Sexto Capítulo.
~~> Sexto Capítulo.
“Encontros e Desencontros”
Liu saiu da cozinha, voltou silenciosamente para o seu quarto, pegou sua capa preta, botou sua varinha em um lugar fácil de ser retirada caso fosse necessário, abriu uma gaveta de sua cômoda e retirou uma outra coisa, uma máscara.
- Melhor eu me prevenir... – Murmurou Liu enquanto colocava a máscara branca que lhe cobria os olhos e a parte esquerda inferior de seu rosto.
Após estar pronta, o que não demorou quase nada, Liu desceu e foi até a porta.
- As chaves... – Lembrou – se pouco antes de fechar a porta, tendo que voltar para pegar o molho de chaves. – Agora posso ir... – Adicionou saindo de casa junto com seu gato, e fechando a porta. – Primeira parada... – Recomeçou murmurando. – Casa da Lele... – Completou sorrindo. O capuz da capa escondia parte de seu cabelo e parte de seu rosto.
- Lele, você acha que eu devo ter algum tipo de esperanças?! – Perguntou Sirius repentinamente.
- Como assim?! – Perguntou Lele confusa.
- Quero dizer... – Recomeçou Sirius tentando soar mais claro. – Você acha que eu devo pensar na suposição do Pontas?! – Perguntou com uma cara confusa.
- Aquela da Liu estar viva?! – Perguntou Lele arqueando a sobrancelha direita.
- Essa mesma... – Respondeu Sirius abaixando a cabeça.
- Eu acho que a esperança é a última que morre... – Começou Lele. Sirius sorriu. – Mas nesse caso eu não sei se eu teria esperanças... – Completou. O sorriso antes estampado na face de Sirius se desfez.
- Ali está a casa da Lele... – Murmurou Liu para Eduzinho. – Uma rápida espiada, já que tem uma luz ligada na sala ela deve estar acordada... – Disse sorrindo e indo até a janela da casa de Lele.
- Lele, eu acho que eu vou para casa... – Pontuou Sirius. – Vou deixar você voltar a dormir... – Brincou.
- Não se preocupe Sirius, eu estou acostumada a ser acordada às três da manhã... – Brincou Lele sorrindo.
- Pensa positivo... – Começou Sirius. – Você vai voltar a dormir às quatro... – Disse sorrindo marotamente enquanto ia até a porta. Ainda estava escuro do lado de fora, o sol ainda não havia aparecido.
- Tchau Sirius... – Despediu – se Lele abrindo a porta. Liu tentava ver a casa pela janela da sala, mas não via ninguém, já que ambos estavam na porta. Eduzinho estava na frente da porta.
- Tchau Lele... – Despediu – se Sirius saindo da casa de Lele e olhando para a porta que se fechava. – Bom, agora é só... – Começou, mas logo parou ao ver quem estava em sua frente. – Eduzinho?! – Perguntou ao ver o gato, afinal poderia ser um gato branco comum.
- “Droga...” – Pensou Liu que estava na frente da janela, mas não havia sido vista por Sirius ainda.
- Miauu... – Eduzinho miou como se respondesse que “sim” para Sirius.
- O que você faz aqui garoto?! – Perguntou Sirius enquanto se abaixava e acariciava o gato. Liu tentava sair de lá silenciosamente. Eduzinho olhou para o lado. Sirius fez o mesmo.
- “Eu mereço...” – Pensou Liu pouco antes de sair correndo para um bosque cheio de árvores que havia ali perto. Eduzinho não pensou duas vezes antes de correr atrás dela.
- Volta aqui Eduzinho! – Disse Sirius pouco antes de correr atrás do gato e da sombra. – “De quem era o vulto?!” – Se perguntou enquanto corria por entre as árvores, seguindo o gato.
- “Nem para o Eduzinho parar de me seguir...” – Pensou Liu enquanto se esforçava o máximo para correr ainda mais.
- “Aff... Porque o Eduzinho está me fazendo correr atrás desse vulto?!” – Se perguntou Sirius tentando acompanhar a correria.
- “Vou tentar subir na árvore... Talvez ele não me veja...” – Pensou Liu que estava com uma vantagem relativa à Sirius, subindo numa árvore não muito alta, e se escondendo por entre os galhos. Eduzinho não subiu na árvore, apenas ficou embaixo dela como se quisesse dizer algo.
- Finalmente te alcancei Eduzinho... – Murmurou Sirius enquanto se recuperava da corrida. Teria sido o vulto apenas parte de sua imaginação?!
- Miauuu... – Miava o gato enquanto olhava para cima.
- “Fica quieto Eduzinho...” – Repetia Liu mentalmente, se esforçando para não falar nada.
- O que foi dessa vez, Eduzinho?! – Perguntou Sirius confuso. Eduzinho começou a arranhar a árvore. – Tem algo aí em cima é?! – Perguntou novamente olhando para cima.
- “Certo, cheguei num ponto que eu não tenho escapatória...” – Começou Liu em seus pensamentos. Sirius ainda não havia visto ela. – “A menos que...” – Pensou pouco antes de pular da árvore ainda de máscara e capa preta.
- Quem é você?! – Perguntou Sirius assustado. Afinal, em sua frente havia acabado de pular uma pessoa desconhecida. Algo lhe dizia que aquela pessoa não era uma ameaça para ele. – Você... – Murmurou ao olhar para a garota de capa e máscara. – É você... – Completou.
- Você fala assim pela metade, ou ficou com medo de mim?! – Perguntou Liu de maneira provocadora.
- Foi você que me salvou dos comensais... – Murmurou Sirius, sem mais nem menos um sorriso apareceu em sua face, e sua mão tocou sua corrente de coração.
- Sim, fui eu... – Disse Liu mantendo – se séria.
- O que você faz aqui, sendo perseguida pelo Eduzinho?! – Perguntou Sirius desconfiado. Liu sentiu como se sua cabeça fosse explodir.
- Quer dizer que esse gatinho vira – lata tem nome?! – Perguntou Liu.
- Claro... E ele não é vira – lata... – Respondeu Sirius seriamente.
- Fique claro para o senhor que eu ia fazer churrasquinho de gato... – Começou Liu se aproximando perigosamente de Sirius. – E esse gato seria o ingrediente principal... – Murmurou. Eduzinho estava sentado não muito longe, observando a cena como se estivesse tudo indo exatamente como deveria ser.
A proximidade entre Liu e Sirius era incrível. Liu sentiu o seu coração acelerar e se controlou para não deixar Sirius perceber isso. Sirius por sua vez, encarava o rosto mascarado da garota, e sentia uma vontade inexplicável de beijar aqueles lábios descobertos.
- Porque você usa uma máscara?! – Perguntou Sirius enquanto uma de suas mãos puxava Liu pela cintura para mais perto.
- Porque super – heroínas também têm que ter identidades secretas... – Respondeu Liu sorrindo sem querer.
- Qual é a sua identidade secreta?! – Sirius perguntou enquanto aproximava mais o seu rosto do rosto da garota de máscara. Sentia seu coração pulsar a mil.
- O ponto de ser secreta, é que ninguém sabe... – Respondeu Liu respirando fundo para se controlar.
Embora Liu lutasse tanto para se controlar e não cometer nenhum tipo de erro, Sirius, não conseguia mais se controlar, e em um impulso ele começou a beijar os lábios da garota.
O beijo começou suave, como se ainda fosse um pedido de permissão para um beijo maior. Liu queria resistir, mas não podia, sabia, no fundo, que necessitava de Sirius para ser feliz. Ao sentir que a garota não estava se opondo ao beijo, Sirius o intensificou, sendo correspondido pela garota. Liu sentia saudades daqueles lábios marotos. Sirius sentia algo inexplicável lhe percorrer, algo que ele só havia sentido uma única vez antes.
Liu tinha de fazer algo, não poderia destruir seus planos tão de repente. Ela precisava ser forte o suficiente para parar aquele beijo, mesmo que o universo inteiro estivesse conspirando contra ela, ela teria que ser mais forte.
Em um ato forçado, Liu separou os seus lábios dos lábios do maroto, e afastou – se dando dois passos para trás.
- Quanta audácia a sua! – Reclamou Liu.
- Diga que não gostou... – Murmurou Sirius com um sorriso maroto. Tem coisas que ninguém explica, ele havia acabado de beijar aquela que mais Amou, e não fora capaz de reconhecer ela após tal ato. Dizem que o que nossa mente não acredita existir, ou não sabe que existe, nossos olhos não vêem. Talvez tenha sido por isso que Sirius não conseguiu enxergar Liu na garota mascarada. Não que não quisesse, mas para ele ela estava morta e enterrada.
- Isso não vem ao caso! – Exclamou Liu dando mais passos para trás ao ver que Sirius estava se aproximando mais dela.
- Claro que vem... – Murmurou Sirius tentando se aproximar da garota mascarada, que por sua vez não tinha mais para onde recuar, já que havia se esbarrado em uma grande árvore.
- Não se aproxime nem mais um passo de mim, ou... – Começou Liu tentando ameaçar Sirius. Ela estava por um fio de por tudo a perder, ou melhor, por um beijo.
- Ou?! – Perguntou Sirius com um sorriso de provocação, porém parando de andar.
- Ou eu vou soltar um feitiço em você... – Respondeu Liu com sua varinha sendo segura por sua mão trêmula.
- Eu acho que você não faria isso... – Murmurou Sirius ao olhar para a mão trêmula da garota.
- Está enganado, garoto... – Começou Liu respirando fundo para tentar parar de tremer. – Eu faria isso sim... – Completou mesmo sabendo que provavelmente não faria nada.
- Você sabe que não... – Provocou Sirius dando mais um passo para frente.
- Eu falei para você não se aproximar mais de mim! – Gritou Liu. Sua cabeça dava giros com seus pensamentos, deixando – a atordoada. – “Ótimo, eu estou à beira de soltar um feitiço no Si, e não consigo mandar em minhas próprias pernas...” – Pensou ao notar que suas pernas estavam bambas.
- Vamos, solte um feitiço em mim... – Provocou Sirius novamente abrindo os braços como se quisesse ser atingido por um feitiço.
- Locomotor mortis! – Disse Liu sem parar para pensar, deixando Sirius incapaz de andar.
- Vejo que você estava falando sério... – Pontuou Sirius pegando sua própria varinha e revertendo o efeito do feitiço. Liu se encontrava em um quase estado de choque pelo que havia feito.
- Sempre falo sério... – Disse Liu num fino fio de voz. – Agora saia daqui, e me deixe seguir com esse gato vira – lata... – Pediu com o pouco de força que lhe restava.
- O “gato vira – lata” vai comigo... – Falou Sirius com uma voz séria.
- Não mesmo, ele é o meu jantar... – Retrucou Liu. Ambos estavam com as varinhas em mãos. Eduzinho agora olhava para aquela cena como se não estivesse gostando nada daquilo.
- Eu proponho um duelo... – Começou Sirius. – Mesmo sendo contra todos os meus conceitos duelar contra uma garota, quando se trata do bem estar do gato da pessoa que mais me foi importante na minha vida, eu estou disposto a tudo! – Disse sorrindo marotamente. – Quem vencer o duelo, leva o gato... – Adicionou por fim.
- “Como eu vou duelar contra o Si?!” – Se perguntou Liu, ela já suava frio. – Eu aceito... – Respondeu após um tempo. – “Eu não quero te machucar Si...” – Pensou baixando a cabeça, mas a levantando rapidamente.
- Como é um duelo civilizado... – Começou Sirius. – Acho que devemos nos cumprimentar primeiro... – Disse.
- Concordo com você... – Murmurou Liu. Ambos curvaram – se um para o outro e depois estabeleceram certa distância. – Boa sorte... – Desejou olhando para Sirius que sentia algo lhe dizendo para parar com aquilo.
- Boa sorte para você também... – Desejou Sirius. – Só com sorte você ganhará esse duelo... – Adicionou em forma de provocação.
- “Só com sorte eu vou conseguir iniciar um duelo com você...” – Pensou Liu. – “Uma coisa é um feitiço que te deixa sem puder andar, outra coisa é um duelo...” – Adicionou em pensamentos. – Quanto mais alto o pedestal em que nos colocamos maior é a nossa queda... – Pontuou.
- Expelliarmus! – Disse Sirius rapidamente. Mas Liu desviou a tempo de não ser desarmada. Eduzinho miava sem parar.
- Errou... – Provocou Liu sorrindo.
- E você, que nem tentou?! – Provocou Sirius de volta. – Estupore! – Disse em seguida.
- Protego! – Falou Liu a tempo de se defender do feitiço lançado por Sirius. Sua cabeça continuava girando.
- Vai ficar só se protegendo, é?! – Perguntou Sirius com um sorriso de provocação.
- Não me provoque garoto... – Murmurou Liu. Sua mente já estava começando a confundir as coisas, lutava para se manter em pé.
- Se eu te provocar você vai fazer o quê?! – Perguntou Sirius. – Chorar?! – Provocou.
- Eu disse para não me provocar... – Murmurou Liu sentindo seu rosto ferver e sua respiração descompassar.
- Vá, corra para sua mãe chorando... – Voltou a provocar Sirius. – Apenas me deixe levar o gato para casa... – Adicionou.
- Cala a boca garoto... – Disse Liu elevando o tom de voz. Sua mente estava confusa, seus batimentos cardíacos acelerados, sua respiração ofegante.
- Não calo não... – Retrucou Sirius no mesmo tom de voz que a garota mascarada.
- Langlock! – Gritou Liu de repente sem se dar conta do que estava fazendo.
Sirius sentiu sua garganta travar, tentava falar algo, mas não conseguia, seu coração doía e ele não sabia por quê.
- “Sirius...” – Pensou Liu ao ver em quem havia lançado aquele feitiço. – Anapneo... – Disse arrependida, retirando o efeito do feitiço. Começou a se sentir mal, os giros de sua cabeça se intensificaram, seu coração começou a bater de forma frenética, respirar estava se tornando difícil. – Vá embora com o gato e me deixe em paz... – Pediu enquanto se sentia tonta.
- Você está bem?! – Perguntou Sirius preocupado, tentando olhar nos olhos da garota, sabia que ela não queria lançar aquele feitiço nele.
- Me deixe em paz... – Murmurou Liu saindo de lá com dificuldades para se manter em pé.
- Vamos Eduzinho, vai chover... – Disse Sirius enquanto pegava Eduzinho, que estava com uma aparência de preocupação, no colo e obedecia a garota mascarada, deixando – a em paz. Embora fosse cinco da manhã, o sol não brilhava no céu devido às múltiplas nuvens cinza de chuva.
- “Eu não acredito que eu fiz aquilo...” – Remoia Liu em pensamentos enquanto sentia as primeiras gotas de chuva lhe tocar as mãos descobertas. – “Eu sou uma idiota...” – Pensava enquanto sentia – se tonta e se apoiava nas árvores para conseguir seguir adiante.
A chuva começou a ficar mais forte. Sirius resolveu ir para a casa de Douglas entregar Eduzinho, mas lançou um feitiço impermeável nele e no gato para que não se molhassem. Liu por sua vez continuava a andar pelo bosque com a cabeça girando.
- Eu não podia ter feito aquilo... – Murmurou Liu de cabeça baixa. Seu coração batia tão rápido que era como se não batesse, sua respiração estava num ritmo tão acelerado que era como se nem ao menos um pouco de ar entrasse em seus pulmões.
A garota sentiu seus pés tropeçarem um no outro, logo em seguida sentindo seu corpo cair na terra molhada que estava embaixo de seus pés.
- Eu não posso desistir... – Murmurou a garota de máscara enquanto se levantava com muito esforço. Sentiu como se o ar antes raro tivesse se tornado nulo, então retirou a máscara numa tentativa de buscar ar. Ao ver que não adiantava, voltou a colocar a máscara, e respirou fundo talvez pela última vez. Sentiu o chão, que antes estava debaixo de seus pés, desaparecer. Sentiu o peso de suas roupas molhadas. Sentiu sua cabeça girar intensamente por uma última vez. Percebeu o suor frio escorrer – lhe a face. Buscou por ar de novo, não achou, em seguida caiu desmaiada na terra molhada e fria do bosque.
Por de trás de uma árvore, um homem apareceu e carregou o corpo desmaiado da garota mascarada para longe daquele lugar.
- “Será que tem alguém acordado?!” – Se perguntou Sirius enquanto tocava a campainha.
