Assasinatos em Hogwarts
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O resto das férias passou rápido. Todos os dias Hermione contava histórias do seu mundo á loira, que escutava atentamente, tentando imaginar-se a viver num mundo onde a magia é apenas um sonho distante, criado para entreter as crianças.
O ano novo passou, com o fogo de artificio a preencher os céus, colorindo-os como se fossem a tela de um quadro, fazendo figuras distintas, e no fim a imagem de Dumbledor preencheu os céus. Escondido por baixo dos seus óculos de lua, sorrindo carinhosamente, a imagem desejava-lhes um bom ano.
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As aulas recomeçaram, e Hermione tinha que sair deixando Lam sozinha no quarto.
Um dia de manha, Hogwarts parecia estar possuída, os miúdos reuniam-se em grupos comentando, sussurrando com medo que alguém os ouvisse, boatos começavam a circular por toda a escola. Só uma coisa era certa. Alguém tinha morrido.
Hermione atravessou o mar de alunos assustados pelo refeitório dentro. Encontrou Ron e Harry a conversarem num canto e foi até eles.
- O que é que aconteceu? - Perguntou sentando-se ao lado de Ron. Este virou-se para ela.
- Não sabes?! – Exclamou. – A noticia está espalhada por toda a escola… - Perante a cara de confusão de Hermione o rapaz continuou. – Parece que o monitor da casa dos Slyterin foi assassinado esta noite enquanto andava a fazer a patrulha. Pelo que o Simas me contou, ele estava a ralhar com uma aluna por andar pelos corredores á noite e foi assassinado. Ela viu-o morrer! Mas diz que não conseguiu ver a cara do assassino. Quando a encontraram ela estava aterrorizada! Os professores levaram-na para a enfermaria e fecharam-se lá dentro. Só conseguimos saber a história porque o Nevill estava lá dentro quando eles a levaram. E contou-nos todo!
Nesse momento o professor Snape aparece e sobrepondo a sua voz á da multidão de alunos diz:
- Devido aos recentes acontecimentos, hoje não haverá aulas. – Murmúrios preenchem a sala enquanto o professor continua. – Por favor dirijam-se para os vossos dormitórios, até que vos seja dito que podem sair. – Dizendo isso, vira costas, fazendo a sua capa preta esvoaçar atrás de si.
Contrariados, os alunos, saíram devagar para os seus dormitórios. E cada vez mais boatos eram criados, até que a história alcançou dimensões gigantescas.
- Sim… Foi o que eu ouvi. Ela matou-o e depois para se livrar está a fingir estar traumatizada.
- Não… Ela é um lobisomem… Não se lembra de o ter morto. Mas isso não muda o facto de o ter morto. Ela é um monstro…
Os filhos escreveram aos pais, os pais foram ao ministério preocupados… A noticia rapidamente tomou o mundo mágico. Cada um, com uma versão diferente da história.
Hermione nunca gostara de boatos, sabia o que eles podiam fazer. Podiam criar mas, também destruir. Podiam ser bons ou maus… Eram apenas boatos, e quando mais absurdos fossem maior era a sua credibilidade. E era isso que estava a acontecer. A pobre rapariga estava a ser julgada pelo poder dos boatos. Nunca recuperaria da fama que estava a ganhar.
Durante a noite Hermione foi sorrateiramente até á enfermaria. Desde o ataque que a vigilância nos corredores tinha aumentado e por isso, Hermione teve muito cuidado, sempre atenta a qualquer barulho. Por fim chegou á enfermaria. A rapariga estava ali. Deitada. Ninguém á sua volta. Hermione aproximou-se e num murmúrio disse.
- Olá. – A rapariga assustou-se dando um pequeno grito que foi abafado pelas mãos de Hermione. – Shiu. Não grites… Só quero falar contigo. – A rapariga olhou para ela e abanou a cabeça. Passos. Alguém se aproximava. Escondendo-se Hermione esperou. Uma cabeça espreitou para dentro da enfermaria, saindo novamente fechando a porta atrás de si. Hermione saiu do seu esconderijo.
- Quem és tu?
- Hermione Granger…
- O que é que estás aqui a fazer?
- Vim saber o que se passou. Há boatos lá fora. Se não contares o que realmente viste, os boatos não irão parar.
