando entrava em batalha, um de seus servos mais leais, Arthur sabia do sonho de Edmond de se tornar um cavaleiro, mas mesmo sendo rei ele não podia virar as costas para os costumes e as leis que regiam seu reino, não poderia sagrar cavaleiro alguém que não pertencia à nobreza, o máximo que poderia fazer por ele, era fazer de Edmond seu criado pessoal e escudeiro. Ficava feliz por Edmond aceitar tão bem seu destino, mesmo esse destino não sendo o que ele sonhava.

- Chegou uma mensagem urgente da Pequena Bretanha*, os reis Bã de Benoic e Bor de Ganes pedem ajuda contra os saxões, eles parecem ter se aliado a algum tipo de bruxa, uma tal de Camila, ela é muito poderosa e eles estão tendo problemas para impedir o avanço dos saxões. – comunicou Edmond, apesar de tentar esconder estava claro que estava apreensivo.

Arthur ficou um pouco apreensivo também, Bã e Bor eram dois irmãos que praticamente governavam toda a Pequena Bretanha, durante muitos anos eles lutaram ao lado de Arthur, o ajudaram a retomar seu reino e a lutar contra uma invasão saxã e agora pediam ajuda, mas como ele poderia mandar ajuda? Se estava ele mesmo no meio de uma guerra?

- Arthur? – perguntou uma voz calma e rouca, o rei se virou e viu seu mais caro amigo e mentor, Merlin acabara de entrar no quarto.

- O que devo fazer meu amigo? – perguntou Arthur preocupado. – Não posso deixar meus caros amigos sem apoio, mas não posso ir ao encontro deles.

- Se mandar toda minha armada para lá, Malagaunt atacará e seu reino estará vulnerável, por isso aconselho a separar mais uma vez o Sexteto. – aconselhou Merlin. – Mande também alguns cavaleiros andantes, Lancelot já está ficando impaciente de estar na corte por mais de uma semana, ele adorará liderar a ajuda. O principal problema de Bã e Bor é a bruxa Camila, ela é uma feiticeira poderosa e teve muito treinamento em artes das trevas, mas nada pode contra minha armada.

Arthur pensou por um instante, era com certeza o melhor a fazer, Malagaunt não ia se arriscar a atacar com todas as suas forças com alguns membros do Sexteto permanecendo na corte, mas poderia haver ataques sim, pois Malagaunt iria querer testar as defesas de Camelot, iria querer saber exatamente o quão vulnerável Arthur ficara sem alguns membros de seus melhores aliados.

- Tudo bem, diga ao Sexteto para se dividirem como quiserem, e que ao menos três deles devem ficar. Edmond diga a Lancelot que preciso vê-lo imediatamente. – ordenou Arthur, Merlin e Edmond assentiram e partiram para cumprir suas missões.

O Sexteto recebeu essa nova missão com pesar, conversaram bastante em como se separar até decidirem que era melhor a “força de ataque” ir para ajudar, mas não poderiam ir todos, então Harry e Lince iriam e Gina ficaria, Anny acompanharia Harry e Lince, pois era necessário de alguém para cuidar dos dois, Sirius também queria ir, e eles aceitaram. Sirius se sentia meio excluído quando eles se reuniam, mas tentava não pensar muito nisso, mandaram avisar a Arthur quem iria e o rei pareceu satisfeito, Rony era um estrategista brilhante e seria realmente melhor ele ficar para trás, Hermione já se mostrara ser assustadoramente inteligente e seria bom ela ficar para cuidar da defesa agora que Anny iria sair em missão, e apesar de Arthur não saber por que, ele sentia que Gina era uma guerreira muito poderosa e se sentia confiante por ela ficar também.

Só quem não gostou muito da separação foram Harry e Gina, eles mal tinham se reencontrado e já se viam obrigados a se separar, mas era necessário e eles já estavam conformados com isso, apesar de um pouco revoltados com o fato de sempre aparecer uma guerra para ficar separando-os.

Enquanto isso…

- Lancelot, meu amigo! – exclamou Arthur feliz assim que viu Lancelot entrar em seu quarto, ainda não tinha tido a oportunidade de cumprimentar o antigo amigo como se deve.

Arthur não entendia porque seu melhor amigo tinha deixado a corte tão abruptamente como a tinha deixado, há cinco anos atrás Lancelot vivia na corte junto com Arthur, eles eram amigos de infância e viveram muitas aventuras juntos, quando Arthur se tornou rei Lancelot se tornou seu principal cavaleiro, mas apesar da amizade deles parecer sólida e indestrutível, pouco depois de Arthur se casar Lancelot deixou a corte e começou a viver perambulando entre os reinos em busca de aventuras, quando chegou a Cobernic e encontrou Helena e eles se casaram Arthur pensou que Lancelot voltaria a ser seu amigo e cavaleiro, mas não foi isso que aconteceu.

