Capitulo XX
- Lua de mel?
Potter ergueu-lhe o queixo com a ponta dos dedos e fitou-lhe os olhos repletos de dúvidas.
- O sexo não a assusta tanto quanto o casamento, não é? Casamento significa compromisso mútuo, e isso, para você , é como ser condenada à prisão.
Gina estremeceu.
- O relacionamento de meus pais foi terrível. Não quero isso para mim.
- Não sou como seu pai. E não bebo. Bem...- Riu baixinho, um riso surpreendentemente caloroso. – Bebi aquela noite, mas tive meus motivos. Não suportei vê-la toda sorridente, com Dino segurando-lhe a mão , quando a mim sempre repeliu...
Aquilo a surpreendeu.
- Então foi por isso? Quem poderia imaginar !
Potter deu uma risadinha.
- Quanto ao casamento...Passaremos o Natal juntos e depois tornaremos a discutir o assunto.
Inclinou-se e beijou-a suavemente. Gina aconchegou-se a ele, que recuou.
- Nada de afagos agora. Precisamos nos conhecer melhor antes de permitir que nosso desejo nos domine. Não sou de ferro. – Sorriu maliciosamente. E moveu-se em sua direção .
- Afaste-se de mim, seu safado! – disse ela ,rindo.- Não tem coerência o que você diz. Sua conversa parece uma bola de pingue-pongue,que vai de um lado para outro.
Ele também riu. Em seguida pegou-lhe a mão e entrelaçou os dedos nos dela. A idéia de se casar nunca o entusiasmara tanto como agora, nem mesmo quando estava com Jane.
Ao Ter Gina nos braços , sentira um desejo louco de desposá-la. E não se tratava apenas de atração física. No entanto, primeiro precisava convencê-la a casar-se. Sabia que, apesar de amá-lo, Gina tinha horror ao casamento, e com razão. Precisava fazê-la entender que com eles seria diferente.
No dia seguinte, foram juntos ao hospital e , como de costume, Cho correu ao encontro dele. Ao vê-La Potter segurou deliberadamente a mão de Gina.
- Bom dia-cumprimentou-a polidamente.
Cho pareceu surpresa. Manteve os olhos nas mãos entrelaçadas.
- Bom dia...
- Faço questão de que você seja a primeira a saber, Cho. Eu e Gina ficamos noivos.
A moça empalideceu, mas com algum esforço conseguiu sorrir.
- É mesmo? Bem, suponho que devo cumprimentá-los pelo grande passo. – Riu. – E eu, alimentando a esperança de que algum dia reatássemos nosso romance....
- Isso é coisa do passado e, para mim, o passado está morto - disse ele, com certa impaciência. Não tenho inclinação para ficar remoendo o que já acabou.
Cho riu, sem muita graça, e olhou para a mão de Gina, à procura do tradicional anel de noivado.
- Não estou vendo nenhum anel em seu dedo... - constatou, e não tentou esconder a desconfiança.
A mão de Gina tremeu, porém Potter a manteve presa com firmeza.
- Decidimos comprá-lo somente quando Gina decidir de que tipo prefere. Bem, garotas, os pacientes me esperam. Até mais tarde, amor.
- Espero você no saguão.- disse ela.
Sorriu para Cho e seguiu pelo corredor. A moça foi atrás.
- Espero que tenha mais sucesso que eu. É duro competir com Jane Parker. Potter sempre foi apaixonado por ela.- A voz de Cho revelava desdém e ressentimento.- Me envolvi naquele romance idiota com sei pai por pura raiva, julgando que despertaria o ciúme de Harry. Foi a coisa mais idiota que eu poderia ter feito.
- Eu soube. - disse Gina, tensa.
- Ele me odiou pelo que fiz. Ele é do tipo que não esquece, nem muda com o tempo. - Cho fez um muxoxo ao fitar o rosto frio de Gina. - No fim, seu pai ainda me acusou de ter sido descuidada e de ter arruinado suas chances de permanecer no hospital. Mas ele não se saiu tão mal em Austin, não foi?
Gina tinha lembranças totalmente diferentes. No entanto, não poderia responsabilizar Cho por tudo o que acontecera. Haviam alcançado o quarto de um dos pacientes. Ele virou-se para entrar. À porta, parou e olhou para a enfermeira-chefe.
- O que mais você sabe a respeito de Jane Parker?
- Bem... Jane foi o primeiro amor da vida de Potter, seu único amor ,durante vários anos. Quando voltei à cidade, julguei que a tivesse esquecido, pois ele está casada, mas eles ainda se encontram. Ao menos socialmente.- Seus olhos brilharam. – Dizem que Potter não desgruda dela, mas você descobrirá isso com o tempo. Eu devia estar com ciúme, mas sinto pena de você. Sempre será a segunda escolha dele, mesmo que se casem. Potter pode desejá-la, mas jamais deixará de amar Jane.
Após soltar seu veneno, Cho se afastou , deixando para trás uma Gina totalmente desconcertada. Era verdade que ele a desejava, mas não demonstrara nenhum sinal de amor. Será que continuava apaixonado por Jane? Se fosse verdade, jamais concordaria em se casar com ele!
Ao terminar as visitas aos pacientes, Gina aprontou-se para encontrar Potter no saguão de entrada. Foi então que avistou Nickie, que vinha pelo corredor.
- Meus parabéns-disse a enfermeira, com um ar resignado. - Eu soube que estava fora do páreo quando vi vocês se beijando no estacionamento. Boa sorte! Pelo que sei, precisara de muita!- disse a loira e se afastou.
Gina ficou abatida, e isso estava estampado em seu rosto quando foi ao encontro de Potter. Ele a fitou com ar intrigado.
- O que houve? – indagou - Não precisa me dizer: Cho e Nickie devem ter enchido sua cabeça com bobagens. Espero que não lhes tenha dado atenção.
- Não se trata disso. A cavalgada me deixou com o corpo doído.- Esticou-se e tocou as laterais do corpo com as mãos, esperando convencê-lo.
Potter fez uma expressão de alívio e sorriu.
- Você precisa fazer isso mais vezes, para desenferrujar-disse, e apanhou sua maleta médica. - Vamos?
- Sim, vamos.
Deixaram os formulários na enfermaria, receberam mais cumprimentos e deixaram o hospital.
- Tiraremos umas horas esta tarde para almoçar e comprar o anel de noivado. - sugeriu ele a caminho do carro.
- Sabe que não faço questão disso.
- Mas eu faço. Não posso deixar que pensem que sou tão miserável.
- Não quero que gaste seu dinheiro.
- Como o dinheiro é meu, faço com ele o que bem entender. Certo?
- Está bem, está bem...
Gina sorriu. Se ele fazia questão de jogar dinheiro fora, paciência. Aquele noivado não passava de um jogo de faz de conta, uma farsa criada para desencorajar Nickie e Cho. Era verdade que Potter chegara a pedi-la em casamento, mas em seguida pareceu ter se arrependido. E, embora soubesse que ela o amava, jamais mencionara a palavra amor.
Continua...
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