Quinto Capítulo.
~~> Quinto Capítulo.
“O que ele faz aqui?!”
O sol já havia raiado. A lua cheia estava se aproximando cada vez mais. Liu já havia acordado.
- Acorda Isabel Montano Wolfgrand! – Gritou Liu do lado da cama onde Bel estava dormindo na mais perfeita paz.
- Eu não estou dormindo... – Murmurou Bel sonolenta. Ela estava naquele estágio de sono onde as pessoas respondem as coisas e não lembram depois.
- O que você e o Douglas estão armando para cima de mim?! – Perguntou Liu tentando se aproveitar da situação.
- Nada... - Respondeu Bel com clareza, dessa vez ela já havia acordado.
- Sei... Sei... – Murmurou Liu em seguida jogando um travesseiro em Bel.
- Se controle garota! – Brincou Bel sorrindo.
- Qual é garota! – Exclamou Liu rindo da cara de sono de Bel.
- HAsudahsudha! – Riram as duas juntas.
- O café está na mesa!! – Gritou Douglas da cozinha.
- Já vai! – Gritaram Liu e Bel de volta.
- “Tomar café e ir até a casa do Douglas falar com ele...” – Pensou Sirius enquanto, como sempre, ia pegar o jornal na casa do vizinho.
- Meu jovem! – Saudou o vizinho, que por um milagre estava acordado sentado na varando tomando um café.
- Olá! – Respondeu Sirius sem graça, por sorte ele não tinha chegado à casa do vizinho ainda. – Madrugou vizinho?! – Perguntou sorrindo.
- Claro... – Respondeu o homem. – Quero ver se o ladrãozinho de jornais vai agir comigo aqui na frente... – Completou com um sorriso de vitória. – E você, o que faz do lado de fora tão cedo?! – Perguntou.
- Só vim tomar um ar... – Respondeu Sirius sorrindo marotamente para disfarçar.
- Faz muito bem, meu jovem... – Disse o homem sorrindo para Sirius.
- Bom, eu vou entrar, deixei o pão no forno... – Mentiu Sirius para voltar para dentro de casa.
- Até mais ver... – Despediu – se o vizinho.
- Até... – Disse Sirius antes de entrar em casa e fechar a porta. – Essa foi por pouco... – Murmurou já dentro de casa com uma vontade imensa de rir do acontecido.
- Bom Dia meu Amor... – Saudou Lily enquanto ia para cozinha onde James estava tentando cozinhar algo para o café da manhã.
- Bom Dia minha Ruivinha... – Murmurou James dando um selinho em Lily que estava ao seu lado.
- O que vamos ter para o café da manhã de hoje?! – Perguntou Lily sorrindo.
- Eu não sei o que é isso que eu estou fazendo... – Começou James. – Mas tem pão no forno... – Completou sorrindo marotamente.
- Pão me parece um bom café... – Disse Lily enquanto se sentava à mesa.
- “A lua está quase cheia...” – Pensou Remus enquanto tomava seu café em sua casa.
- “A lua...” – Pensou Lele em sua casa enquanto bebia um gole de suco de uva.
- Douglas, Douglas, Douglas... – Repetia Liu na mesa enquanto os três tomavam café da manhã.
- Que foi?! – Perguntou Douglas curioso.
- Douglas, Douglas, Douglas... – Continuou Liu com um olhar sonhador.
- Pois não?! – Perguntou Douglas confuso.
- Nada não... – Respondeu Liu sorrindo marotamente. – Bel, Bel, Bel... – Começou.
- Nem continue... – Avisou Bel. – Eu não vou perguntar “O que foi?” ou algo do tipo... – Completou.
- Poxa... – Murmurou Liu sorrindo.
- Estica... – Completou Douglas. Liu arqueou a sobrancelha esquerda e olhou para ele.
- HAsduahsud! – Bel riu.
- Eu vou é tocar piano... – Começou Liu com uma cara engraçada. – Quem sabe um dia eu não vire uma grande pianista?! – Adicionou.
- Mortos não viram grandes pianistas... – Pontuou Douglas.
- Bom, até hoje eu ouço falar de Mozart... – Brincou Liu piscando para Douglas enquanto ia para a sala onde tinha o piano, que ficava perto da cozinha, mas nem tão perto da sala que tinha ligação com o lado de fora da casa. Na verdade, a sala do piano tinha ligação com a cozinha e com uma sala sem móveis, que por sua vez tinha ligação com a sala.
Em média uma hora se passou, Liu continuava tocando piano, Bel e Douglas estavam sentados na sala do piano, ouvindo Liu tocar. A campainha tocou.
- Eu atendo... – Disse Douglas sorrindo e se levantando.
- Vá logo... – Murmurou Bel indo sentar no mesmo banco que Liu estava para “tocar” piano.
- Já fui... – Disse Douglas da cozinha. Liu continuava tocando.
- Eu gosto dessa música... – Pontuou Bel imitando o que Liu estava tocando, só que sem tocar em nenhuma tecla.
- Sirius?! – Exclamou Douglas ao abrir a porta e ver o maroto do lado de fora com uma cara de um misto de preocupação com certa felicidade. Como ele avisaria Liu que Sirius estava ali?! O barulho do piano continuava como ele explicaria isso?!
- Douglas! – Saudou Sirius entrando e cumprimentando o amigo. – Está com alguma visita?! – Perguntou ao ouvir o barulho do piano.
- O quê?! – Perguntou Douglas confuso. Claro, sua mente estava a mil, ele não ia puder gritar “Olha Liu, se esconda o Sirius está aqui...”, e sabia que provavelmente Sirius ia ficar curioso para ver quem estava tocando piano...Hey! Isso era bom, não?! Assim os dois se acertariam de vez... Merlimmm!!
- Eu estou ouvindo o piano... – Pontuou Sirius sorrindo. – Devo admitir que seja lá quem for, sabe tocar piano... – Completou.
- Piano?! – Perguntou Douglas, ele estava com uma cara confusa e até engraçada.
- Douglas, você está bem?! – Perguntou Sirius sem conter uma risada.
- Eu, estou... – Respondeu Douglas incerto.
- Quem está aí além de você?! – Perguntou Sirius indo à direção à sala sem móveis, que dava ligação com a sala do piano.
- A ... a... Bel! – Respondeu Douglas. – Bel! – Gritou. – O Sirius chegou aqui! – Gritou ainda mais alto.
- O que ele faz aqui?! – Perguntou Liu bem baixinho para Bel.
- Não faço à mínima... – Respondeu Bel. – Sério Douglas?! – Gritou de volta, sorrindo discretamente. O barulho de piano parou.
- “O que eu faço?!” – Pensou Liu. – “A sala sem móveis...” – Pensou se levantando.
- Bel! – Gritou Sirius já quase na sala sem móveis. – Não sabia que você tocava piano! – Completou.
- Pois é meu caro! – Gritou Bel. – Eu tento... – Adicionou.
- “Aqui vamos nós...” – Pensou Liu já na sala sem móveis.
- Me conte as novidades Sirius... – Pediu Douglas sorrindo. Ambos estavam quase na porta da sala sem móveis.
- Eu seqüestrei o bilhete... – Disse Sirius sorrindo marotamente e passando a olhar para o teto da sala sem móveis, que tinha uns desenhos.
- “Merda...” – Pensou Liu. Seu coração disparou. Em sua frente, a menos de cinco metros de distância estava Sirius Black. Douglas olhou para Liu que estava branca como a parede.
- Olha só aquele anjo ali no teto... – Disse Douglas praticamente forçando Sirius a prestar mais atenção nos desenhos do teto da sala. – Foi pintado por um cara aí... – Falou sem saber o que estava falando. Liu aproveitou e saiu correndo de volta para a sala de piano.
- “Santo Douglas...” – Pensou Liu enquanto corria para a cozinha, para depois ir para as escadas.
- Muito bonito... – Disse Sirius passando a olhar para frente. Por um segundo seu coração disparou, não sabia por que...
- “Sobe...sobe...” – Pensava Liu enquanto subia rapidamente as escadas para o seu quarto. Eduzinho estava em seus calcanhares, a acompanhando.
- Bel... – Saudou Sirius ao finalmente chegar à sala do piano. Havia um cheiro tão familiar naquele lugar. – Essa visita foi ótima, vou matar dois coelhos com uma cajadada só... – Disse sorrindo.
- Feliz em te ver também Si! – Brincou Bel ainda sentada no banquinho do piano.
- Mas antes... – Começou Sirius. Douglas estava pálido. – Toca uma música para mim?! – Perguntou com um olhar de cão abandonado.
Dessa vez Bel que ficou sem cor. Como iria dizer não?! Ele era amigo dela. E se ela dissesse que sim?! Seria um mico e ele desconfiaria de tudo, afinal, ela não sabia tocar nem um pouco de piano.
- “Anotação mental: Pedir aulas de piano para a Liu...” – Pensou Bel enquanto sua face se tornava cada vez mais branca e ela procurava por uma explicação plausível para dar para Sirius do porque que ela não poderia tocar.
- Vai tocar?! – Perguntou Sirius com um sorriso maroto.