- “Quem será a essa hora?!” – Se perguntou Douglas enquanto descia as escadas para atender a porta. – Sirius?! – Perguntou ao abrir a porta.
- Bom dia, Douglas... – Saudou Sirius. – Vim trazer o Eduzinho de volta para casa... – Completou entregando o gato para Douglas.
- Eduzinho... – Murmurou Douglas sem acreditar em seus olhos. No tom de sua voz era possível perceber certo pânico misturado com preocupação.
- Não precisa se preocupar... – Recomeçou Sirius. – Ele saiu ileso da aventura que foi fazer... – Disse num tom de brincadeira.
- Errr... Obrigado Sirius, por trazer o Eduzinho de volta... – Agradeceu Douglas com uma cara confusa. – “Mesmo eu não tendo percebido que ele havia sequer saído...” – Completou em pensamento. – Aonde ele foi parar?! – Perguntou por fim. – Ah...entre... – Adicionou ao lembrar que Sirius estava do lado de fora.
- Eu estava saindo da casa da Lele quando eu o vi do lado de fora... – Respondeu Sirius entrando na casa de Douglas. – Ele tentou fugir de novo e então eu percebi que ele tava correndo atrás de alguém, que era uma garota mascarada, que ia fazer churrasco de gato com o Eduzinho, mas que após uma conversa e um duelo, acabou saindo de lá... – Disse rapidamente. Douglas ficou boquiaberto.
- Licença, eu vou acordar a Bel... – Mentiu Douglas. – Volto em um segundo... – Adicionou subindo as escadas feito um foguete para verificar se Liu se encontrava em seu quarto.
Ele entrou no quarto e viu que nem Liu, nem sua capa, estavam lá. Ia entrando em desespero quando lembrou – se de que Sirius ainda se encontrava naquela casa, e que teria de fingir estar feliz por Sirius ter achado o Eduzinho, e não desesperado por Liu ter desaparecido.
- Acorda Bel... – Murmurou Douglas enquanto cutucava a garota loira que estava dormindo.
- Me deixa dormir, ainda não está na hora do almoço... – Murmurou Bel sonolenta.
- Acorda, por favor... – Pediu Douglas ainda cutucando Bel.
- Está bem, você venceu... – Disse Bel acordando. – Ué, cadê a Liu?! – Perguntou ao olhar para o lado e ver a cama da amiga vazia.
- O Sirius está lá embaixo... – Respondeu Douglas.
- Ah sim... – Começou Bel. – Então a Liu já foi se esconder... – Disse como se aquilo fosse óbvio.
- Não... – Falou Douglas de repente. – O Sirius está lá embaixo porque a Liu sumiu... – Pontuou.
- Ele descobriu que ela está viva?! – Perguntou Bel sorrindo sem querer.
- Não que eu saiba... – Respondeu Douglas.
- Então como você diz que ele está aqui por causa do desaparecimento da Liu?! – Perguntou Bel confusa.
- Eu não sabia que a Liu tinha sumido até que ele chegou aqui com o Eduzinho nas mãos... – Respondeu Douglas com uma cara séria.
- Ihh... – Murmurou Bel. – Isso definitivamente não é bom... – Pontuou.
- Ela fez a única coisa que eu pedi para ela não fazer... – Começou Douglas. – Saiu sem avisar para onde ia... – Completou.
- E agora?! – Perguntou Bel.
- Agora nós vamos descer e fingir que nada aconteceu... – Respondeu Douglas. – E quando o Sirius sair eu vou procurar a Liu, e você vai ficar aqui em casa para se ela chegar aqui antes de eu encontrar ela... – Completou.
- Sim senhor! – Concordou Bel. Douglas desceu enquanto Bel ia se arrumar para descer.
- Pronto... – Começou Douglas ao chegar na sala. Sirius estava sentado no sofá, e Eduzinho andava impaciente de um lado para o outro. – Desculpa a demora, a Bel demorou a acordar... – Disse sorrindo.
- Douglas... – Murmurou Sirius. – Eu encontrei outro papel com o código... – Confessou em um murmúrio. – Mas eu ainda não tive tempo de olhar... – Murmurou. – Me ajuda a descobrir?! – Perguntou por fim.
- Claro... – Respondeu Douglas tentando não passar para Sirius a sua preocupação.
- Vou te mostrar o papel então... – Pontuou Sirius. Douglas gelou, teria que ajudar Sirius rapidamente, para puder procurar Liu. Mas e se demorasse?! Cada segundo poderia ser fatal para a garota.
- Certo... – Concordou Douglas. Ao olhar para o relógio notou que eram seis da manhã. Seis da manhã de uma manhã chuvosa e sombria.
- Então vamos começar... – Começou Sirius com o papel em mãos. – Essa palavra eu sei que é Sirius... – Pontuou ao ver a primeira palavra que estava escrita dentro de um coração. – O problema é essa... – Disse apontando para a segunda palavra.
- Então como é que fica por enquanto?! – Perguntou Douglas com o olhar fixo para o relógio.
- “Sirius & ??is?”... – Respondeu Sirius substituindo as letras que ele sabia.
- Errr... – Murmurou Douglas. Ele não estava conseguindo pensar em nada. – Bel! – Exclamou ao ver a garota loira adentrar a sala.
- Bom dia queridos! – Saudou Bel sorrindo.
- “Chegou a salvadora da pátria...” – Pensou Douglas, afinal, Bel sabia o código.
- Belzinha! – Saudou Sirius. – Da uma olhada nisso e me diz o que você acha ser a segunda palavra... – Pediu entregando o papel para Bel.
- Conhecendo a Liu... – Começou Bel tentando dar uma explicação para o fato de ela estar quase descobrindo a palavra. – Eu diria que a segunda palavra é “Elisa”... – Respondeu sorrindo. – Formando “Sirius & Elisa”... – Completou.
- Faz sentido... – Concordou Sirius. – Deixe – me ver como ficam essas novas letras na frase... – Adicionou pegando outro papel de seu bolso.
“??S ??R??S ??L?EI, ?ARA ??S ?I??S ?E ?I??AR”
- Agora só me falta descobrir as outras letras... – Murmurou Sirius.
- Se eu achar algo que possa te servir de ajuda eu juro que eu te mostro... – Prometeu Bel sorrindo.
- “Onde eu estou?!” – Se perguntou Liu ao abrir os olhos, olhar ao seu redor e não reconhecer o local onde estava. – “Porque exatamente é que eu estou sentada com as mãos amarradas por cordas em uma cadeira?!” – Se perguntou novamente ao notar a situação em que se encontrava.
- Você cometeu o maior erro de sua vida ao matar a minha esposa... – Uma voz masculina ecoou pela sala de madeira escura. Liu sentiu um calafrio lhe percorrer o corpo. Para sua sorte, sentia que ainda estava de máscara.
- Meu maior erro foi ter lhe deixado viver... – Corrigiu Liu seriamente ao ver a figura de um homem alto, porém gordinho, barba grande e negra, olhos de cor clara, cabelos castanhos ondulados até a altura do queixo que praticamente se juntavam com a barba no final, expressão de mau humor aparente, sobrancelhas unidas no meio, era ele, o comensal que havia ficado vivo.
- Isso foi uma burrice na verdade... – Retrucou o comensal.
- Não se preocupe, não cometerei o mesmo erro duas vezes... – Provocou Liu com um sorriso, embora ela não estivesse com nenhuma vantagem sobre o seu oponente.
- Vai fazer o quê?! – Perguntou o homem com total provocação no tom de voz. – Me bater?! – Provocou. – Jogar um feitiço em mim?! – Pergunto enquanto mostrava que a varinha de Liu estava nas mãos dele. – Porque eu acho que você não vai puder fazer nada disso... – Completou com um sorriso de provocação e vitória.
- Nunca faça um julgamento precipitado de seus oponentes... – Aconselhou Liu. – A situação em que eu me encontro pode facilmente ser revertida... – Pontuou. Suas mãos tentavam desembaraçar os nós da corda por trás.
- Duvido... – Murmurou o homem se aproximando de Liu. – Eu vou te matar, assim como você fez com a minha esposa... – Sussurrou no ouvido de Liu. – Mas antes disso eu vou te fazer sofrer, garota arrogante... – Disse se afastando um pouco de Liu.
- Tente... – Provocou Liu ainda tentando resolver o problema do nó.
- Mas primeiro, acho que vou tirar essa máscara para ver o rosto de quem eu vou torturar... – Disse o comensal sorrindo. O coração de Liu gelou.
- Douglas, Bel, obrigado por terem me ajudado... – Agradeceu Sirius sorrindo.
- Disponha... – Disseram Bel e Douglas juntos. Douglas ainda olhava para o relógio.
- Bom, eu vou voltar para casa... – Murmurou Sirius. – Até outro dia... – Disse por fim.
- Até outro dia Sirius... – Murmurou Douglas enquanto acompanhava Sirius até a porta.
Ao ver que Sirius já havia saído de lá, e ao ter certeza de que havia fechado a porta, Douglas correu para pegar sua varinha, e voltou para frente da porta o mais rápido que pôde.
- Me deseje sorte meu Amor... – Pediu Douglas na porta de casa ao lado de Bel.
- Muita boa sorte Doug... – Murmurou Bel em seguida dando um selinho no namorado.
- Vem Eduzinho... – Chamou Douglas rapidamente já com a porta aberta.
- Porque você vai levar o Eduzinho?! – Perguntou Bel confusa.
- Já ouviu o ditado, “Quem não tem cão caça com gato”?! – Perguntou Douglas sorrindo. – Até mais tarde... – Disse por fim saindo depressa de lá e indo para o ponto de partida, a casa de Lele.
- Eis à hora de te conhecer, pirralha... – Disse o comensal com um sorriso de ironia nos lábios.
Bem lentamente, quase que de forma torturadora, o homem barbudo tirou a máscara do rosto da garota, revelando um rosto que deveria estar morto.
- Você... – Murmurou o comensal dando passos para trás. – Você é a sobrinha da Marta, você deveria estar morta... – Disse quase gaguejando. – Alias, você morreu, saiu nos jornais... – Adicionou em pânico. Afinal, em sua frente estava uma garota morta.
- Ops... – Murmurou Liu. – Acho que agora você não vai puder me matar, não é?! – Disse de maneira provocadora. – Afinal, eu já estou morta... – Completou com um sorriso misterioso. – Mas, da onde você conhece a minha tia?! – Perguntou confusa.
- Eu era o melhor amigo do pai da filha dela... – Murmurou o comensal. – Continuo sendo, na verdade... – Completou.
- O pai da filha dela morreu há muito tempo... – Pontuou Liu com uma cara confusa. Estava se aproveitando da situação para tentar ainda mais retirar o nó.
- O Nosferato?! – Perguntou o comensal. Liu assustou – se com a informação. – Ele está vivo, e você sabe disso... – Pontuou. – Ahhhhh!! – Exclamou repentinamente. – Agora eu entendi porque você defendeu aquela garotinha... – Murmurou. – Ela é a filha da Marta, sabia que reconhecia aqueles olhos, ainda bem que eu não a matei... – Disse rapidamente. – Logo, ela é a sua prima... – Adicionou por fim.
- Meus motivos para fazer o que eu faço não lhe interessam de nada... – Falou Liu com um ar de superioridade.
- Você deveria aprender a controlar a sua língua, pirralha... – Aconselhou o comensal se aproximando de Liu.
- E você deveria aprender a dar melhores nós... – Retrucou Liu pegando a corda que antes amarrava as suas mãos e envolvendo – a ao redor do pescoço do comensal, enquanto rapidamente pegava sua varinha de volta, e tentava correr para longe dali.
- Hey! – Exclamou o comensal tirando a corda de seu pescoço e jogando longe, ao mesmo tempo em que com a outra mão pegava sua varinha. – Aonde você pensa que vai?! – Perguntou ao parar em frente à Liu.
- Deixe – me ver... – Começou Liu fingindo pensar em algo. – Para longe daqui?! – Respondeu em tom de ironia.
- Não mesmo defuntinha... – Murmurou o comensal. – Para sair você vai ter que me derrotar em um duelo... – Disse com um sorriso misterioso.
- E se eu não quiser?! – Perguntou Liu com a sobrancelha esquerda arqueada. Ambos estavam na sala escura da casa ainda, se é que aquilo poderia ser chamado de casa.
- Você não tem querer... – Respondeu o comensal com a varinha apontada para Liu. – Se você fugir, eu vou atrás daquele garoto que estava junto com a sua prima... – Adicionou ao ver que Liu fazia menção de escapar.
- Se você ousar tocar em um fio de cabelo do meu Sirius Black, eu juro que não vai sobrar nem meio pedacinho da sua pessoa para contar história... – Ameaçou Liu com uma cara séria e com raiva correndo em suas veias e artérias.
- EVERTE STATUM! – Gritou o comensal. Liu voou longe dando piruetas no ar.
- INCARCEROUS! – Gritou Liu de volta quando conseguiu se levantar da queda que havia sofrido devido ao feitiço anteriormente lançado pelo comensal.
- Sua insuportável!! – Exclamou o comensal enquanto tentava se livrar das cordas que estavam presas em seu corpo.
- Seu... Hmm... Papai Noel falsificado! – Disse Liu sorrindo marotamente. – Vou te apresentar a um pequeno feitiço... – Completou, e ao balançar a varinha o comensal ficou de cabeça para baixo. – Como é o ar aí em cima?! – Perguntou num tom de provocação.
- Me põe no chão fedelha! – Ordenou o comensal.
- Faltou uma palavrinha mágica... – Pontuou Liu se divertindo com a cena.
- Me bote no chão agora! – Ordenou o comensal novamente. Liu “obedeceu”, fazendo um contra – feitiço que fez com que o comensal tombasse no chão de maneira bruta.
- Satisfeito?! – Perguntou Liu com um sorriso vitorioso.
- Só quando você estiver morta... – Respondeu o comensal.
- Querido, se liga, eu já estou morta... – Disse Liu com um sorriso de ironia aparente.
- SERPENSORTIA! – Gritou o comensal, fazendo com que da ponta de sua varinha surgisse uma cobra venenosa. Liu apenas riu.
- Esse é o seu melhor?! – Perguntou Liu num tom de provocação. – VIPERA EVANESCA! – Acrescentou fazendo com que a cobra fosse destruída.
- Não, esse não é um terço do que eu posso fazer criança... – Respondeu o comensal com um sorriso enigmático.
- Graças a Merlim, porque se fosse, esse duelo seria muito do sem graça... – Provocou Liu sorrindo de volta.
- AVA... – Começou o comensal.
- Esse não! – Gritou Liu impedindo que o comensal lançasse o feitiço.
- Pensei que mortos não tinham medo de morrer... – Provocou o comensal.
- Pensei que os vivos tivessem certo prazer em viver... – Retrucou Liu.
- Como se sente a beira de morrer de novo?! – Perguntou o comensal.
- Como você se sente à beira da morte?! – Retrucou Liu sorrindo.
- Quero ver você dizer mais alguma coisa agora... – Murmurou o comensal. – MIMBLE WIMBLE! – Disse com raiva.
- “Eu não preciso falar para te enfeitiçar, seu otário...” – Pensou Liu com uma cara maléfica. Balançou sua varinha e seu oponente foi jogado longe.
- Então a criança é boa em feitiços não verbais... – Murmurou o homem após se levantar de sua queda. – CRUCIUS! – Gritou enfurecido. O corpo de Liu desabou no chão se contorcendo em dores.
- “Maldito...” – Pensou Liu em meio a tanta dor. De repente o efeito do feitiço parou, e ao olhar para frente Liu viu um gato branco mordendo e arranhando a perna do comensal.
- Me larga gato estúpido! – Gritou o homem pouco antes de chutar o gato com toda sua força, fazendo com que ele batesse na parede e caísse desmaiado.
- Nin...nin...guém...fa...faz...isssssoo...co...coo...com...o...me...meu...g...gg..gaa...gato! – Exclamou Liu ainda no chão, sem forças para se levantar.
- Como é?! – Perguntou o comensal em um tom de pirraça. – Desculpa, mas eu não consegui te entender... – Adicionou com um sorriso de vitória.
- Ela disse que ninguém faz isso com o gato dela... – Falou uma voz vinda de trás do comensal. – E eu lhe digo ainda mais... – Continuou. – Ninguém faz isso com a minha irmã e sai ileso! – Disse num tom mais alto de voz, deixando transparecer toda a raiva que estava sentindo. Em seguida deu um soco na cara do comensal.
