"Emancipação"

- Está chovendo...

- É eu notei... – respondeu Sirius ao sentar-se no banco ao lado do afilhado.

- Estranho né...? Quero dizer, é verão... – questionou Harry vagamente.

- Harry. O que houve? – perguntou o homem preocupado.

- Nada... – respondeu ele, soando mais apático do que gostaria.

Harry já estava tão acostumado a mentir toda vez que alguém lhe perguntava isso que por mais terrível que se sentisse por dentro, a resposta positiva saía quase que automaticamente de sua boca... Não... Ele não estava bem, não tinha exata certeza do que estava sentindo, porque não se lembrava de ter sentido antes... Mas tinha certeza absoluta de que nunca se sentira pior...

- Eu estou bem... – repetiu, num tom sem emoção.

Não pretendia contar o que o encomodava tanto para o padrinho, apesar deste se demonstrar extremamente preocupado com ele. Até mesmo porque, o fato de Hermione ter literalmente dado um chega pra lá nele, (o que por si só já era mais doloroso do que Harry jamais estaria disposto a admitir), havia outra coisa, que martelava lá no fundo da sua mente desde a noite anterior... Ele ainda não tinha parado para analisar o sonho que tivera completamente... Parecera muito real... Real demais pro seu gosto. E as últimas palavras que ouvira ainda rondavam sua cabeça, como uma nuvem negra de culpa e preocupação...

A verdade era que no fundo, a sensação que Harry tinha era que o que aquilo lhe dissera no sonho era a mais nua e crua verdade. Não era primeira vez que alguém morria por sua causa... E não ia ser a última... Pelo menos não até que o próprio Voldemort o achasse e desse um fim nele de vez...

- Harry...? – chamou Sirius, visto que o afilhado parecia distante demais para manter um diálogo com ele. – Olhe... Alguma coisa aconteceu pra te deixar assim. – disse ele metodicamente.

- Não aconteceu nada... – respondeu Harry ainda mais sombrio, observando a chuva que caía escorrendo pela calha da varanda. Parecendo ter desistido de arrancar qualquer informação do afilhado, ele se virou para Harry com uma garrafa nas mãos:

- Eu trouxe chá, você não comeu nada durante o café. – ofereceu conjurando uma xícara nas mãos de Harry que aceitou sem pensar.

- Você tem certeza de que não quer conversar insistiu Sirius.

- Tenho... – respondeu Harry levando o chá a boca logo em seguida. – Não. – respondeu novamente.

- Não?

- Não! Eu... – Harry parou um instante. – O qu...? – Harry encarou o padrinho, e voltou os olhos para a xícara nas suas mãos. Olhando novamente para o homem ao seu lado, num misto de indignação pela atitude do padrinho e pela sua própria estupidez. – Você não fez...

- Fez o que? – respondeu Sirius, com falsa inocência, e um ligeiro sorriso de satisfação no rosto.

- Sirius! Isso é... Eu... Eu não acredito que você fez isso! – exclamou Harry se levantando revoltado. Mas o padrinho ria abertamente.

- Você precisa desabafar! Eu só dei um empurrãozinho...

- Isso é ilegal sabia?! Além de... – titubeou Harry ao ver que o mal já estava feito. – Você não pode fazer isso! – o padrinho riu novamente, fazendo esforço para acalmar o afilhado que ainda se encontrava absolutamente indignado.

- Foram só algumas gotas... Não vai te fazer mal, não se preocupe... – Harry olhou para o padrinho que ainda se mantinha sentado no banco esperando que ele se acalmasse e sentasse também.

- Inacreditável... – suspirou Harry ainda irritado, ao sentar-se ao lado do homem, que sorriu satisfeito.

- Então... Tem alguma coisa haver com Hermione? – perguntou indo direto ao ponto. Harry virou rapidamente para encarar o padrinho, que parecia já ter tanta certeza da resposta que Harry chegou a se perguntar o porque dele ter ultilizado veritasseum com o próprio afilhado...

- Tem. – respondeu Harry, antes que pudesse se conter.