- Você realmente acha que eu faço shows de graça?! – Perguntou Bel se levantando. – Claro que não... – Completou. – Eu cobro muito caro, para você que é amigo então, é o triplo! – Brincou começando a rir para de certa forma descontrair.
- Você dois estão namorando?! – Perguntou Sirius ao ver Douglas e Bel abraçados.
- Sim... – Responderam Bel e Douglas em coral. Sirius sorriu marotamente.
- Bom, eu vim tratar de um assunto sério com vocês... – Falou Sirius vagarosamente enquanto os três iam até a sala.
- Volta aqui Eduzinhoooo!! – Gritou Liu do quarto. – “Merda...” – Pensou logo em seguida, mas já era tarde demais.
- “Liu?!” – Pensou Sirius sentindo o seu coração disparar. – O que foi isso?! – Perguntou para Douglas que olhava para Bel com aquele típico olhar estilo “E agora?!”.
- Isso foi o bichinho de pelúcia que você aperta um lado ele grava, e outro ele fala... – Começou Douglas inventando uma desculpa. – Eu fiz a Liu gravar isso... – Disse sorrindo um sorriso amarelo. – E provavelmente o Eduzinho deve ter apertado ele sem querer... – Adicionou.
- Eu posso ver?! – Pediu Sirius curioso.
- Claro, eu vou ir buscar, você fica aqui com a Bel... – Respondeu Douglas respirando fundo.
- Certo... – Concordou Sirius. Douglas subiu as escadas e foi diretamente para o quarto de Liu.
- Você pirou?! – Perguntou Douglas após fechar a porta e lançar um feitiço imperturbável.
- Eu sei... – Começou Liu. – Mas o Eduzinho ia sair pela janela... – Disse com um sorriso amarelo e uma cara de anjo.
- Bom, eu arranjei uma desculpa... – Começou Douglas. – Agora eu quero aquele seu bichinho que aperta de um lado ele grava, aperta do outro ele fala... – Pediu.
- Pra quê?! – Perguntou Liu confusa.
- Para você gravar o “Volta aqui Eduzinhoooo!!”, e eu levar lá embaixo para mostrar para o Sirius ver... – Respondeu Douglas com uma cara óbvia.
- Nem pensar! – Retrucou Liu. – Você sabe qual gravação eu tenho aqui?! – Perguntou com uma cara de reprovação.
- Não... – Respondeu Douglas indiferente. – Mas você prefere que o Sirius venha aqui ver que você está viva?! – Perguntou. – Porque se você quiser, eu vou lá e falo “Sirius, a Liu está viva aqui em cima, ah sim, ela mentiu para você...” – Ameaçou indo até a porta.
- Não! – Exclamou Liu. – Eu gravo isso... – Concordou. – Deixa só eu ouvi a gravação uma última vez... – Pediu.
- Vá logo... – Disse Douglas. Liu pegou um cachorrinho rosa de pelúcia, que tinha orelhas bem grandes e apertou o botão da direita.
- “Eu te Amo” – Repetiu o cachorrinho, indiscutivelmente aquela voz gravada era de Sirius.
- Eu também... – Murmurou Liu enquanto abraçava o cachorrinho e deixava uma lágrima fina e prateada lhe escorrer dos olhos.
- Vai Liu... – Apressou Douglas.
- Volta aqui Eduzinhoooo!! – Gritou Liu enquanto apertava o botão esquerdo do cachorrinho rosa. – Pronto... – Adicionou após parar a gravação. – Pode mostrar agora... – Disse com uma cara triste.
- Eu o faço gravar “Eu te Amo” para você, se você quiser... – Murmurou Douglas ao ver a tristeza da “irmã”.
- Com que desculpa?! – Perguntou Liu como quem diz “Não vê que é impossível?!”.
- Eu arranjo uma... – Respondeu Douglas sorrindo.
- Deixa para lá, Doug... – Murmurou Liu. – Agora vá... – Disse por fim.
- Fui... – Murmurou Douglas pouco antes de sair pela porta do quarto com um cachorrinho rosa nos braços.
- Sobramos nós Eduzinho... – Murmurou Liu pegando o seu gato e o carregando.
- Voltei... – Disse Douglas com um sorriso enquanto voltava para a sala.
- De quem é esse cachorrinho?! – Perguntou Sirius curioso.
- Meu... – Respondeu Douglas mentindo. Bel se segurou para não rir.
- É que a Liu tinha um igualzinho... – Pontuou Sirius. – Alguém sabe o que aconteceu com ele?! – Perguntou.
- Não faço tenho idéia do que foi feito do cachorrinho da Liu... – Respondeu Douglas bem devagar.
- Posso segurar esse cachorrinho por um tempo?! – Perguntou Sirius.
- Claro! – Respondeu Douglas imediatamente, entregando o cachorrinho para Sirius, que apertou o botão direito só para ouvir a voz de Liu.
- Eu sinto falta dela... – Confessou Sirius em um murmúrio. Sua mente se lembrava de algo.
[Flash Back On]
- Vai Si... – Falava uma garota de cabelos castanhos que estava sentada em um sofá. – Fale “Eu te Amo”... – Pediu sorrindo.
- Eu não vou falar nada, Liu... – Pirraçou Sirius com um sorriso maroto nos lábios. Ele estava sentado ao lado de Liu no sofá.
- Vamos Sirius Black! – Reclamou Liu. – Eu quero gravar você falando isso... – Completou sacudindo um cachorrinho rosa.
- Ahhh... – Murmurou Sirius. – Então é isso que essa coisinha rosa faz?! – Perguntou num tom de brincadeira.
- Essa coisinha rosa se chama “Sirius Jr.”... – Retrucou Liu se segurando para não rir. – E sim, ele grava as coisas e depois repete... – Adicionou.
- Então você pretende me trocar por um cachorrinho de pelúcia rosa, que repete as coisas?! – Perguntou Sirius se aproximando mais de Liu com um sorriso maroto nos lábios.
- Não, eu pretendo gravar você dizendo “Eu te Amo”, para quando... – Começou Liu parando para pensar no que diria. - Vamos dizer eu viajar sem você, por exemplo... – Continuou. – Aí na hora que eu for dormir, ou que eu sentir a sua falta, eu aperto o botão e escuto você dizendo “Eu te Amo”... – Disse sorrindo. – Entendeu?! – Perguntou por fim.
- Você quer me trocar por um cachorrinho cor de rosa... – Murmurou Sirius fingindo estar magoado.
- Eu não ia dizer isso assim, tão de vez... – Começou Liu brincando. – Mas realmente, eu queria te trocar pelo cachorro rosa... – Confessou. – Sabe como é, né?! – Perguntou. – Eu gosto mais de rosa... – Adicionou piscando para Sirius.
- Sabia... – Murmurou Sirius. – Fui trocado por um bichinho de pelúcia... – Disse numa voz de choro.
- Sem drama Si... – Murmurou Liu se aproximando mais de Sirius, com o cachorrinho na mão.
- Estou com ciúmes dessa coisa cor de rosa... – Confessou Sirius.
- Bobão... – Murmurou Liu no ouvido de Sirius.
- Bobona... – Murmurou Sirius no ouvido de Liu.
- Agora fala assim... “Eu te Amo”... – Falou Liu ainda no ouvido de Sirius.
- Eu não vou falar isso para o bichinho cor de rosa... – Reclamou Sirius sorrindo.
- Fala só para mim então... – Pediu Liu sussurrando no ouvido de Sirius, os dois ainda estavam muito próximos.
- Aí tudo bem... – Concordou Sirius. – Eu te Amo... – Murmurou no ouvido de Liu, que foi rápida o suficiente para gravar.
- Hááá!! – Exclamou Liu de repente se levantando. – Eu gravei!! – Comemorou sorrindo.
- Ah não... – Reclamou Sirius. – Isso foi golpe baixo... – Murmurou.
- “Eu te Amo” – Disse o cachorrinho rosa após Liu ter apertado o botão.
- Eu também te Amo, Sirius Jr.! – Brincou Liu abraçando o cachorrinho cor de rosa.
- Eu não admito ser trocado por um bichinho de pelúcia... – Reclamou Sirius com um sorriso maroto, se levantando e indo para perto de Liu.
- Não é só um bichinho de pelúcia... – Começou Liu. – É o Sirius Jr. – Brincou.
- Eu ainda prefiro a mim... – Pontuou Sirius abraçando Liu pela cintura e a trazendo para mais perto. – E você também... – Murmurou no ouvido de Liu.
- Pode ser... – Concordou Liu sorrindo marotamente. – Amo – te muito! – Exclamou, logo em seguida beijando Sirius apaixonadamente.
[Flash Back Off]
- Sirius?! – Chamou Bel ao ver o estado autista em que Sirius se encontrava.
- Sim... – Respondeu Sirius. – Eu queria falar uma coisa séria com vocês dois... – Lembrou – se.
- O quê?! – Perguntou Bel.
- Bel... – Começou Sirius. – Você se comunicava via papelzinho com algum tipo de código com a Liu?! – Perguntou sem mais rodeios.
- Eu?! – Perguntou Bel. – Eu não... – Respondeu mentindo.
- Por quê?! – Perguntou Douglas curioso.