Arthur percebeu na primeira vez que Lancelot visitou a corte que o casamento do amigo não era feliz, apesar de não entender porque Lancelot era infeliz com Helena, ela era uma alma pura e doce, lhe lembrava muitas vezes Guenevere, não fisicamente, mas sim pelo jeito de ser, apesar de continuarem amigos, Arthur mal vira Lancelot nos cinco anos que se passaram, Lancelot parecia estar sempre ocupado demais para ir a Camelot e como rei Arthur não podia se ausentar da corte muito tempo.

- Arthur! – exclamou Lancelot abraçando Arthur, mesmo que se sentisse o pior dos homens por ter traído a confiança de Arthur quando se apaixonou por Guenevere, Lancelot ainda amava Arthur como seu irmão mais novo.

Sentia-se na obrigação de cuidar e proteger Arthur, só esse sentimento poderoso seria capaz de obrigá-lo a voltar à corte, era uma tortura para ele ver Guenevere ao lado de Arthur, sentia ciúmes da forma que Guenevere e Arthur eram felizes e plenos, duas metades de uma única entidade e, no entanto, se sentia pior ainda por sentir isso, afinal como poderia se considerar amigo de uma pessoa que tanto invejava? Lancelot era uma alma dividida, entre a paixão cega e a amizade pura e verdadeira, uma alma torturada pelo que sentia, sabendo que não deveria sentir.

- Preciso de sua ajuda. – começou Arthur sério, ele se sentou em uma das cadeiras perto da lareira e convidou Lancelot com um aceno da mão a se sentar na outra. – Bã e Bor estão com sérios problemas, saxões estão atacando-os e parece que uma bruxa está ao lado dos invasores.

- Esse parece o ano em que bruxos atacam os reinos. – comentou Lancelot sorrindo, Arthur também sorriu, nenhuma batalha era capaz de preocupar o destemido Lancelot. – O que você vai fazer?

- Seguir o conselho de Merlin como sempre. – falou Arthur sorrindo. – Dividir o Sexteto e mandar alguns cavaleiros andantes, sobre suas ordens.

- Você quer que eu lidere os bruxos? – perguntou Lancelot apreensivo, tudo bem que ele tinha algum contato com o mundo mágico, mas liderar bruxos era meio demais para ele, e ele sinceramente duvidava que seja lá qual fossem os membros do Sexteto que iriam não seguiriam ordens de ninguém.

- Não se preocupe meu amigo, eles seguirão suas ordens. – garantiu Arthur sorrindo, prevendo o que Lancelot estava pensando. – Já falei com Merlin e ele concorda. Apesar do líder deles estar indo com vocês ele seguirá o que você decidir.

- Eles têm um líder? – perguntou Lancelot em duvida, ele não conseguia pensar nas duas mulheres (Gina e Hermione) que ele conhecera, sendo mandadas por alguém.

- Sim. – respondeu Arthur, ele tinha descoberto isso antes de conhecer os seis, Merlin tinha lhe avisado, mas isso não fez com que Arthur deixasse de ficar tão surpreso quanto Lancelot, todos os seis e até mesmo Sirius, tinham personalidade demais para serem comandados por alguém. – Harry Potter é uma espécie de líder, é ele quem os comanda no campo de batalha, mas Merlin disse que é Lince quem os mantém unidos, ela é uma espécie de elo entre eles.

- Bem, se Harry Potter é o líder, então ele estará viajando comigo, e os outros? – perguntou Lancelot tentando adivinhar como eles se separaram dessa vez.

- Sirius não quis ficar aqui, acho que ainda está com saudades da esposa. – Arthur estava sorrindo assim como Lancelot também sorria, era de conhecimento de todos que a relação entre Sirius e Lince não era nem um pouco casta, os dois viviam se trancando no quarto em pleno dia e a resposta de Lince ao Arcebispo ainda era comentada por toda a corte. – Anny também irá, pelo que eu soube, é ela quem cuida para que os outros não cometam excessos, claro que ela conta com a racionalidade de Hermione, mas já que Hermione ficará Anny resolveu ir, ela também é muito boa com curativos.

- Entendo. O senhor e a senhora Black, a senhora Shine** e o senhor Potter irão me acompanhar. – falou Lancelot pensativo. – E os cavaleiros? Quais irão conosco?

- Agroval, Percival, Govã, Lucano e Giflet. – respondeu Arthur.

