Introdução



Um novo ano começava em Hogwarts. Tal como todos os anos, os alunos se juntavam na estação 9 e 3 quartos. A confusão era geral. Os pais despediam-se dos filhos, uns com lágrimas de saudade, outros com a frieza de um simples olhar.
Este seria o primeiro ano de Hermione em Hogwarts, para ela tudo aquilo era novo, nunca imaginara que a feitiçaria existisse, nem nunca sonhou que um dia fosse fazer parte dela. Estava feliz, mas ao mesmo tempo triste. Deixar para trás todos os seus amigos, e principalmente a sua família… não era fácil. Caminhou devagar ao longo da barreira de pessoas até conseguir entrar no comboio. Percorreu todas as carruagens do comboio á procura de uma que estivesse vazia.
Finalmente achou uma. Tirou um livro, e assim ficou durante toda a viagem, até Hogwarts.
Ao sair do comboio, ficou fascinada com a paisagem á sua frente. Era grandioso… simplesmente mágico. Os campos verdes estendiam-se para todos os lados, para além de onde ela podia ver, á sua frente erguia-se um castelo que parecia tocar os céus. Ficou ali parada a olhar para tudo aquilo até que no meio de toda aquela confusão de alunos alguém lhe deu um empurrão e ela voltou finalmente á realidade. Um homem chamou os alunos do primeiro ano, chamava-se Hagrid e dizia ser o guarda dos campos de Hogwarts.
Ao chegar ao castelo, Hermione e todos os outros alunos do primeiro ano foram levados para o refeitório.
O Director da escola deu as boas vindas aos alunos e anunciou a abertura de um novo ano. Todos os alunos do primeiro ano foram chamados, para serem seleccionados. Hermione estava nervosa. Sentou-se num banco, todos os alunos e professores olhavam para ela, quando a professora Mcgonald lhe colocou o chapéu.
- Grifindor! – O grito que o chapéu deu ecoo por todo o refeitório, e ela ouviu vários alunos baterem palmas. Caminhou até á mesa da sua equipa. E olhou á volta.
Quando o banquete de boas vindas terminou, Hermione seguiu para os dormitórios.
A sua mala estava em frente á sua cama. Ela tirou as suas roupas de lá e arrumou-as no armário, e depois como era tarde foi-se deitar.
***********************
O sol bateu-lhe na cara fazendo Hermione acordar. Vestiu-se e saiu, para dar uma volta. Os corredores do castelo ainda estavam vazios. Ela foi andando sem rumo, virando de vez enquanto, ora á direita, ora á esquerda. Até que por fim, não havia mais para onde ir. Á sua frente erguia-se uma estátua. Uma mulher de longos cabelos, o corpo coberto por um vestido que lhe dava pelos joelhos. O que mais chamava a atenção eram os olhos, que pareciam brilhar e olhavam para ela, estudando os seus movimentos.
«Nunca vi uma estátua assim…é estranha.» Aproximou-se mais da estátua e observou que a parede atrás dela, havia uma inscrição:
“Pela floresta caminha sem rumo, o labirinto irás encontrar, perigos terás de passar, a ganância para trás terá de ficar, e quando achares que não há mais caminho, pensa no mais profundo sentimento humano, e encontrarás o maior de todos os tesouros…”
Hermione releu a inscrição uma vez mais antes de ir para o refeitório, tomar o pequeno-almoço. Sentou-se num canto perto de um grupo de cabeças vermelhas que rodeava Harry Potter. Harry Potter era um aluno do primeiro ano, tal como ela, com olhos verdes e cabelo preto. Era conhecido por todos como o rapaz que sobreviveu. Não havia como enganar, bastava olhar para cicatriz que ele tinha na testa em forma de raio.
- Então Harry… – Fred colocou a mão no ombro do rapaz.
- É uma honra, ter-te na nossa equipa… - George colocou uma mão no outro ombro do rapaz.