- Seu... – Começou o comensal com raiva, com a mão no local da face que havia sido atingido pelo soco.
- Do...do...Douglas! – Exclamou Liu ainda no chão.
- Finite Incantatem... – Disse Douglas apontando sua varinha para Liu.
- Agora que eu já posso falar... – Começou Liu com uma cara maligna enquanto olhava para o comensal. – Eu, se fosse você, começava a correr... – Aconselhou sorrindo de maneira enigmática.
- Dois contra um, e mesmo assim vocês vão perder... – Provocou o comensal.
- A palavra “perder” não consta no meu dicionário... – Retrucou Douglas. O comensal estava exatamente no meio entre Douglas e Liu. Eduzinho ainda estava desmaiado no chão perto de uma parede.
- Talvez seja uma boa hora de você comprar um dicionário novo... – Aconselhou o comensal barbudo com um sorriso de superioridade.
- Talvez não seja necessário... – Retrucou Liu enquanto finalmente se levantava. – Você não deveria ter feito aquilo com o Eduzinho... – Murmurou enfurecida enquanto olhava para o seu gato. – Mexeu com ele, mexeu comigo... – Continuou.
- Mexeu com ela, mexeu comigo... – Adicionou Douglas.
- Mexeu com a gente... – Continuou Liu. – Melhor não continuar a frase... – Disse com um sorriso maroto. – AVADA KEDAVRA! – Gritou repentinamente, o corpo pesado do comensal tombou no chão. Douglas olhou para Liu surpreso, a garota mantinha o sorriso maroto nos lábios, e demonstrava ter tido certo prazer ao matar o comensal.
De repente Liu sentiu tudo girar, o sorriso se desfez, o suor começou a escorrer de sua face. Douglas correu, deu somente tempo de chegar e impedir que ela caísse no chão, desmaiada.
- Oh droga... – Murmurou Douglas. – Como eu vou levar o Eduzinho e a Liu para casa de volta?! – Perguntou mais para si mesmo. – Levando em conta que os dois estão desacordados... – Completou. – Se eu deixar o Eduzinho sozinho e ele acordar, ele foge... – Recomeçou Douglas. – Se eu deixar a Liu sozinha, bom, deixar a Liu sozinha é sempre um perigo... – Continuou. – Só se... – Murmurou no final.
Douglas botou, delicadamente, Liu no chão. Em seguida foi até onde Eduzinho estava e o pegou com uma das mãos. Voltou para onde Liu estava, segurou ela com a outra mão, a mão onde estava sua varinha, como se fosse abraçar ela. Depois aparatou diretamente para dentro de casa com os dois.
- Doug! – Exclamou Bel após ter tomado um susto com a chegada inesperada de Douglas no meio da sala.
- Pega o Eduzinho, Bel... – Pediu Douglas. Bel obedeceu.
- O que houve?! – Perguntou Bel enquanto segurava o corpo desmaiado do gato com suas mãos. – Porque estão os dois desmaiados?! – Perguntou em seguida.
- O Eduzinho levou um chute e bateu a cabeça na parede... – Respondeu Douglas. – A Liu, eu não sei o que houve... – Disse em seguida, o tom de preocupação na voz dele estava evidente. Liu já estava sendo carregada por Douglas.
- Vê se ela está com febre... – Pediu Bel.
- Vou levar ela lá para cima, e vejo isso... – Disse Douglas. – Mas eu acho que ela está com febre sim... – Acrescentou.
- O que eu faço com o Eduzinho?! – Perguntou Bel confusa.
- Traga ele para cá para cima... – Gritou Douglas já no topo da escada.
- Sim senhor! – Brincou Bel subindo as escadas com o Eduzinho em suas mãos.
Douglas colocou o corpo desmaiado de Liu na cama dela. Bel por sua vez, ia botando Eduzinho na cama dele, quando o gato acordou e foi deitar do lado de Liu. Bel e Douglas ficaram ali um tempo esperando Liu acordar, mas deu a hora do almoço e Douglas foi descer para preparar algo para comerem, e Bel desceu logo em seguida quando a campainha tocou, restando apenas Eduzinho e Liu no quarto.
- Quem é?! – Perguntou Bel antes de abrir a porta.
- Um amigo da Liu... – Respondeu a voz vinda do lado de fora. Bel abriu a porta.
- Mathews, certo?! – Perguntou Bel ao abrir a porta e ver o garoto de cabelos castanhos.
- Então ela falou de mim... – Murmurou Mathews com um sorrisinho estampado no rosto. Suas mãos estavam para trás. – Ela está aí?! – Perguntou em seguida.
- Bom... – Começou Bel sem saber o que responder. – Ela, no momento, não está em estado de ver ninguém... – Respondeu com uma cara pensativa.
- Ela está bem?! – Perguntou Mathews ao ver a cara de Bel.
- Não... – Respondeu Bel sem conseguir mentir.
- Eu posso ver ela?! – Perguntou Mathews logo em seguida.
- Acho que não sei... – Respondeu Bel confusa.
- Quem é Bel?! – Perguntou Douglas gritando da cozinha.
- Aquele amigo da Liu! – Gritou Bel de volta. Douglas foi até a porta.
- Ela está indisposta, volte mais tarde, ou não volte... – Disse Douglas curto e grosso.
- Bom... – Murmurou Mathews. – Eu só vim aqui entregar isso para ela e perguntar se ela queria almoçar fora comigo... – Disse mostrando um buquê de rosas brancas. – Você pode ao menos entregar isso para ela?! – Perguntou olhando para Bel. Douglas demonstrava estar com ciúmes.
- Claro... – Respondeu Bel.
- Eu entrego... – Disse Douglas pegando o buquê da mão de Mathews. – Até mais ver... – Completou fechando a porta na cara do garoto e indo em direção às escadas.
- Não se preocupe, é ciúme de irmão... – Murmurou Bel após abrir rapidamente a porta.
- Claro... – Riu Mathews que já estava se preparando para sair de lá.
- Passe aqui mais tarde, até lá ela já deve ter acordado... – Aconselhou Bel no final com um sorriso maroto.
- Passarei... – Disse Mathews com um belo sorriso nos lábios.
- Até mais tarde então... – Despediu – se Bel.
- Até... – Murmurou Mathews indo embora.
- Nossa... – Murmurou Bel enquanto fechava a porta. – Vou ter que agir ainda mais rápido, senão definitivamente o Sirius vai sobrar... – Adicionou enquanto ia para as escadas.
- Douglas?! – Perguntou Liu num murmúrio ao abrir os olhos e ver a figura de seu “irmão” colocando flores num jarro, em cima de uma mesinha perto da cama.
- Liu! – Exclamou Douglas feliz. – Eu disse que não era para você sair sem me avisar, e você me prometeu que não ia fazer isso... – Reclamou em seguida. Liu fez uma cara de tédio.
- Cortando a parte da bronca... – Começou Liu. – Rosas brancas?! – Perguntou em meio a risos.
- Owww... – Murmurou Douglas. – Foi o seu “amiguinho” Mathews que veio entregar... – Disse num tom de ciúmes.
- E você, obviamente, o expulsou à vassouradas! – Brincou Liu ao notar que o irmão estava com ciúmes.
- Não, eu peguei o buquê e disse “Até mais ver”... – Retrucou Douglas.
- E provavelmente fechou a porta na cara dele antes que ele dissesse qualquer coisa... – Adicionou Liu.
- Talvez... – Murmurou Douglas.
- Sabe Douglas... – Começou Liu com uma cara séria. – Eu sei que eu disse que não ia mais pedir ajuda para você... – Murmurou.
- O que houve?! – Perguntou Douglas preocupado.
- Se eu quero mesmo me vingar, provavelmente, na verdade, com certeza, eu vou ter que duelar com a minha Tia e com o namoradinho dela... – Começou Liu. – Bom, se eu quero vencer, eu não posso ser fraca... – Disse calmamente.
- Você quer que eu te treine, acertei?! – Interrompeu Douglas repentinamente.
- Isso mesmo... – Respondeu Liu sorrindo um sorriso amarelo.
- Pode contar comigo... – Disse Douglas. – Posso botar uma condição?! – Perguntou em seguida.
- Qual?! – Perguntou Liu curiosa.
- Você vai contar... – Começou Douglas.
- Eu aprendo sozinha então... – Interrompeu Liu rapidamente, antes mesmo que Douglas conseguisse terminar a frase.
- Você nem esperou eu terminar a frase... – Pontuou Douglas.
- Você ia dizer “Você vai contar tudo para o Sirius”... – Disse Liu imitando Douglas.
- Não mesmo... – Retrucou Douglas.
- Era o quê então?! – Perguntou Liu com uma cara de tédio.
- Você vai contar tudo o que eu e a Bel sabemos, para o Sirius! – Respondeu Douglas com um sorriso maroto.
- Engraçado... – Murmurou Liu. – Me parece o mesmo conteúdo da minha frase... – Disse ironicamente.
- Vai ver que é por que foi... – Murmurou Douglas.
- Vou ter que aprender sozinha mesmo então... – Murmurou Liu fazendo drama.
- There is no future...(Não existe nenhum futuro...) – Começou Douglas. – There is no past...(Não existe nenhum passado...) – Continuou como se estivesse cantando.
- Douglas, você andou bebendo?! – Liu perguntou curiosa.
- Thank God this moment is not the last! (Graças a Deus esse momento não é o último...) – Cantou Douglas de repente, pegando Liu de surpresa.
- Não precisa responder a minha pergunta, já vi que sim... – Disse Liu divertida.
- There is only us…(Só existe nós…) – Continuou Douglas cantando. – There is only this…(Só existe isso…)- Completou.
- Gostei da música… - Brincou Liu.
- Forget regret, or life is yours to miss…(Esqueça do arrependimento, ou a vida é sua para perder...) - Terminou Douglas com um sorriso.
- Você anda vendo muita TV... – Constatou Liu com a sobrancelha esquerda arqueada.
- Você não entendeu o que eu quis dizer... – Pontuou Douglas.
- Você quis dizer, pelas entrelinhas, que você bebeu depois que eu sumi... – Começou Liu. – E que o almoço que você estava fazendo acabou de queimar... – Completou ao sentir um cheiro de queimado.
- Dane – se o almoço... – Murmurou Douglas. – O que eu quis dizer foi... – Recomeçou seriamente. – Você não pode viver no passado Liu, senão você se esquece de viver o presente... – Continuou. – E nunca se sabe quando é o último momento de ninguém... – Completou. – Já pensou se amanhã o Sirius aparece morto?! – Perguntou. – Aposto que você ia ficar se lamentando o resto dos seus dias por não ter dito por uma última vez o quanto você o Amava... – Se auto – respondeu.
- Lá vamos nós recomeçar o papo de quão arrependida eu estou, e do quanto eu deveria desistir da minha vingança e correr para os braços do Si gritando “Eu te Amo Si! Perdoa-me, por favor... Prometo que nunca mais irei machucar o seu coração!” – Disse Liu rapidamente enquanto gesticulava com as mãos.
- Uma vez na vida escuta alguém Liu! – Exclamou Douglas.
- Vou dormir... Boa noite! – Disse Liu se virando de lado na cama.
- Ainda está na hora do almoço... – Murmurou Douglas enquanto olhava para o teto.
- Eu sei... – Pontuou Liu. – Mas eu não quero falar sobre o assunto que você quer falar... – Continuou. – E eu ainda tenho que pensar em como eu vou me ensinar a duelar bem! – Completou rapidamente.
- Não se preocupe... – Murmurou Douglas. – Eu te ensino do mesmo jeito... – Completou. – Mas... – Recomeçou.
- Sem “mas”, nem “entretanto”, ou “porém” e derivados! – Exclamou Liu sorrindo enquanto voltava a encarar Douglas.
- Eu só ia dizer que... – Continuou Douglas.
- Lalalalalaa!! – Interrompeu Liu tampando os ouvidos.
- Parei! – Disse Douglas enquanto levantava as mãos em sinal de rendição. Liu sorriu marotamente e tirou as mãos dos ouvidos.
- Quando você vai começar a me dar aulas?! – Liu perguntou enquanto sorria aquele típico sorriso estilo “Eu tenho 32 dentes”.
- Quando você quer começar?! – Perguntou Douglas como resposta.
- Hoje! – Respondeu Liu com os olhos brilhando.
- Hoje está fora de questão... – Pontuou Douglas.
- Por quê?! – Perguntou Liu desfazendo o sorriso, e com uma cara de decepção.
- Você desmaia misteriosamente e ainda me pergunta o “porque”... – Respondeu Douglas seriamente.
- Deve ter sido o sol! – Exclamou Liu procurando uma explicativa.
- Ah claro, e onde você arrumou o sol mesmo?! – Perguntou Douglas, já que o dia definitivamente não estava bonito, e o sol estava escondido.
- No céu, né Douglas?! – Respondeu Liu como se aquilo fosse óbvio.
- Sério... – Disse Douglas. – Pelo menos só foi um desmaio... – Completou.
- Dois... – Murmurou Liu discretamente com um sorriso amarelo.
- Dois?! – Perguntou Douglas confuso.
- Dãããã! - Exclamou Liu. – Ou você acha que eu fui até aquele lugar, e me deixei ser amarrada em uma cadeira, para depois fugir, de propósito?! – Perguntou com a sobrancelha direita arqueada.
- E porque você desmaiou duas vezes?! – Perguntou Douglas.
- Sei lá... – Respondeu Liu confusa.
- Tem algo que você queira me contar...?! – Perguntou Douglas de repente.
- Não... – Respondeu Liu em um murmúrio.
- Não?! – Perguntou Douglas. – Tem certeza?! – Adicionou.
- Está bem... – Concordou Liu. – Eu tenho algo para falar sim... – Completou com um sorriso amarelo.
- Lá vem bomba... – Murmurou Douglas. – Então fale... – Disse.
- Eu encontrei com o Sirius saindo da casa da Lele... – Falou Liu no que mais pareceu uma tentativa de não dizer nada.
- Então ele já sabe de tudo?! – Perguntou Douglas boquiaberto.
- Eu não falei isso... – Respondeu Liu de forma simples.
- O que aconteceu?! – Questionou Douglas curioso.
- Nada demais... – Disse Liu, mas seus olhos brilharam, e Douglas percebeu que alguma coisa havia acontecido.
- Certeza?! – Perguntou Douglas com um sorriso maroto.
- Aff! – Exclamou Liu. – Que mania de me perguntar se eu tenho certeza das coisas... – Falou rapidamente. – Ele só conversou comigo, sem saber que era eu... – Começou. – E depois me beijou de repente... – Adicionou de maneira muito rápida.
- Opa!! – Exclamou Douglas de repente. – Então ele já sacou que você é você! – Disse sorrindo.
- Não... – Discordou Liu enquanto balançava a cabeça negativamente. – Depois disso eu me afastei dele, ameacei ele, soltei um feitiço para ele não se aproximar de mim, e depois nós duelamos para ver quem levaria o Eduzinho! – Disse rapidamente.
- Você perdeu para o Sirius então... – Murmurou Douglas. – Porque ele que trouxe o Eduzinho... – Adicionou.
- Não... – Retrucou Liu. – Eu ia ganhar... – Começou. – Mas eu comecei a me sentir mal com tudo aquilo, você não sabe o quão ruim é lutar contra uma pessoa que a gente realmente Ama... – Continuou de cabeça baixa. – Aí eu o mandei levar o Eduzinho e segui tentando me equilibrar pelo bosque, até que eu desmaiei, e só me lembro de ter acordado naquele lugar... – Completou.
- Mais alguma coisa que você queira me contar?! – Perguntou Douglas de repente.
- Eu descobri que o Nosferato é pai da Mary Kate... – Respondeu Liu com uma cara pensativa. Douglas ficou surpreso. – Agora, parando para pensar, ela tem os mesmos olhos dele... – Adicionou.
- Merlim... – Murmurou Douglas. – Será que ela sabe?! –Perguntou em seguida.
- Nem sei... – Respondeu Liu. – Mas eu acho que provavelmente não... – Completou.
- Agora voltando para o assunto “desmaio”... – Começou Douglas. - Você não quer ir num hospital para ver se você está bem da saúde?! – Questionou.