Lancelot sorriu, aqueles eram os melhores cavaleiros de Arthur, guerreiros de corpo e alma, lutavam desde a adolescência em favor do rei, eles foram alguns dos primeiros cavaleiros de Arthur, isso quando Arthur ainda não era rei, todos eram amigos de Lancelot e todos tinham grande admiração por este, que para eles era o senhor de todos os cavaleiros.

- Posso lhe perguntar Arthur, porque chama os membros do Sexteto pelo nome? – perguntou Lancelot curioso, as cortes eram sempre muito formais.

- Porque existe um pequeno problema quanto ao sobrenome do Sirius, a família dele, mesmo nessa época vem de bruxos das trevas, e ele a renegou há muitos anos, mas não pode mudar o sobrenome e muito menos adotar o sobrenome de Lince, que eu não sei qual é. – começou a responder Arthur pensativo, o sobrenome de Lince quando solteira era um verdadeiro enigma para todos, Merlin achou que não era muito inteligente se eles revelassem que Lince era descendente direta de Jonathan e Pandora. – Então eles preferem ser chamados pelos nomes, o restante do sexteto aderiu a isso e agora todos os chamam pelos respectivos nomes. Se Sirius tivesse ouvido você chamar Lince de “Senhora Black”, teria achado graves problemas para enfrentar, ele tem verdadeiro pavor que Lince de alguma forma possa ser envolvida com o sobrenome dele, e sinceramente eu concordo com ele, se eu fosse descendente de uma família como a dele, eu duelaria com qualquer um que chamasse Guenevere pelo meu sobrenome.

Lancelot sentiu uma pontada dolorosa no peito quando Arthur falou tão carinhosamente da rainha, ainda era difícil para ele ver qualquer manifestação de carinho entre os dois, seu maior consolo era que Arthur sequer desconfiava de seus sentimentos por Guenevere, pois por mais que amasse Guenevere a amizade de Arthur era mais importante para ele, afinal ele sabia que Guenevere pertencia ao marido, mesmo que Arthur morresse (não que ele tivesse vontade que isso acontecesse), Guenevere jamais ficaria com outro. A doce Guenevere era o tipo de mulher capaz de amar apenas uma vez, e esse amor era totalmente de Arthur, Lancelot nunca alimentou qualquer esperança de ter a mulher que ama ao lado dele.

Ele também tinha um outro motivo para sentir remorso, não era segredo de ninguém que Morgana possuía sentimentos profundos por ele, mas Lancelot não se sentia capaz de corresponder, revoltava-se ao pensar que Morgana sofria tanto quanto ele, pois ela também amava e não era correspondida, ela também era obrigada a ver a pessoa amada apaixonada por outra, mas ele não conseguia olhar para outra mulher, ele sempre via apenas Guenevere em sua frente, somente a doce e delicada rainha fazia parte de seu coração e isso o atormentava e o magoava mais do que poderia descrever, e o pior de tudo era que Guenevere o via como uma espécie de irmão mais velho dela, ele percebia que o carinho que Guenevere sentia por ele era o mesmo que Viviane sentia.

Por falar em Viviane, Lancelot a achou muito estranha, ela parecia sempre desaparecer do nada, às vezes ria de coisas sem importância, parecia estar feliz como nunca antes, e essa felicidade o deixava apreensivo, tinha certeza que a irmã sabia se cuidar, mas Viviane era muito inocente, apesar de já ter sido uma Sacerdotisa da lua, Viviane exalava uma inocência além do comum, ele temia que ela estivesse sendo iludida por algum homem sem escrúpulos.

- Arthur meu amigo, queria lhe pedir um favor. – começou hesitante Lancelot, não gostava de fazer aquele tipo de coisa, mas ele não sabia lidar muito bem com seu lado super-protetor. – Eu gostaria que ficasse de olho em minha irmã, ela sabe se defender muito bem, mas temo que ela possa estar sendo iludida, ela está muito alegre para o meu gosto, temo que algo possa estar acontecendo, você ficaria de olho por mim?

- Mas é claro que sim Lancelot! – garantiu Arthur, assim como via Lancelot como seu irmão, também via Viviane da mesma forma. – Guenevere já havia comentado isso comigo e eu tinha pedido para ela ficar de olho, mas ela não descobriu nada e quando tentou falar com Viviane sobre isso, Viviane simplesmente desconversou. Guenevere também está apreensiva sobre ela, mas eu lhe prometo que não permitirei que nada de mal aconteça a ela.

Lancelot agradeceu e se retirou dos aposentos de Arthur, quando abriu a porta para sair deu de cara com Guenevere que estava com a mão estendida para abrir a porta, ela ficou com as bochechas rosadas, se não estivesse com o braço esticado ficaria parecendo que ela estava escutando atrás da porta, Lancelot se recuperou do encontro inesperado e fez uma reverencia para Guenevere, ele tinha evitado a rainha por todos os dias em que estivera hospedado na corte, Guenevere fez uma outra reverencia para ele e lhe deu espaço para ele passar pela porta, Lancelot saiu apressado.