- Eu já contei o que vi! – Disse desesperada.
- Dizem que és um lobisomem e que o matas-te… - Um grito de desespero.
- O quê?! Eu não o matei. Eu nunca faria uma coisa dessas… - A rapariga começou a soluçar, as lágrimas começando a escorrer-lhe pela cara.
- Então conta-me o que viste. – A rapariga olhou-a nos olhos. Tinha os olhos castanhos, vermelhos do choro. E foi com alguma hesitação que começou a falar.
- Estava escuro, eu saí do dormitório atrás do meu gato. Foi quando o monitor me viu e … e… - mais soluços e outra onda de choro.
- E…? – Respirando fundo a rapariga falou novamente.
- Ele começou a tocar-me… a dizer que me ia castigar. Eu senti medo. Ele estava a sorrir…. Foi quando uma enorme luz vermelha percorreu o corredor, e acertou-lhe, fazendo-o cair aos meus pés… Vi a cara dele ficar branca, os olhos perderem a vida. Viu morrer. E quando voltei a olhar para o fundo do corredor de onde a luz veio, não estava ninguém. Desapareceu! Não fui eu! – A rapariga chorava cada vez mais e Hermione abraçou-a.
Saiu da enfermaria deixando a rapariga inconsolável para trás. Quando chegou ao dormitório adormeceu logo. Estava cansada.
Na manha seguinte, já o sol ia alto quando Hermione se levantou. Era domingo, não tinha aulas. Deixou-se ficar na cama por mais um bocado. Sentia-se cansada, e não lhe apetecia levantar. Duas colegas de quarto entraram no quarto a falar.
- A minha mãe decidiu que não queria que eu ficasse em Hogwarts enquanto esta onda de ataques não acabar… Diz que não é seguro.
- A minha mãe diz o mesmo mas, o meu pai acha que foi um assunto pessoal e que eu devo acabar os estudos…
Levantou a cabeça e olhou para elas.
- Bom dia. – Disse ainda sonolenta.
- Bom dia. – Disseram as duas sem olharem para ela.
- Que aconteceu? – Perguntou levantando-se olhando para a rapariga que fazia a mala.
- Parece que a rapariga que matou o monitor foi morta ontei… como vingança.
E novamente os boatos.
- Ela foi morta? Quando? – As duas raparigas olharam para ela revirando os olhos.
- Esta noite é claro… Parece que o assassino entrou na enfermaria e a matou. Bem tenho de fazer as malas. – Dizendo isto a rapariga voltou para a sua mala enquanto a outra a ajudava.
Tinha morrido mais alguém. O segundo em apenas uma semana. Quem andaria a matar estas pessoas? E porquê? Hermione tinha pena da rapariga mas, ao mesmo tempo sentia medo que isso lhe acontece-se a ela.
Lam apareceu á sua frente. Ultimamente Hermione raramente a via. Quando acordava a loira já não estava ali, e quando se deitava já a rapariga estava a dormir.
- Bom dia. – Disse a menina sorrindo.
- Bom dia Lam. Por onde tens andado todos os dias?
- Na floresta. Há lá um riacho… e é muito divertido! Vim aqui ver se querias vir comigo nadar…
- Ah… Acho que não há nenhum problema.
- YUPI! – E dizendo isso a menina saiu porta fora saltitando feliz. Hermione ficou a vê-la sair enquanto ria da pequena.
- Estás a rir-te do quê? – Perguntou uma das raparigas mal humorada.
- Da rapariga que acabou de sair daqui… - As duas olharam para a porta, e depois uma para a outra, encolhendo os ombros e voltando a arrumar a mala, enquanto Hermione se levantava e vestia qualquer coisa rapidamente.
Depois saiu do quarto e andou em passos largos pelos corredores do castelo até chegar ao jardim. Sentada no chão a olhar para o céu estava a rapariga. Perdida no azul do céu, na sua inocência e ignorando os perigos que aterrorizavam todos no castelo. E sempre sorrindo desviou os olhos do céu para olhar para Hermione. O vento ondulou-lhe os cabelos, tornando a imagem aos olhos de Hermione ainda mais magnifica.
- Vamos? – Perguntou a menina.
