UM PÔR-DO-SOL PARA QUATRO

UM PÔR-DO-SOL PARA QUATRO



A luz da manhã entrava fraca pelas janelas de cortinas semicerradas da enfermaria, quando Harry Potter acordou sobressaltado, assustando Hermione que dormia a sono solto com a cabeça repousando em seu colo. Rony Weasley, que cochilava sentado em uma cadeira colocada do lado oposto, deu um salto e, desorientado, apontava a varinha em todas as direções como se esperasse alguma aparição fantasmagórica.


- O que aconteceu? – perguntou Harry, com a voz fraca.


- Cara eu esperava que você dissesse – disse Rony, aparentemente recuperado do susto, jogando-se de volta na cadeira – Aliás, eu tô curioso pra caramba! Tá vendo aquelas duas camas ali? – disse o garoto enquanto apontava para as camas próximas. Harry fez que sim com a cabeça. – São Crabbe e Goyle, com uma pá de ossos quebrados. Naquelas outras duas ali, Madame Pomfrey ainda está tentando recuperar Zabine e a Pansy Parkinson de feitiços estuporantes fortíssimos. Já aquela ali é um mistério – continuou Rony, apontando um leito mais distante – naquela está a Romilda Vane. Não foi estuporada e não consta que tenha quebrado nenhum osso. Só perdeu o juízo.


- Rony! – Hermione ralhou, com o cenho franzido – Madame Pomfrey disse que é apenas uma crise nervosa! O ruivo deu de ombros.


- Mas é verdade! – disse ele, divertido, dirigindo-se a Harry – ela fica o tempo todo chamando o teu nome, dizendo que você sumiu, rodopiou, explodiu ou sei lá o quê.


- E aquela? – perguntou Harry, curioso, apontando para uma cama isolada das outras por pequenas cortinas que ocultavam seu ocupante.


- Ah, aquele é o desgraçado do Malfoy! – disse, fazendo uma careta – Parece que é o único caso aqui que não é obra sua. Harry não conteve o sorriso. Entretanto, lembrou-se repentinamente da Professora MacGonagall.


- Vocês não estão encrencados? – perguntou, preocupado.


- Ah, não por aquilo – Rony rebateu, apontando com desdém para a cama protegida pelos cortinados – Afinal só estávamos defendendo você, não é verdade?


- Acho que sim – Harry assentiu - mas depois que vi vocês entrarem não me lembro de muita coisa. – Ele falou e fechou os olhos repentinamente, sob os olhares preocupados dos amigos. Sentira, numa pontada, a dor de cabeça chegar.


- Cara – disse Rony- você simplesmente apagou. Quando eu e Mione chegamos e acertamos o Malfoy, pensamos que ele tivesse te pego pra valer. Puxa! Nem gosto de me lembrar!


- Rony, espere – ordenou Hermione, enquanto olhava ao redor. Se o entra e sai da enfermaria já não era tão frenético como na madrugada, Madame Pomfrey de quando em quando se movimentava entre os leitos, acorrendo aos gemidos que se faziam ouvir aqui e ali.


– É melhor usarmos o Abbafiato – concluiu ela, para espanto dos amigos. Rony se encarregou rapidamente de lançar o feitiço em todos os que estavam próximos e assim poderiam conversar sossegados.


- Como vocês me encontraram? – Harry quis saber, pois ainda não conseguira atinar como os amigos tinham dado por ele naquela sala oculta.


- O Colin, claro! – disse Hermione – Nós ouvimos um barulho forte vindo do castelo e quando voltamos correndo do.... bem, quando nós fomos investigar, o garoto chegou desesperado, contando o que você tinha pedido a ele.


- O que você talvez não saiba é que ele seguiu o Malfoy – completou Rony – e viu quando a trupe completa de víboras entrou na sala para te pegar. Harry acenou com a cabeça, em sinal de compreensão. - Mas cara, o que foi que deu em você pra se expor desse jeito? Atrair o Malfoy para um lugar isolado, sem cobertura nenhuma, é uma coisa que eu não esperava que você fizesse – Rony concluiu o raciocínio balançando a cabeça em sinal de desaprovação.


- É verdade Harry – continuou Hermione – o Rony tem razão. Você precisa nos contar o que realmente aconteceu.