Ao contrário do marido Guenevere sabia dos sentimentos de Lancelot, não que ele algum dia tenha comentado alguma coisa com ela, mas ela não era boba, percebia os olhares dele para ela, e eram olhares que a faziam se sentir a pior das criaturas, pois eram olhares de pura dor e angustia, ela via Lancelot apenas como um irmão, e mesmo que não fosse completamente apaixonada por Arthur ela sabia que não corresponderia aos sentimentos dele por ela, pois não conseguia vê-lo de forma diferente, desde que o conhecera ele fora seu irmão mais velho, alguém para protegê-la e nada mais, sofria pelo sofrimento dele, mas nada podia fazer quanto aquilo, apenas torcia para que ele encontrasse alguém que o amasse e que ele fosse capaz de esquecê-la e amar outra.

- Soube que o Sexteto mais uma vez se separa e parte para uma missão. – comentou Guenevere olhando para o marido e se esquecendo imediatamente o que a estava oprimindo, ao lado de Arthur era como se o mundo deixasse de existir e somente eles dois fossem reais.

- Sim, mas não quero falar sobre isso. – disse Arthur andando até Guenevere e a abraçando, beijou-a com fervor e saudade, já faziam dias que eles não ficavam juntos, ele sempre chegava cansado demais para qualquer coisa a não ser dormir, Guenevere era compreensiva e não o tentava a nada, mas ele não estava agüentando mais, e resolveu fazer o mesmo que Lince e Sirius, afinal não era necessário a noite chegar para fazerem aquilo.

Sorrindo ele desabotoou o vestido da esposa antes que ela percebesse o que ele estava fazendo, quando percebeu Guenevere tentou se afastar, aquilo não era certo, mas Arthur a segurou mais perto de si e continuou a beijá-la, logo ela já não se lembrava porque tinha que resistir e quando deu por si, tudo já tinha acontecido e ela já estava deitada sobre o peito de Arthur arfando e nua, ele não estava em melhor estado que ela.

Guenevere olhou para Arthur totalmente envergonhada, nunca tinha ficado nua na frente dele durante o dia, ela tentou se cobrir com o lençol, mas ele não deixou, ficou observando-a enquanto ela ficava cada vez mais vermelha por causa da apreciação silenciosa do marido, ela não teve coragem de olhar para Arthur também, ela se concentrou no rosto dele, reprimindo a curiosidade, quando os olhos de ambos se reencontraram, ela percebeu o desejo reascendido nos olhos azuis de Arthur, mesmo mortalmente envergonhada ela se aproximou dele e o beijou, pois ela também estava com saudade dele.

______________________________________________________________________ Longe dali Gina e Harry aproveitavam o tempo para matar um pouco à saudade e para se despedir, Harry partiria no dia seguinte e eles já estavam com saudades. Eles estavam no quarto deles, o quarto era enorme e tinha uma cama de dossel de madeira clara e colcha branca, tinha também um guarda-roupa ricamente trabalhado, as maçanetas dele eram de ouro, assim como alguns detalhes na madeira clara, um criado mudo pequeno e delicado ficava próximo à cama e era lá que os óculos e a varinha de Harry estavam, ao lado deles estava a varinha de Gina, roupas podiam ser encontradas por todo o quarto, na pressa de tirá-las eles acabaram jogando-as para todos os lados, se a janela não estivesse fechada a blusa de Gina não estaria mais no quarto.

- Estava com saudade de ficar assim com você. – falou Harry, ele estava sentado na cama recostado em travesseiros e Gina estava sentada entre suas pernas, ambos se abraçavam o mais apertado que podiam, em pequenos intervalos eles se beijavam com fervor.

- Eu também. – concordou Gina esfregando as mãos devagar nos braços de Harry que estava ao seu redor. – E amanhã você vai partir de novo. – a voz de Gina saiu falha para total embaraço dela, não queria demonstrar o quanto estava triste pela partida dele.

- Não precisa fingir que não está triste pela minha partida, eu estou triste por estar partindo. – falou Harry melancólico.

- Eu sei, mas me sinto mal por fazer isso mais difícil para você. – falou Gina girando para fitar os olhos de Harry, ele ia falar alguma coisa, mas ela o impediu colocando um dedo nos lábios dele. – Eu sei o quanto isso está sendo difícil para você, não só por estar partindo para essa missão, mas também por causa dessa guerra, você mais do que todo mundo tem motivos para odiar guerras, e eu sinto muito orgulho por estar ao seu lado, por saber que mesmo odiando tudo isso, você ainda luta pelo que é certo.

