A Aposta



Parte um – Narrado Por Lily Evans


 


 


 Eu tinha acordado feliz aquela manhã, sério. Não sabia exatamente o porque, mas tinha. Não é muito comum, afinal, as pessoas não acordam felizes ás segundas feiras, principalmente quando tem aula de poções para ir.


         Não que eu seja exatamente normal. Gosto de pensar que em Hogwarts existem três tipos de pessoas; no primeiro grupo aquelas bonitas e inteligentes, que todo o mundo em algum momento da vida quer virar amiga; No segundo aquelas pessoas bonitinhas e inteligentes, que são legais e por isso as pessoas gostam de manter por perto, algo bonito para se mostrar. E no terceiro grupo, totalmente sozinha estou eu. Eu sou bonita, eu juro que sou. Mas não exatamente compartilho os interesses das outras pessoas, na verdade, acho todas elas um saco.


         Com todos aqueles papinhos de quadribol e aquelas conversas sobre o quanto Sirius Black é o máximo. Blergh, Sirius Black. O máximo da idiotice.


         E lá está, meu raro bom humor matinal dando tchauzinho. Ainda posso ver ele virando o corredor. Ótimo.


         De qualquer maneira sou Lily Evans, tenho uma melhor amiga que é completamente sem nenhum tipo de noção chamada Amy, que parece estar bem empenhada em acabar com a minha vida ajudando James Potter a tentar sair comigo. Já fazem alguns anos que James enfiou isso na cabeça, no começo eu admito que achava bonitinho.  Mas hoje toda a vez que ele me chama de amor sinto vontade de mata-lo. Enfim, essa é minha vida, esse é meu clube. E enquanto eu estou aqui, acabei perdendo meu horário para a aula de poções.


         Nada melhor do que ser uma monitora atrasada para a aula da professora que não te suporta, não é? Não.


         Quando cheguei a torre leste – e vamos fingir que ninguém viu meu uniforme desarrumado e meus cabelos bagunçados parecendo que eu havia acabado de lutar com um Hipogrifo. -  a professora me lançou um olhar muito pior do que qualquer Crucius.


         Mas aquilo não era o pior, o pior mesmo, era que o único lugar vago era ao lado de James. E esse era o dia, com Amy com seu olhar de ‘por favor, não me mate’, James com seu sorriso irritante de trinta e três dentes, e meu Amos – meu, meu só meu e não me importa que ele não saiba disso -, me encarando na melhor feição de ‘Merlin, quantos comensais será que a atacaram?’.


Parte dois – Narrado Por James Potter


 


         Bom dia, Lily!


         Aquela manhã não podia estar melhor, o sol brilhava lá fora, a Grifinória havia ganhado o jogo no final de semana, até Remus tinha um encontro. E o melhor de tudo era que Amy estava sentada ao lado do grande idiota do Diggory e a minha Lily – minha sim, e não importa que ela ainda não saiba – não tinha escapatória de mim. Hoje era o dia.


         - Você poderia fazer o favor de se sentar, se permitir, Senhorita Evans, eu gostaria de continuar a minha aula. – A professor a encarava, com os braços cruzados, as risadas foram abafadas. Lily arrumou os cabelos, ainda olhando para Amy como se a quisesse matar – e sim, hoje a Amy é a pessoa que eu mais amo, depois da Lily, claro -, e a ruiva finalmente sentou ao meu lado.


         - Bom dia, Lírio. – Sorri, tentando ser casual (NOTA DO SIRIUS: na verdade ele sorriu como um maníaco, só queria deixar claro).


         - Ok, cale a boca. – Ela parecia mais irritada do que o normal aquela manhã, abrindo os livros dela. Mas assim que eu me divertia.


         - Certo, certo! – Ergui os braços, deixaria o melhor para o final.


         A aula se passou, chata como sempre, enquanto eu me dividia entre prestar atenção na bruxa velha, ou babar na Lily. Da maneira mais casual possível, claro. (NDS : Abrindo uma barragem de baba, ele quer dizer)


         E finalmente chegou a hora, faltavam cinco minutos para que fossemos dispensados, estralei os dedos, pronto para a ação.


         - Lily, sabe que dia é hoje?


         - Não, Potter, que dia é hoje?


         - Dia dos namorados, uma pena não?


         - Uma pena?  Por que? Por você ser tão insuportável ao ponto de não ter uma para comemorar? – Ui, ok. Ignorei aquela, tinha coisas mais importantes a me preocupar. Dois minutos.


         - Não, por que hoje é dia dos namorados. Mas... – Fiz suspense, um minuto, finalmente consegui  a atenção dela, que me encarou. – Todos os outros dias são nossas, meu amor. Você está muito selvagem hoje, sabia? – A última parte tinha sido só para dar um motivo extra para ela me bater da próxima vez que me visse, e antes que ela pudesse gritar comigo, a beijei.