O garoto passou a mão pelo rosto, como para espantar um pensamento inconveniente. Passado um primeiro momento de torpor, a mente de Harry trabalhava a mil por hora, tentando construir teorias sobre o que poderia ter acontecido. Suas lembranças da noite anterior dividiam-se em duas e, embora entrecruzando-se aqui e ali, sentia que vivera, de maneiras diferentes, uma mesma noite duas vezes.


- Eu fui enfeitiçado pelo Malfoy – resumiu ele, para indignação dos amigos. - Eu sabia! Só podia ser. – disse Rony, fazendo sinais ameaçadores na direção da cama onde o loiro jazia inconsciente.


- Mas como foi isso? – Hermione perguntou, sempre objetiva, enquanto balançava a cabeça para Rony em sinal de muda repreensão.


Harry então narrou suas aventuras da noite passada. Depois de refletir um pouco, entretanto, decidiu ocultar dos amigos grande parte do que ocorrera. Contou sobre a cerveja amanteigada e a volta no tempo para tentar impedir o plano do sonserino. Quando a narrativa chegou a Romilda, foi a vez de Hermione ficar indignada.


- Como ela teve coragem?! – admirou-se, olhando a garota que gemia baixinho na cama mais distante da enfermaria.


- Cara! – Rony disse baixinho - E como foi? – quis saber, vivamente interessado.


- Ah, Rony! Me poupe! – Hermione brigou, descontando no ruivo um pouco da raiva que sentia – É melhor você ir avisar na Sala Comunal que o Harry finalmente acordou! Todos estão esperando notícias.


- Ok – disse ele, levantando-se – mas depois eu quero saber de tudo hein!


Quando o ruivo saiu, Harry completou a narrativa. Hermione parecia presa pelo suspense. Na parte em que o vira-tempo se partiu e um vórtice tomou conta do corpo do garoto, Hermione soltou um pequeno gritinho e apertou firme a mão do amigo, como para se certificar que ele não ia sumir de novo, afirmando que agora compreendia porque Romilda, deitada ali perto, tinha tido um ataque de nervos.


- Harry – concluiu ela, muito séria e preocupada – o que você fez foi muito, muito arriscado! Dois de você andaram por aí, na mesma noite e no mesmo local. E o que é pior, você foi totalmente irresponsável em ficar cara a cara com o seu eu do passado. E mais irresponsável ainda por ter se deixado levar por uma vingança vazia, atraindo Malfoy e mais quatro sonserinos contra você. Você esqueceu que tem amigos, mocinho? Que tem a nós! Não imagina o que poderia ter acontecido? E quem sabe – completou, repentinamente pensativa - o que não pode ter realmente acontecido!


Madame Pomfrey apareceu e examinou o doente meticulosamente. O seu diagnóstico de que ele ficaria bem não pareceu tranqüilizar muito Hermione. A garota sentou-se na beirada da cama, absorta em seus pensamentos. De repente perguntou, olhando a face cansada do amigo:


- Harry, diga-me a verdade, por que você realmente voltou? Para você ter se arriscado dessa maneira, algo muito grave deve ter acontecido. Você disse que tentou impedir o plano do Malfoy, mas se você não conseguiu evitar que... que você mesmo, oras, tomasse a cerveja enfeitiçada, o que foi que você realmente tentou evitar que acontecesse Harry? Teve a ver com o fato de você ter praticamente me arrastado daquela mesa?


O garoto admirou-se da perspicácia da amiga. Devia ter imaginado que ela não deixaria passar em branco suas contradições. Ela insistiu:


- O que aconteceu Harry? O que aconteceu que você quis evitar a todo custo? Harry não tinha mais como mentir para a amiga.


- Nós nos beijamos – disse ele, de olhos baixos – E o Rony viu tudo. A garota quedou-se de boca aberta. Mal podia acreditar.


- Como? Como isso aconteceu? Capitulando definitivamente, Harry preencheu as lacunas que faltavam para a amiga. Contou-lhe a história toda. Quando acabou sentiu-se aliviado, mas não conseguia encarar Hermione. Para sua surpresa, a garota abraçou-se fortemente a ele, lançando-o em um turbilhão de cabelos castanhos. Quando o soltou, lágrimas quentes corriam pelo seu rosto.