- O que houve? – perguntou ele agora mais seriamente. – Harry baixou a cabeça escondendo-a entre os dedos soltando um gemido de indignação. Sentindo seu rosto ruborizar violentamente respondeu quase que automaticamente:

- Nós nos beijamos... – disse com a voz abafada.

- O que?

- Nós nos beijamos! – falou Harry rapidamente levantando a cabeça.

- Oh! – exclamou Sirius parecendo ligeiramente surpreso. – Bom... Isso é... – começou Sirius visivelmente surpreso, e sorrindo aos poucos até se voltar para o aflhado parecendo extremamente satisfeito. - Bom... Eu suponho... – acrescentou ele indeciso ao observar a infelicidade do afilhado. Mas Harry já não prestava mais atenção no padrinho.

De fato, a sua indignação aumentava cada vez mais, e a vontade de escancarar logo de uma vez, tudo sobre como ele estava sentindo aumentava também:

- Quero dizer... – recomeçou Harry como se aquela fosse a coisa mais lógica a se pensar. – Nós nos beijamos!

- Ok... Eu acho que já entendi a mensagem... – comentou Sirius com os olhos grudados em Harry, que agora caminhava de um lado para o outro, aparentemente sem prestar o mínimo de atenção ao que o padrinho dizia:

- Pode me chamar de louco, mas eu acho que se você beija alguém, geralmente isso significa alguma coisa não?- exclamou Harry, agora mais confuso que qualquer outra coisa, e olhando para o padrinho com ar de quem espera por uma explicação parou por um momento.

- Er... Claro... – titubeou Sirius. Entretanto, o afilhado não parecia nem próximo do fim:

- Além do mais! O que foi aquilo?! Quero dizer... Você não pode beijar alguém assim e depois dizer: “Hei. Eu acho que não vai dar...” Não se faz isso! – reclamou Harry já voltando ao desespero. – Deve haver alguma regra que diz que você não deve fazer esse tipo de coisa...

- Ela disse isso?

- Disse!- ele exclamou indignado - Esse deve ter sido o relacionamento mais curto da história dos relacionamentos! E eu... Eu odeio isso! – exclamou Harry exasperado ao sentar ao lado do padrinho novamente.

- Ser enxotado? – perguntou Sirius. Harry respirou fundo antes de responder.

- Isso... – afirmou Harry à contra-gosto. – Sabe... Geralmente eu conversaria com ela sobre esse tipo de coisa. – comentou ele num tom monótono.

- Irônico...

- Dolorosamente...

- Por que ela diria isso? Quero dizer... Ela gosta de você certo? – Harry se voltou para o padrinho. Não foi preciso ele dizer nada... Logo a situação ficou clara o suficiente para Sirius: “Rony” – Ah... Claro... – respondeu Sirius com um tom pouco surpreso, que despertou a atenção de Harry:

- Voc...

- Bom... Não precisa muito pra perceber o que ele sente por ela...

- É... Eu acho que sim... – concordou Harry sem esperanças. Um momento de silêncio se seguiu até que Sirius se expressasse cuidadosamente:

- Harry... Eu odeio dizer isso, mas... – começou ele receoso. – Pensando bem... Ela...

- Eu sei... – Harry tinha absoluta noção de que no fundo a amiga estava certa. E que ele próprio não teria coragem de fazer isso com o melhor amigo...

- Olhe... Você é jovem. E existem outras garotas pra você conhecer... – apaziguou o padrinho. Não que tal lembrança houvesse surtido efeito algum em Harry, até mesmo porque ele não tinha muita segurança sobre quanto tempo ele teria de fato para conhecer qualquer outra pessoa... Mas já que com o desabafo ligeiramente forçado, ele até que se sentia relativamente melhor, não foi com muito esforço que Harry fez cara de agradecido.

- Harry! Eu não vou lavar essa louça sozinho!