- Sabes nós… temos… como hei de dizer… - Era novamente Fred que falava, tirando a mão do ombro de Harry.
- Um pequeno negócio… em Hogwarts… - Completou o outro gémeo.
- E queríamos pedir-te um pequeno favor…
- Nada de mais é claro… - acrescentou George rapidamente, antes que o rapaz pudesse abrir a boca.
O resto da conversa Hermione não conseguiu ouvir. Comeu uma torrada acompanhada por leite e saiu do refeitório.
*******
A primeira aula, foi de poções. Estava frente a frente com o seu caldeirão, e tentar fazer uma poção que o professor tinha mandado, no entanto não estava a correr bem. Eram tantos os ingredientes que se tornava complicado fazer tudo aquilo. Mas tinha que conseguir, pois aquela era uma hipótese única na vida, não é todos os dias que se entra numa escola de magia, e ela não podia desperdiçar isso.
A poção estava quase pronta, quando o professor teve que se ausentar, e algures do outro lado da sala, começou uma discussão.
- Então Potter, ouvi dizer que vives-te toda a tua vida numa cave imunda… - Risada geral – É o lugar ideal para alguém como tu. – O rapaz que tinha falado, era magro, cabelos loiros e olhos cinzentos. Era Draco Malfoy. O ser mais arrogante de Hogwarts.
- Deixa-o em paz, Malfoy! – Um rapaz ruivo, saiu em defesa do moreno.
- Ruivo, sarnas, roupa em segunda mão… Weasley! – Ronald Weasley, vinha de uma grande família, também era conhecido por quase todos, devido as seus irmão que já tinham passado pela escola.
- Ora seu… - Ron estava quase da cor do seu cabelo, e já tinha a sua varinha na mão. O loiro tirou a dele também.
Hermione, achou que devia interferir e tentar para-los antes que alguém se magoasse e foi até lá.
- Parem com isso! – Disse metendo-se entre os dois. – Ainda vão arranjar confusão.
Nesse momento o professor entra na sala.
- O que é que se passa aqui?!
- Nada professor. – Disseram todos.
Hermione voltou para o seu caldeirão.

O resto do dia, correu normalmente. Hermione aprendeu alguns feitiços básicos, e conheceu alguns dos professores.
Á noite, depois de jantar, Hermione foi fazer os deveres, e treinar alguns feitiços. No entanto ela queria descobrir o castelo. Queria conhecer todos os cantos, descobrir todos os segredos. Estava apenas de camisa de dormir, por isso vestiu a capa preta da escola, pegou numa lanterna e saiu. Voltou a percorrer os corredores sem rumo, assustando-se cada vez que ouvia algum barulho. O castelo á noite era mais assustador. Já estava a andar á cerca de meia hora, quando ouviu alguém falar.
- E o que é que a menina anda a fazer fora da cama a estas horas? – Vinha do corredor ao lado.
- Eu… eu…só estava a dar uma volta por ai…
- Os alunos não devem sair dos dormitórios á noite… E como monitor vou ter que castigá-la.
Hermione, saí dali o mais silenciosamente que podia. Virou num corredor escuro, e desligou a lanterna, apoiando-se na parede atrás de si. Não queria ser vista. A parede desapareceu, e Hermione caiu para trás. E ao abrir os olhos viu a parede á sua frente voltar a aparecer, fechando-a numa sala. Olhou á volta. Era uma sala pequena, com uma janela que dava para a floresta, em frente á janela uma escrivaninha com uma folha de pergaminho em cima e uma pena. Uma das paredes da sala era preenchida por uma grande estante cheia de livros poeirentos. E do outro lado uma lareira com um sofá também ele poeirento. Hermione foi até á escrivaninha e olhou para o pergaminho branco em cima da mesa e depois olhou pela janela. «Como é que eu saiu daqui?» Perguntou enquanto olhava a lua cheia, subir o céu.