- Porque o bilhete que estava no caixão vazio da Liu está escrito em uma espécie de código... – Confessou Sirius.
- Código?! – Perguntaram Douglas e Bel juntos fingindo estarem surpresos.
- Sim... – Respondeu Sirius calmamente. – E a Lele disse que lembra da Liu passando bilhetinhos para alguém com esse código... – Completou. – Aí eu pensei em você Bel... – Adicionou olhando para Bel com um olhar aparentemente triste.
- Posso ver o bilhete?! – Pediu Bel olhando nos olhos de Sirius.
- Claro... – Respondeu Sirius sorrindo e pegando o bilhete. – É esse aqui... – Disse entregando o bilhete para Bel.
- Humm... – Murmurou Bel enquanto olhava para o bilhete. – Eu já vi esse código em algum lugar... – Disse com clareza. – Acho até que a Liu escreveu o meu nome nesses símbolos... – Pontuou. – Se um dia eu achar o papel eu te dou! – Adicionou devolvendo o bilhete para Sirius.
- Alguma idéia de para quem a Liu passava os bilhetinhos escritos com esse código?! – Perguntou Sirius.
- Não... – Murmurou Bel. Douglas estava com uma cara pensativa.
- E você Douglas?! – Perguntou Sirius.
- O Edu escrevia nesse código louco aí... – Respondeu Douglas. – Só que eu não me lembro onde guardei as coisas dele... – Completou.
- Procura para mim Douglas... – Pediu Sirius. – Eu tenho que ir agora... – Murmurou se levantando. – Você se importa se eu levar o cachorrinho rosa comigo?! – Perguntou por fim.
- Claro que não... – Respondeu Douglas. – Pode levar... – Disse sorrindo enquanto se levantava, assim como Bel, para se despedir de Sirius.
- Obrigado Douglas... – Agradeceu Sirius. – Até mais ver... – Disse por fim, sendo acompanhado até a porta por Bel e Douglas.
- Pode descer! – Gritou Douglas ao se certificar de que Sirius já havia saído.
- Finalmente... – Murmurava Liu enquanto descia as escadas.
- Essa foi por pouco... – Pontuou Bel, ela e Douglas estavam sentados no sofá, e Liu havia acabado de adentrar a sala.
- Pronto... – Murmurou Liu. – Agora devolve o meu Sirius Jr., Douglas... – Pediu com um sorriso nos lábios.
- Errrr... – Começou Douglas com uma cara de culpado.
- Você não fez o que eu estou pensando que você fez né?! – Perguntou Liu bem devagar enquanto se aproximava mais do sofá.
- Se você está pensando que eu dei o Sirius Jr. para o Sirius... – Começou Douglas. – Então eu definitivamente fiz... – Respondeu.
- Douglas! – Gritou Liu enfurecida. – Aquele bichinho cor – de – rosa tinha um valor sentimental imenso para mim, como você pôde...?! – Perguntou quase chorando.
- Liu... – Começou Douglas sem saber o que dizer. – Ele pediu aí eu achei que... – Continuou.
- O cachorrinho era meu Douglas, meu! – Exclamou Liu ainda prendendo o choro.
- Eu te compro outro... – Murmurou Douglas.
- Não vai adiantar... – Começou Liu. – Não é a mesma coisa... – Pontuou. – Aquele era o Sirius Jr.! – Completou.
- Calma Liu... – Murmurou Bel se levantando e indo para o lado da amiga.
- Poxa Bel... – Murmurou Liu de volta. – Eu não queria ter que mentir para ele... – Disse abraçando a amiga e começando a chorar. Douglas logo percebeu que agora ela já estava falando de Sirius, aquilo ali já era um desabafo de amiga para amiga.
- Você não tem que mentir para ele Liu... – Murmurou Bel enquanto abraçava Liu que chorava em seu ombro.
- Ele merecia saber a verdade, sabe?! – Confessou Liu. – Mas agora já é tarde Bel... – Murmurou entre lágrimas. – Eu o perdi para sempre... – Completou chorosa.
- Não fica assim Liu... – Murmurou Douglas também abraçando a garota, agora era um abraço triplo. – A gente vai dar um jeito de fazer com que tudo volte a ser como era antes... – Pontuou.
- Como?! – Perguntou Liu. – Eu morri, esqueceu?! – Disse enxugando as próprias lágrimas.
- A gente dá um jeito... – Murmurou Bel. – Não sei qual, mas a gente descobre... – Completou sorrindo.
- Eu sou uma egoísta... – Murmurou Liu. – Eu não pensei em ninguém quando eu decidi fingir o meu suicídio... – Disse em meio a lágrimas. – Só pensei em vingança... – Continuou. – E agora eu não sei se fiz a coisa certa... – Adicionou.
- Liu, se foi certo ou não o que você fez ainda ta em tempo de ajeitar tudo sim... – Pontuou Bel sorrindo. – Eu levei numa boa a notícia, não foi?! – Perguntou.
- Você Bel... – Murmurou Liu. – Os outros eu não sei se aceitariam numa boa... – Completou.
- Claro que vão aceitar numa boa... – Disse Douglas sorrindo marotamente. Os três continuavam abraçados. – Afinal, eles são seus amigos, não é?! – Finalizou.
- Meus amigos ou não eu enganei eles... – Retrucou Liu. – Eu não me perdoaria se eu fosse um deles... – Acrescentou.
- Eu te perdoei... – Murmurou Bel. – Assim como eu sei que se tivesse sido eu no seu lugar, você iria me perdoar, não é verdade?! – Perguntou deixando Liu confusa, afinal, ela seria capaz de perdoar alguém que tivesse enganado ela da maneira que ela estava enganando os amigos?!
- Sem dúvidas Bel... – Respondeu Liu em um murmúrio, estava confusa, não sabia o que dizer, mas, jamais diria para sua amiga que não iria perdoar ela, talvez porque ela perdoaria sem pensar duas vezes, ou pelo simples medo de perder a única amiga que tinha ganhado de volta além de seu amigo – irmão, que sempre esteve com ela, desde a hora em que ela havia decidido, e jurado, que iria vingar o irmão.
- Então... – Começou Douglas separando – se do abraço, assim como Bel. – Você vai correndo falar para todo mundo que você esta viva, certo?! – Perguntou com esperança nos olhos. Afinal, quem vive para se vingar acaba se esquecendo de viver.
- Não... – Respondeu Liu. Bel e Douglas tiveram a mesma reação, ambos ficaram boquiabertos, depois de tudo que ela havia dito todo o “arrependimento” que ela estava sentindo todo aquele sentimento de culpa, ela havia decidido continuar mentindo?! Em que parte da conversa teriam eles dado um conselho errado?!
- Mas Liu... – Começou Bel com a intenção de fazer a amiga repensar no que havia respondido. – Você mesma disse que não tem certeza se fez a coisa certa... – Pontuou com o olhar fixo no olhar de Liu, que não mais estava frágil e chorando, muito pelo contrário, mantinha um olhar confiante e um sorriso enigmático.
- Mesmo eu tendo errado... – Começou Liu. – Quero dizer mesmo eu estando errada... – Continuou. – Isso não significa que abrirei mão dos meus planos... – Disse sorrindo. – Me deixa explicar algo... – Acrescentou repentinamente. – Eu jurei, sobre o corpo inanimado do meu irmão, logo que ele havia morrido que eu iria vingar a morte dele... – Explicou. – E disso eu não vou abrir mão... – Completou. – Se eu sair viva dessa, aí sim eu vou procurar os meus amigos... – Adicionou.
- Ele não iria se importar se você desistisse dessa vingança ridícula... – Falou Douglas com uma cara de reprovação.
- Talvez ele não se importasse... – Começou Liu. – Mas eu me importo... – Continuou. – E eu só vou conseguir ser feliz novamente quando aqueles dois estiverem mortos e enterrados... – Adicionou com o olhar transbordando ódio e desejo de vingança.
- É incrível o quão rápido você muda de opinião sobre tudo, Liu... – Murmurou Douglas com decepção evidente em seu olhar. – E às vezes você passa de uma “criança” indefesa e carente para uma “adulta” amarga e cheia de ódio... – Pontuou. – Eu, particularmente, prefiro quando você vira “criança” e deixa o que você realmente está sentindo ser mostrado para todos... – Falou com convicção. – Você não desiste da vingança por que acha que aqueles que um dia te Amaram quando você era viva sempre irão te Amar, e que quando você resolver voltar, após ter se martirizado e tiver sofrido muito com tudo, eles vão estar exatamente do jeito que você deixou, sem nenhuma alteração na vida deles. E que eles irão sempre te esperar, mesmo que inconscientemente, porque você ainda acha que o mundo gira ao redor do seu umbigo, e que tudo que você quer vai acontecer da maneira que você deseja, e que quando você voltar todos vão te receber de braços abertos, como talvez te recebam... – Continuou.
- Pára Doug... – Murmurou Bel. Liu estava calada ouvindo tudo sem nem ao menos retrucar, o que definitivamente não era bom, porque provavelmente ela iria se excluir e guardar tudo para ela, gerando um ciclo interminável, uma bola de neve capaz de destruir o mais forte dos muros.