Harry sorriu um pouco mais feliz, se sentia realizado quando Gina dizia que tinha orgulho dele, pois era por ela que ele sempre lutava pelo que era certo. Gina tinha grande compromisso com a justiça, odiava qualquer tipo de injustiça, e ele sabia que se ele não tivesse vindo (não que isso já tivesse passado pela mente dele) ela teria, e isso era motivo suficiente para ele ir a qualquer guerra.

Antes que Gina pudesse falar qualquer outra coisa Harry voltou a beijá-la com ardor, tentando guardar na memória mais aquele momento especial, era difícil parar de beijar Gina depois que começava, era quase como um vicio, depois que começava não conseguia parar, quando os pulmões já estavam ardendo por ar ele deslocou a boca para o pescoço dela, conseguindo respirar um pouco e sorrir contra a pele dela quando ela se arrepiou com o seu toque, isso também o realizava, sentir Gina arrepiar, tremer e gemer ao seu toque era seu principal objetivo de vida. Eles só foram dormir horas mais tarde, quando a noite já tinha caído e já passava da meia-noite.

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No outro dia, aqueles que iriam partiram cedo se encontraram nos portões de Camelot, Harry beijou a mão de Gina como uma despedida, já que beijá-la de verdade na frente de todos era totalmente inaceitável naquele tempo, Hermione o abraçou e Rony fez o mesmo, Lince e Sirius também foram abraçados, aqueles simples gestos de carinho mostraram para os presentes que o que unia aqueles bruxos não era nenhuma busca por poder e nem por interesse, era simplesmente amor, amor de irmão, de homem e mulher, de pais e filhos, mas isso não importava, não importava que tipo de amor os unisse, ficou claro para todos que nada seria capaz de separar aqueles bruxos, a ligação deles ia além da amizade, todos podiam ver que Malagaunt e qualquer outro inimigo deles teriam sérios problemas para derrotá-los, pois ninguém duvidada que todos eram capazes de dar a vida uns pelos outros.

Eles partiram rapidamente, iriam o mais rápido possível aos reinos de Bã e Bor, apesar das terras deles serem vastas, os dois possuíam castelos bastante próximos um do outro, o motivo era simples, ambos podiam ver se algum deles fosse atacado, assim podiam se ajudar mutuamente.

Bã e Bor eram irmãos gêmeos, conhecidos pela coragem e força, eram homens corpulentos e digamos um pouco selvagens, pelo menos era essa a aparência deles, vestiam roupas feitas com peles de animais durante as batalhas, seus cabelos eram longos e um pouco avermelhados, usavam barbas e sempre podiam ser vistos ao lado de belas mulheres, no entanto, ambos eram alegres e divertidos, adoravam cortejar as mulheres e nunca tinham se apaixonado por ninguém, mas também nunca tinham se metido com mulheres compromissadas ou nobres, a não ser as viúvas, suas principais conquistas eram as servas, e elas não tinham o que reclamar, pois de um jeito ou de outro a maioria das servas acabava na cama dos nobres, e Bã e Bor eram extravagantes com suas amantes, sempre as cobriam de jóias e quando a paixão de momento terminava, eles simplesmente as deixavam ir e levar tudo o que eles lhes deram, não mentiam para nenhuma delas, prometiam apenas prazer e dinheiro, nunca prometeram amor e boba daquela que achasse que poderia conquistar algum deles.

A viagem durou cinco dias e eles chegaram sem problemas, pois os saxões estavam atacando pelo outro lado, nenhum dos povos saxões se esquecera ainda à derrota que Arthur infligira a um dos exércitos saxões mais poderosos da época. Assim que chegaram foram ao castelo de Bã que era o mais próximo, foram recebidos com vivas, mas podiam perceber que o povo tinha perdido as esperanças, eles não chegavam nem a quinze homens, e mesmo que a capacidade dos cavaleiros de Arthur fosse lendária, não entrava na cabeça daquele povo, que aqueles poucos homens podiam fazer algo por eles.

- Lancelot! – exclamou Bã feliz por ver Lancelot, o povo ficou um pouco mais animado quando ouviu a saudação de Bã, Lancelot do Lago era tido como o melhor cavaleiro já existente no mundo inteiro, uma espécie de mito vivo, apenas com sua presença o povo voltou a ter esperança.

- Meu amigo. – cumprimentou Lancelot abraçando Bã. – É bom vê-lo novamente, mesmo que seja em situação tão critica.