Algo chamou a atenção dela na escrivaninha. A pena, com tinta mexia-se sozinha e começou a escrever sobre o papel. Hermione deu um grito saltando para trás enquanto olhava assustada para a pena que se mexia suavemente sobre o papel.
“Bem Vinda, á sala esquecida…”
- Quem és? – Perguntou a rapariga.
“ Alguém que foi esquecido…”
- Eu sou…
“Hermione Granger… Sei quem és. Sei tudo sobre ti. Mas tu nada sabes sobre mim…”
- Tens nome?
“ Sabrina”
A pena pousou, e tudo o que estava escrito no pergaminho desapareceu. Um jornal antigo voo, até á frente de Hermione. Na primeira página podia ver-se o rosto de uma rapariga jovem, com os cabelos lisos que lhe chegavam aos ombros, usava uns óculos e tinha nas mãos alguns livros.
“Corpo da jovem desaparecida em Hogwarts ainda não foi encontrado
Sabrina Gravlin, a jovem de 12 anos, desaparecida á já 5 dias continua sem ser descoberto.
A mais brilhante aluna, que Hogwarts alguma vez teve, a mais nova monitora de Hogwarts e vencedora de vários prémios em feitiçaria avançada… é assim lembrado o maior génio que Hogwarts já teve. Após várias pesquisas, as suspeitas de que a menina prodígio estaria envolvida… “
O resto da noticia estava ilegível. A pena voltou a escrever.
“ Agora sabes quem sou. “
- Como é que morreste?
“Fui morta… Por um feitiço, de um aluno invejoso. Não conseguia aceitar que houvesse alguém tão brilhante como eu, e por inveja matou-me e escondeu o meu corpo. “
- Alguma vez encontraram o teu corpo?
“ Oh não… Ele escondeu-o bem… Aqui mesmo nesta sala. Onde nunca ninguém vem, ninguém conhece. “
- O teu corpo está AQUI?
“ Sim. De baixo daquele sofá está um alçapão… ele atirou o meu corpo para lá como se fosse lixo!”
A escrita tornava-se mais violenta, e rápida. Mesmo não sabendo nada de espíritos Hermione conseguiu perceber que ela estava chateada. E tinha razões para isso. Quem a matara tinha um coração frio, sem nenhum sentimento.
“Posso pedir-te uma coisa? “
- Pedir?
“Sim… Considera-o, como o ultimo desejo a que não tive direito em vida…”
- O que é?
“ Eu tinha um… um amuleto comigo no dia em que morri. Era muito importante para mim, passou de geração em geração ao longos dos séculos e é muito importante. Podias tomar conta dele por mim? “
- Queres que eu tire um amuleto do teu cadáver? - Hermione não queria acreditar no que estava a ouvir.
“Sim. Por favor… Seria muito importante para mim…”
Após hesitar um bocado, Hermione acabou por concordar e afastou o sofá do sítio, e abriu o alçapão. O esqueleto era quase só pó, no meio de toda aquela poeira e teias de aranha, Hermione pode ver , o brilho vermelho da jóia cintilava. Esticou o braço com cuidado e tirou o amuleto. Ficou a olhar para ele, a observar todo aquele brilho. Estava estranhamente limpo, comparado com tudo o resto naquela sala. A sua luz vermelha iluminou a sala. A parte de trás tinha qualquer coisa escrita, mas estava noutra língua, e ela não sabia o que significava.
Colocou-o ao pescoço e á sua frente apareceu um espelho. E no espelho apareceu um texto.
“Vê como te fica bem…”
Hermione observou-se ao espelho enquanto passou os dedos pelo amuleto.
- É lindo…
“Sim. E agora é teu. Agora volta para o teu dormitório antes que dêem pela tua falta.”
- Como é que eu saiu daqui?
“Por onde entras-te”
- Pela parede? – Perguntou confusa.
“Sim, encosta-te a ela, e pensa que queres estar do outro lado.”