- Mas eu tenho uma novidade para você Liu... – Continuou Douglas ignorando o pedido de Bel e seguindo em frente com sua espécie de sermão e desabafo. – O mundo não gira ao redor do seu umbigo. As pessoas não vão esperar por você eternamente. O mundo não é tão colorido quando você pensa que é. E o Sirius não vai te Amar para sempre, ele provavelmente vai achar uma outra garota e se apaixonar por ela, esquecendo assim de você... – Disse sem nem por um instante notar uma única lágrima, que fora rapidamente enxugada, escorrer do olho esquerdo de Liu. – E quando você voltar, após ter se vingado, tudo estará mudado, e ele não vai trocar a nova garota por você, sabe por quê?! – Perguntou sem querer ouvir uma resposta. – Porque ele vai ter se esquecido que um dia chegou a te Amar, talvez ele te perdoe, mas o coração dele já vai ter outra dona que não você... – Respondeu antes que Liu pudesse ao menos dizer algo.
- Acabou?! – Liu perguntou no que Douglas parou para respirar um pouco.
- Acabei... – Respondeu Douglas sem alterar o tom de voz um só momento.
- Primeiro... – Começou Liu. – Eu não acho que o mundo seja colorido... – Disse com bastante ênfase no “não”. – Você deveria saber disso. Como eu acharia o mundo colorido depois de tudo que me aconteceu?! Você acha que foi fácil para mim, perder o meu pai no dia do meu aniversário de dez anos?! – Perguntou devagar sem alterar o tom de voz. – Você acha que eu me senti bem quando não muito depois a minha mãe se “suicidou”, o que até hoje eu me pergunto se foi verdade ou se “suicidaram” ela... – Continuou com um olhar de tristeza misturado com ódio ou amargura. – Fora que depois, como o meu irmão me abandonou e foi viajar com você e uma galera, eu fiquei morando com a minha tia Marta... Pelo menos durante um tempo eu tive o meu tio Donnatelo. Mas sabe como é né?!...O meu mundo colorido não é tão colorido assim, e acabaram com ele também... – Falou com certa ironia no tom de voz. – Como se já não bastasse tudo isso, várias pessoas morreram por minha culpa, direta ou indiretamente, e uma delas foi o meu irmão... O meu irmão, a única pessoa que eu tinha como referência de família, e é claro, como o mundo gira ao redor do meu umbigo, eu tinha que resolver vingar a morte dele, né?!Muito egoísta da minha parte, fazer isso por aquele que faria tudo por mim... – Finalizou.
- Eu pensei que ela fosse ficar calada e se excluir... – Murmurou Bel para Douglas.
- Segundo... – Recomeçou Liu. – Agora é definitivo, eu não quero que mais ninguém saiba que eu estou viva, as únicas pessoas que eu quero que saibam são aqueles que me perseguem até em meus sonhos, se é que eu posso dizer que tenho sonhado... – Disse, diminuindo o tom de voz no final da frase.
- Eu juro que eu não queria causar essa reação nela... – Murmurou Douglas de volta. A situação havia se invertido, agora era a vez dele de escutar. – Eu nem sei no que eu estava pensando quando disse aquilo tudo... – Confessou.
- Terceiro... – Falou Liu com um olhar frio, assim como seu tom de voz. – Eu não vou mais pedir sua ajuda Douglas, nunca mais... – Disse como se estivesse magoada por causa de tudo que ele havia dito.
- Liu, eu não disse que não te ajudaria... – Tentou pontuar Douglas. Tentativa inútil.
- Quarto... – Continuou Liu ignorando Douglas. – Se vocês me dão licença eu tenho duas pessoas para procurar, porque eu sou egoísta e quero manter o meu juramento, feito ao meu irmão... – Completou indo até a porta. – Vem Eduzinho... – Murmurou, não que fosse necessário, sem dúvidas o gato iria seguir ela aonde quer que ela fosse. – Ahh! – Exclamou já na porta, não era nem hora do almoço ainda. – Não me esperem para o jantar... – Disse pouco antes de bater a porta e sair de lá junto com seu gato. Para onde iria?! Nem Merlim poderia dar essa informação, pois nem ele seria capaz de saber.
- Devo ir atrás dela?! – Perguntou Douglas para Bel com uma cara de quem talvez tivesse se arrependido um pouco do que havia dito. – Acho que eu peguei pesado com ela... – Murmurou.
- Acho que agora o melhor que você faz é deixar ela em paz... – Respondeu Bel. – Ela deve estar querendo ficar sozinha... – Pontuou.
- Mas pode ser perigoso ela ficar sozinha... – Retrucou Douglas olhando para a porta fechada.
- Ela sabe se virar Doug... – Lembrou Bel. – E qualquer coisa Merlim sempre protege os loucos, as crianças e os bêbados... – Brincou arrancando um leve sorriso de Douglas.
- Ela é louca e criança... – Começou Douglas. – Pelo menos ela tem alma de criança ainda... – Completou. – Isso dá dupla proteção para ela, não é mesmo?! – Perguntou rindo.
- Isso se ela não for uma alcoólica anônima... – Murmurou Bel.
- Alô?! – Ressoou uma voz masculina em um telefone.
- Aluado... – Começou uma outra voz masculina no outro lado da linha. – Eu acho que existe uma pequena chance de certa pessoa que consideramos estar morta esteja viva... – Disse num tom de voz quase inaudível.
- Pontas, porque você está falando meio pela metade?! – Perguntou Remus confuso, afinal, porque tantos códigos.
- Não sei... – Respondeu James. – Assim parece mais emocionante... – Confessou. – Mas é sério... – Continuou.
- Ela não está viva, Pontas... – Retrucou Remus ao telefone. – Você mesmo viu o caixão com o corpo dela descer... – Pontuou.
- E você viu no jornal que encontraram o caixão dela vazio com um bilhete que o Almofadas jura ter sido escrito por ela, pois ela que sabia aquele tal de código secreto que para mim não passa de um monte de desenho maluco... – Disse James rapidamente.
- Isso não significa que ela está viva... – Pontuou Remus.
- Mas deixa em dúvida a morte dela... – Retrucou James. – Admita Aluado, é uma teoria aceitável... – Completou.
- Não é, Pontas... – Discordou Remus. – Ela está morta, não tem como você querer mudar essa realidade só para ver o nosso querido amigo canino feliz novamente... – Adicionou.
- Às vezes as coisas não são exatamente o que parecem, Aluado... – Falou James num tom sério. – Sim, eu quero ver o nosso querido amigo canino feliz novamente, mas não é por isso que eu estou pensando nessa hipótese... – Continuou. – Bom, pense no que eu te disse, depois eu te ligo de novo, a minha futura esposa, e mãe dos meus filhos, está me chamando... – Disse rapidamente.
- Tchau Pontas! – Despediu – se Remus, talvez James tivesse razão, ela poderia estar viva. – E vou pensar nessa hipótese... – Adicionou antes de desligar o telefone.
- “Porque você teve de ir, meu irmão?!” – Se perguntava Liu enquanto, junto com Eduzinho, caminhava pelo cemitério onde seu irmão havia sido enterrado.
Liu andava de cabeça baixa, como quem não quer mais encarar a vida de frente, ou simplesmente não tem mais forças para isso fazer. Lá havia muitos túmulos com frases escritas, uma lhe chamou atenção, ela era um tanto quanto assustadora, dentre tantas frases belas, porque a pior delas tinha de ser aquela que ela havia dirigido à atenção para?!
- Os ossos que aqui estão, pelos vossos esperarão... – Leu a garota de cabelos castanhos, aproximando – se ainda mais do túmulo para ter certeza de que era mesmo aquela frase que estava escrita, e não apenas uma ilusão de sua confusa mente. – Essa frase deve ter um significado bonito para alguém nesse mundo, não é Eduzinho?! – Perguntou ao seu gato com uma cara confusa de quem não acreditava no que estava dizendo. – Edu, e se a vida não passar de uma ilusão passageira?! – Perguntou ainda para o seu gato. – Será que vale mesmo a pena viver?! – Concluiu.
- Miau... – Miou o gato. Não que tivesse algum significado, mas pelo menos ela agora estava conversando com algo, mesmo que fosse um gato, e ele parecia entender pelo menos que era com ele que ela estava a falar.
- Dizem que quem comete muitos pecados e não se arrepende vai para o inferno, assim como quem se mata... – Começou Liu saindo de perto daquele túmulo e voltando a procurar pelo túmulo de seu irmão. – Mas e se o verdadeiro inferno for a Terra?! – Perguntou confusa.
O gato branco acompanhava cada passo e cada pergunta de Liu, como se fosse gente, talvez fosse, talvez tivesse sido um dia, talvez fosse ser numa encarnação futura.
- Se eu te contar um segredo, você promete não contar para ninguém?! – Perguntou Liu ao gato, não que ela pensasse que ele seria capaz de dizer seu segredo para alguém, mas, ela não tinha com quem falar, logo, estava estabelecendo um diálogo com um gato branco.
O gato pareceu por um segundo concordar com a cabeça, talvez ele só tivesse se mexido mesmo, mas a mente humana é capaz de mudar as coisas para ver aquilo que ela deseja ver, ou para não ver aquilo que ela tem medo.