- Nem pensar... – Respondeu Liu. – Vai que eu descubro que estou morrendo de verdade... – Pontuou. – Aí eu vou ter que acelerar todos os meus planos... – Completou. – Isso se o meu psicológico não agir antes e eu entrar em desespero e morrer... – Adicionou rapidamente.
- Dãããã! Você já está morta, esqueceu?! – Brincou Douglas ao chegar a conclusão que seria melhor parar por ali.
- Ihhh... É mesmo... – Murmurou Liu enquanto sorria. – Então, amanhã você me ensina a duelar direitinho?! – Perguntou com uma cara de criança carente.
- Hmmmm... – Murmurou Douglas querendo causar certo suspense. – Claro! – Exclamou pouco depois.
- Ebaa! – Comemorou Liu. – Agora eu vou descer, cansei de ficar aqui... – Disse sorrindo enquanto se levantava juntamente com Douglas. – Você vem Eduzinho?! – Perguntou olhando para o seu gato branco, que estava em cima de sua cama olhando para ela.
- Ele é a sua sombra... – Riu Douglas. – É óbvio que ele vai... – Adicionou sorrindo. Realmente, Eduzinho saiu da cama rapidamente e foi para o lado de Liu.
- Hey! – Exclamou Liu repentinamente enquanto eles desciam as escadas. – Como você me encontrou?! – Perguntou confusa.
- Já ouviu o ditado “Quem não tem cão caça com gato”?! – Perguntou Douglas com um sorriso maroto.
- Viva o Eduzinho então! – Exclamou Liu. Douglas riu.
- Aleluia, criatura! – Exclamou Bel quando Liu desceu junto com Douglas. – Doug, a comida queimou, culpa sua... – Disse em seguida.
- Eu refaço... – Falou Douglas piscando para Bel.
- Liu, seu amiguinho esteve aqui e deixou flores... – Disse Bel com um sorriso maroto.
- Eu vi as flores... – Murmurou Liu sorrindo.
- E eu vi o seu amiguinho! – Exclamou Bel. – Um gato... – Murmurou para Douglas não ouvir. Liu riu.
- Segredinhos?! – Perguntou Douglas, estavam todos na cozinha.
- Nem... – Respondeu Liu com um sorriso maroto.
- Então... – Recomeçou Bel. – Ele disse que ia passar aqui mais tarde... – Disse piscando para Liu.
- Hoje eu proíbo a Liu de sair de casa... – Começou Douglas. – Ela está de castigo por causa da saúde dela... – Completou.
- Hahaha... – Riu Liu ironicamente. – Você acha que eu vou ficar de castigo, só você... – Disse com uma cara séria.
- Eu não acho, eu tenho certeza... – Pontuou Douglas. – Se esse conquistadorzinho bater aqui na porta de novo eu expulso ele a vassouradas... – Ameaçou.
- Se você expulsar ele a vassouradas... – Começou Liu. – Eu fujo de vassoura... E me hospedo na casa dele... – Disse piscando para Douglas.
- Não gostei da brincadeira... – Murmurou Douglas.
- Larga de ser um irmão ciumento! – Exclamou Liu. – Ainda mais quando não precisa ter ciúmes... – Adicionou seriamente. – Você sabe muito bem que o meu coração tem dono, e não pretende trocar de dono assim tão rápido... – Finalizou.
- Eu não estou com ciúmes... – Murmurou Douglas de cara fechada. – E eu já entendi a parte que você vai ser sempre apaixonada pelo Sirius... – Completou. – Só acho que ele quer você não apenas como amiga... – Finalizou.
- Ele é legal Douglas... – Começou Liu. – Ele não vai tentar nada comigo, se é isso que te preocupa... – Completou sorrindo. – E se tentar, eu sou forte, sei até amarrar meus sapatos! – Brincou.
- Olha o bom humor estranho da minha amiga... – Pontuou Bel sorrindo.
- O bom humor explicável... – Completou Douglas com um sorriso maroto enquanto tentava refazer o almoço.
- Caladinho Douglas! – Repreendeu Liu.
- Ah não, odeio ficar por fora das notícias... – Pontuou Bel. – Doug, eu estou mandando, fale – me o que houve! – Ordenou com uma cara de má.
- Ela que beijou o Sirius... – Disse Douglas.
- O Sirius que me beijou, sem saber que era eu! – Corrigiu Liu sorrindo.
- Ele sabia... – Começou Bel. – No fundo do fundo, bem lá do fundo mesmo, do coração dele, ele deve saber que você está viva, e que foi você que ele beijou... – Disse sorrindo.
- Sua frase foi complexa demais para a capacidade de entendimento da Liu... – Brincou Douglas.
- Idiota... – Murmurou Liu. – Só se for bem fundo mesmo... – Adicionou sorrindo.
- Acho que de vez em quando você deveria ir visitar o Sirius, disfarçada de outra pessoa, e dar uns beijos nele... – Começou Bel. – Assim você recuperaria o bom humor! – Completou. Douglas estava rindo da cara que Liu havia feito.
- Bel, a convivência com o Douglas está te fazendo mal... – Murmurou Liu aparentemente séria.
- Você bem que gostou da idéia... – Provocou Douglas.
- Douglas Wolfgrand, cala a matraca ou eu vou ser obrigada a tomar medidas drásticas! – Ameaçou Liu com uma cara meio de psicopata.
- Ai que medo! – Brincou Douglas sorrindo.
- Mas eu estava falando sério... – Murmurou Bel. – Seria bom para todos nós... – Completou sorrindo marotamente.
- Ou eu posso achar outro garoto para recuperar meu bom humor... – Sugeriu Liu de brincadeira.
- Confesso – me assustado... – Pontuou Douglas. – Primeiro você diz que seu coração não quer mudar de dono e que você Ama aquela criatura chamada Sirius... – Começou enquanto fazia o almoço. – Depois você cogita a hipótese de arrumar um garoto só para se divertir! – Completou com uma cara de indignação.
- E você é um bobão que acredita nas besteiras que ela fala... – Brincou Bel enquanto ria da cara que Douglas havia feito.
- Liu... – Começou Douglas. – Cuida aqui do fogão, para nada queimar, que eu vou mostrar para a Bel quem é o bobão... – Falou com um sorriso maroto. Liu foi até o fogão.
- Apenas se lembrem que temos menores de idade aqui na casa... – Brincou Liu enquanto olhava para as panelas e se perguntava o que faria com aquelas coisas metálicas.
- Não se preocupe, não faremos nada demais... – Disse Douglas enquanto abraçava Bel.
- Sei... – Murmurou Liu. – Por via das dúvidas eu prefiro nem olhar... – Completou enquanto via um frasquinho ao lado da bancada da mesa. – “Pimenta...” – Leu mentalmente o rótulo do frasco. Um sorriso maléfico apareceu em seus lábios. Douglas e Bel estavam aos beijos na sala.
- “Atende a campainha...” – Pensou Sirius enquanto tocava a campainha de uma casa sem parar.
- Jay, a porta... – Disse Lily. Tanto ela, quanto James estavam almoçando na mesa da cozinha.
- Eu não chamei ninguém para almoçar aqui... – Murmurou James.
- Mas a campainha está tocando... – Retrucou Lily.
- Abre essa porta Bambi! – Gritou Sirius do lado de fora.
- Pulguento! – Gritou James se levantando rapidamente, quase derrubando o seu próprio almoço, e indo abrir a porta.
- Hasudhasu! – Riu Lily ao ver a cena.
- Aleluia Bambi! – Exclamou Sirius no que James abriu a porta, entrando sem nem perguntar se podia, afinal, ele já era de casa.
- Bambi nada... – Retrucou James. – O que você está fazendo aqui pulguento?! – Perguntou em seguida, enquanto fechava a porta.
- Boa tarde Lily... – Cumprimentou Sirius enquanto pegava um prato no armário e talheres na gaveta da cozinha.
- Boa tarde Sirius... – Saudou Lily enquanto sorria. Sirius já estava sentado à mesa, assim como James.
- Agora me diga o que você veio fazer aqui, Almofadas... – Pediu James pouco antes de tomar um gole do suco de uva que estava em seu copo de vidro.
- Filar o almoço... – Respondeu Sirius sorrindo marotamente enquanto se servia.
- Safadoo! – Exclamou James entre risos.
- Eu fiquei com preguiça de fazer almoço... – Começou Sirius. – Aí eu pensei em te fazer uma visita, tenho até uma coisa para te contar... – Completou. Involuntariamente seus olhos brilharam.
- Isso é típico de quando algo realmente legal te acontece... – Começou James. – Descobriu o que tem escrito no bilhete foi?! – Perguntou em seguida.
- Bom, eu evolui no bilhete... – Respondeu Sirius após ter comido uma garfada de seu almoço. – Mas é outra coisa que eu tenho para lhe falar... – Completou com um sorriso maroto.
- Entendo... – Murmurou James.
- E eu posso ficar sabendo também?! – Perguntou Lily com uma cara de curiosidade.
- Conversa de maroto, Lily... – Respondeu Sirius piscando para a ruiva, que automaticamente fechou a cara.
- Então eu vou ficar na curiosidade, né?! – Perguntou Lily em seguida.
- Ruivinha querida, deve ser bobagem... – Pontuou James sorrindo marotamente.
- É... Assunto de garotos, que você não ia querer ouvir... – Completou Sirius.
- Eu ia querer ouvir sim... – Discordou Lily. – Mas você não quer que eu ouça... – Completou fazendo drama.
- Está bem Lily! – Exclamou Sirius. – Você pode ouvir... – Murmurou. – De qualquer forma o Pontas ia acabar te contando mesmo... – Completou dando os ombros.
- É nada... – Reclamou James.
- É sim... – Retrucou Sirius.
- Não é nada! – Exclamou James.
- Claro que você ia... – Disse Lily sorrindo.
- Claro que eu ia! – Concordou James sorrindo um sorriso amarelo.
- Bambi safado! – Brincou Sirius com um sorriso maroto.
- Ela manda, eu obedeço... – Pontuou James apontando para Lily.
- Bom saber que você sabe disso... – Disse Lily enquanto piscava para James.
- AHsduahsud! – Riu Sirius.
- Nem ria... – Começou James. – Eu sei muito bem que você fazia a mesma coisa em relação à Liu... – Disse dando língua para Sirius.
- Mas... – Começou Sirius sem saber como retrucar.
- Opaaa! – Exclamou James. – Deixei o meu cachorrinho sem palavras... – Brincou.
- Bambi otário... - Reclamou Sirius fechando a cara.
- Cachorrinho cheio de pulgas... – Devolveu James.
- Crianças, parem de discutir! – Interrompeu Lily com uma cara ameaçadora.
- Sim senhora! – Responderam James e Sirius ao mesmo tempo.
- Pontas... – Começou Sirius. – Lua cheia chegando... – Alertou. – Combinou algo com o Aluado?! – Perguntou.
- Ainda não... – Respondeu James. – Vou procurar o Rabicho hoje de tarde, e aí a gente vai falar com o Aluado... – Adicionou.
- Eu vou com você... – Avisou Sirius.
- Agora conta logo o que você ia contar só para o Jay! – Exclamou Lily não se contendo de curiosidade.
- É besteira... – Murmurou Sirius.
- Besteira ou não, eu fiquei curiosa para saber... – Pontuou Lily que já havia acabado de almoçar.
- Primeiro eu vou terminar de almoçar... – Disse Sirius que era o único que ainda estava almoçando.
- Eu declaro esse almoço acabado! – Exclamou Lily se levantando e tirando o prato de Sirius da mesa.
- Ahhh!! – Resmungou Sirius. – Isso não é justo... – Completou.
- Justo ou não eu quero saber o que aconteceu para você estar assim de bom humor, e para você querer conversar em particular com o meu Jay! – Disse Lily rapidamente. James sorriu marotamente. Sirius fez cara de criança emburrada.
- Está bem! – Rendeu – se Sirius abrindo um sorriso estilo “Eu tenho 32 dentes bem branquinhos”. – Mas eu prefiro contar na sala... – Concluiu já se levantando. James e Lily também se levantaram, e os três foram para a sala. Sirius se sentou numa poltrona, enquanto o casal se sentava em um sofá.
- Comece logo Almofadas, eu estou que não me agüento de curiosidade! – Pontuou James curioso.
- Bom... – Começou Sirius. – Eu não sei como eu vou dizer isso... – Disse em seguida com uma cara confusa.
- Merlim! – Exclamou Lily. – Que pessoa enrolada... – Murmurou enquanto olhava para Sirius.
- Vou tentar começar do começo... – Avisou Sirius.
- Sabe Almofadas... – Começou James. – Eu prefiro quando a história é contada do final, fica mais emocionante! – Falou de maneira irônica.
- Assim eu não vou mais contar, Pontas! – Reclamou Sirius enquanto pensava em uma maneira de dizer o que tinha para falar. Mas afinal, o que ele tinha para falar?! “Pontas, eu beijei uma desconhecida que estava de máscara e que estava perseguindo o Eduzinho.”. Não, aquilo soaria estranho.
- Ahhhhhhhhhhhh!! – Exclamou Lily. – Por favor, conta Sirius! – Pediu fazendo uma cara de criança pidona.
- Está decidido... Eu não vou mais contar! – Pontuou Sirius. Lily e James fecharam a cara.
- Ah vai sim! – Avisou James.
- Me obrigue Bambi... – Desafiou Sirius com uma cara de criança pirracenta.
- Olha que eu obrigo! – Ameaçou James com um sorriso maroto.
- Sirius Black! – Começou Lily num tom mais alto de voz. – Conte logo o que você veio falar, ou eu boto você para lavar os pratos! – Disse. – E sem magia! – Completou com uma cara de má.
- Golpe baixo, Lily... – Murmurou Sirius.
- Vai contar?! – Perguntou Lily em seguida, num tom normal de voz.
- Está bem... – Concordou Sirius. – Eu conto... – Completou. – Mas é que eu não sei como eu vou contar isso... – Adicionou olhando para o teto.
- Fala de vez, é mais fácil... – Aconselhou James.
- Eu conheci uma garota hoje... – Começou Sirius. James sorriu maliciosamente.
- Continue... – Pediu Lily se interessando no que Sirius estava contando.
- Ela era linda... – Continuou Sirius com um olhar distante.
- Descreva – a... – Disse James esperando uma descrição completa da garota.
- Ela usava uma máscara que cobria quase o rosto todo, deixando praticamente só a boca do lado de fora... – Falou Sirius.
- E você me diz que ela é linda... – Murmurou James decepcionado enquanto balançava a cabeça negativamente.
- Mas era! – Exclamou Sirius repentinamente.
- Sim... – Murmurou Lily. – E como você a conheceu?! – Perguntou curiosa.
- Ela estava perseguindo o Eduzinho... – Respondeu Sirius. Naquele momento James começou a se interessar pela história da garota mascarada.
- Perseguindo ou sendo perseguida?! – Perguntou James num tom sério.
- Perseguindo é óbvio! – Respondeu Sirius sem nem pensar duas vezes. – O Eduzinho só perseguia a Liu... – Completou.
- Se ela estava perseguindo então é óbvio que o Eduzinho estava na frente dela... – Pontuou James esperando o amigo chegar ao ponto interessante da conversa.
- Na verdade foi meio estranho... – Começou Sirius parando para pensar. – Ele apareceu na porta da casa da Lele, em seguida correu para um bosque atrás de um vulto... – Continuou refazendo mentalmente a ordem dos fatos. – Depois essa garota pula da árvore e diz que estava atrás do Eduzinho para fazer ele para o jantar, ou algo do tipo... – Completou.
- Que crueldade! – Interrompeu Lily indignada.
- “Que estranho...” – Pensou James controlando seus pensamentos para não falar algo que o amigo talvez não estivesse preparado para ouvir. – “Será que... Malditos sejam os grilos que ficam atrás das nossas orelhas!” – Completou em pensamento. – E o que você fez?! – Perguntou sorrindo discretamente. – Você não queria me contar apenas que “conheceu” uma garota que usava máscara e queria jantar o Eduzinho, né Almofadas?! – Questionou em seguida.
- Óbvio que não! – Respondeu Sirius imediatamente.
- Então o que houve?! – Perguntou Lily. – Você duelou contra a garota mascarada, matou ela e depois tirou a máscara e descobriu que ela era uma comensal da morte?! – Falou em seguida com curiosidade correndo em suas veias.
- Não ruivinha... – Discordou James. – Provavelmente ele não controlou os instintos caninos dele... – Brincou com um sorriso maroto nos lábios.