- Oh Rony! Ele nem tomou café! – reclamou Giny da cozinha. Harry pôde ouvir a discussão entre os irmãos vinda da cozinha. Ele definitivamente não desejava voltar, ainda mais agora... E Sirius pareceu perceber o desespero de Harry, ao oferecer:

- Tudo bem... Eu vou. – disse ele com um sorriso e se levantando. Dando meia volta antes de entrar pela porta, ele sugeriu – O efeito vai passar daqui a pouco, não se preocupe... Mas por via das dúvidas, é melhor você se afastar dele por um tempo... – avisou o padrinho apontando para a cozinha.

- Certo... – ele não pretendia voltar mesmo...

De fato, Harry só retornou por volta das doze, quando tinha certeza absoluta de que não haveria ninguém no local. Aproveitando a pausa na chuva, Harry, (contrariando as normas de segurança de Sra. Weasley sobre não sair de casa), decidiu dar uma volta pelo terreno ao redor, e ao contrário do que a mulher pensara, ele não sofrera ataque algum, exceto pela repentina aparição de Bichento lá pelo meio dia.

A princípio, Harry tentou enxotar o gato. A presença dele não era muito desejável, já que acabava por trazer lembraças da dona, a última coisa que Harry queria... Entretanto, não demorou muito para que ele acabasse por se acostumar e aceitar a presença do animal, visto que ele não parecia muito disposto a ir embora...

Então, o resultado foi que, ao voltar para a casa, Harry não era o único que varava de fome... Na realidade foram os miados de Bichento que lhe lembraram o fato de que ambos não haviam comido nada o dia todo...

- Vem Bichento... – chamou Harry num sussurro ao entrar na cozinha. O local estava completamente vazio, a única luz que iluminava a cozinha era a que vinha de cima das escadas. Fazendo com que Harry se esforçasse para enxergar o caminho até os armários.

Pegando um pote de biscoitos, à guisa de jantar, Harry começou procurar por um pouco de ração para Bichento, até que notou o interesse do gato que já subira na bancada e metia o focinho no conteúdo do pote nas mãos de Harry.

Com um pequeno sorriso, Harry sentou-se na cadeira e ofereceu uum pedaço do biscoito em suas mãos para o animal, que cheirou o objeto suspeito, até que pudesse coloca-lo na boca por fim. Pegando mais um pouco e quebrando em cima da mesa, Harry se voltou para própria fome e pôs um dos biscoitos na boca...

O silêncio era absoluto e, diga-se de passagem, extremamente agradável... Talvez ele pudesse ser capaz de passar todos os dias de suas férias escondido e solitário na Toca. Seria praticamente impossível se isso significasse se privar da comida da Sra. Weasley pelos próximos três meses... Harry nunca imaginara que uma estadia na Toca pudesse ser tão excruciante... Ainda mais agora...

Quanto a Hermione... Ele estava dificilmente, fazendo o possível para se manter afastado da menina, para seu próprio bem... Não que fosse muito necessário tal esforço, visto que a amiga também parecia estar fazendo o mesmo. Harry se lembrava de ter visto a garota pela manhã ao passar pela mesa do café(um dos motivos por ele ter simplesmente passado direto). Seus olhos se cruzaram por um momento, mas a amiga baixou os dela rapidamente, de modo que ninguém percebera. Ela também não estava muito alegre... Aliás, alegre era totalmente o oposto, e assim como ele, ela não parecia ter muito apetite...

Harry sentiu algo quente e áspero encostar na sua mão esquerda, se assustando ao notar que Bichento já se encarregara de seus jantar, e agora buscava o de Harry.

- Hei! –reclamou Harry largando na mesa o resto de biscoito que Bichento havia lambido junto com parte da sua mão.

Satisfeito, Bichento se ocupou em comer o resto que estava ali e terminou rapidamente, voltando os olhos acesos e amarelos para Harry novamente. Obviamente ele queria mais.

Harry encarou o gato por um momento. Era incrível a semelhança que ele tinha com a dona... – pensou ele. – Até o ar mandão e exigente de Hermione ele tinha... Talvez o gato fosse inteligente daquele jeito por convivência... Mas fosse qual fosse o motivo, o fato era que aquele talvez fosse o animal mais inteligente que Harry conhecera... Bom exceto por Sirius... Que não era tecnicamente um animal mas... E claro, Rabicho, mas Harry não tinha certeza se poderia chama-lo de inteligente, nem mesmo quando em sua forma humana... Isso claro, antes dele decidir fugir para encontrar Voldemort...