- Eu não sei quanto tempo eu ainda vou agüentar sem ele ao meu lado... – Murmurou a garota enquanto olhava para os próprios pés como se fossem a coisa mais importante do mundo. – Desde que eu “morri”, eu me sinto “morrendo” aos poucos... – Confessou. – Isso é possível, Eduzinho?! – Perguntou. – Não faz sentido nenhum, não é?! – Se auto - respondeu. – Talvez eu esteja apenas ficando louca, lunática, desvairada... – Murmurou enquanto seguia, dando curtos passos, o caminho para o túmulo de seu Amado irmão.
O cemitério era lindo, um campo imenso. Havia flores em vários lugares, e algumas pessoas passavam por ali caminhando com rosas, margaridas, violetas, nas mãos, para serem colocadas em cima do local aonde pessoas próximas, ou nem tão próximas assim, haviam sido enterradas. Liu não levava flores nas mãos, viu então um túmulo com várias flores, seu irmão merecia uma flor, não?!
- “Uma florzinha não vai te fazer falta...” – Pensou a garota pouco antes de pegar, discretamente, uma rosa branca daquele imenso buquê. – Você também quer que eu pegue uma para você colocar Eduzinho?! – Perguntou olhando para o gato, e, ao ver o que parecia um sinal de concordância vindo dele, ela pegou outra rosa e seguiu o seu caminho.
Ela andou por mais alguns metros, sua mente viajava, seu olhar era sonhador, ou talvez perturbado. Nessas horas ela tinha que agradecer a Merlim por ter um gato que estava sempre ao seu lado, porque mesmo nas piores horas o Eduzinho estava lá, nem em seu enterro ele fora capaz de abandonar ela, sempre estava em sua cola, em seus calcanhares. Era mais do que um gato, era um amigo.
- Olha só Edu... – Começou Liu ajoelhada na grama onde embaixo estava caixão de seu irmão, e olhando para uma pequena plaquinha de mármore negro com o nome dele e uma frase. “A vida não passa de uma grande aventura passageira”. – Eu sei que rosas brancas não são as suas favoritas, na verdade você nunca gostou muito de flores, só que não faria sentido eu comprar um sapo de chocolate e colocar aqui, seria até um pouco arriscado, isso sem contar que o sapo iria estragar... – Disse começando a falar com o nome de seu irmão.
Aquilo tudo poderia ter sido diferente, se apenas ela tivesse gritado para todos saírem de lá, afinal, ela sabia no que ia acabar a festa... Mas havia feito de tudo, certo?!
- Você me perdoa por ter deixado você morrer?! – Perguntou Liu ao túmulo, seus olhos estavam quase deixando transbordar lágrimas de tristeza e saudades. – Me desculpa por não ter dito todos os dias, de todos os anos, o quanto eu te Amava?! – Questionou enquanto seus dedos passavam lentamente sobre o desenho das letras do nome de seu querido irmão. – Me ajuda a cumprir o meu juramento, me dá forças meu irmão... – Pediu deitando – se na grama fofa e verde daquele campo, deixando as duas rosas brancas ao seu lado. Eduzinho fizera o mesmo, deitou – se ao lado de Liu como se estivesse ali dando apoio moral. – Você não podia ter morrido Edu... – Murmurou pouco antes de acabar, acidentalmente cochilando.
[Modo Sonho On]
Uma escada pouco iluminada, pessoas não identificadas, um brilho, e logo tudo se confunde.
Liu não estava mais deitada junto ao túmulo de seu irmão. Estava agora em pé em um campo de flores, havia todos os tipos de flores ali, do girassol, até a mais rara das orquídeas.
Era possível ver, alguns metros à direita, um pequeno córrego. Sua água era límpida, sem nenhum tipo de explicação a garota agora estava ao lado do córrego, como que para se mexer nesse lugar utópico, a única que era necessária era pensar e pronto, para lá você ia.
No pequeno córrego de água cristalina havia vários peixes coloridos que pareciam estar olhando para a garota de cabelos castanhos, que por sua vez estava olhando para o reflexo de si própria, gerado pela limpidez da água.
Assustou – se ao ver a imagem de um outro rosto atrás dela. Rapidamente virou – se para encarar seja lá quem fosse.
- Eu sou tão feio assim que te assusto?! – Perguntou uma voz masculina. Liu abriu um sorriso, ela conhecia aquela voz, ela conhecia aquele rapaz.
- O que você faz aqui?! – Perguntou a garota de cabelos castanhos.
- Eu moro aqui, minha querida e lerdinha irmã... – Respondeu o rapaz de cabelos e olhos castanhos, que trajava uma roupa branca, assim como Liu.
- Você morreu, e eu estou sonhando, ou delirando... – Pontuou Liu arqueando a sobrancelha esquerda enquanto olhava para a figura do irmão.
Normalmente em sonhos as pessoas conseguem de certa forma “controlar” o que as outras pessoas que aparecem nos sonhos falam. De algum modo, um modo bem bizarro e inexplicável, dessa vez Liu não tinha idéia do que ia acontecer em seguida em seu sonho, não tinha controle sobre ele, era como se não fosse um sonho, fosse uma realidade paralela de um mundo paralelo.
- Eu morri, e você está sonhando, mas não delirando... – Ouviu a voz de seu irmão murmurar por trás. Ele não mais estava em sua frente, como havia se mexido tão rápido que ela nem havia sido capaz de perceber?! – O que não significa que isso daqui não possa estar acontecendo de verdade em algum lugar que você não acredita existir... – Completou.
- Ótimo... – Começou a murmurar Liu com uma cara de tédio. – Agora eu converso comigo mesma em sonhos, e eu sou o meu irmão, que já morreu, e eu estou num lugar que eu não conheço... – Resmungou.
- Você é muito chata, sabia?! – Disse Edu com o seu melhor sorriso nos lábios.
- Porque exatamente eu estou aqui, e onde exatamente é “aqui”?! – Perguntou Liu confusa dentro de seu próprio sonho.
- Você está aqui porque você estava precisando de mim, e a única maneira de você me ver, ou falar comigo, é assim, via sonho... – Respondeu o rapaz de cabelos castanhos. – E “aqui” é simplesmente aqui... – Adicionou dando os ombros.
- Ou seja, eu realmente pirei de vez... – Concluiu Liu deixando – se sentar e logo após deitar na grama do jardim.
- Você não pirou... Você já era pirada... – Brincou Edu, que agora havia aparecido deitado ao lado direito de Liu.
- Você vai me matar de susto... – Pontuou Liu. – Mesmo que isso seja só um sonho, você está passando dos limites... – Completou com um olhar ameaçador.
- Tem alguma coisa que você gostaria de me dizer, caso eu estivesse vivo?! – Perguntou Edu. Mesmo aquilo sendo um sonho, era bom conversar assim com o irmão dela, mesmo sabendo que ele já havia morrido, e que provavelmente aquilo era tudo fruto de sua imaginação.
- Se você estivesse vivo eu não estaria passando pelo o que eu estou passando... – Respondeu Liu num murmúrio.
- Você fez a sua escolha... – Murmurou Edu. – E você sabe, bem lá no fundo do seu coração, o que você realmente quer... – Disse sorrindo. – E você já sacou que eu já sei o que você realmente quer... – Completou.
- Vingança... – Concluiu Liu com o olhar distante.
- Você sabe que não é isso... – Retrucou Edu.
- Me deixa em paz... – Pediu Liu.
- Tente uma vez na vida escutar alguém... – Murmurou Edu.
- Pára de me encher a paciência... – Começou Liu. – Esse é o meu sonho, e eu faço dele o que eu quiser, e eu não quero continuar essa conversa idiota, eu quero me vingar, eu quero me vingar... É isso que eu quero... – Repetia em seu sonho.
[Modo Sonho Off]
- Acorda garota... – Murmurava alguém enquanto cutucava o corpo adormecido de Liu.
- Pára Edu, deixe - me em paz, eu não quero conversar sobre isso... – Repetia Liu desconexamente enquanto apertava os olhos como se estivesse lutando contra um pensamento.
- Eu não vou deixar você ficar aí sozinha não... – Pontuou a voz que estava chamando por ela. – Já escureceu e pode ser perigoso para qualquer um ficar sozinho aqui, ainda mais dormindo... – Completou. – Agora acorda vai... – Disse voltando a cutucar Liu.
- Eu já disse que eu quero vingança Edu, vingança! – Murmurava Liu enquanto cochilava.
- Céus... – Murmurou a voz. – Acorda, por favor... – Sussurrou no ouvido de Liu, que sentiu um arrepio na coluna e pareceu despertar bruscamente de seu sonho.
- Que – que – quem é você?! – Perguntou Liu ao acordar. Eduzinho estava calmo ao seu lado.
- Bel... – Começou Douglas repentinamente. Estavam ambos sentados na mesa de jantar com o jantar na mesa, porém sem comer. – Você não acha que ela está demorando?! – Perguntou preocupado.
- Calma, Douglas, daqui a pouco ela chega... – Respondeu Bel tentando acalmar o namorado, embora ela mesma estivesse preocupada.