         - JAMES POTTER SEU GRANDE – Já tinha me levantado e corrido para as colinas muito antes que ela pudesse terminar a frase.


 


 


Parte três – Narrado Por Sirius Black


        


         E depois da pequena histeria James e Lilian na aula, tudo voltava ao habitual tédio das aulas de Hogwarts, com uma participação extra do nosso adorado – só que não – professor de História da Magia! Aplausos, aplausos.


         Aula de história da magia era muito pior do que todas as detenções do Hogwarts juntas. Todas as pessoas de quem o professor falava – na verdade, até o professor – estavam mortas. E eu estava quase morrendo. De tédio.


         Mas eis que algo mágico aconteceu, um anjo, enviada por Merlin, saltou aos meus olhos, uma loira nova na parada. Era exatamente esse o tipo de distração que você precisa na aula de História.


         - Ei, Pontas. – Balancei James, que estava sentado ao meu lado, babando sobre a mesa como se estivesse vendo a Evans, talvez estivesse, nos sonhos dele.


         - Ahn, que? A aula acabou? – Respondeu sonolento, balançando a cabeça.


         - Não, eu quero  uma informação.


         - Ahan.


         - Não, Potter, preste atenção. – Segurei o rosto dele, apontando para a loira. – Abra bem os olhos, você conhece aquela menina?


         - Ahan, é a Amy. – Ele bateu na minha mão, deitando novamente – Amy Longbottom, não é pro cachorros como você. – Ele deu um bocejo, voltando a dormir.


         - Como é que é, Potter? Não existem garotas que não são pra mim! – Lily devia ter batido muito forte na cabeça dele hoje, por que ele tinha se esquecido da regra mais importante de todas as regras da sedução: Eu sou Sirius Black. Ponto.


         E assim se foi a aula, Amy ela conversando com a amiga dela, James babando, e eu sonhando com a loira.


         - Senhor Black?


         Ah, Amy, Amy, Amy.


-      Senhor Black?!


Amy, Amy, Amy.


-      SENHOR BLACK? – Só então ouviu o professor gritar pra mim.


- EU NÃO ESTAVA DISPINDO AMY LONGBOTTOM COM OS OLHOS, SENHOR. – Tem outra regra de sedução muito importante; nunca pareça um virgem desesperado ou passe vergonha na frente de seu alvo.


         - S-senhor Black! – Se o professor não fosse um fantasma, tenho certeza que estaria corado agora. Amy me olhava boquiaberta. Bom, pelo menos agora eu tinha a atenção dela. Até James havia acordado. – Se o senhor não está interessado na aula quero pedir que por favor se retire.


         - Com todo o prazer.  – Nunca fui desses que negava um convite do professor. E pegando meu casaco e com um beijo as crianças sonolentas e invejosas, e mais um para  Amy, me retirei no melhor estilo... Eu.


 


 


Almoço



            - É isso, eu preciso mudar de tática. – Disse James de repente, no meio do almoço.


            - Eu preciso de uma tática, me dei realmente mal com a Amy. – Disse, sobre problemas maiores, afinal com a Lily todos sabiam que não ia dar certo, vamos nos ater ao que tem alguma chance.


            - Mudar a tática? Agora? – Remus, que a propósito tinha me dado grande orgulho no final de semana e tinha tido um encontro com a Roxanne, da Corvinal, nerd, porém bonitinha, finalmente o lobo aprendeu a caçar. (NOTA DO REMUS: ‘nerd porém bontinha’ lê-se: deu o fora do Sirius).


            - Sim, com a Lily, tem algo que eu possa fazer pra ela perceber que me ama.


            - Primeiro, ela não te odeia, cara, segundo, eu preciso de ajuda com a Amy, vocês estão ouvindo?


            - Eu já sei! – Certo, não tinha ninguém ouvindo. Debrucei sobre a mesa para a sessão de duas horas de Remus dando esperanças ao James. – É simples, você sempre corre atrás da Lily, talvez seja a hora de deixa-la correr um pouco atrás de você.


            - Nossa, parabéns Aluado, daria certo, se a Lily desse a mínima pro Pontas. – Será que só eu tinha lido o começo do capítulo? Lily apaixonada pelo Amos e tudo mais.


            - Calado, cachorro, Remus está falando. – Levantei os braços, a muito tinha desistido daqueles dois.


            - Lilian espera que você vá atrás dela, imagine a surpresa dela se você simplesmente parasse, e começasse a trata-la como amigo? Como eu a trataria.


            - Então é isso que você faz? Se finge de amigo da ruiva pra depois dar o bote? – Não pude resistir, vendo Remus corar como uma mocinha.


            - Me fazer de amigo da Evans? Isso pode funcionar – James estava animado como uma mocinha fazendo compras, ótimo.


            - Que bom, agora voltemos a Amy.