Depois de ter saído da sala, e estar finalmente no seu dormitório, Hermione dentou-se, mas antes olhou para a lua enquanto passava os dedos pelo amuleto uma última vez antes de adormecer.
*******
Na manhã seguinte, Hermione levantou-se novamente com o sol a bater-lhe na cara mas, não se levantou, deixou-se ficar deitada a observar o amuleto.
Tinha uma figura dentro dele, pequena sentada, com os braços á volta dos joelhos. E assim ficou, durante meia hora, a observar apenas, aquilo cativava-a, ela sentia-se bem, como se aquilo lhe desse energia.
Saiu da cama, vestiu-se e foi tomar o pequeno-almoço.
E outro dia passou, e depois outro, e Hermione não voltou a sair do quarto á noite, ou tentar descobrir os segredos de Hogwarts. Até que chegaram as férias de natal. Grande parte dos alunos voltaram para casa para passarem as férias com a família, mas os pais de Hermione tinham ido numa viagem de negócios para longe, por isso ela ficou no castelo.
Não havia aulas e ela gastava o seu tempo entre a biblioteca e a sala dos Gryfindores. E foi nesse natal, que ela falou pela primeira vez com Ron.
Estava a andar pelos corredores distraída, sem se dar conta do que se passava á sua volta, ia tão distraída que acabou por ir contra Ron.
- Desculpa. Eu estava distraída não te vi. – Desculpou-se a rapariga rapidamente.
- Não tem problema. – Ron ajudou-a a levantar-se. – Então também ficas-te por cá?
- Sim. Os meus pais tiveram que trabalhar…
- Pois… Eu sou o Ron. – Disse o rapaz sorrindo para a rapariga.
- Hermione. Bem vou andando para a biblioteca. Vemo-nos depois. – Disse enquanto se afastava do rapaz.
Não havia ninguém na biblioteca durante as férias. Ela era a única, no meio de todos aqueles livros de feitiçaria. Ela queria lê-los todos, mas eram muitos…
No entanto, era como se os livros quisessem que ela os lesse todos, ela conseguia chegar a ler três livros por dia. Era sugada para o meio das palavras e deixava-se conduzir por elas, descobrindo os segredos que elas escondiam.
Hermione pegou no livro, feitiçaria negra. Falava das maldições imperdoáveis, que eram estritamente proibidas no mundo mágico. E depois leu outro que falava em passagens secretas e esconderijos mágicos.
Quando acabou de ler aquele livro Hermione saiu da biblioteca. Sentia novamente a curiosidade nascer novamente. E vagueou pelos corredores de Hogwarts novamente mas, para sua infelicidade, não achou nada.
- SUA DONINHA! – Hermione ouviu um grito ao fundo das escadas. Era novamente o ruivo, apontava a sua varinha para o rosto de um rapaz loiro. Malfoy.
«Aqueles dois têm que estar sempre a discutir?» pensou suspirando. Sempre que estavam próximos um do outro, os dois rapazes acabavam por apontar a varinha um para o outro. Por um motivo que Hermione desconhecia sentiu raiva… Tirou a varinha das suas vestes e apontou para as varinhas dos dois rapazes.
- EXPELLIARMOS!!! – Com um só feitiço Hermione desarma os dois rapazes. Os dois olham para ela, que lhes lança um olhar ameaçador antes de virar costas e seguir o seu caminho. Já no quarto Hermione sentou-se na cama. Donde tinha vindo toda aquela raiva? E porquê? Eles não lhe tinham feito nada…
Deixou-se ficar no quarto acabando por adormecer.
********
Acordou cedo, com o vento frio que vinha de uma janela que alguém se esquecera de fechar á noite.
Vestiu as vestes de inverno e saiu do dormitório. A lareira da sala comum estava acesa e ela sentou-se ali a aquecer enquanto pensava nos últimos meses. Enquanto na sua antiga escola, era aluna de suficiente, em Hogwarts era uma aluna excelente, que melhorava dia após dia. E já a começavam a considerar a melhor aluna de Hogwarts. Porquê?