- E se ela encontrou quem estava procurando, e eles a mataram?! – Perguntou Douglas num tom de quase pânico. – Eu vou atrás dela... – Disse logo em seguida, porém sem se levantar.
- Você não tem idéia de onde ela foi... – Começou Bel. – O melhor que a gente faz, é ficar aqui e esperar por ela... – Pontuou.
- Ela tem que chegar logo... – Murmurou Douglas. – Se ela voltar, eu juro que eu não abro mais a minha boca para dar bronca nela... – Falou enquanto estalava os dedos, o que mostrava que ele estava nervoso e ansioso.
- Fica calmo, Douglas! – Exclamou Bel. – Se você ficar tendo ataques de nervosismo, quando ela chegar, sem dúvidas você vai dar outra bronca nela... – Disse olhando nos olhos de Douglas.
- Ahhhhh!! – Exclamou Douglas num grito abafado. – Se algo aconteceu com ela eu não vou me perdoar nunca... – Confessou.
- Desculpa ter te acordado dessa maneira... – Começou a voz que pertencia a um garoto de mais ou menos dezenove anos, que tinha cabelos castanhos e olhos bem verdes, e um corpo de atleta. – É só que eu não acho nada legal alguém ficar dormindo no cemitério... – Pontuou abafando um riso. – Na verdade é estranho... – Completou.
- E o que você faz no cemitério?! – Perguntou Liu com uma cara um tanto quanto acusadora. – Afinal, já escureceu... – Disse ao perceber a falta de claridade.
- Eu gosto desse cemitério, é um lugar tranqüilo e bom para pensar... – Respondeu o garoto. – Fora que é um ótimo lugar para tirar um cochilo... – Brincou debochando de Liu que automaticamente fechou a cara para ele. – Mas com o passar das horas pode ficar perigoso, principalmente para garotas... – Completou estendendo a mão para ajudar Liu a se levantar.
- Obrigada pelo aviso... – Disse Liu se levantando sem aceitar a ajuda do garoto. – Agora, Tchau... – Adicionou começando a andar.
- Se me permitir, eu gostaria de te acompanhar até em casa... – Falou o garoto acompanhando os passos de Liu, junto com Eduzinho. Liu parou de andar ao ouvir tal frase.
- E se eu não permitir?! – Perguntou Liu, olhando dentro daquele belo par de olhos verdes.
- Eu irei te acompanhar da mesma forma... – Respondeu o garoto com um sorriso nos lábios.
- Então não adianta de nada eu dizer que não permito... – Pontuou Liu continuando a andar.
- Óbvio... Você realmente acha que eu deixaria você ir sozinha até a sua casa?! – Perguntou o garoto ao lado de Liu, que não parecia nada feliz com aquela situação.
- Os ossos que aqui estão, pelos vossos esperarão... – Murmurou Liu ao passar pelo túmulo com tal escritura, ignorando totalmente a presença do garoto.
- Acho que não nos apresentamos... – Pontuou o garoto. – Mathews Blane, prazer... – Disse parando de andar e estendendo a mão para receber um aperto de mão.
- Anônima... Nem tanto prazer em te conhecer, assim... – Retrucou Liu parando de andar, e surpreendentemente apertando a mão do garoto.
- Anônima... Que nome bonito... – Brincou Mathews. Liu apenas fez uma cara estilo “Não estou nem aí para o que você está dizendo”.
- Já pensou em ir para um manicômio?! – Perguntou Liu repentinamente. – Porque você definitivamente é maluco... – Completou. Ambos continuavam parados.
- Espera... – Interrompeu Mathews. – Não fui eu quem dormiu na grama do cemitério, e que estava falando coisas estilo “Pára Edu!”... – Pontuou sorrindo.
- Idiota... – Murmurou Liu voltando a andar. Mathews continuou com um sorriso nos lábios.
- Afinal, quem é esse tal de Edu?! – Perguntou Mathews andando lado – a – lado com Liu. – Seu namorado?! – Perguntou em seguida.
- Eu não tenho namorado... – Começou Liu. – E Eduardo era o nome do meu falecido irmão, e do meu gatinho que está nos seguindo no momento... – Respondeu.
- E o seu namorado deixa você vir para o cemitério de noite?! – Perguntou Mathews.
- Você tem problemas?! – Perguntou Liu parando de andar de novo. – Eu acabei de dizer que não tenho namorado... – Lembrou para o garoto. – E só tenho dois amigos... – Completou. – E o gato! – Adicionou.
- Eu estou entre os dois amigos?! – Perguntou Mathews olhando nos olhos de Liu.
- Definitivamente não! – Respondeu Liu fechando a cara de novo.
- Em que grupo eu estou?! – Perguntou o garoto como se quisesse irritar Liu.
- Naquele dos chatos, idiotas, que você mal conhece já ficam te torrando a paciência... – Respondeu Liu com convicção.
- Pelo menos o seu gato gosta de mim... – Comentou Mathews pegando Eduzinho que estava no chão e o carregando.
- Isso porque ele é um gato... – Retrucou Liu. Ela tinha de admitir que Eduzinho gostar dele já era um bom sinal.
- Os animais sabem julgar as pessoas melhor do que as próprias pessoas se julgam... – Pontuou Mathews enquanto acariciava Eduzinho.
- Gostei dessa frase... – Murmurou Liu. – Mas ainda prefiro... “Os ossos que aqui estão, pelos vossos esperarão”... – Completou dando um leve sorriso.
- Você deveria sorrir mais vezes, seu sorriso é lindo... – Murmurou Mathews ao ver Liu sorrindo. Liu corou instantaneamente, e desfez o sorriso. – Então “Anônima”, onde fica a sua casa?! – Perguntou com uma cara engraçada.
- Me chame de Liu... – Murmurou Liu. – E eu moro para o lado de lá... – Disse apontando em direção a um lugar.
- Hmmm... – Murmurou Mathews. – Acredita em coincidências?! – Perguntou sorrindo.
- Acredito que coincidências acontecem... – Respondeu Liu. – Por quê?! – Perguntou por fim.
- Eu moro para lá também... – Respondeu Mathews.
- Maldito bilhete... – Reclamava um homem de cabelos negros e olhos azuis, que estava sentado numa poltrona vermelha, com um papel em mãos.
- Acalme – se meu Amor... – Murmurou uma mulher de cabelos negros e voz irritante.
- Marta, eu não consigo decifrar essa merda de código! – Exclamou Nosferato com olheiras, havia passado à noite em claro, e o dia todo, tentando decifrar o código do bilhete.
- Claro você é um jumento... – Pontuou Silas se levantando e tomando o bilhete das mãos de Nosferato.
- Jumento é o seu pai que casou com a sua mãe e ela teve você! – Retrucou Nosferato enfurecido.
- Meus pais nunca se casaram... – Pontuou Silas. Nosferato se calou e ficou sentado olhando para um ponto fixo na parede.
- E então Silas... – Começou Marta se aproximando agora do quase albino que ainda estava em pé. – Alguma idéia do que esteja escrito?! – Perguntou com um sorriso de provocação.
- Definitivamente é um código... – Murmurou Silas. Nosferato balançou a cabeça negativamente e sorriu.
- Isso até uma criança é capaz de dizer... – Retrucou Nosferato com a cabeça apoiada em sua mão esquerda e com um olhar de deboche. Ele estava com sono.
- Deixe - o prosseguir com o raciocínio, Nosferato... – Pediu Marta. Nosferato apenas concordou com a cabeça, mesmo não levando fé de que aquele raciocínio sairia da simples frase “Definitivamente é um código”.
- Bom... – Recomeçou Silas olhando para o bilhete com uma cara confusa. – Não me restam dúvidas sobre o fato disso ser um código... – Disse ainda olhando para o bilhete. Nosferato abafou uma risada.
- Não é por nada não... – Interrompeu Nosferato. – Mas se for para ficar ouvindo que sem dúvidas isso daí é um código, eu prefiro ir dormir... – Falou se levantando da poltrona vermelha.
- Então vá dormir... – Provocou Silas. – Você não é nada útil para a descoberta do código... – Completou.
- Realmente, afinal, eu descobri que era um código antes de você dizer a única frase que você disse até agora... – Retrucou Nosferato. – “Definitivamente é um código”... – Adicionou em um tom de provocação, com um sorriso vitorioso nos lábios. – Boa Noite... – Adicionou se retirando e indo até seu quarto.
- Estais entregue em casa, senhorita... – Brincou Mathews enquanto estava na frente da casa de Liu, e beijando a mão da garota de uma maneira delicada.
- Obrigada, nobre cavalheiro... – Disse Liu entrando na brincadeira. Eles haviam vindo, durante o caminho inteiro discutindo sobre várias coisas, já era possível dizer que os dois eram amigos.
- Em que grupo eu estaria agora, minha cara donzela?! – Perguntou Mathews sorrindo para Liu.
- Ainda dos chatos... – Respondeu Liu brincando. – Mas dos chatos legais... – Completou. – Obrigada por me acompanhar até em casa... – Agradeceu baixando a cabeça, e passando a olhar para os próprios pés.
- Disponha... – Murmurou Mathews levantando a cabeça de Liu e piscando para ela quando ela o encarou.