- Sim. – E logo começou a segui-la, para dentro da floresta, cada vez mais dentro. E quando Hermione pensava ter-se perdido chegaram finalmente áquele reino encantado. Um pequeno riacho, cheio de luz ao contrário do resto da floresta. A água cristalina com alguns peixes que nadavam calmamente. E no centro do riacho crescia uma grande árvore, com flores saindo dos seus ramos de folhas verdes. Era uma visão mágica. Hermione nunca tinha visto nada igual. Sorrindo Lam entrou na água, mergulhando e depois nadando como um peixe.
- Olha para mim… sou um golfinho! – Hermione tirou as roupas e entrou. E as duas começaram a brincar. A morena sentindo novamente o que era ser criança, esquecendo Hogwarts e divertindo-se como há muito não fazia. Sentiu-se como quando ia para o parque com a mãe brincar, quando andava de baloiço ou quando brincava com outras meninas da sua idade e fingiam ser princesas, mães, bebés, fadas… Sempre que ia ao parque, era alguém diferente, o parque outro lugar repleto de histórias e aventuras.
Sentir-se novamente assim para ela, era bom. Tinha apenas 12 anos, não podia dizer que era muito velha, ou que tinha muitas preocupações, mas desde os 6, quando entrou para a escola, que tinha deixado de brincar. Os seus pais estavam sempre a dizer para ela estudar. Mas por mais que estudasse as suas notas eram sempre médias, nunca foram boas, o que fazia com que os pais a obrigassem a estudar mais. Até que ela se esqueceu o que era brincar. Mas agora ali, dentro de água, as duas raparigas salpicavam-se uma á outra, divertidas, e Hermione sentia-se feliz. Era de novo criança.
***** *****
Depois de terem passado a manhã toda dentro de água, comeram uns frutos que Lam tinha guardados e ficaram sentadas na erva á volta do lago. Até adormecerem as duas. Acordaram apenas ao por do sol, e voltaram para o castelo. Depois de ter tomado um banho de água quente, Hermione foi para o refeitório, Lam tinha desaparecido outra vez. Mas ela era assim… um espírito livre. Incapaz de permanecer muito tempo fechada seja onde for… e era como ela tinha dito, o castelo tinha muros maiores que as árvores, e Lam gostava de poder ver o céu, as estrelas e as arvores. Fosse dia ou fosse noite, ela não se importava, só queria poder sentir o vento tocar-lhe na cara afirmando a sua liberdade.
- Hermione!! – Gritou um rapazinho ruivo, acenando freneticamente com o braço para ela. A rapariga riu da figura dele e foi até onde ele estava sentando-se.
- Olá. – Disse chegando á mesa onde Ron e Harry estavam sentados.
- Olá. – Disseram os dois. – Já sobes-te da rapariga?
- Já… - O ruivo estava aterrorizado.
- Ouvi dizer que quem anda a anda a fazer isto não vai parar enquanto não matar todos os alunos de Hogwarts… Há já alguns alunos que foram para casa. Os mais velhos dizem que é um dementor mandado pelo ministério de propósito para fechar a escola. É que o ministro não quer que a escola continue aberta. Apesar de ninguém saber porquê. Sempre se opôs a Dumbledor. Algo pessoal provavelmente…. – E lá estavam os malditos boatos. Quando é que iriam acabar?
- Pois Ron… Eu acho que não é nada disso. Não sei o que é mas, duvido que o próprio ministro fosse por a vida dos alunos em risco apenas por vingança ou o que quer que seja que o ministro tenha contra Dumbledor.
- Vingança? É isso. O ministro quer fechar a escola por vingança ao Dumbledor… - Hermione revirou os olhos e pegando no seu prato levantou-se.
- Por amor de Deus… Deixa de criar boatos, sim? – Virou-se e acertou com o prato em cheio no peito de alguém. – Desculpa. – Apresou-se a rapariga olhando para o rapaz. Era Malfoy, que em vez da sua pele pálida habitual, tinha agora um tom vermelho, quase da mesma cor que os cabelos de Ron.
- ORA SUA… SUA… - Draco nem conseguia acabar de falar.