- Você não... você não está com raiva de mim? – perguntou, hesitante.


- Raiva? Nunca Harry! A culpa foi do Malfoy e não sua. Além disso, você deu a maior prova de amor e amizade que eu já vi. Arriscou tudo, arriscou sua própria segurança pelos seus amigos! Não pensou em você! – disse ela, visivelmente emocionada.


- Mas eu pensei! Pensei sim! Só o que eu pensava é que eu não podia suportar a minha vida sem a amizade de vocês. Não podia suportar que houvesse ferido, magoado e perdido a única família que na verdade conheci na vida! A essa altura, lágrimas cintilavam também em seus olhos. Hermione, que já não continha as suas, as enxugou com extremo carinho, dando-lhe um beijo estalado em cada bochecha.


- Há males que vem pra bem – ela disse, ligeiramente rosada – só assim eu e Rony, bem, só assim nós pudemos nos entender.


Harry não coube em si de contentamento. Felicitou a amiga. Disse que finalmente compreendera o bom humor de Rony, embora tivesse passado a noite dormindo em uma cadeira, o que, normalmente, em se tratando do ruivo, seria caso para mau-humor durante o resto do dia.


- Ah, foi por isso que você se atrapalhou dizendo que estavam voltando de algum lugar quando ouviram o barulho no castelo – lembrou-se, rindo – Foram dar um passeio noturno por onde Mione? – perguntou, arqueando as sobrancelhas em sinal de falsa preocupação.


- Ah, cala a boca seu bobo!


Ficaram quietos por alguns momentos, desfrutando do silêncio confortável que, entre dois amigos, acontece sem que exista nenhum constrangimento. Vencida pelo cansaço, Hermione soltou um bocejo involuntário.


- É melhor você ir descansar agora, Mione. – Harry disse – Eu já estou bem e daqui a pouco já devo estar saindo daqui.


- É verdade – ela disse dando-lhe um beijo na testa – Afinal de contas, ainda bem que foi tudo resolvido!


“Nem tudo, Mione, nem tudo”, meditou o garoto, enquanto observava a amiga se afastar. Pensava em Gina. “Ainda há algo muito importante para ser resolvido”.


xxx


No Salão Comunal, Gina Weasley fitava, pela janela, o horizonte distante e a linda manhã que se anunciava. Na noite anterior, embora fosse tarde, ainda não conseguira dormir quando a algazarra que se instalara na Sala Comunal a tirou de seus devaneios, fazendo-a descer. Soube então de notícias desencontradas. Uma explosão no átrio. Uma grande cratera aberta. Uma garota desesperada. Um ataque de cinco sonserinos em uma saleta oculta do salão. A enfermaria lotada de alunos. Todos esses fatos, meditava a garota, possuíam um fio de ligação em comum: um certo garoto chamado de Harry Potter.


“Sempre ele” – pensou.


Depois da noite anterior, embora lhe faltasse coragem para ir à enfermaria, não sentia vontade de arredar o pé daquela posição enquanto não soubesse notícias do garoto. E mesmo depois que Rony passara rapidamente, a caminho de seu dormitório, dando notícias boas, o alívio que sentiu não foi o suficiente para que, como os outros colegas, voltasse para o aconchego de sua cama. Continuava a olhar o horizonte, solitária, hipnotizada pelos matizes coloridos da manhã dominical. Voltou-se apenas quando ouviu o retrato girar mais uma vez e viu Hermione avançar pela passagem, aparentando cansaço.


- E aí ruiva? Já de pé? – Hermione indagou, notando a presença da amiga – Ou será que você nem dormiu ainda?


- Acho que a segunda opção é a mais acertada – disse ela – E então? – perguntou – É possível mesmo confiar nas notícias que Rony trouxe a respeito do Eleito? Ainda podemos contar com ele para salvar o mundo?


Sentindo a mágoa nas palavras da amiga, Hermione aproximou-se e a abraçou.


- Ô amiga, não fica desse jeito! O Harry me contou o que houve. Mas Gina, você precisa acreditar que ele não tem...