- Você nem imagina o quão critica está minha situação, Bor estará aqui em breve, isso nos dá tempo de colocar vocês a par da situação e principalmente para você me explicar porque tão poucos vieram. Eu sei que Arthur anda com dificuldades em Camelot, mas eu não pensei que fossem tantas, eu tenho certeza que ele não mandaria tão poucos a menos que estivesse com sérios problemas.

- Você acertou meu caro, realmente Arthur está no mais sério de seus problemas, ele também está tendo problemas com bruxos, mas ao contrario de você não é só com um, mas sim com um pequeno exército deles. – informou Lancelot.

Bã ficou surpreso pela notícia, se o Barão de Antor demorava a saber de qualquer noticia que envolvia Camelot, Bã e Bor mal tinham alguma notícia de lá. Alguns minutos foram dedicados à troca de informações sobre as situações que envolviam os reinos de Camelot, Benoic e Ganes. Bor chegou pouco tempo depois disso, Lancelot e Bã colocaram Bor a par da situação e Lancelot percebeu que os irmãos estavam consternados com o que estava acontecendo.

- Bem, não adianta a gente ficar lamentando o que está acontecendo, diga quem vos acompanha, não pudemos deixar de perceber que duas belas damas vos acompanham. – falou Bor que olhava atentamente para Anny e Lince desde que entraram no castelo e se sentaram numa mesa para ter uma reunião.

- Essas belas senhoras. – falou Lancelot, dando ênfase a ultima palavra. – São membros da Armada de Merlin, elas e mais outros quatro formam o chamado Sexteto da Morte, são bruxos muito poderosos que cresceram no meio de batalhas, já mataram muitos e por isso, mesmo sendo jovens receberam esse nome de onde vieram.

Bã e Bor engoliram em seco e desde aquele momento se contentaram em ouvir as apresentações, foi ai que ouviram tambores, correram para a janela mais próxima e o que viram fez todos se sobressaltarem, havia uma multidão incontável de soldados saxões vindo em direção ao castelo, eles estavam queimando alguns montes de capim verde para fazer fumaça, eles tentavam confundir os arqueiros que se postaram nas muralhas do castelo e tentavam acertar alguma coisa, sem muito sucesso.

- É o nosso fim. – afirmou Bã, era a primeira vez que alguém via algum dos irmãos ficarem desesperançados, normalmente nada podia afetar a coragem deles, mas eles nunca tiveram que enfrentar nada como aquilo.

Eles ouviram um estrondo ensurdecedor e quando olharam perceberam que parte da muralha estava caindo, levando consigo os arqueiros e soldados que ali estavam.

- Bombarda. – sussurrou Harry, quando percebeu que olhavam para ele, ele explicou. – É um feitiço.

- Isso vai ser divertido. – ouviu-se uma voz falando, Harry gemeu, pois sabia que a voz era de sua madrinha, quando olhou para ela, Lince estava sorrindo olhando para os soldados que chegavam cada vez mais próximos, quem não conhecia Lince a olhou como se ela estivesse louca.

Ela não fez questão de prestar atenção em ninguém, Lince sacou sua espada, que estava em sua cintura e segurou o cabo da espada com duas mãos, ela pareceu forçar cada mão em uma direção diferente e a espada se partiu em duas, não era bem partir, a espada se duplicou, a lâmina ficou um pouco mais fina e o cabo da espada também, Lince subiu na janela e se jogou da torre (só para constar: da janela ao chão tinha cinco metros), ela usou um feitiço para amortecer a queda e parou de pé em frente ao castelo, ela se colocou em posição de luta e com a mão esquerda chamou os saxões para a luta, os saxões que até então estavam atônitos avançaram para ela, Lince impediu o primeiro ataque com uma das espadas e matou o oponente com a outra, logo vieram mais dois oponentes, ela se defendeu com as duas espadas e matou eles cortando seus pescoços com duas lâminas que apareceram no salto de sua bota logo abaixo do seu calcanhar, mais um veio em sua direção agora visando suas costas, ela se virou e decepou a cabeça dele, com a bota direita matou um outro saxão que tentava mata-la pelas costas, e outros vieram e a batalha continuava, nenhum dos saxões conseguia chegar perto dela, e ela já tinha matado um número considerável de saxões quando sentiu dois grandes poderes perto dela, ela não se virou para ver quem era.

Lince reconheceria aqueles poderes em qualquer lugar, pois eles vinham de Harry e Sirius, eles tinham se juntado a luta, pelo canto do olho ela viu Sirius lutando com a varinha em punho, ele era bom com a espada, mas era melhor com a varinha, ele mantinha a espada sempre pronta na mão esquerda para se defender de qualquer eventualidade.