Já mais quente, decidiu ir dar uma volta pelos jardins, vestiu o casaco e saiu.
Estava frio fora do castelo, demasiado frio… Mas ela não se importou. Desceu o caminho que dava á casa do Hagrid e continuou para dentro da floresta.
Não devia estar ali, e ela sabia. Mas havia um impulso incontrolável que lhe dizia para continuar.
- Não devias estar aqui… - Hermione assustou-se, e tropeçou num ramo, acabando por cair. Era uma voz fina, feminina.
- Quem és? – Ninguém respondeu. – Aparece!
Uma rapariga baixa, apareceu á frente dela do nada, fazendo-a dar um salto. Tinha duas tranças loiras que lhe prendiam o cabelo, e os olhos negros. Vestia um vestido branco que lhe dava pelos joelhos. Sorriu-lhe.
- Olá. – Disse a rapariga com uma voz doce.
- Olá… Quem é tu? O que estás a fazer aqui sozinha?
- Chamo-me Lam. E vivo aqui… - Deu outro sorriso. – E tu quem és?
- Hermione Granger… Os teus pais?
- O que são pais? – Hermione olhou para a rapariguinha surpreendida. Como é que a rapariga tinha chegado ali?
- Bem… pais tomam conta de nós… e estão ao nosso lado enquanto crescemos… - Ela não sabia explicar. A rapariga ficou a olhar para ela.
- Ok. E tu que fazes aqui?
- Vim apenas ver.
- Ah… És uma aluna daquela escola, não és? Eu costumo ver os alunos ás vezes quando andam pelos jardins. – Disse a menina, nunca deixando de sorrir. – Mas nunca fui lá dentro. É assustador pensar nisso. É como estar pressa. Não ver a floresta, e estar dentro de paredes que sobem mais alto que as árvores…
- Não é assustador, é quente. E tu deves estar a morrer de frio! Só com isso vestido. Anda eu levo-te para dentro.
- Está bem. – Hermione fez o caminho de volta para Hogwarts, sempre com a rapariga ao lado dela a fazer perguntas. Quando chegaram ao castelo, a menina começou a correr de um lado para o outro.
- Isto é giro… - Dizia enquanto corria pelo corredor olhando para todos os lados. Hermione apenas riu.
- Anda, vou levar-te para o meu dormitório. – Saltitando sorridente, Lam seguiu Hermione escadas a cima até chegarem ao retrato da Dama Gorda. A morena disse a senha e as duas entraram. A sala Comum estava vazia. Já no dormitório, Lam atirou-se para cima de uma cama.
- O que é isto? É confortável… - Pôs-se em pé na cama e começou a saltar, e ria.
- É uma cama. E serve para estar deitada… quando se vai dormir.
- Mas saltar é mais divertido.
- Desce daí anda. Vai tomar banho e depois veste qualquer coisa mais quente.
- Também têm lagos aqui? – Perguntou a menina saltando para o chão.
- Lagos? Não… É uma banheira. Anda eu mostro-te. – Hermione pegou na mão da loira e levou-a até á casa de banho. – Aquilo ali é uma banheira. – Disse apontando.
- Mas como e que se toma banho ali se não tem água? – Hermione foi até ás torneiras e abriu a da água quente.
-Esta é a torneira da água quente. E esta a da água fria. – Disse apontando para a torneira do lado. – Com as duas torneiras regulas a temperatura da água. Agora despe-te e entra na banheira.
Depois de uma hora na banheira, Hermione conseguiu convencer a pequena a sair. Deu-lhe umas roupas mais quentes e desceram as duas para o refeitório.
- É tão grande… - Disse Lam enquanto se sentava ao lado de Hermione. Hermione começou a servir-se. Não tinha tomado o pequeno-almoço e por isso tinha fome.