- Culpa? – atalhou a ruiva – Ele nunca tem culpa não é mesmo Hermione? Ele tem culpa sim, tem culpa de fazer escolhas erradas, de fazer escolhas tardias. O pior de tudo é que passei a noite com pânico de que algo sério houvesse acontecido a ele. Você compreende isso Mione? Como pode ser uma coisa assim tão louca?


- Amar é assim, Gina. É simples. É complicado. Não é uma receita de bolo. De qualquer modo, acho melhor você conversar com o Harry pessoalmente. – Hermione disse, antes de tomar o rumo do dormitório feminino


– Você não vem? – convidou, mas Gina fez que não com a cabeça. A ruiva pareceu se acalmar mais um pouco. Sentou-se em uma das confortáveis poltronas da Sala Comunal e adormeceu, observando as derradeiras brasas se apagarem na lareira próxima. Não sabia quanto tempo havia passado quando despertou com os passos de alguém se aproximando.


- Oi! Gina? – disse uma voz familiar. Ela virou-se, completamente desperta pela surpresa. Harry Potter estava de pé, na sua frente, fitando-a com a mesma expressão angustiada que demonstrara na noite anterior. Uma lembrança dolorosa veio à sua mente. Fez um grande esforço para se controlar antes de responder.


- Oi – disse ela, aprumando-se na poltrona depois de alguns segundos de inquieto suspense. – Está melhor?


- Com relação a algumas coisas... Sim, tudo bem. Mas com relação a outras só poderei responder depois que conversar com você.


A garota ficou sem saber o que dizer. Pensava que certamente se houvesse uma receita de bolo, gostaria de saber urgentemente qual o próximo ingrediente a ser acrescentado.


- E que coisas seriam essas? Posso saber? – resolveu perguntar, rebatendo o balaço de volta para Harry.


- Mal-entendidos, desencontros, mágoas.... coisas que talvez possam se transformar em entendimentos, reencontros, soluções.


- Não é tão simples assim!


- Sei que não é. Nunca tem sido. Nunca será. Mas tanta coisa ruim aconteceu a noite passada que agora alguma coisa boa tem que acontecer – E depois de um tempo acrescentou – E hoje eu sinto que tudo pode ficar bem de novo.


- Sente é?! Não sabia que o senhor adivinhava o futuro agora Senhor Potter! – a garota disse, tentando sorrir, mas a tristeza de seu semblante era mais visível que tudo.


- Bom, não é bem o futuro que tem sido minha especialidade nestes últimos tempos, mas acho que eu posso tentar! – Harry fingiu se concentrar durante algum tempo e completou - Por exemplo: estou vendo que daqui a poucos segundos um garoto vai te convidar para um passeio. – disse isso e, realmente, após alguns instantes de espera acrescentou – A senhorita aceita dar um passeio comigo? Gina não pôde conter um sorriso.


- Como recusar o convite de um vidente tão poderoso? – respondeu ela. E saíram o dois da Sala Comunal, descendo as escadarias em direção ao vasto campo que circundava a Escola.


Aquela manhã de domingo parecia tornar Hogwarts particularmente mais bela. Os gramados pareciam tapetes verdes que, recortando a casa de Hagrid em um contorno bem delineado, iam morrer mais além, nos limites da Floresta Proibida. Milhares de pequenas flores conduzidas pelo vento flutuavam delicadamente no lago da Escola e, de quando em quando, era possível imaginar desenhos coloridos se formando à custa do discreto movimento das correntes. Até mesmo o Salgueiro Lutador parecia mais belo, agitando-se, imponente, com a inigualável dignidade dos antigos.


Os dois caminhavam em silêncio, admirando a paisagem, absortos em um mundo de pensamentos. Harry estava nervoso, mas não disposto a protelar aquela conversa já tão dolorosamente adiada. A jovem que caminhava ao seu lado, por sua vez, ansiava por aquela conversa com mesma intensidade com que a temia e sentia um turbilhão de sentimentos contraditórios lutando em seu interior. Ora vencia a raiva, e ela se sentia tentada a ignorá-lo e a fazê-lo sofrer pelo que tinha ocorrido na noite anterior. Ora a vontade de abraçar-se a Harry era tão intensa que ela instintivamente cruzara os braços, numa tentativa desesperada de manter o autocontrole.