- Boa noite então... – Disse Liu sorrindo.
- Boa noite, e até mais ver... – Respondeu Mathews saindo de lá para ir para sua casa.
- Droga... – Murmurou Liu quando Mathews já havia saído. – Eu esqueci as chaves... – Se lembrou nervosa. Eduzinho estava ao seu lado.
- Eu estou ouvindo barulhos vindos do lado de fora da casa... – Murmurou Douglas. Ele e Bel já estavam sentados no sofá, nenhum dos dois havia jantado ainda.
- Abre a porta!! – Gritou Liu do lado de fora enquanto dava murros na porta de madeira.
- Aleluia Merlim! – Exclamou Bel. Douglas foi abrir a porta. – Ela poderia simplesmente ter tocado a campainha... – Completou confusa.
- Isso são horas de chegar em casa?! – Perguntou Douglas ao abrir a porta para Liu entrar. – Você tem alguma noção do quanto preocupado eu fiquei?! – Questionou logo em seguida.
- Tanto faz... – Respondeu Liu com um sorriso no rosto, enquanto entrava em casa junto com Eduzinho.
- Hey! – Exclamou Bel. – Acho que ter dado uma volta te fez bem... – Disse ao notar o sorriso no rosto de Liu.
- Ganhei um amigo... – Explicou Liu antes que a amiga pudesse perguntar o motivo.
- É um gato, um cachorro ou um papagaio?! – Perguntou Douglas fazendo graça.
- Uma pessoa... – Respondeu Liu bem devagar.
- Uma pessoa como eu ou a Bel?! – Perguntou Douglas confuso.
- Não... – Respondeu Liu ironicamente.
- Quem?! – Perguntou Bel feliz.
- Vocês não o conhecem... – Respondeu Liu sorrindo.
- Epa! – Exclamaram Bel e Douglas juntos.
- É um garoto?! – Perguntou Douglas com a sobrancelha esquerda arqueada.
- Não, é um E.T... – Respondeu Liu com um tom de voz totalmente irônico.
- Quem é esse garoto?! – Perguntou Bel. Douglas estava de cara fechada para Liu, e Liu de cara fechada para Douglas.
- Ele mora aqui por perto... – Respondeu Liu. – O nome dele é Mathews... – Completou enquanto sentava – se numa poltrona.
- Apaixonada?! – Perguntou Bel repentinamente.
- Nem se eu quisesse... – Respondeu Liu. – Meu coração já tem dono, eternamente... – Murmurou sorrindo de leve.
- E se ele for amigo dos seus inimigos?! – Perguntou Douglas. – E se ele quiser te machucar?! – Continuou. – Ou pior, te matar?! – Finalizou.
- Douglas, nem tudo gira ao redor do meu umbigo... – Respondeu Liu num tom de provocação.
- Não comece... – Começou Douglas. – Eu já parei de te acusar das coisas... – Murmurou. – E eu não queria dizer aquilo quando eu quase disse que talvez seus amigos não te recebessem bem... – Completou rapidamente de maneira confusa.
- Eu sei... – Murmurou Liu. – Você só exerceu a sua função de irmão... – Brincou.
- Promete para mim que não vai mais ficar muito tempo longe sem dizer para onde foi?! – Pediu Douglas com preocupação no olhar.
- Não prometo nada... – Respondeu Liu sorrindo marotamente.
- Por favor... – Insistiu Douglas.
- Eu não sei o futuro, por isso não vou prometer... – Explicou Liu.
- Pelo menos por enquanto... – Voltou a insistir Douglas.
- Está bem! – Exclamou Liu. – Por enquanto eu prometo que não vou sair sem te avisar, e que não vou demorar muito para voltar... – Prometeu sorrindo. – Mas se um dia eu sair você nem venha falando que eu prometi... – Completou.
- Certo... – Concordou Douglas. – Eu tenho medo que você se machuque... - Murmurou.
- Normal você é meu irmão... – Disse Liu sorridente.
- Quando iremos conhecer o tal Mathews?! – Perguntou Bel repentinamente.
- Não sei... – Respondeu Liu. – E antes que venham com sorrisos maliciosos, ele realmente é só meu amigo, mais nada... – Completou ao ver um início de sorriso nos lábios de Douglas.
- Eu estou achando que o Sirius vai sobrar nesse jogo... – Murmurou Douglas para Bel.
- Mas se a gente agir rápido ele sem dúvidas não vai sobrar... – Murmurou Bel de volta, com um sorriso nos lábios.
- Fofoqueiros... – Disse Liu sorrindo marotamente. – O que temos para o jantar?! – Perguntou de repente.
- Comida?! – Respondeu Douglas com certa provocação no tom de voz.
- Que tipo de comida?! – Perguntou Liu.
- Aquela que a gente come, sabe?! – Respondeu Douglas com um sorriso maroto. Liu balançou a cabeça em sinal de reprovação.
- Pão?! – Perguntou Liu ao olhar para a mesa que estava posta.
- Pão com água... – Completou Douglas sorrindo.
- E aquele refrigerante trouxa?! – Perguntou Liu. – Eu já te disse que não pode faltar Coca – Cola aqui... – Adicionou com uma carinha triste.
- Acabou hoje mais cedo... – Pontuou Douglas. – Não tenho culpa se você bebe essa tal de Coca – Cola o dia todo... – Completou.
- Pão com água... – Reclamou Liu. – Alguém tem o telefone de uma pizzaria trouxa?! – Perguntou com algo em mente.
- Não... – Responderam Bel e Douglas juntos.
- Eu acho que aquele caderno de folhas amarelas serve para isso, tem telefone de um monte de coisas... – Disse Bel apontando para um catálogo telefônico.
- Deixe – me ver... – Murmurou Liu pegando o catálogo telefônico e começando a folhear. – Eu não sabia que existiam psicólogos de animais... – Pontuou ao ler o anúncio com o telefone de uma clínica psiquiátrica para animais de estimação.
- Marca essa página, seria bom para o Eduzinho ter um acompanhamento psicológico... – Brincou Douglas. Liu o fuzilou com o olhar.
- Aqui está... – Falou Liu repentinamente ao ver um anúncio assim “Pizzaria O melhor da Pizza” com o telefone do lugar embaixo. – Ligue... – Acrescentou dando o catálogo para Douglas.
- Pizza de quê?! – Perguntou Douglas antes de ir até o telefone.
- Mussarela! – Respondeu Liu imediatamente.
- Metade Mussarela, metade calabresa! – Adicionou Bel sorrindo.
- E Coca – Cola... – Pediu Liu.
- Certo... – Concordou Douglas pegando o telefone e discando o número.
- Pizzaria “O melhor da Pizza”, Boa noite, em que podemos ajudar?! – Disse uma voz feminina ao outro lado do telefone.
- Boa noite... – Respondeu Douglas. – Eu gostaria de uma pizza grande metade mussarela e metade calabresa, e um refrigerante de dois litros... – Pediu bem devagar.
- Qual o refrigerante?! – Perguntou a mulher.
- Coca – Cola... – Respondeu Douglas. Liu sorriu.
- Qual será o tipo de pagamento?! – Perguntou a mulher logo em seguida.
- Dinheiro... – Respondeu Douglas com clareza.
Em casa, Sirius tentava vários tipos de combinação para achar a resposta para o que estava escrito no bilhete, mas não conseguia nada. Ouviu o telefone tocar, correu para atender, poderia ser algo importante.
- Alô?! – Disse Sirius ao atender ao telefone.
- Sirius?! – Perguntou uma voz feminina do outro lado da linha.
- Quem é?! – Perguntou Sirius logo em seguida.
- Lele... – Respondeu a voz.
- Ahhhh!! – Exclamou Sirius ao telefone. – E aí?! – Começou. – Tudo bem?! – Perguntou rapidamente.
- Tudo sim... – Respondeu Lele. – Mas pulando a parte não muito importante... – Continuou. – Eu tenho algo para te dizer... – Completou.
- Achou algo com aquele código?! – Perguntou Sirius imediatamente.
- Exatamente... – Respondeu Lele.
- Vou ir aí pegar agora mesmo... – Pontuou Sirius logo em seguida.
- Venha amanhã, para quê a pressa?! – Perguntou Lele.
- Você não quer que eu responda para quê a pressa, não é?! – Respondeu Sirius.
- Não, eu já entendi... – Disse Lele sorrindo um sorriso amarelo enquanto falava ao telefone. – Mas é melhor você vir amanhã... – Pontuou. – Não importa o que você faça, nem o quão rápido você descubra esse negócio, nada vai trazer ela de volta... – Adicionou com uma voz séria.
- Eu sei Lele... – Murmurou Sirius ao telefone. – Mas eu preciso fazer isso... – Continuou. – Por ela... – Adicionou em um murmúrio.
- Amanhã você passa aqui... – Interrompeu Lele.
- Está certo... – Concordou Sirius. – Amanhã eu passo aí... – Murmurou. – Mas eu vou passar aí bem cedo! – Adicionou.
- Está bem... – Concordou Lele. – Estarei te esperando... – Completou.
- Certo... – Murmurou Sirius. – Até amanhã então... – Completou.