            - Você não é o rei das cantadas, Almofadinhas? Se vire! – Por que as pessoas não eram compreensivas comigo como eram com o James?


            - Ok, ok. Vocês vão ver só, vou sair com a Amy, nem que seja a última coisa que eu faça


            - Ótimo, um brinde aos encontros impossíveis então. – James riu, enquanto erguia a caneca de suco de abobora dele.


            Eles iam ver o que era impossível.




 


Parte quatro – Narrado Por Amy Longbottom.


        


         - Você viu aquele maluco da aula de história da magia? – Perguntei para Lily, no meio do almoço, enquanto os encarava sentados do outro lado da mesa da Grifinoria. Quem em sã consciência diz uma coisa daquelas?


         - Ahan, é o Sirius superstar Black, amigo do seu amiguinho Potter, não conhece não? – Amiguinho, e superstar, aquilo era tipo um alarme soando e gritando ‘Lily irritada, Lily irritada, perigo, perigo.’


         - Na verdade não, você sabe como eu sou. – Completamente desligada do mundo e de todas as pessoas.


         - Sei lá. – Ela revirou os olhos. Eu suspirei.


         - Ok, você está brava comigo por que sentei do lado do Amos.


         - Você precisa mesmo da resposta?


         - Ah, qual é, ruiva. O James me pediu e aí eu pensei... – Opa, coisa errada a dizer.


         - O Potter te pediu? – Dei meu sorriso mais amarelo, era agora que eu morria.


         - É... Bom.. Na verdade, ele me pediu pra sentar ao lado do Amos e eu pensei, por que não? – Tentei me explicar, pouco efetivo.


         - Por que não? Por que não acabar com a vida de Lily Evans?! Você viu a vergonha que ele me fez passar, na verdade, você viu a vergonha que vocês dois me fizeram passar?


         - Ah, Lilian, se acalme. É dia dos namorados, se você não fosse tão chata com o James talvez hoje não estivesse sozinha! – Pronto, falei. PÉEEER, coisa errada a ser dita de novo, Lilian me olhou no melhor estilo ‘vou pular no seu pescoço e te matar’, mas simplesmente levantou e saiu. E eu fiquei com cara de idiota.


         Ela realmente precisava de uns calmantes.


 


Parte cinco- Narrado Por Sirius Black


 


Ok, eu estava realmente surpreso, enquanto via Lily e Amy conversarem, completamente alheio aos planos malucos de Remus e James.


Então era isso! Amy e Lily eram amigas! Melhores amigas! E se.. Eu.. Não. Seria maldade demais até para mim.


Aquele pensamento sobre Amy, Lily e eu não saiu da minha cabeça o dia todo, e o resto das aulas, em que eu ficava encarando as duas, a ideia ia se formando na minha mente, se formando, se formando. Até que finalmente, de madrugada, sentada no salão comunal algo me atingiu.


Não uma ideia, e sim um livro.


- Caramba, Evans, isso é um ataque? – Ela parecia ter tropeçado no tapete, e o livro voo na minha cabeça.


- Não.. Ahn, desculpa. – E quando ela finalmente se abaixou para pegar o livro, foi quando a ideia me atingiu. Pronta, e perfeita. Eu e Lilian Evans, sozinhos de madrugada no Salão comunal, só podia ser o destino.


- Evans... Você é amiga da Amy não é?


- Aquela que você estava despindo com os olhos na aula de História?


- Exato.


- Sou sim, por que? – Ela cruzou os braços contra o peito, com a sobrancelha erguida.


- Sabe, eu sou amigo do James e..


- Não me diga!


- Escute. – Revirei os olhos, o que o Pontas tinha visto nela mesmo? – Ele tem uma nova estratégia para conquistar seu coraçãozinho. Ele parece que vai fingir ser seu amigo, e não sairia com você nem que você implorasse pra ele.


- Ah é? Melhor para mim não?


- Nós podíamos fazer uma aposta.


- Aposta?


- É, você convence o James a sair com você, e beija ele, se você conseguir... Eu te arranjo um encontro com o Amos.


- Ah é? Se por acaso eu aceitasse essa idiotice, coisa que eu não vou, o que você ganha se eu perdesse? – Ela estava debochando, nem imaginava o que a esperava.


- Você convence a Amy a sair comigo, não deve ser difícil.


- Olha só, Sirius Black não confia em si mesmo.


- Olha só, Lilian Evans com medo de perder.


- Não estou com medo. – Estava chegando onde eu queria. – Tenho princípios, bem diferente de você.


- Sabe o que eu ouviu disso? Po, popopooopopo


- Cale-se!


- Aceite! – Estendi a mão para ela.


- Eu aceito. – E foi assim que foi feito. Lily apertou minha mão.


- Preparado para perder, Black?


- Você está Evans?


         A pobre Lilian Evans não devia nem imaginar com quem estava se metendo.

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