- Eu conversei com ela... – Começou Sirius sentindo o coração bater mais rápido apenas com a lembrança do que havia acontecido. – Aí ela se aproximou de mim... – Continuou. – Perigosamente, na verdade... – Adicionou.
- Eu disse... – Murmurou James com um sorriso vitorioso.
- Aí eu me aproximei ainda mais dela... – Continuou Sirius sorrindo. – Não resisti e a beijei! – Disse rapidamente.
- Sirius! – Gritou Lily. – Como você beija uma garota que ameaçou a vida do Eduzinho?! – Perguntou inconformada. – Ele era o gato da Liu! – Adicionou decepcionada.
- Mas Lily, eu não resisti! – Retrucou Sirius. – Aqueles lábios ficaram me chamando... – Disse num tom baixo de voz. – Meu coração batia tão rápido quanto a freqüência que os beija – flores batem suas asas para voar... – Falou com um brilho estranho no olhar. – Eu simplesmente não pude me controlar... – Completou. – E ela não era má! – Adicionou.
- Foi um beijinho ou um beijão?! – Perguntou James curioso.
- Jay! – Repreendeu Lily olhando feio para James. – O ignore, Sirius... Apenas continue... – Pediu em seguida.
- Foi mau, Amor... – Murmurou James com um sorrisinho sem graça.
- Está bem... – Concordou Sirius.
- Foi um beijo demorado ou um beijo estalado?! – Perguntou Lily de repente. James disfarçou uma risada, Sirius olhou para o amigo e sorriu.
- Foi demorado... – Respondeu Sirius. – Até que ela recuou... – Adicionou.
- Você se apaixonou por ela...?! – Perguntou Lily. – Tipo “Paixão à primeira vista”?! – Adicionou.
- Não sei Lily... – Respondeu Sirius.
- Você sentiu algo diferente enquanto beijava essa garota, Almofadas?! – Perguntou James sabendo aonde queria chegar. – Algo que você só sentia com a Liu?! – Adicionou.
- Claro que não Pontas! – Respondeu Sirius. Sua mente se recusava a aceitar o fato de que aquele beijo o havia feito lembrar de Liu.
- “Essa história está muito da mal contada...” – Pensou James. – “Eu vou descobrir a verdade, e quando eu tiver certeza de que o que eu acho está certo eu falarei seriamente com o Almofadas...” – Completou em pensamentos. – Era só para ver se você havia se apaixonado novamente por outra pessoa... – Disfarçou. Sua mente estava a mil, sabia que havia algo estranho em tudo aquilo.
- Eu não quero mais me apaixonar, Pontas! – Exclamou Sirius. – De qualquer forma, nos separamos do beijo, eu disse umas coisas, ela disse que ia levar o Eduzinho, eu disse que nem pensar, nós acabamos duelando, até que... – Continuou.
- Até que?! – Perguntaram Lily e James de vez.
- Até que eu acho que ela se sentiu mal, e mandou-me sair de lá com o Eduzinho e deixar ela em paz... – Respondeu Sirius com certa preocupação no tom de voz. – Eu ia ajudar ela, mas achei melhor não... – Completou como se arrependesse de tal coisa.
- E o Eduzinho?! – Perguntou Lily preocupada.
- Eu devolvi para o Douglas... – Respondeu Sirius sorrindo.
- E como ele reagiu?! – Perguntou James.
- Ficou feliz pelo gato ter aparecido! – Exclamou Sirius. – Pontas, você faz cada pergunta idiota! – Completou. Sua mente estava confusa e cheia de pensamentos contrários.
- Vou parar de fazer perguntas então! – Retrucou James. – Só mais uma... – Continuou. – Ele ficou preocupado depois que você devolveu o gato, como se quisesse que você saísse logo para fazer algo... Olhando no relógio, algo assim?! – Perguntou.
- Não! – Respondeu Sirius. – Ele e a Bel ainda me ajudaram com o bilhete... – Completou sorrindo marotamente.
- Esse namoro vai dar casório! – Brincou James sorrindo. Todos já sabiam que Bel e Douglas estavam namorando.
- Falando em casamento... – Disse Sirius mudando de assunto. – Quando vai ser o casamento de vocês?! – Perguntou com um sorriso malicioso.
- Ainda não pensamos na data... – Pontuou Lily. – Vamos ficar noivos durante um tempo... – Completou sorrindo. – Casamento eu acho que ainda demora um pouco... – Falou por fim.
- Por mim eu me casava agora! – Exclamou James. – Mas eu vou esperar a flor mais linda do meu jardim decidir quando... – Completou olhando para Lily e piscando o olho esquerdo.
- Por você, Pontas, vocês já tinham casado desde a época de Hogwarts! – Pontuou Sirius em meio a risos.
- Verdade... – Disse James em meio a risos. – Vamos logo fazer aquela visita ao Rabicho?! – Perguntou em seguida.
- É melhor mesmo... – Concordou Sirius. – Quanto mais cedo formos, mais cedo voltaremos... – Pontuou.
- Eu acho que vocês deveriam passar na casa do Remus antes, e ir com ele para a casa do Peter... – Aconselhou Lily. – Assim vocês todos já conversavam... – Completou.
- Realmente... – Concordaram James e Sirius.
- Você vai ficar aqui ruivinha querida?! – Perguntou James. Os três já estavam de pé.
- Claro Jay... – Respondeu Lily sorrindo enquanto o maroto a abraçava.
- Promete que não vai aproveitar que eu vou sair para fugir do país?! – Perguntou James com uma cara de criança abandonada.
- Prometo... – Murmurou Lily balançando a cabeça positivamente.
- Amo – te demais... – Sussurrou James no ouvido de Lily.
- Eu te Amo ainda mais... – Murmurou Lily de volta. No momento seguinte estavam já aos beijos.
- Tchau Pontas! – Gritou Sirius para chamar a atenção de James.
- Já vou Almofadas! – Disse James entre um beijo e outro.
- Vá logo Jay... – Murmurou Lily entre um beijo e outro também.
- Tchau meu Amor! – Exclamou James dando um último beijo em Lily indo até a porta.
- Tchau! – Respondeu Lily. James e Sirius saíram de casa e seguiram para a casa de Remus.
- Pontas, você acha que eu tenho alguma chance de reencontrar essa garota de máscara?! – Perguntou Sirius enquanto ele e James iam para a casa de Remus.
- Eu acho que você vai reencontrar ela mais cedo do que você imagina... – Respondeu James com um sorriso maroto nos lábios.
- Hey! – Exclamou Sirius. – Não foi você que armou aquilo tudo, não é?! – Perguntou desconfiado.
- Lógico que não... – Respondeu James. – Apenas tem algo me dizendo que você vai reencontrar essa garota e que vocês vão ser felizes para sempre! – Disse sorrindo.
- Eu nunca falei em querer ser feliz para sempre com ela... – Murmurou Sirius.
- Almofadas, ninguém te conhece melhor do que eu... – Pontuou James. – Você é meu irmão, cara! – Completou. Sirius sorriu marotamente.
- Quem é?! – Gritou Bel ao ouvir a campainha tocar após o almoço.
- Deixa que eu atendo! – Disse Douglas se levantando.
- Aposto que é o seu amiguinho, Liu... – Pontuou Bel enquanto Douglas abria a porta.
- Tomara que seja... – Disse Liu. – Assim eu vou puder conversar com alguém que não seja você ou o Douglas! – Completou.
- Poxaa! – Exclamou Bel. – É tão ruim assim falar comigo é?! – Perguntou fingindo tristeza.
- Claro que não Bel... – Respondeu Liu. – É que eu gosto de ter amigos... – Completou. – “Isso quando eles não correm riscos por minha causa...” – Completou mentalmente.
- Liu! – Gritou Douglas. – É para você... – Completou. Liu se levantou e foi até a porta.
- Boa tarde Bela adormecida... – Desejou o garoto que estava esperando por Liu ainda na porta.
- Boa tarde, Mathews... – Respondeu Liu cara a cara com o garoto.
- Estava passando por aqui, pela segunda vez no dia e pensei... – Começou Mathews. – Será que aquela linda garota de lindos olhos castanhos gostaria de ir comigo ao cinema?! – Disse sorrindo belamente.
- Cinema?! – Perguntou Liu demorando em se lembrar que se tratava de um lugar onde os trouxas costumavam ir para ver filmes novos.
- É... – Respondeu Mathews. – O que me diz de ir comigo assistir o filme “Superman – O Filme”?! – Perguntou de forma educada.
- Assistir filme, com você?! – Questionou Liu como se repetisse para ela mesma.
- É... – Respondeu Mathews. – Como amigos... É claro! – Adicionou em seguida.
- Eu acho que não tem problema nenhum... – Murmurou Liu. – Não é filme de terror, né?! – Perguntou em seguida.
- Em que mundo você vive para não lembrar do Super - Homem?! – Perguntou Mathews com um sorriso.
- Plutão... – Respondeu Liu piscando para o garoto. – Entra aqui um pouquinho, eu vou trocar de roupa e já desço para irmos assistir esse filme aí que você disse... – Completou abrindo mais a porta após ter convidado o amigo para entrar.
- Boa tarde... – Falou Mathews ao entrar na sala e ver Bel e Douglas no sofá.
- Boa tarde... – Responderam Bel e Douglas juntos.
- Mathews, esses são a Bel e o Douglas... – Disse Liu apresentando os amigos. – Bel, Douglas, esse é o meu amigo Mathews... – Completou. – Ele me chamou para ir ao cinema e eu aceitei, e agora eu vou me trocar e ele vai ficar aqui me esperando... – Falou com um sorriso enquanto se aproximava de Douglas. – E você vai tratar ele bem... – Adicionou num tom baixo de voz, para somente Douglas escutar.
- Eu disse que você não ia mais sair de casa, não disse?! – Lembrou Douglas num tom baixo de voz.
- Eu vou sair sim... – Murmurou Liu. – Já volto Mathews... – Disse em seguida indo em direção às escadas para subir para seu quarto.
- Quais são as suas intenções com a minha irmã, garoto?! – Perguntou Douglas assim que Liu havia subido. Bel disfarçou um riso.
- Eu apenas gosto dela como amiga... – Respondeu Mathews envergonhado.
- Sei... – Murmurou Douglas num tom de desconfiança. – Pois saiba que amigos não se beijam, viu?! – Alertou em seguida.
- Assim você vai assustar o Mathews, Doug... – Disse Bel olhando para Douglas.
- Que nada... – Falou Mathews. – Eu, como tenho uma irmã mais nova, entendo que é normal ciúmes de irmão... – Pontuou sorrindo.
- Melhor assim... – Murmurou Douglas. – Qual o filme que vocês vão assistir?! – Perguntou em seguida, antes que fosse possível ouvir o som do silêncio.
- Super – Homem! – Respondeu Mathews num tom de animação.
- É aquele carinha que usa uma sunga vermelha por cima de uma roupa azul?! - Perguntou Bel disfarçando uma risada.
- Ele mesmo... – Respondeu Mathews sorrindo. – Aquela roupa dele é meio estranha, mas o que vale é a história do filme, eu acho... – Adicionou.
- Eu sempre pensei que aquilo fosse uma cueca que ele havia esquecido de botar antes, e por preguiça botou por cima da roupa azul... – Murmurou Douglas com uma cara confusa.
- Realmente, é uma teoria aceitável... – Concordou Mathews. – Vai ver foi isso mesmo, só que não quiseram espalhar para não criar uma rede de fofocas... – Completou em um tom de brincadeira.
- Varinha... – Murmurou Liu em seu quarto enquanto arrumava as coisas que levaria em sua bolsa. – Não posso esquecer da minha varinha... – Completou enquanto botava a varinha dentro da bolsa. – E também não posso esquecer de não deixar o Mathews ver a varinha... – Adicionou.
- “Até que ele parece ser legal...” – Pensou Douglas enquanto conversava com Mathews e Bel.
- Estou pronta! – Exclamou Liu ao adentrar a sala vestindo uma calça jeans comprida e uma blusa rosa. – Vamos Mathews?! – Perguntou olhando para o garoto.
- Por mim, vamos... – Respondeu Mathews com um sorriso galanteador enquanto olhava para Liu.
- Se cuida Liu... – Murmurou Douglas com preocupação evidente na voz quando Liu passou pelo lado dele.
- Eu sempre me cuido... – Murmurou Liu de volta.
- Eu vi hoje... – Retrucou Douglas com um olhar preocupado.
- Foi só um descuido... – Começou Liu. – Prometo que não vai acontecer de novo... – Completou. Em seguida foi até Mathews. – Tchau Douglas, tchau Bel! – Disse sorrindo.
- Tchau Liu! – Disseram Douglas e Bel juntos. – E tchau Mathews... – Adicionaram. O garoto acenou enquanto saia de lá com Liu.
- Você vai também Eduzinho... – Murmurou Douglas para o gatinho quando Liu já havia saído de casa. – Vai ficar de olho nela, sem que ela te veja... – Completou indo até a porta e a abrindo.
O gato branco pareceu entender, pois no momento seguinte ele estava perseguindo Liu de longe para ter certeza de que nada de mal aconteceria a ela.
- O que aconteceu com você hoje mais cedo?! – Mathews perguntou enquanto ele e Liu iam para o cinema, ele tinha preocupação em seu tom de voz.
- Nada demais... – Mentiu Liu desviando o seu olhar para baixo.
- Eu te conheço faz pouco tempo... – Começou Mathews. – Mas eu tenho certeza que você está mentindo... – Completou. Liu o encarou.
- Eu só desmaiei... – Disse Liu como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
- E você ainda diz “só”... – Pontuou Mathews. – Você sabia que desmaios são sintomas de vários tipos de doenças?! – Perguntou em seguida.
- Besteira... – Murmurou Liu. – Eu não estou doente... – Completou firmemente. – Deve ser algo psicológico... – Adicionou.
- Porque você não vai ao médico para ter certeza?! – Perguntou Mathews curioso.
- Porque eu detesto hospitais ou coisas parecidas... – Respondeu Liu imediatamente.
- Você me disse que não tinha namorado... – Começou Mathews. – Mas eu acho que você tem alguém aí, no seu coração... – Completou.
- Claro que tenho alguém no meu coração! – Concordou Liu. – No meu coração eu tenho o meu irmão, e meus amigos... – Disse sorrindo.
- Paixão do passado, tem alguma?! – Perguntou Mathews curioso para saber mais coisas sobre aquela garota.
- Talvez... – Murmurou Liu com o olhar distante e um brilho no olhar. Passou a mão pelo pescoço e começou a brincar com o pingente de uma corrente inexistente. Sorriu com a lembrança de algo, ou alguém.
- O que aconteceu?! – Perguntou Mathews notando que provavelmente Liu havia tido um grande Amor.
- O que?! – Questionou Liu que parecia ter voltado de uma espécie de momento autista.
- O que aconteceu que você não está mais com a pessoa que você Ama?! – Perguntou Mathews. – Porque está nos seus olhos que você Ama alguém, e Ama demais... – Completou.
- Eu morri para ele... – Respondeu Liu. Sem dúvidas aquilo não era mentira, na verdade poderia ser levado no sentido literal da frase, pois ela realmente estava morta para ele.
- O que você fez para ter morrido para ele?! – Perguntou Mathews confuso.
- Que tal nós desistirmos do cinema e irmos para um lugar tranqüilo onde eu possa te contar um pouco sobre tudo...?! – Perguntou Liu parando de andar repentinamente.
- Tudo bem... – Respondeu Mathews. – Eu acho que você deve estar precisando falar tudo que você está guardando dentro de você para alguém... – Completou. – Aonde vamos?! – Perguntou por fim.
- Eu sei de um lugar aqui perto que tem um banquinho com vista para um lago... – Começou Liu. – Topa ir lá?! – Perguntou.
- Está bem... – Concordou Mathews, ambos seguiram para o banquinho escondido que tinha como vista um lago.
- Abre essa porta logo, Aluado!! – Gritava Sirius enquanto batia na porta de madeira da casa do amigo.
- Eu já disse que já estou indo! – Respondeu uma voz vinda do interior da casa.
- Você disse isso faz três minutos! – Gritou James do lado de fora.
- Vocês têm que aprender mais sobre paciência! – Retrucou Remus que ainda se encontrava procurando algo em sua casa.
- Não me diga que você trancou a porta e perdeu a chave! – Gritou Sirius ao ouvir barulho de gavetas se abrindo.