- Até... – Despediu – se Lele desligando o telefone.
A noite ia passando de maneira lenta, Liu estava adormecida em seu quarto.
[Modo Sonho On]
- Olá... – Ecoou uma voz masculina no sonho de Liu.
- Olá?! – Respondeu Liu confusa sem reconhecer a voz da pessoa. Esfregava os olhos para tentar enxergar quem estava falando com ela.
- Não lembra mais do próprio tio?! – Perguntou a voz em um tom divertido.
- Tio Donnatelo?! – Murmurou Liu ao ver a figura do tio, vestido de branco em meio a escuridão de seu sonho.
- Eu mesmo, minha criança... – Respondeu Donnatelo sorrindo.
- “O que ele faz em meu sonho?!” – Se perguntou Liu.
- Você optou por não escutar o seu irmão... – Começou o tio da garota. – Mas você vai acabar escutando alguém... – Completou.
- Ah não... – Reclamou Liu. – Lá vem essa história de que no fundo eu sei o que eu quero... – Resmungou com cara de tédio. Já estava ficando chata essa história de parentes invadirem os sonhos dela para falarem algo repetido.
- Pare um pouco para ouvir o seu coração, criança... – Pediu Donnatelo calmamente.
- Eu decreto esse sonho acabado... – Disse Liu se esforçando para acordar de seu sonho.
- Não é tão fácil assim... – Murmurou Donnatelo.
- É sim... – Falou Liu por fim.
[Modo Sonho Off]
- Não posso mais nem sonhar em paz... – Murmurou Liu ao acordar de seu sonho. – Não creio... – Disse ao olhar para o relógio. – Três da manhã?! – Perguntou para si mesma. – Não sei se vale a pena tentar dormir de novo... – Concluiu se levantando e indo para a cozinha. – Vem Eduzinho... – Murmurou para o seu gato pouco antes de sair do quarto.
Em outra casa, alguém tocava a campainha em desespero.
- Céus... – Murmurou uma garota se levantando de sua cama. Havia sido acordada pelo barulho estridente da campainha. – Quem será à uma hora dessas?! – Se perguntou enquanto ia atender a porta.
Ela vestiu um roupão por cima da camisola, esfregou os olhos numa tentativa de acordar, e finalmente chegou à porta.
- Então é você... – Murmurou ao abrir a porta.
- Bom dia Lele! – Exclamou Sirius com um sorriso no rosto.
- Bom dia... – Murmurou Lele fechando a porta. Sirius já havia entrado.
- E então... – Começou Sirius. – Cadê o papel?! – Perguntou animado.
- Papel?! – Perguntou Lele sonolenta.
- O que tem algo escrito com o código... – Disse Sirius lentamente.
- Ahhhh... – Murmurou Lele. – Esse papel... – Completou.
- Cadê?! – Perguntou Sirius novamente. A curiosidade tomava conta dele aos poucos, na verdade, nem tão aos poucos.
- Sirius, são três da manhã... – Murmurou Lele sonolenta.
- Sim, mas já é o amanhã de ontem... – Retrucou Sirius.
- Eu não estou conseguindo pensar direito... – Pontuou Lele respirando fundo.
- Bom, para você formular a sua frase você teve que pensar... – Começou Sirius. – Então faça um favorzinho para o seu amigo favorito e pense mais um pouquinho para se lembrar aonde você botou o papel... – Completou sorrindo marotamente. Lele percebeu que uma vez que ele já estava lá, o melhor para fazer era entregar logo o papel para ele ir embora, e ela puder dormir de novo.
- Eu já vou pegar... – Disse Lele indo até a cozinha e pegando uma caixa que estava em cima da mesa, logo depois voltando para a sala.
- O que mais tem nessa caixa?! – Perguntou Sirius curioso.
- Lembranças... – Respondeu Lele sorrindo e abrindo a caixa.
- Fotos?! – Sirius perguntou com um sorriso, chegando mais perto para ver o que tinha na caixa aberta.
- Também... – Respondeu Lele sorrindo enquanto entregava um papel para Sirius. – Nesse daí que tem o código... – Disse.
- Certo... – Murmurou Sirius guardando o papel em seu bolso. – Posso ver as fotos que você tem?! – Perguntou em seguida.
- Claro... – Respondeu Lele. – Tenho até as da formatura... – Adicionou. – Eu tenho uma que você sem dúvidas vai querer roubar... – Falou por fim com um sorriso maroto.
- Qual?! – Sirius perguntou.
- Essa daqui... – Respondeu Lele pegando uma foto que estava mais ou menos escondida e mostrando para Sirius, que automaticamente sorriu.
- Eu lembro da hora em que vocês duas estavam fazendo poses para tirar essa foto... – Murmurou Sirius olhando para a foto que tinha Liu e Lele fazendo diversas caretas seguidas, já que era daquele tipo de foto que se mexe.
- Ela estava feliz na formatura... – Pontuou Lele.
- Realmente... – Concordou Sirius sorrindo sem nem ao menos perceber. – Foi uma formatura muito divertida... – Completou.
[Flash Back On]
- Manaaaaaaaa!! – Gritou uma garota de longos cabelos castanhos, que trajava um vestido tomara que caia preto até um pouco abaixo do joelho, com uma pequena fita rosa amarrada na cintura, cujas pontas da fita desciam junto com uma outra camada do vestido, que caia levemente sobre as outras camadas irregulares, todas com o acabamento em fitas rosa.
- Manaaaaaaaaaaaaaa!! – Gritou outra garota de cabelos castanhos, que estava com os cabelos presos e um vestido um pouco abaixo do joelho, solto da cintura para baixo, e justo da cintura para cima, de alças finas, com dois tons de rosa diferente, um claro, e outro um pouco mais escuro.
- Vamos tirar uma foto juntas! – Propôs Liu com um sorriso no rosto, seus cabelos soltos caiam de uma maneira delicada em seu ombro. – Só eu e você... – Completou.
- Eu topo... – Concordou Lele com um sorriso.
- E eu?! – Perguntou um garoto de cabelos negros e sorriso maroto, chegando por trás de Liu e a abraçando pela cintura. – Não vou ter direito de participar da foto?! – Completou a pergunta.
- Si... – Começou Liu murmurando. – Você é minha irmã gêmula banana?! – Perguntou com uma cara engraçada.
- Graças a Merlim não... – Brincou Sirius.
- Então... – Recomeçou Liu. – Essa foto vai ser só minha com a minha irmã gêmula banana... – Disse sorrindo.
- Sinto – me excluído... – Sussurrou Sirius no ouvido de Liu.
- Hey! – Exclamou Lele. – Vocês vão ficar de namorico, ou a gente vai tirar a foto, mana?! – Perguntou sorrindo. O fotógrafo estava apenas esperando o momento para tirar a foto.
- Tirar foto! – Respondeu Liu quase que de imediato, enquanto se afastava um pouco de Sirius, ficando ao seu lado.
- Ficar de namorico! – Respondeu Sirius ao mesmo tempo, segurando a mão de Liu.
- Si! – Reclamou Liu embora estivesse sorrindo, olhando para Sirius.
- Diga que você não quer... – Murmurou Sirius piscando para Liu.
- Eu vou tirar a foto... – Começou Liu. Sirius automaticamente fez uma cara de cachorro abandonado. – E depois eu te respondo a pergunta que você fez... – Completou com um sorriso maroto e uma piscadela de olho.
- Opa... – Murmurou Sirius. – Gostei... – Disse sorrindo e se afastando mais de Liu, deixando ela ao lado de Lele, para que ela pudesse tirar a foto.
- Façam várias poses... – Pediu o fotógrafo, afinal era uma foto bruxa, ou seja, se movia.
- Sorria Liu! – Falou Sirius enquanto fazia caras engraçadas. Liu deu língua para Sirius, ou seja, deu língua para a foto. Lele riu das caras e bocas que Sirius estava fazendo, deixando sua cara engraçada na foto.
- Quem dá língua é macaco, vai para a feira sem sapato! – Pontuou Sirius dando língua também.
Mas algumas caretas, e a foto estava pronta.
- Essa ficou engraçada... – Murmurou Lele. Afinal, tanto ela quanto Liu fizeram mil caretas para a máquina, enquanto Sirius fazia mil caretas por de trás da máquina.
- Agora eu e você pudemos ficar de namorico, senhorita Weiss?! – Perguntou Sirius de repente enquanto abraçava Liu pela cintura.
- Não... – Respondeu Liu brincando. – Ainda tenho que tirar foto com a Bel, a Lily, o James, o Remus, o Peter, o Douglas que deve estar em algum lugar daqui, o diretor... – Começou contando nos dedos as pessoas.
- E se eu não deixar você ir?! – Perguntou Sirius com um sorriso safado.
- Mana, eu vou falar com o Remy... – Pontuou Lele. – E essa foto é minha... – Completou saindo de lá com a foto na mão.
[Flash Back Off]
- Eduzinho, o que você me diz de sairmos para dar uma olhada em como nossos amigos estão?! – Perguntou Liu para o seu gato que pareceu concordar.
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Demorou mais está aí.
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Beijos queijos e biscoitos.
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