***********
Durante a tarde, Hermione guiou Lam pelos corredores do castelo, mostrando-lhe aquilo que conhecia, enquanto contava a história de Hogwarts. Na sala dos troféus falou das personalidades que mais marcaram a escola. Falou também dos fundadores de Hogwarts: Godric Gryfindor, Rowena Ravenclaw, Salazar Slytherin e Helga Hufflepuff.
- Estes foram os fundadores de Hogwarts. O corajoso Godric, a inteligente Rowena, o cruel Salazar e a meiga Helga.
- Como é que pessoas tão diferentes se juntaram?
- Eu não sei... O destino provavelmente juntou-os. Era assim que as coisas eram para acontecer, e foi assim que aconteceram.
- Porquê o destino? Como é que se sabe que ele existe? Se estamos destinados a fazer determinadas coisas, como é que podemos escolher?
- Nós podemos escolher, só que já estamos destinados a tomar essas escolhas. – Lam calou-se e continuaram a andar pelo castelo, com a pequena sempre atenta a tudo o que Hermione contava.
Anoiteceu. O sol desapareceu no céu dando lugar a uma lua meio cheia, que dourava o lago do castelo. No céu apenas duas estrelas se viam. Duas estrelas separadas, uma em cada canto, tímidas e fechadas na sua solidão.
Com Lam deitada na sua cama, Hermione ficou a olhar para ela, enquanto a noite se tornava cada vez mais escura, até que finalmente adormeceu.
*****
Na manhã seguinte, quando Hermione se levantou, Lam ainda dormia, enrolada nos lençois como um gato. Indefesa, inocente… Uma criança. Hermione sorriu. Como deseja poder voltar a ser uma criança. No tempo em que não havia preocupações nem responsabilidades, no tempo em que não entendia nada do que a rodeava… a ignorância de ser criança tornava-a feliz.
Tomou um banho demorado e vestiu uma roupa quente. Entretanto Lam acordou.
Hermione levou a menina para baixo e as duas tomaram o pequeno-almoço. Depois disso, Hermione levou Lam de volta para o dormitório.
- Quero que fiques aqui. Vou até ao gabinete do Dumbledor falar-lhe de ti.
- NÃO! – Berrou a rapariga. – Não me deixes aqui sozinha… - Disse começando a soluçar.
- Não demoro nada, eu prometo. O Dumbledor vai-te ajudar. Vá agora fica aqui quietinha e não saias daqui.
Hermione deixou o dormitório, e percorreu os corredores até ao gabinete da Professora Minerva Mcgonagal.
- Menina Granger. O que a trás aqui? – Perguntou a professora, olhando para ela por cima dos seus óculos.
- Queria falar com o professor Dumbledor.
- Lamento minha querida mas isso não vai ser possível. – Disse Minerva rispidamente, desviando o seu olhar da rapariga e voltando a sua atenção para um pergaminho de um trabalho de transfiguração.
- Porque não?
- Menina Granger… - A professora tirou os óculos, pousando-os em cima da secretária e olhou-a directamente nos olhos. – Não tenho de lhe dar quaisquer satisfações sobre os assuntos que levam o director a não poder falar consigo. No entanto, para que não ache que estou apenas a implicar… o director teve uma emergência e teve de sair. Saiu ainda á pouco e não sei quando tempo estará fora, mas até lá, a menina vai ter que guardar a sua conversa… a não ser que eu a possa ajudar… - Disse agora olhando intensamente para ela.
- Não obrigada, professora. Eu queria mesmo falar era com o Professor Dumbledor. Mas acho que terá de esperar.
Hermione deu meia volta, e saiu do gabinete, sobre o olhar atento da professora.
« O que seria tão urgente, para tirar Dumbledor de Hogwarts assim tão de repente?» Hermione queria muito falar com ele. Queria ajudar Lam, mas não era só isso. Ela também lhe queria perguntar sobre Sabrina, e sobre a sala onde estivera… tinha tantas perguntas para lhe fazer. E no entanto não iria obter respostas tão cedo.