- Eu não sou você para fazer isso, Almofadas! – Retrucou Remus.
- Abre a merda da porta ou eu vou arrombar ela! – Ameaçou Sirius.
- Espera só mais um pouco! – Pediu Remus ainda procurando algo.
- Aluado, largar os amigos do lado de fora é muito feio, sabia?! – Gritou James.
- Só mais um minuto... – Pediu Remus abrindo todas as gavetas e todos os armários da sala.
- Admita logo que você perdeu a droga da chave! – Exclamou Sirius, ele não ia usar magia naquele momento.
- Eu perdi a droga da chave! – Admitiu Remus. – Satisfeito?! – Perguntou.
- Eu estou... – Respondeu James pegando a varinha que estava em seu bolso, enquanto Sirius olhava para a vizinhança, e soltando um feitiço não verbal na porta, que se abriu. – Agora ache logo a chave para irmos para a casa do Rabicho... – Completou entrando na casa do amigo junto com Sirius.
- Se vocês tivessem esperado mais cinco segundos não teriam que ter soltado feitiço nenhum... – Pontuou Remus avistando a chave
- Eu odeio esperar... – Murmurou Sirius. – Só o Pontas que é mestre nisso... – Continuou. – Levou anos esperando pela Lily! – Concluiu sorrindo marotamente.
- No entanto fui eu quem soltou o feitiço... – Murmurou James olhando para Sirius que sorriu um sorriso amarelo.
- Vamos logo?! – Perguntou Sirius ao ver que Remus já estava com a chave em mãos.
- Quem está com o endereço do Rabicho?! – Perguntou Remus confuso.
- Eu pedi para a minha ruiva me dizer o endereço... – Respondeu James. – Eu sei exatamente onde fica! – Completou animado. – Eu acho... – Adicionou bem baixinho.
- Vamos então... – Disse Remus guardando a chave junto com a varinha.
- Vamos... – Concordaram Sirius e James. Os três saíram da casa de Remus e foram para onde James jurava ser a casa de Peter.
- Eu não sei o que exatamente o meu coração está pedindo para eu te contar, Mathews... – Murmurou Liu, ela e Mathews estavam sentados no banquinho olhando para o lago. Respirou fundo antes de prosseguir com o que ela achava que queria contar. – Para começar, eu não sou uma garota comum... – Disse com a respiração descompassada. Como diria a ele que ela era uma bruxa?!
- Você tem razão... – Começou Mathews. – Você deve ser uma fada... – Brincou.
- Fada não... – Discordou Liu. – Bruxa, talvez... – Confessou fitando os próprios pés.
- Bruxa?! – Perguntou Mathews boquiaberto.
- Você vai me dizer que bruxos não existem, e que eu estou com algum tipo de complexo devido a alguma coisa que nem eu saberia dizer o que é... – Murmurou Liu. – Mas essa é a verdade, uma bruxa, talvez até nos dois sentidos da palavra! – Disse rapidamente.
- Você está enganada... – Retrucou Mathews. – Eu não irei dizer que bruxos não existem, e nem que você está com algum tipo de complexo devido a alguma coisa que nem você saberia dizer o que é... – Falou pausadamente enquanto Liu o encarava. – No entanto discordarei do fato de você se achar uma bruxa no sentido ruim da palavra... – Completou. Liu virou o rosto para a direção oposta a do garoto e olhou para uma grande árvore que lá estava em pé sobre suas raízes fortes.
- Porque você me diz que não discordará de mim?! – Perguntou Liu. – Vai guardar só para ti o pensamento que lhe diz que eu sou uma louca desvairada?! – Questionou em seguida.
- Eu sei que bruxos existem... – Confessou Mathews. – Ainda ano passado minha irmã mais nova fora chamada para fazer parte de uma escola de magia e bruxaria... – Adicionou. Liu voltou a encarar os olhos verdes de Mathews.
- Então você sabe... – Murmurou Liu. Um sorriso brotou de seu rosto. Pelo menos agora ela tinha certeza de que aquele garoto seria capaz de acreditar nela, e não achar que ela havia fugido de um manicômio. – Você também é?! – Perguntou num tom curioso de voz.
- Eu não... – Respondeu Mathews. – Eu sou o que vocês chamam de trouxa, mesmo... – Adicionou sorrindo.
- Seus pais também...?! – Perguntou Liu curiosa.
- Sim... Eles também são trouxas... – Respondeu Mathews. – Mas não era sobre isso que você queria conversar, era?! – Questionou em seguida.
- Você tem razão... – Murmurou Liu. – Não era sobre isso que eu queria conversar, não é isso que está quase impedindo o meu coração de bater... – Completou com os olhos marejados.
- É a sua paixão do passado, não é?! – Perguntou Mathews.
- Eu... – Murmurou Liu sem ter o que falar. Uma única lágrima lhe escorreu dos olhos.
- Da para perceber que você continua apaixonada por ele, seja ele quem for... – Começou Mathews. – Fica evidente em seus olhos quando eu te pergunto sobre Amor, que dentro de ti tem muito Amor destinado para uma só pessoa, que seja lá por qual motivo for, não está ao seu lado... – Concluiu.
- Eu já disse que eu morri para ele... – Pontuou Liu.
- Quando o Amor é verdadeiro, a morte não existe, é apenas uma ilusão... – Retrucou Mathews.
- Eu morri literalmente falando! – Interrompeu Liu de maneira impaciente.
- Você não pode ter morrido literalmente falando! – Exclamou Mathews. – Se você tivesse morrido literalmente falando, você não poderia estar falando comigo agora, a menos que eu tivesse morrido também, e eu estou certo de que não morri! – Completou olhando nos olhos castanhos de Liu.
- Você já ouviu falar de Romeu e Julieta?! – Perguntou Liu como se tivesse ignorado o que Mathews havia dito.
- Claro que sim... – Respondeu Mathews. – Mas o que isso tem haver com o que você estava me dizendo?! – Perguntou confuso.
- Para Romeu, quando ele chegou naquele lugar, no lugar onde os Capuletos mortos ficavam a Julieta estava viva, ou morta?! – Perguntou Liu calmamente.
- Morta... – Respondeu Mathews sem entender onde Liu queria chegar.
- E ela estava realmente morta?! – Perguntou Liu devagar.
- Não... – Respondeu Mathews. – Liu, o que diabos você fez?! – Questionou em seguida.
- Me deixei levar por minha sede de vingança! – Exclamou Liu. – Me fingi de morta, bebi do mesmo tipo de poção que a Julieta, tudo para puder me vingar da minha tia, que havia feito questão de arruinar a minha vida no dia do meu aniversário... – Murmurou com lágrimas de ódio escorrendo – lhe a face. – Eu não queria ver mais ninguém morrendo por minha causa, por isso só quem sabe que eu realmente não morri é o Douglas, e a Bel que acabou descobrindo... – Adicionou. – E agora você, que vai me prometer nunca falar para ninguém nada do que eu estou te dizendo hoje... – Falou olhando para o garoto que estava perplexo.
- Você abriu mão de uma grande paixão para viver de vingança?! – Perguntou Mathews com uma cara de decepção. – Dizem que uns aprendem pela dor, e outros pelo Amor... Acho que você escolheu a dor... – Completou.
- Não foi fácil... – Murmurou Liu. – Não tem sido fácil, na verdade... – Continuou. – Mas foi mais forte do que eu... – Disse. – Quando eu vi o corpo do meu irmão cair gelado no chão, quando eu percebi que nunca mais teria como dizer um “Eu te Amo” para ele e o ouvir dizendo “Lerdinha, eu também te Amo”, ou simplesmente olhar nos olhos que para mim eram os olhos mais lindos do universo... Eu senti meu mundo desabar, será que ninguém me entende?! Era meu aniversário! Antes essa data fosse banida do calendário... Guarda infinitas tristezas para mim... A morte de meu pai, meu irmão, meu amigo, minha amiga... Quem dera guardasse apenas a minha morte... – Falou com tristeza na voz.
- Se você tivesse deixado ele te consolar... – Murmurou Mathews. – Se você tivesse dado uma chance para aquele que você Ama te mostrar que você não precisava morrer para viver uma vida feliz... – Continuou. – Porque eu tenho certeza que você guardou todos os seus sentimentos a sete milhões de chaves e cadeados! – Exclamou. – E não deixou mais ninguém adentrar esse seu mundinho de arrependimentos e tristezas... – Concluiu.
- Quem você pensa que é para me julgar assim sem nem ao menos me conhecer direito?! – Perguntou Liu com lágrimas nos olhos. – Quem te disse que eu não dei uma chance para ele me mostrar que eu podia ser feliz?! – Questionou em seguida.
- Você me disse quando começou essa conversa... – Respondeu Mathews. – Quem vive de vingança se esquece de viver, e quem se esquece de viver não compartilha nada com ninguém além de se próprio ou das pessoas de quem necessita por puro interesse egoísta! – Exclamou por fim.
- Você é um enxerido! – Gritou Liu se levantando. – Mal me conhece já vai me chamando de coisas que eu não sou, e falando coisas sobre mim! – Exclamou com raiva. – Eu só queria um amigo, não preciso de outro Douglas em minha vida! – Completou.
- Para eu ser seu amigo você vai ter que aprender a me ouvir! – Falou Mathews também se levantando. – Nem sempre eu estarei certo, porém você vai ter de me ouvir... – Continuou. – Coisa que eu estou vendo que é extremamente difícil para você... – Completou. – Você parece ser do tipo de pessoas que não aceita o que os outros tem para dizer e sempre acaba brigando quando as idéias dos outros entram em conflito com as suas... – Finalizou.
- Você é um chato! – Exclamou Liu em meio a lágrimas. – Eu escuto os outros sim... – Murmurou. – Apenas não faço o que me aconselham... – Finalizou indiferente.
- Isso é escutar sem ouvir... – Pontuou Mathews. – Se eu te dissesse hoje, que seria bom você procurar esse carinha que você abriu mão para se vingar da sua tia, você iria?! – Perguntou.
- Óbvio que não! – Respondeu Liu. – Se eu procurar o Sirius, isso significará que eu desisti de me vingar da estúpida da Marta e do ignorante do Nosferato! – Completou.
- Mas é o que você quer! – Disse Mathews.
- Só eu sei o que eu quero! – Retrucou Liu.
- Você me parece não saber o que quer... – Revidou Mathews. – Se soubesse não choraria de arrependimento por ter escolhido vingança ao invés de um grande Amor! – Concluiu.
- Teria sido melhor eu ter ido assistir a aquele filme ou ter ficado em casa... – Murmurou Liu. – Assim eu não teria de ter essa conversa insuportável com você! – Completou.
- Você precisa ter essa conversa insuportável com alguém... – Pontuou Mathews. – E digo mais, você tem de admitir para alguém que você está louca para desistir dessa droga de vingança e correr para os braços desse tal de Sirius! – Exclamou. – Vamos, admita! – Provocou.
- Larga de ser idiota! – Falou Liu. – Eu não quero desistir de vingar o meu irmão... – Adicionou.
- Admita... – Murmurou Mathews. – Você sabe que eu estou falando a verdade... – Completou.
- Você nada sabe sobre nada! – Gritou Liu. Estavam ambos de pé, encarando um ao outro, enquanto um gato branco permanecia imóvel escondido atrás de um arbusto.
- Vai em frente, admita que estou certo... – Provocou Mathews novamente.
- Eu não vou admitir! – Exclamou Liu. – Porque você não está certo... – Falou num tom mais baixo de voz, como se quisesse explicar algo errado.
- Se você não admitir eu nunca vou puder te ajudar... – Pontuou Mathews.
- Quem te disse que eu quero a sua ajuda?! – Perguntou Liu olhando novamente naqueles olhos verdes.
- Seus olhos me disseram... – Respondeu Mathews. – Anda Liu, pelo menos para mim... – Murmurou.
- Eu quero desistir dessa merda de vingança e correr para os braços do Sirius gritando para todos os cantos do mundo que eu o Amo! – Gritou Liu como se estivesse se livrando de um fardo muito pesado. – Eu quero... – Murmurou em seguida. – Mas eu não posso... – Continuou em forma de murmúrio. – Eu não agüentaria viver se ele não me perdoar... – Confessou. – E eu tenho quase absoluta certeza de que ele não vai me perdoar se eu chegar de repente para ele, e dizer “Eu estou viva...” - Completou.
- Pois eu tenho certeza que ele te perdoaria assim que olhasse em seus olhos... – Murmurou Mathews enquanto abraçava a garota que estava chorando, chorando agora em um ombro amigo.
- O que houve Almofadas?! – Perguntou James ao notar que do olho do amigo escorria uma fina lágrima.
- Não sei Pontas... – Respondeu Sirius. – É como se parte de mim estivesse triste por algo que eu não sei nem o que é... – Completou enxugando a lágrima errante.
- Triste por algo que você não conhece?! – Perguntou Remus. – Isso não faz sentido nenhum, e ao mesmo tempo faz todo sentido do mundo... – Completou pensativo.
- Vai ver eu me perdi em algum mundo paralelo onde as coisas ruins que me aconteceram teriam sido apenas pesadelos de uma noite solitária... – Murmurou Sirius.
- Ou você sentiu saudades de alguém que deveria estar aqui, mas não está... – Disse James. – É aqui... – Adicionou parando em frente a uma casa de aspecto velho e sombrio.
- Porque o Rabicho escolheria morar em uma casa de filme de terror?! – Perguntou Remus ao olhar a casa onde supostamente o amigo estaria morando.
- Porque a vida dele virou um filme de terror após o episódio do aniversário da Liu... – Respondeu Sirius analisando cada madeira velha da casa.
- Eu acho que eu iria preferir continuar morando com minha mãe... – Pontuou James com uma sobrancelha arqueada.
- Eu acho que eu não conseguiria dormir em uma casa dessas... – Completou Remus.
- Eu acho que essa casa se encaixa perfeitamente no tipo de pesadelo que minha vida virou... – Murmurou Sirius.
- Meu ouvido não é pinico para ouvir as merdas que você fala Almofadas! – Reclamou Remus após a besteira murmurada por Sirius.
- Que clima de depressão... – Murmurou James. – Parecendo enterro, sério... – Concluiu indo em direção a porta da casa.
- Lá vamos nós abrir a porta para uma cena provavelmente deprimente... – Murmurou Remus.
- Não duvido muito que nosso amigo esteja no mesmo estado que a casa dele... – Disse Sirius. – Mal cuidado e deprimido... – Adicionou.
- Dããã! – Exclamou James. – Casas não ficam deprimidas! – Brincou para quebrar o clima do local.
- Quem vai abrir a porta?! – Perguntou Remus notando que não havia campainha ao lado da porta velha de madeira.
- O Pontas é que está virando mestre em arrombar portas... – Pontuou Sirius com uma cara séria.
- Já que vocês insistem, o ser perfeito irá abrir a porta com a força... – Começou James se aproximando da porta, que se abriu sozinha, ou pela força do vento. – Do pensamento?! – Completou confuso olhando para a porta aberta sem enxergar a sala ainda.
- É Pontas... – Começou Sirius. – Dá próxima vez pensa numa chuva de dinheiro para ver se dá certo... – Murmurou entrando na sala.
Era um lugar deprimente, daqueles que quando você sai faz questão de sacudir os pés para não levar nem mesmo o pó daquele local.
Havia poeira em todos os móveis, teias de aranhas... Parecia realmente uma casa de filme de terror. Talvez fosse o filme de terror da vida de Peter. Isso sem contar a falta de claridade do local, culpa das cortinas fechadas.
- Céus... – Murmurou Remus. – O que nós fizemos com o nosso amigo?! – Se perguntou. Afinal, fazia algum tempo que eles não entravam em contato com Peter.
- Isso é ainda mais deprimente do que eu pensei que seria... – Murmurou Sirius olhando para os lados. Havia ratos correndo pelos cantos da casa. – Pelo menos ele tem companhia... – Adicionou.
- Rabicho?! – Gritou James a procura do amigo. – Cadê você?! – Gritou novamente. Nenhum tipo de resposta fora ouvida.
- Aparece ratooo! – Gritou Sirius.
- Almofadas, tem tantos ratos aqui, você não pode pedir para um rato aparecer... – Pontuou Remus.
- Hamster! – Disse Sirius num tom bem elevado de voz. – Cadê você que não aparece?! – Voltou a gritar.