- Desculpa… não foi minha intenção…
- Não desculpas… mas vais desculpar… isto é uma afronta… Espero que tu sejas a próxima vitima do assassino! – Dizendo isso virou costas, sendo seguido pelos seus dois guarda costas, Gregory Goyle e Vincente Crabbe. Deixando Hermione perplexa para trás.
Ela não tinha feito de propósito, ele não precisava de ter reagido daquela maneira. Ficou irritada pela forma como o loiro a tinha tratado e saiu do refeitório sem ter jantado.
Quando chegou ao dormitório atirou-se para cima da cama.
«Quem é que ele pensa que é? Não passa de um idiota… ARGH!!!» Pegou na almofada e apertando-a contra a cara gritou. Descarregando a raiva. Conseguindo finalmente acalmar-se adormeceu. A tarde passada no riacho tinha-lhe consumido muitas energias.
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Os corredores estavam desertos. Ninguém se atrevia a sair dos dormitórios á noite. Passos leves, um respirar calmo. Como uma sombra, percorre os corredores
Pára. O retrato observa. Um som, uma luz... no lugar anteriormente ocupado pelo retrato está agora um buraco, e para dentro dele escuridão.
Novamente suave e silenciosamente, entra, o olhar fixo. Um barulho do lado direito e vira-se mais depressa do que qualquer humano poderia. Escondido, encolhido, olhando aterrorizado para aquela figura sombria. A sombra deixara a escuridão dos corredores e nem os dormitórios eram seguros agora.
- Tu… - Gregory Goyle, olha o assassino directamente nos olhos. A luz vinda da lareira, permitia-lhe ver parcialmente a cara do seu oponente. Ergueu a varinha, com intenção de se defender mas, o atacante foi mais rápido.
- Expelliarmos – a voz calma olhando a sua vitima nos olhos, sorriso sádico. Goyle tenta gritar mas, num movimento rápido da varinha do oponente e os seus lábios fecham-se para sempre.
*********
O sol nasceu, iluminando os jardins do castelo, onde as flores começavam a florir novamente. Os pássaros, na sua voz cantavam melodias felizes. E Hermione acordou. Levantou-se e foi tomar um banho demorado, descendo depois para o refeitório.
- HERMIONE!!! – Berrou Ron do meio da mesa acenando-lhe.
- Bom dia. – Nesse instante, o professor Dumbledor levantou-se do seu lugar, e sobrepondo a sua voz ao burburinho geral falou.
- Pedia a vossa atenção. – Todos se calaram, olhando para ele. – Obrigado. Como é do vosso conhecimento, tem havido mortes na escola. E até que se descubra o culpado a escola será encerrada para segurança dos alunos. Por isso peço que depois de tomarem o pequeno almoço se dirijam para os dormitórios e façam as vossas malas. Virá um comboio hoje, para vos levar para casa. As vossas famílias já foram informadas.
A confusão era geral, todos os alunos falavam e comentavam tanto sobre os assassinatos como pelo fecho da escola. Ninguém sabia quando é que a escola voltaria a abrir, mas Hermione esperava que fosse muito em breve.
Os meses que passara em Hogwarts tinham-na mudado, sentia-se diferente agora, e tinha aprendido muito. Aquele era agora o seu mundo. E ela não queria perde-lo. A escola tinha que reabrir.
- Tenho a certeza que Dumbledor vai fazer tudo para reabrir a escola o mais rápido possível. – Disse Harry na carruagem do comboio. Ron que estava ao seu lado acenou com a cabeça, apoiando o amigo. Hermione apenas se manteve calada. Até que, como um raio, um pensamento atingiu-a. E Lam? Onde é que ela ficaria enquanto ela estivesse fora? Ela devia ter-lhe dito alguma coisa, mas com tanta confusão acabara por se esquecer.
Sentia-se mal. O que lhe iria acontecer? Iria achar que Hermione a tinha abandonado?
Sai da carruagem, sem dizer nada aos dois rapazes que lhe perguntaram aonde é que ela ia. E caminhando lentamente. Enquanto via os jardins do castelo desaparecerem do lado de fora, foi até ao fim do comboio.
Sentada em cima de uma mala, estava uma menina loira, que Hermione logo reconheceu.
- Lam… - A menina virou-se para ela sorrindo.
- Olá. – E abraçaram-se as duas.
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