Mais uma vez seus pensamentos se voltaram para aquilo. A sensação que Harry tinha era que ele estava preso a uma linha de pensamento, que tudo que fizesse, tudo que dissesse ou desejasse o levaria aquele momento, não havia o que ele pudesse fazer, e a pior parte era que ele acabaria por arrastar todos com ele...

De fato, não importava o quanto ele corresse, ou se escondesse... Voldemort ia acha-lo, e quando o fizesse, ele o mataria, e quanto a isso não havia nada que Harry pudesse fazer, afinal, ele não tinha o mínimo de chances. Mas ele podia sim, evitar que outras pessoas se machucassem... Se pelo menos ele pudesse...

Pelo menos assim ninguém mais iria se machucar... Ninguém que ele gostasse, ou... Um alívio arrebatou Harry ao imaginar que daquela forma não só Sirius, mas também Rony, e Hermione... Que eles teriam chances maiores de ficarem a salvo assim...

Uma súbita noção de realidade recaiu sobre Harry. E como um veneno lento, a solução começou a tomar conta da sua mente... Ele sabia o que devia fazer... Se não soubesse, não seria tão difícil fazê-lo...

A manhã veio cinzenta e fria. E com ela veio a certeza completa e absoluta de Harry sobre sua já tomada decisão, já resolvera o que tinha que resolver, exceto por um único obstáculo, que talvez, fosse o mais difícil de se transponir... Hermione.

Primeiramente, Harry decidira contar a verdade sobre o que ele iria fazer... Essa era a idéia, a princípio. Pelo menos até encontrar a garota durante o café naquela manhã... Foi quando percebeu que não só ela não compreenderia, e o proibiria absolutamente de faze-lo, como ele próprio não teria coregem suficiente de dizer-lhe a verdade...

Entretanto, pensou Harry novamente durante o almoço, talvez toda aquela situação servisse de ajuda ao seu favor... Não seria fácil, pelo menos não para ele... Apesar da certeza de que valeria à pena fazer com que Harry aceitasse aquela como a única forma de resolver a questão... E quanto à amiga... Raiva talvez fosse muito mais fácil de suportar que qualquer outra coisa...

O dia passou mais rápido do que Harry gostaria que passasse... A sensação de que o tempo sempre passa mais rápido quando se deseja justamente o oposto... Hermione não falara com ele, apesar de Harry ter notado a ligeira aproximação da garota, pelo menos agora ela permanecia um tempo no mesmo cômodo que ele... E Rony, por outro lado, chegara até a jogar uma partida de xadrez com Harry após o almoço, já que o tempo estav terrivel para uma partida de quadribol... Talvez houvesse notado o distanciamento entre ele e a amiga...

Era por volta de uma da manhã, Harry se levantou da cama. O ronco baixo e grave vindo da cama ao lado denunciou o sono solto no qual Rony se encontrava... Pegando a mochila que escondera debaixo de sua cama, Harry pôs a bolsa em cima da cama lentamente. Puxando do bolso da frente, retirou um envelope branco selado.

Seguindo em direção à bancada, Harry apanhou uma pena e molhou-a rapidamente, rabiscando uma curta sentença na frente do envelope:

Para Rony.

Pondo a pena de volta no lugar, Harry correu para a janela ao ouvir as bicadas de Edwiges no vidro:

- Shhh! – reclamou Harry, fazendo a coruja calar-se no mesmo instante. A coruja sumira desde a noite anterior... Presumindo que ela fora caçar em algum lugar relativamente distante, não foi com pouca surpresa que Harryencontrou enrolado à pata da coruja um pedaço alvo e comprido de percaminho.

Pegando-o rapidamente Harry abriu e reconheceu no mesmo instante a grafia perfeita de Dumbledore:

Eu sei que não posso impedi-lo de fazer o que você acha que é certo... Por isso tudo que tenho a dizer é que tome cuidado.