- Rabicho, somos nós, os seus amigos! – Gritou Remus.
- Vamos nós separar... – Propôs James. – Quem achar o Rabicho grita alguma coisa... – Completou.
- Está bem... – Concordou Sirius. – Eu vou procurar lá em cima... – Disse apontando para umas escadas velhas.
- Eu procuro pelo lado de lá... – Falou Remus enquanto apontava para uma porta à direita.
- E eu para lá... – Concluiu James olhando para a porta que estava à esquerda. – Boa sorte! – Concluiu. Cada um foi para onde deveria ir.
Se não fosse pelo fato da escada estar rangendo a cada passo que Sirius dava, ele seria capaz de jurar ter ouvido um tropeço de alguém vindo do andar de cima, talvez fosse apenas um rato.
- Ratos... – Murmurou Sirius enquanto subia as escadas de maneira cuidadosa.
Um passo em falso. E Sirius provavelmente cairia escada abaixo. Ainda bem que ele não falhou. Seguiu por um corredor de escassa iluminação, pegou sua varinha.
- Lumus... - Disse Sirius criando um feixe de luz na ponta de sua varinha.
O corredor parecia corredor de casa mal – assombrada. Quadros de pessoas com feições mal – humoradas nas paredes. Teias de aranhas em todos os cantos, uma porta no final do corredor.
- Isso me parece uma sala de música... – Murmurou Remus enquanto entrava em uma sala onde havia um único piano. – Credo... – Disse se aproximando do piano.
Ao abrir a parte do piano que mostrava as teclas uma nuvem de pó flutuou no ar, fazendo com que Remus tossisse.
- Acho que o Rabicho se esqueceu o que significa água... – Pontuou Remus fechando o piano e saindo da sala.
- Cozinha! – Exclamou James ao entrar no que ele achava ser uma cozinha.
Era uma sala grande, de piso quadriculado preto e branco. Armários de madeira velha suspensos. Uma pia que da torneira saia uma teia de aranha imensa. Tudo ali parecia tão... Abandonado.
- E eu que pensei que o lugar favorito do Rabicho fosse a cozinha... – Murmurou James confuso enquanto abria um dos armários.
Surpresa... Os armários estavam todos vazios. Mas se aquela era realmente a casa do Peter, porque os armários estariam vazios?! Todos sabiam que Peter era um tanto quanto esfomeado, porque então ele deixaria sua cozinha sem nenhum tipo de mantimento. Que tipo de subvida estaria o quarto maroto vivendo?!
- Eu acho que eu entrei na casa errada... – Sussurrou James saindo da cozinha e indo para um outro cômodo.
Sirius foi lentamente até a porta do final do corredor, sentia uma sensação terrível de abandono, solidão, tristeza, tudo junto. Botou sua mão direita na maçaneta da porta e a girou lentamente, fazendo com que se abrisse gerando um barulho capaz de arranhar a audição de qualquer ser humano.
- Rabicho... – Murmurou Sirius ao ver a figura de um alguém sentado de costas para a porta com sacos de comida, e ratos em volta. – Rabicho, é você?! – Perguntou em um tom mais alto de voz.
- Al... Al... Almofadas... – Disse o jovem rapaz que havia virado o rosto para encarar quem havia adentrado o quarto.
Ninguém merece ver um amigo em tal situação. Lá estava ele, Peter Pettigrew, sentado com uma foto na mão e lágrimas nos olhos. Seu semblante exalava a tristeza de quem havia perdido um grande Amor. Estava entregue aos ratos, sujo, com a pouca barba a fazer, cabelos emaranhados e cheios de farelos de comida. Voz quase nula.
- Eu não consegui ser forte como você... – Murmurou Peter num tom de tristeza. – Eu não consegui seguir adiante... – Continuou. – Eu me deixei entregar às trevas... – Completou. – Eu vivo no passado, com a minha Júlia... – Adicionou olhando para o amigo que continuava de pé em frente à porta.
- Levanta – te amigo... – Pediu Sirius. – Nós viemos te ajudar... – Disse num tom de pena. – E te pedir ajuda... – Adicionou.
- Lua cheia amanhã, não é?! – Perguntou Peter com uma alegria estranha em seu rosto. – Veio me pedir para ajudar o Aluado né?! – Questionou em seguida. – Como sempre fizemos, todos juntos! – Completou. Era bom para ele se sentir... Útil.
- Exatamente, você sabe que você é indispensável! – Falou Sirius. Ele sabia que seria bom fazer o amigo se sentir útil, pelo menos daria um motivo para ele sair daquela imundice.
- E os outros, cadê os outros?! – Perguntou Peter enquanto se levantava.
- Estão lá embaixo... – Respondeu Sirius. – Vamos descer para falar com eles?! – Perguntou em seguida.
- Não... Não posso descer... – Falou Peter balançando a cabeça negativamente. – Eles querem me pegar, eles estão lá embaixo... – Disse num tom facilmente confundível com loucura.
- Rabicho, quem está lá embaixo?! – Perguntou Sirius confuso, aquela casa estava às traças, como seria possível mais alguém viver ali?!
- Eles... – Respondeu Peter com um ar de medo.
- Eles quem?! – Questionou Sirius novamente.
- A Marta e o Nosferato... – Respondeu Peter com medo.
- Aonde?! – Perguntou Sirius com um ar de raiva.
- Lá embaixo... – Respondeu Peter. – Eles sobem aqui às vezes... – Murmurou. – Mas aí eu grito e eles somem! – Completou. – Cuidado, eles estão atrás de você! – Gritou repentinamente. Sirius se virou rapidamente e não viu ninguém.
- Rabicho... – Murmurou Sirius voltando a olhar para o amigo. – Eu vou tirar você daqui, esse lugar está te deixando maluco! – Disse indo até o amigo e o puxando pelo braço.
- Se eu for quem vai cuidar da Júlia?! – Perguntou Peter preocupado.
- Leva ela com você... – Respondeu Sirius. Peter pegou a foto e ambos foram para as escadas. – Pontas e Aluado! – Gritou quando estava descendo as escadas. Os amigos logo que ouviram correram para a sala. – Temos um caso de loucura pós Hogwarts! – Exclamou ao descer arrastando Peter.
- Merlim! – Exclamaram James e Remus juntos.
- O que aconteceu com você Rabicho?! – Perguntou James preocupado.
- Depois você pergunta... – Respondeu Sirius. – Agora me ajuda a levar esse rato imundo para longe daqui! – Disse com um tom de urgência.
Saíram todos apressados da casa velha e tomaram o caminho para a casa de James, onde poderiam ajudar o amigo, e depois conversar em paz.
- Merlim! – Gritou Lily ao ver James abrindo a porta e entrando às pressas com Sirius e Remus “rebocando” Peter. – O que houve com ele?! – Perguntou com uma expressão confusa.
- Pelo cheiro não toma banho faz mais de semanas... – Completou uma voz feminina vinda do mesmo lugar onde Lily estava.
- Semanas?! – Perguntou Sirius. – Eu podia jurar que fazia meses que ele não toma banho... – Completou enquanto levava Peter em direção a uma porta, contando com a ajuda de Remus e James.
- Meu Amor, o que você faz aqui?! – Perguntou Remus ao ver que Lele estava ao lado de Lily.
- Vim visitar minha amiga... – Respondeu Lele dando uma leve piscada de olho para Remus, antes dos quatro marotos entrarem na porta.
- Liga o chuveiro Pontas... – Pediu Sirius enquanto colocava Peter debaixo do chuveiro.
- A Júlia vai se molhar... – Murmurou Peter mostrando o retrato.
- Me dê a Júlia, ela vai assistir TV na sala... – Disse Remus tomando o retrato das mãos de Peter e indo até a sala.
- Não se preocupe, não vai doer nadinha... – Começou James. – É só água! – Completou antes de abrir o chuveiro gelado, em cima do amigo que ainda permanecia com as roupas velhas e rasgadas no corpo.
- A água está fria! – Reclamou Peter após sentir a água gelada tocar em sua cabeça.
- Melhor, assim te faz cair na real... – Pontuou Sirius. – Quando acabar de tomar banho nos chame... – Disse enquanto saía do banheiro junto com James e fechava a porta, deixando Peter sozinho a pensar na vida debaixo da água gelada.
- Como?! Por quê?! Onde?! – Perguntou Lele de vez quando todos, menos Peter, estavam na sala.
- Melhore as suas perguntas... – Murmurou Sirius olhando para Lele com uma cara confusa.
- Como é que vocês o encontraram?! – Perguntou Lele confusa.
- A Lily nos deu o endereço que ela tinha... – Respondeu Remus com clareza.
- Porque ele está desse jeito?! – Perguntou Lele em seguida.
- Porque ele estava vivendo num antro de loucura! – Respondeu James rapidamente. – Se eu estivesse morando lá... – Começou. – Bom, eu não estaria morando lá... – Completou coma sobrancelha esquerda arqueada.
- Onde ele estava?! – Questionou Lele por fim.
- Numa casa de filme de terror, exatamente no endereço que a Lily nos deu... – Respondeu Sirius vagarosamente.
- E o que vocês pretendem fazer?! – Perguntou Lily com uma cara de ponto de interrogação.
- Bom... Para a casa dele ele não pode voltar... – Começou James.
- Ele pode ficar na casa do Almofadas! – Completou Remus.
- “Porque na minha casa?!” – Se perguntou Sirius enquanto fazia uma cara estranha.
- Ótima idéia Aluado... – Começou James num tom de ironia. – Assim ambos resolvem se matar logo! – Completou com um olhar sério.
- Hey! – Exclamou Sirius. – Eu não pretendo me matar tão cedo... – Resmungou emburrado.
- O Rabicho vai acabar levando o nosso cachorrinho à depressão... – Recomeçou James se explicando. – Através daquele assunto que fala sobre você sabe exatamente qual é, e aí vão ficar os dois imundos em uma casa que vai parecer um chiqueiro! – Disse com uma cara séria.
- Pois eu acho que seria uma ótima idéia... – Discordou Sirius. – É melhor do que deixar a recuperação de um de nossos amigos por conta de um de vocês dois babacas... – Completou olhando feio para James.
- Babaca é você, Almofadas... – Murmurou James olhando para Sirius.
- Eu não, você, Pontas! – Exclamou Sirius.
- Você... – Resmungou James.
- Vo... – Começou Sirius.
- Os dois são babacas e ponto final! – Interrompeu Remus.
- Você que é babaca Aluado! – Retrucaram James e Sirius juntos.
- Crianças... – Murmuraram Lily e Lele enquanto balançavam a cabeça negativamente.
- Então está decidido... – Começou James escondendo um sorriso maroto. – Para o bem de todos, felicidade geral da nossa nação... – Continuou bem devagar. – O Hamster vai ficar fazendo companhia ao cachorrinho! – Disse sem mais esconder um sorriso.
- Pontas seu safado! – Exclamou Sirius. – Você queria isso desde o início... – Murmurou com um sorriso maroto.
- Você não esperava que eu fosse pedir para ele ficar na minha casa de vela para a minha pessoa e a minha querida ruiva... Né?! – Perguntou James piscando para Sirius.
- Pontas, Almofadas, Aluado! - Gritou Peter de dentro do banheiro.
- Já vamos! – Responderam os três em coral.
- O que foi?! – Perguntou James ao abrir a porta e dar de cara com o amigo todo molhado.
- Acho que já voltei ao normal... – Murmurou Peter olhando para baixo. Remus rapidamente fez um feitiço para que as vestes, e o próprio Peter, ficassem secos novamente.
- Melhor assim... – Começou Sirius. – A partir de hoje você mora na minha casa... – Completou sorrindo para o amigo.
- Na sua casa?! – Perguntou Peter olhando para Sirius confuso.
- Exatamente... – Respondeu Sirius.
- Então... – Murmurou James. – Estamos todos prontos para decidir o que faremos amanhã de noite?! – Perguntou com um sorriso maroto.
- Prontos! – Responderam Sirius, Peter e Remus indo todos para a sala, aonde Lily e Lele os esperavam.
- Silas! – Exclamou Marta. Silas estava tentando descobrir o bilhete, ainda.
- O que houve Martinha?! – Questionou Silas tirando os olhos do bilhete por uma fração de tempo.
- “Martinha?!” – Se perguntou Nosferato, que se encontrava na mesma sala que os dois. – “Que intimidade...” – Completou em pensamento. Ciúmes?! Talvez...
- Algum tipo de avanço nessa droga de bilhete de maluco?! – Questionou num tom de tédio.
- Eu acho que agora ele deve ter certeza mais do que absoluta de que isso realmente é um bilhete! – Respondeu Nosferato fazendo graça.
- Engraçadinho você... – Resmungou Silas. – Martinha, esse negócio é pior do que escritas egípcias... – Pontuou.
- Viu?! – Começou Nosferato em tom de provocação. – Nem o “Eu sou gostoso e comensal da morte” do Silas conseguiu decifrar... – Falou devagar.
- Você está muito ciumento Nosferato... – Murmurou Marta.
- Tenho meus motivos... – Retrucou Nosferato.
- Está com medo de que chifres lhe cresçam na cabeça?! – Perguntou Silas com um tom de provocação evidente.
- Não... – Respondeu Nosferato. – Mas quem tem uma mulher tão linda como a minha deve estar sempre alerta para eliminar os urubus carniceiros que aparecem por aí... – Completou com um sorriso vitorioso. Marta foi até Nosferato e o abraçou.
- Você é o melhor, Nosnos... – Sussurrou Marta no ouvido de Nosferato.
- E você a mais bela das belas... – Murmurou Nosferato de volta, logo após beijando Marta de uma maneira apaixonada.
- “Eu mereço...” – Pensou Silas voltando a olhar para o bilhete como se fosse a coisa mais importante da sua vida.
- Mathews... – Começou Liu em forma de murmúrio, já não mais chorava. Estavam ela, e Mathews sentados no banco, olhando para o lago.
- Diga Liu... – Disse Mathews olhando para a garota.
- Posso te chamar de Matt?! – Perguntou Liu com um sorriso.
- Precisa perguntar?! – Questionou Mathews.
- Vai que você não gosta do apelido... – Resmungou Liu.
- Pode chamar sim... – Murmurou Mathews.
- Matt... – Começou Liu. – Porque você não me deixou lá naquele cemitério, sozinha, dormindo?! – Perguntou curiosa.
- Eu já te disse, podia ser perigoso... – Respondeu Mathews com uma cara séria.
- Porque você queria assistir “Superman”?! – Questionou Liu em seguida.
- Porque eu leio os gibis dele, e o acho um super – herói muito legal... – Respondeu Mathews normalmente.
- Porque o Superman usa aquela roupa ridícula?! – Perguntou Liu rapidamente.
- Porque você faz tantas perguntas?! – Retrucou Mathews.
- Porque além de chata eu sou curiosa! – Respondeu Liu sorrindo.
- Você nem é tão chata assim... – Murmurou Mathews. – Só um pouco mais do que as pessoas normais... – Completou sorrindo.
- Magoei... – Brincou Liu fingindo estar magoada.
- Está bem... – Murmurou Mathews. – Você é muito chata! – Exclamou em seguida.
- Abestalhado... – Disse Liu enquanto dava língua para Mathews.
- Acho que você já deveria ir para casa... – Pontuou Mathews. – O seu irmão deve estar preocupado... – Disse sorrindo.
- O Douglas não é meu irmão de sangue, sabe?! – Começou Liu. – De consideração só... – Adicionou.
- Deu para perceber... – Falou Mathews. – Ele em nada se parece com você... – Adicionou. – Pelo menos ele está ao seu lado para ter certeza de que você não vai fazer outra besteira... – Concluiu.
- É... – Concordou Liu. – Não que eu faça besteiras muitas vezes! – Adicionou rapidamente.
- Imagina se fizesse... – Pontuou Mathews.
- É melhor irmos mesmo... – Começou Liu. – O Douglas pode acabar tendo um ataque nervoso, e ficar pensando besteiras... – Completou.
- Que tipo de besteiras?! – Perguntou Mathews com uma cara de curiosidade e um riso escondido.
- Todos os tipos de besteira... – Respondeu Liu se levantando. – Olha só como ele confia na gente... – Disse indo até um arbusto e pegando um gato branco, que já estava tirando um cochilo, nos braços.
- ASHduahsud! – Riu Mathews enquanto se levantava. – Correção... – Começou. – Olha só como ele confia em mim... – Corrigiu.