Harry viu a madrinha pular e ao contrário dos outros que acharam que ela estava se matando ele simplesmente olhou para baixo, e lá estava Lince lutando contra os saxões, será que ela não tinha percebido que eram cinco mil para um? Suspirando e balançando a cabeça Harry se virou para a escada, mas pensando melhor, ele se virou novamente para a janela e pulou também, foi somente quando chegou ao chão que percebeu que Sirius o tinha acompanhado, com um leve sorriso nos lábios Harry voltou sua atenção para seu primeiro oponente, ele era alto e gordo, mas se Harry tivesse prestado atenção teria percebido que toda aquela corpulência não era fruto de gordura e sim de músculos, mas Harry não teve tempo de prestar atenção em seu adversário, enquanto o saxão levantava a espada para golpeá-lo Harry cravou sua espada no peito dele, sem tempo para pensar Harry viu mais três oponentes vindo em sua direção, sem pestanejar lutou contra eles e venceu.

Lancelot ainda estava olhando pasmo para baixo quando se deu conta que apenas os três bruxos estavam lutando, ele olhou para o lado e viu que Anny estava com a varinha na mão e murmurava alguma coisa, no mesmo instante ele sentiu um leve tremor por todo o castelo.

- Pronto. Agora a bruxa não pode mais explodir o castelo, enquanto eu estiver viva, ela não conseguirá chegar perto desse castelo sem morrer, pelo menos não nas próximas semanas. – explicou Anny quando olharam para ela, sem dizer mais nenhuma palavra, ela se virou para as escadas e começou a descê-las, não porque não tivesse coragem de pular também, mas porque os outros teriam problemas para sair do estado de choque que estavam e ir para a batalha.

E assim se fez ao verem Anny descendo as escadas os outros ali presentes começaram a descer também, ao longo do caminho os soldados de Bã se uniram a eles, e quando Anny chegou ao portão do castelo um exército inteiro estava atrás dela, juntos começaram a lutar contra os saxões mais próximos. Os soldados de Bor também começaram a se encaminhar para o castelo de Bã, logo os saxões estavam lutando contra os dois exércitos.

Anny foi abrindo caminho entre os inimigos até chegar perto dos outros três bruxos, Lancelot a acompanhou e ele ficou maravilhado com o jeito deles lutarem, principalmente Lince, era quase como se ela tivesse quatro espadas, ele se prometeu que depois daquela batalha iria aprender usar duas espadas também. Os dois chegaram a tempo de ver uma mulher de cabelos alaranjados chegar perto de Harry e lançar um feitiço petrificante nele, imediatamente Harry ficou paralisado e um dos saxões que lutavam com ele o golpeou no peito abrindo um grande rasgo no peito deste.

Lince que estava próxima gritou e se lançou contra a ruiva, que com certeza era Camila, em poucos segundos a bruxa estava morta sem nem saber o que a atingira, Lince começou a lutar em volta de Harry, o protegendo, sem tempo de desfazer o feitiço.

Anny lançou um feitiço que parou o sangramento de Harry e sem conseguir segurar a raiva que estava dentro de si soltou uma grande quantidade de raios nos inimigos, por sorte os raios vieram do céu e caíram longe dos aliados, respirando firme para se controlar Anny aparatou (do jeito elemental) para perto de Harry e o retirou da batalha, ela aparatou para a sala onde a reunião havia sido feita, conjurou uma cama e deitou Harry ali, desfez o feitiço petrificante e Harry soltou um palavrão, então ela soube que ele ficaria bem, o estuporou antes que ele resolvesse voltar para a batalha e abriu a mente permitindo que Gina a invadisse, Anny sabia que Gina tinha sentido alguma coisa e a tranqüilizou, mandando imagens de Harry dormindo tranquilamente, focou a imagem no rosto dele não mostrando onde ele havia se machucado, Anny fechou novamente a mente e se aproximou da janela se jogando como os outros haviam feito e voltou à batalha.

Apenas horas depois, quando a noite começava a cair que a batalha terminou, todos estavam exaustos mal se agüentavam de pé, os únicos que ainda tinham alguma energia eram os cavaleiros de Arthur, Bã e Bor e os bruxos, eles foram o mais rápido que puderam para onde Harry estava, Lince e os outros não aparataram porque Anny tinha colocado um feitiço anti-aparatação, se esquecendo que ninguém naquela época sabia aparatar, estavam tão preocupados que se esqueceram que a aparatação elemental era possível.

- Como ele está? – perguntou Bã assim que chegou a sala, os bruxos conseguiram chegar antes dos cavaleiros e os dois reis.

- Bem. – respondeu Anny que tinha usado algumas ervas mágicas para fazer um ungüento, verde e fedorento, passando-o no tronco de Harry, a ferida demoraria algumas horas para cicatrizar, Harry já estava acordado e estava de muito mau humor por Anny tê-lo desacordado.