Alvo.

Harry piscou. Releu a carta só para ter certeza... Como...? Olhando a carta novamente, Harry econtrou um segundo percaminho grudado a esse, diferente do primeiro, aquele nada tinha haver com a letra de Dumbledore...

O que havia escrito nele, se é que aquilo podia ser chamado de escrita, era algo que a princípio Harry definitivamente não reconheceu. Mas após uma observada mais cautelosa, Harry identificou o que pareceu ser um endereço:

Ulster, Lifford; Rua Springles; 1176 – O oráculo. “Cataventos uluriantes”

Não compreendendo muito bem a última sentença, Harry decidiu que haveria tempo suficiente para que pudesse decifra-la, visto que já se demorava demais.

Pondo os pedaços de percaminho no bolso do jeans, Harry se voltou uma última vez antes de sair pela porta. Rony dormia profundamente...

Lenta e silenciosamente Harry desceu as escadas que dava para a sala de estar. Certo de que não haveria ninguém ali acordado aquela hora da noite, foi com um movimento brusco que Harry moveu sua mochila para trás com objuetivo de esconde-la ao ouvir uma voz sonolenta:

- Quem é...? – Harry reconheceu a voz da amiga imediatamente. Indeciso se deveria responder ou não, a garota acabou por decidir por ele – Harry...?

Sim... – respondeu ele antes que pudesse se conter, amaldiçoando a si mesmo no momento seguinte.

- Oi... O qu...? – começou ela ainda absolutamente sonolenta. Certo de que a amiga adormecera no sofá, Harry pôs a mochila em um canto e aproximou-se da menina no escuro:

- Você parece cansaça... – interrompeu ele.

- Eu adormeci... – começou ela como se auqela fosse a coisa mais estranha a se fazer – Eu desci, porque não conseguia dormir... E aí...

- Você adormeceu...

- Isso... – confirmou ela num sussurro. – Harry... – chamou ela, enquanto Harry aguardava o momento, no qual a garota adormeceria novamente.

- Sim...

- Eu estive pensando... Nós... – continuou ela, fazendo menção de se levantar. Rapidamente Harry impediu a amiga fazendo-a se recostar no sofá de novo:

- Você devia dormir... – pediu Harry com a voz calma. Apesar de estar completamente agoniado por dentro.

- Ok... – concordou a garota sem relutar, apesar de continua falando num murmúrio- Eu não quero fazer mais isso...

- O que... – perguntou Harry enquanto pensava se ainda teria coragem suficiente para deixar a menina ali.

- Fingir... – disse ela simplesmente. Estava escuro o suficiente para que Harry não enxergasse nem ao menos um palmo diante do nariz, por tanto, foi com um choque repentino que Harry sentiu a mão quente da amiga pousar lentamente sobre a sua.

Ele não soube o que dizer ou pensar. Exceto que se ele duvidara ou titubeara alguma vez em mudar de idéia completamente sobre seu plano, foi ali. E essa era a única coisa que ele não poderia fazer...

Tirando lentamente a mão esquerda de baixo da mão da amiga, Harry disse simplesmente:

- Eu sei... Nós conversamos amanhã, ok...? – pediu Harry passando a mão suavemente nos cabelos da amiga. – Agora você precisa dormir...

- Ok... – respondeu a garota já com a voz embriagada de sono. Passando a mão pelo rosto da amiga, Harry abaixou lentamente e encostou seus lábios no da garota... Ela já estava dormindo... E Harry a manteria assim... Seria melhor que ela não soubesse de nada...

Levantando lentamente, Harry apanhou a mochila do chão e pôs nas costas. Dando meia volta, seguiu em direção a porta da cozinha e abriu, dando os primeiros passos na noite fria e escura.

A pós fechar o portão dos terrenos trás de si, Harry se voltou e parou observando a Toca. Era a última vez que a veria, ele não achou que seria tão doloroso assim partir, entretanto, tinha noção de que era preciso... Se virando novamente para o caminho de terra à sua frente, Harry seguiu, deixando tudo aquilo pra trás...