- Vai por mim... – Murmurou Liu. – Ele acha que eu posso me machucar... – Disse sorrindo.
- Então vamos logo... – Murmurou Mathews antes de ambos saírem em direção à casa de Douglas.
- Até que enfim, já era mais do que em tempo de vocês chegarem! – Exclamou Douglas sem parar para respirar enquanto abria a porta.
- Primeiro... – Começou Liu olhando seriamente para Douglas. – Isso aqui é obra sua?! – Perguntou mostrando Eduzinho que já estava ao lado dela.
- Você sabe que ele te segue de qualquer forma... – Respondeu Douglas com uma cara cínica.
- Está bem... – Começou Liu. – Foi obra sua... - Murmurou.
- Agora me expliquem que filme foi esse que demorou décadas! – Exclamou Douglas. – Décadas não, milênios! – Corrigiu – se.
- Ohh... Quanto drama! – Disse Liu em meio a risos. – Entra Mathews... – Completou enquanto entrava em casa.
- Olá... – Saudou Mathews enquanto entrava em casa e Douglas fechava a porta. Bel estava sentada no sofá rindo.
- Me responda Liu! – Pediu Douglas com uma cara de preocupação.
- Vou falar logo a verdade... – Falou Liu com uma cara aparentemente séria. – Mathews, melhor a gente assumir logo... – Disse enquanto piscava para Mathews que escondeu uma risada.
- Você acha mesmo?! – Perguntou Mathews fazendo uma cara séria. Bel já havia entendido que aquilo era uma brincadeira e se controlava para não rir ainda mais.
- Assu... Assumir o quê?! – Perguntou Douglas com uma cara de surpresa.
- Matt, quem vai dizer, eu ou você?! – Questionou Liu olhando para o amigo.
- Melhor você Liu... – Respondeu Mathews calmamente. Douglas já estava à beira de um enfarte fulminante.
- Não sei... – Murmurou Liu. – Talvez seja melhor você contar... – Disse como se estivesse com medo de algo.
- O que diabos vocês dois fizeram?! – Perguntou Douglas em um tom alterado de voz. Bel começou a rir de uma maneira descontrolada.
- Douglas... – Começou Liu com uma calma irritante. – Eu acho que você deveria se preparar para a notícia... – Disse com um olhar sério.
- Oh céus! – Exclamou Douglas. – Você está grávida! – Disse num tom de desespero. – Isso explica os desmaios... – Murmurou mais para si mesmo. Liu colocou a mão na testa em sinal de decepção.
- Não Douglas, eu não estou grávida... – Liu disse seriamente. – Sem chances... – Falou pausadamente. – O que eu tenho a lhe dizer é algo muito mais sério... – Concluiu olhando nos olhos de Douglas. Mathews ria interiormente.
- Então você está morrendo! – Exclamou Douglas quase chorando de desespero. – Só pode ser... – Murmurou.
- Não... – Retrucou Liu. – É ainda muito mais sério do que a minha morte... – Completou respirando fundo.
- Fala logo então... – Pediu Douglas. – Não me deixe nesse desespero... – Falou enquanto tentava não se desesperar ainda mais.
- Bom... – Começou Liu. – O que eu tenho a lhe dizer é... – Disse com um sorriso estilo “Eu tenho 32 dentes bem branquinhos e brilhantes”. – Eu te Amo, meu irmão! – Gritou correndo e abraçando Douglas, que agora estava com um sorriso de emoção na face.
- Que meigo! – Exclamou Bel com os olhos brilhando.
- Eu também te Amo, coisa pequena... – Murmurou Douglas enquanto abraçava Liu. – Mas o que te deu na cabeça para falar isso assim, de repente?! – Perguntou em seguida.
- Sabe... – Começou Liu se separando do abraço. – Eu ouvi dizer que é preciso Amar as pessoas como se não houvesse amanhã... – Disse enquanto olhava para Mathews que sorria de maneira vitoriosa.
- Quem está colocando juízo nessa sua cabeça de vento?! – Questionou Bel ao ouvir o que Liu havia dito.
- O Douglas é que não é... – Respondeu Liu. – O Matt conversou comigo hoje... E eu acho que talvez eu precise mudar algumas coisas na minha vida... Ou morte... – Acrescentou com um sorriso.
- Agora eu faço gosto da amizade de vocês... – Pontuou Douglas. – Ele sabe de tudo?! – Perguntou em seguida.
- Tudo e mais um pouco... – Respondeu Mathews olhando para Liu.
- Você é bruxo, Mathews?! – Perguntou Bel curiosa.
- Não... – Respondeu Mathews. Douglas e Bel arregalaram os olhos. – Mas minha irmã é... – Completou sorrindo. Bel e Douglas ficaram mais relaxados. – Eu tenho orgulho daquela pequena... – Acrescentou com um brilho no olhar.
- Meu querido irmão que eu tanto Amo... – Começou Liu com uma cara de quem ia pedir algo.
- O que você quer?! – Perguntou Douglas ao ver a cara de Liu.
- Amanhã podemos começar aquelas aulas?! – Perguntou Liu sorrindo docemente. – Eu já estou bem, é sério... – Completou.
- Não e não e não! – Respondeu Douglas. Liu fechou a cara.
- Não te Amo mais... – Disse Liu emburrada.
- Depois de amanhã a gente começa... – Falou Douglas piscando para Liu, que continuou emburrada.
- Eu queria que fosse amanhã... – Murmurou Liu de cara feia.
- Quer fique querendo, pegue o dedo e vá roendo... – Disse Douglas sorrindo.
- Vou te ignorar a partir de agora... – Pontuou Liu.
- Até quando?! – Perguntou Douglas.
- Até quando eu quiser... – Respondeu Liu normalmente.
- Você não está me ignorando... – Disse Douglas.
- Estou sim... – Murmurou Liu.
- Viu?! – Começou Douglas. – Falou comigo de novo... – Falou de uma maneira vitoriosa.
- Não quero mais te ignorar... – Resmungou Liu mandando um olhar furioso para Douglas. Bel e Mathews estavam rindo.
A semana de lua cheia passou de uma maneira tranqüila para alguns e nem tão tranqüila para outros. Peter havia buscado, no meio da semana, suas vestes em sua casa para se “mudar” para a casa de Sirius, que visitava Mary Kate todos os dias para tentar descobrir o que havia no bilhete.
Mary Kate tentava se convencer que não estava gostando de Sirius novamente, e talvez não estivesse mesmo, talvez fosse somente uma forte amizade, mas em fortes amizades a vontade de ver o outro é tão grande quanto à vontade, quase necessidade, que ela estava tendo de ver Sirius?!
Liu a partir do dia combinado, treinava dia sim e outro dia também com Douglas, afinal, ela tinha de aprender a se defender.
Lele passou a semana cuidando de Remus pela manhã, já que ele sempre chegava machucado e com aspecto de fraqueza.
James passou as noites ajudando o amigo, Remus, junto com Sirius e Peter, e depois quando voltava para casa tinha sempre Lily para cuidar dele.
Mathews tentava convencer Liu de contar tudo para Sirius e arcar com as conseqüências, algumas vezes era ignorado, outras a garota sorria e dizia que faria isso no dia seguinte, dia que não chegava.
Douglas e Bel estavam apaixonados e fazendo planos para o futuro. Bel já havia voltado para sua casa, mas Douglas a visitava todos os dias depois de treinar com Liu.
Marta, Nosferato e Silas ainda estavam tentando descobrir o que tinha no bilhete. Nosferato e Silas tiveram algumas brigas, na verdade muitas, sempre por motivos de ciúmes, em uma delas Nosferato chegou a soltar um feitiço de ataque em Silas, mas o quase albino se defendeu, o que rendeu muitas provocações e caras feias, ignoradas por Marta, que nem sequer queria mais olhar para o bilhete.
Depois da semana de lua cheia, as outras pareciam voar. Logo já era inverno, quase Natal.
- Você realmente gostava dela, não é Almofadas?! – Perguntou Peter ao ver o amigo sentado no sofá da sala, mexendo em uma caixa velha, e revendo algumas fotos e bilhetes, em busca de algo.
- Mas do que de mim mesmo, Rabicho... – Respondeu Sirius cabisbaixo.
- Eu acho que eu não cheguei a agradecer o favor que você me fez... – Murmurou Peter. – Obrigado por me tirar da escuridão, Almofadas... – Agradeceu sorrindo enquanto ia se sentar em uma poltrona próxima.
- É para isso que os amigos servem, não é?! – Pontuou Sirius ainda revirando a caixa velha.
- Posso te dar um conselho?! – Perguntou Peter. – Um conselho de maroto para maroto... – Disse logo após.
- Claro Rabicho... – Respondeu Sirius. – Só não garanto que vou seguir o seu conselho... – Completou.
- Preste atenção numa certa garota de cabelos negros que faz de tudo por você... – Peter disse com calma. – Ou você vai fazer que nem eu e viver lamentando o passado e se esquecendo de viver o presente para fazer um futuro melhor?! – Perguntou em seguida.
- A Mary Kate é minha amiga, Rabicho... – Murmurou Sirius.
- Ela é linda, educada, faz de tudo por você... – Começou Peter calmamente, nem parecia o mesmo Peter que estudava em Hogwarts e falava besteiras, talvez fizesse aquilo para chamar atenção.
- Ela não é a Liu... – Murmurou Sirius olhando fixamente para uma foto.
- A Liu morreu Almofadas! – Exclamou Peter. – Você me ajudou, e eu vou te ajudar... – Continuou. – Nem que para isso eu tenha de te botar embaixo de um chuveiro gelado em pleno inverno! – Finalizou.
- Eu sinto como se ela não tivesse morrido! – Retrucou Sirius. – Não sei explicar o “porque”, mas eu não a sinto morta! – Praticamente gritou.
- Pois devia! – Retrucou Peter. – Segue adiante cara... – Murmurou. – Convida a Mary Kate para passar o Natal aqui com a gente... – Propôs. – Tenta se apaixonar por alguém real... – Finalizou.
- Eu tentei me apaixonar de novo... – Confessou Sirius. – Mas adivinha... Ela me decepcionou... – Completou. – Não sei se quer o bichinho chato do Amor de volta na minha vida... – Concluiu.
- A vida é que nem um livro Almofadas... – Começou Peter. – É necessário virar a página e encerrar os capítulos para seguir adiante... – Disse calmamente.
- Rabicho, eu não vou conseguir... – Murmurou Sirius.
- Pelo menos chama a Mary para passar o Natal aqui... – Começou Peter. – Depois você vê o que vai fazer... – Completou sorrindo.
- Está bem, eu vou chamar a Mary para passar o Natal com a gente... – Concordou Sirius guardando tudo de volta na caixa e a fechando. – A vida é um livro né?! – Murmurou por fim.
- Isso mesmo... – Murmurou Peter.
- Expelliarmus! – Disse Liu apontando para a varinha de Douglas, que voou longe.
- Tenta sem falar nada dessa vez... – Pediu Douglas depois de pegar sua varinha novamente. Eles estavam treinando no porão da casa.
- É muito fácil... – Resmungou Liu. – Vamos passar para algo mais difícil! – Propôs.
- Fácil e útil... – Pontuou Douglas. – Mostre – me que você é capaz de me desarmar sem dizer uma pala... – Continuou, mas sua varinha voou longe.
- Satisfeito?! – Perguntou Liu com a sobrancelha esquerda arqueada.
- Tenho algo em mente... – Começou Douglas. – Você é capaz de produzir um Patrono corporal?! – Perguntou em seguida.
- Com que propósito?! – Liu questionou com uma cara confusa.
- Se defender... – Respondeu Douglas como se fosse óbvio.
- Talvez eu seja... – Respondeu Liu com uma cara de indiferença.
- Tem pensamentos felizes?! – Perguntou Douglas sorrindo.
- Isso vai me fazer voar que nem aquele tal de Peter Pan?! – Questionou Liu num tom de brincadeira.
- Leve isso a sério... – Pediu Douglas.
- Claro que tenho pensamentos felizes... – Murmurou Liu. – Eu sou uma pessoa muito feliz! – Completou fingindo um sorriso.
- Mostre – me o seu Patrono então... – Desafiou Douglas.
- Expecto Patronum!! – Exclamou Liu se esforçando para pensar em coisas felizes, mas tudo que lhe vinha em mente era a morte de seu irmão.
- Pensando na morte do Edu?! – Perguntou Douglas ao ver que a garota não havia conseguido produzir o feitiço.
- Não, apenas não me concentrei direito... – Mentiu Liu. – Expecto Patronum! – Tentou novamente, dessa vez lembrou – se da visão do corpo morto de sua mãe.
- Ihh... – Murmurou Douglas. – Fraquinha você, viu?! – Provocou para ver se Liu tentava pensar em algo bom. Liu encarou Douglas e deu um sorrisinho.
- Expecto Patronum! – Tentou Liu novamente. Dessa vez seu Patrono assumiu a forma de um belo cão que se assemelhava muito com Sirius.
- “Sabia...” – Pensou Douglas. – Mantenha o pensamento... – Disse sorrindo. Liu seguia o cão com o olhar. A campainha tocou, o cão sumiu.
- Eu atendo! – Liu disse pouco antes de subir as escadas do porão correndo.
- No que será que a maluquinha pensou?! – Perguntou Douglas à Eduzinho enquanto subia as escadas.
- Boa tarde Douglas... – Saudou uma voz masculina no que Douglas chegou na sala.
- Boa tarde, Mathews... – Respondeu Douglas. – Liu, eu vou visitar a Bel, tudo bem?! – Perguntou em seguida.
- Vá lá... – Respondeu Liu sorrindo.
- Até mais tarde então... – Murmurou Douglas enquanto pegava as suas coisas. – Tchau Mathews... – Despediu – se antes de sair pela porta.
- Me conta o que você veio me contar... – Pediu Liu curiosa.
- Eu estou apaixonado, Liu! – Exclamou Mathews.
- Por quem, Matt?! – Liu questionou ainda mais curiosa.
- Tatyanne DeMille! – Respondeu Mathews sorrindo um sorriso bobo, um sorriso que só as pessoas apaixonadas são capazes de dar. Liu olhou como quem diz “Sim, não sei quem é...”.
- Que bom! – Exclamou Liu olhando para Mathews com uma cara confusa.
- Não me olha assim... – Murmurou Mathews. – Você não ligou o nome à pessoa, acertei?! – Perguntou em seguida.
- Definitivamente não... – Respondeu Liu calmamente.
- Sabe aquela minha vizinha?! – Perguntou Mathews sorrindo.
- Qual das?! – Liu questionou de volta.
- Uma baixinha, branquinha, cabelos lisos, repicados, e castanhos escuros, na altura da cintura, com uma franja na altura do queixo. – Começou Mathews. – Olhos cor de mel, nem muito magra nem gorda... – Continuou.
- Matt, já deu para saber quem é na parte que você falou “baixinha”... – Interrompeu Liu. – A sua outra vizinha é muito alta, e tem cara de metida... – Concluiu. – Já falou com ela?! – Perguntou sorrindo.
- Óbvio... – Respondeu Mathews. – Que não... – Completou. Liu balançou a cabeça negativamente.
- Fala com ela, mongol! – Exclamou Liu indignada.
- Só se você for falar com o Sirius... – Disse Mathews em forma de chantagem.
- Chantagista! – Reclamou Liu. – O problema é todo seu... – Completou dando língua para Mathews.
- Eu não tenho coragem de chegar para ela e dizer “Taty, eu te Amo com a intensidade maior que o brilho de dez milhões de sóis.” – Pontuou Mathews olhando para os próprios sapatos.
- Nem eu para dizer “Sirius, tenho uma novidade para você, eu não morri!”. – Retrucou Liu com um sorriso.
- Então eu falo para o Sirius que você está viva, e você fala para a Taty que eu a Amo... – Propôs Mathews.
- Belíssima idéia... – Murmurou Liu de maneira irônica. – Fora o fato de que o Si não vai acreditar em você... – Disse com uma cara séria.
- Bom, realmente... – Concordou Mathews. – E o que eu faço?! – Perguntou com um olhar distante.
- Primeira opção... – Começou Liu. – Fala tudo para ela... – Disse sorrindo. – Segunda opção, espera até você ter coragem... – Completou.
- Eu vou esperar um pouco então... – Murmurou Mathews.
- Frouxo... – Provocou Liu.
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Antes tarde do que nunca... Comentem :)
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