- Nem ouse reclamar com a Anny. – alertou Lince severa, ela ainda estava preocupada o suficiente com Harry para ser severa o bastante para passar um sermão no afilhado. Sirius olhou piedosamente para Harry, quando Lince dava um sermão coitado de para quem esse sermão era dirigido, Harry olhou para o padrinho e depois para Anny em busca de ajuda, ele também temia os sermões de Lince, mas nenhum dos dois tinha coragem o suficiente para ajudá-lo, ele suspirou resignado e olhou para a madrinha com sua melhor cara de “coitadinho”, Lince há essa hora se não fosse por seu excepcional autocontrole estaria gargalhando, mas o afilhado merecia uma boa bronca. – Você foi muito irresponsável! Como pôde se distrair a ponto de não sentir um bruxo vindo em sua direção?

- É que eu… - começou Harry, mas se calou imediatamente e abaixou a cabeça, a madrinha estava certa, ele foi treinado para prestar atenção na batalha e ao seu redor, ele não devia ter se desconcentrado do que estava acontecendo ao seu redor.

- Gina ficou preocupada, é melhor você falar com ela. – Harry ficou arrasado, preferia continuar levando bronca da madrinha.

Lince se levantou da cama, onde estivera sentada e chamou os outros, para que Harry tivesse privacidade, Harry abriu a mente e a primeira coisa que viu foi uma ruiva furiosa, com muito custo ele conseguiu acalmar Gina, era uma tortura não ir até onde ela estava e abraçá-la, mas se fizesse isso ele provavelmente seria um bruxo morto, então preferiu adiar um pouco sua morte e voltar de viagem junto com os outros.

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- E então como ele está? – perguntou Arthur nervoso à Gina.

- Bem. – respondeu Gina de mau humor. – Pelo menos até ele chegar aqui e eu por minhas mãos em cima dele.

Gina saiu batendo os pés do salão da Távola Redonda, todos estavam jantando quando Gina se levantou da cadeira gritando por Harry, ela sentiu que algo estava errado e tentou entrar na mente de Harry e o que viu a fez gelar (os dois tinham combinado de deixar a mente aberta para saberem o que estava acontecendo um com o outro), Gina entrou na mente de Harry a tempo de ver o saxão se aproximando com a espada enquanto percebia que estava completamente paralisado, ela sentiu a surpresa e o temor de Harry, sentiu também a dor que ele sentiu e se dobrou ao meio, suas mãos se manchando de sangue, por causa da ligação mental o corpo de Gina sentiu parte do golpe, e apesar de não ter se machucado de verdade Gina sangrou um pouco, Merlin utilizou um feitiço para impedir que a ligação continuasse e fez Gina se sentar, Hermione se aproximou e perguntou o que houve, Rony olhava de olhos arregalados o que tinha acontecido.

Gina não respondeu apenas se concentrou em entrar na mente de algum outro membro da Armada, conseguiu entrar na mente de Anny, viu que ela tinha cuidado dele e que ele estava em segurança e dormindo, mas foi somente depois de falar com Harry que ela conseguiu se acalmar um pouco, apesar de estar devidamente furiosa com o marido.

Enquanto Gina ia em busca de informações na mente dos outros, Merlin explicava que Harry havia se machucado em batalha e que Gina tinha sentido quando isso aconteceu, a preocupação por Harry foi geral, já que ele era uma das maiores esperanças de derrotar Malagaunt, todo mundo respirou aliviado quando souberam que ele estava bem, e ficaram amedrontados com as palavras de Gina, é claro que a maioria percebeu que Gina não estava falando no sentido literal, mas sentiram pena de Harry, pois ele ia ter que enfrentar um furacão quando voltasse.

Hermione e Rony se olharam sorrindo, sabiam do que o gênio Weasley era capaz, quando o Arcebispo perguntou se o que Gina tinha falado era verdade, eles falaram que não, não exatamente no sentido literal, mas que Harry teria sérios problemas ao retornar.



*A chamada Pequena Bretanha, corresponde hoje ao território da França.

**Para quem não se lembra, o sobrenome do marido da Anny é Shine.

Gian: feliz 2009 super atrasado e parabéns pelo seu filho, e se for para paparicar ele eu aceito um comentário a cada dois capítulos, o importante é você não parar de comentar, ok? Beijo.

Laurenita: bem, acho que teve ação suficiente nesse capítulo não é mesmo? Os espiões você quis dizer, sim vão haver mais de um espião e eu não posso falar quem são, não teria graça, e quanto aos dois capítulos, eu até pensei em fazer isso, mas não deu, em compensação temos digamos um capítulo ENORME, espero que compense a espera, beijo.

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