*******
Antes da noite de natal, os alunos foram autorizados a ir a Hogsmeade. Hermione percorreu a vila, entrou em todas as lojas. Precisa de encontrar um presente para Lam.
Na 5 loja onde entrou estava cheia de figuras estranhas e incompreensíveis. Tinha amuletos da sorte, da amizade, do amor… E até alguns feitos para darem azar. Tinha colares em forma de bruxas, luas e sois, estátuas de personalidades mágicas… Uma enorme variedade de objectos que Hermione podia escolher. Respirou fundo e começou a inspeccionar as prateleiras. Em alguns objectos, ela parava e ficava a observá-los mais pormenorizados, enquanto pensava, mas depois abanando a cabeça continuava. Numa prateleira no meio da loja, Hermione viu o que sabia que Lam iria adorar. Não era mágico, nem nada de muito impressionante. Mas Hermione tinha muitos daqueles, o quarto cheio de globos de todos os tamanhos, com todas as imagens, uns com mais neve que outros mas todos belos.
Dentro do globo, estava Hogwarts, coberto de Neve, o castelo, os jardins, até um pouco da floresta lá estava. Todos os pormenores. Abanou o globo e deixou que Hogwarts fosse ataca por um nevão. Acabando por se perder nos flocos de neve que caiam, Hermione decidiu comprar aquilo. Depois o embrulhar, voltou para o castelo. Estava gelada.
A pequena loira, estava sentada em cima da cama há sua espera. E quando Hermione entrou, Lam sorriu e correu até ela, abraçando-a com os seus bracinhos pequenos.
- Olá. – Disse a morena sorrindo-lhe de volta. – Comprei-te um presente para amanhã.
- O que é?? – Disse a menina pulando excitada. – Deixa-me ver!
- Não. Só amanhã. – Lam parou de pular e voltou para a cama.
- Mas eu queria ver…
- Amanha. – Hermione riu da impaciência da outra, e guardando o presente sentou-se ao lado dela, começando a fazer-lhe cócegas. E assim começou uma guerra de cocegas que se prolongou durante meia hora, em que as duas corriam pelo quarto divertidas.
*******
No dia seguinte quando Hermione acordou Lam estava sentada ao seu lado olhando para ela.
- Já posso ver o presente? Já é de manha… olha. – Disse apontado para a janela. Hermione riu e abanando a cabeça disse que sim. A menina correu para ir buscar o presente e abriu-o apressadamente. Ainda com sono, a morena ficou a observar a outra abrir o embrulho impaciente. Um globo surgiu do meio dos papéis de embrulho, e Lam ficou hipnotizada a olhar para a imagem.
- Nós estamos ali dentro?
- Não… é só uma cópia.
- Oh… mas parece tão real… e tem pessoas lá dentro a andar. – Sem tirar os olhos do globo, Lam sentou-se em cima da cama a olhar para aquilo. Sorrindo Hermione levantou-se e vestiu-se.
- Anda, vamos tomar o pequeno-almoço.
O refeitório estava cheio de enfeites e apesar de serem poucos os alunos em Hogwarts naquele dia, havia muita excitação na sala, e estavam todos felizes com o que tinham recebido naquele dia.
- Bom dia. – Disse um rapaz ruivo aparecendo á sua frente.
- Bom dia. – Disse ela sorrindo. Outro rapaz apareceu por trás de Ron.
- Olá.
- Este é o Harry. Esta é a Hermione. – Disse o ruivo apresentando os dois. Os olhares deles cruzaram-se. Hermione deu um pequeno sorriso dando um tímido olá. E o rapaz contribuiu.
Sentaram-se nas enormes mesas do refeitório, e comeram enquanto conversavam alegremente. Ninguém parecia notar a presença de Lam, e a mesma mantinha-se calada ao lado de Hermione, até que desapareceu.
Hermione só a encontrou mais tarde a dormir em cima da sua cama.

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