- Sabe o que eu senti essa noite? – Harry disse repentinamente, parando de caminhar e olhando para Gina – Senti como se tivéssemos brincado de gato e rato a noite inteira.


- Não vi nenhuma brincadeira no que aconteceu ontem.


- Eu também não, Gina. O que aconteceu foi bastante sério, mas no que você viu não havia nada de sinceridade, de verdade ou de... amor.


- Não foi o que pareceu Harry. E nem foi o que você me disse.


- Eu sei o que eu disse a você – replicou ele, desconcertado com a resposta da garota - Gostaria de ter a chance de poder responder aquela pergunta novamente.


- Você já respondeu – disse ela, sentindo que a raiva ia vencendo a batalha interior – Para mim foi o suficiente.


Harry a olhou tristemente e comentou:


- Eu disse que nós parecemos gato e rato. Quando um se aproxima o outro já está fora de alcance. Foi assim ontem. Está sendo assim agora.


- Será Harry? Tem certeza? – a garota agora já não escondia sua irritação – Você nunca se aproximou de mim desse jeito que você está falando. Você sempre foi o rato. Sempre fugindo. – As lágrimas escorriam pela face da ruiva – Eu não, Harry! Eu tive a coragem de te procurar e mesmo te encontrando nos braços de outra eu acreditei em você e não nela. Mas escutar de você o que ouvi me magoou demais. Pense, Harry! Será que você já se expôs assim desse jeito?


- Pensei que fosse o que estivesse fazendo quando disse que queria conversar com você hoje. Mas não foi somente hoje que eu procurei por você Gina – disse ele – Ontem à noite, quando você fez aquela pergunta pela primeira vez, senti uma esperança nascer em mim e fui à sua procura. Mas só o que encontrei foi você e o Dino, se beijando. O que você queria que eu fizesse? O que você queria que eu dissesse?


- Não sei – disse ela, encarando-o com seriedade – O que você gostaria de ter dito?


- Que eu te amo!! – Harry falou, com desespero, sentindo destravar-se o dique de todos os sentimentos que represara até ali – Que eu te amo desde muito tempo! E que quando você me perguntou se não havia ninguém que valesse a pena eu deveria ter dito que a resposta estava o tempo todo na minha frente. E era você, Gina. Você era a única que valia a pena. O tempo todo.


Harry parou por um instante e respirou, tentando se acalmar antes de continuar.


- Mas eu não posso esquecer – disse ele, retomando a palavra – que eu sou menos fiel à minha própria felicidade do que aos meus amigos. E você, Gina, namora um deles e é a irmã de outro.


- Eu terminei com o Dino – anunciou ela, de supetão – antes mesmo do beijo forçado que ele me deu no baile.


Harry estava perplexo. Compreendera mal a cena que tinha visto e só agora se dava conta do grande equívoco que cometera. Pensou, por um momento, que o destino lhe tinha sido implacável aquela noite. A essa altura, Gina o fitava emocionada e foi com a voz embargada que continuou a falar.


- Eu admiro a sua fidelidade Harry. Mas eu também sou fiel aos meus princípios e, apesar de tudo, ainda tem a Romilda.


- Romilda e eu nem começamos a ter nada, nem antes, nem durante, nem depois que ela me controlou com a pulseira enfeitiçada que Draco Malfoy passou para ela.


- QUÊ! – gritou a garota sem conseguir se controlar. Um estalo de compreensão iluminou o seu semblante e seu peito se encheu de repentina felicidade. Sentiu seu coração bater sem controle.


– “Qual o próximo ingrediente? Qual o próximo ingrediente?- pensou, aflita, antes de Harry, como se a tivesse ouvido, puxá-la para si e, depois de tudo o que passaram, de tudo o que ocorreu, finalmente beijá-la como sentiu que deveria ter feito há muito mais tempo. Lágrimas de felicidade escorreram pelas faces de ambos, misturando-se às suas bocas coladas, mas nem o sabor salgado das lágrimas que vertiam tirou a doçura do primeiro beijo apaixonado que deram em suas vidas. A vida pareceu-lhes mais bela e, sem nada falar, sentaram-se à sombra das árvores, saboreando a companhia um do outro como se cada segundo valesse por uma vida inteira.


Apenas no fim da tarde Rony e Hermione os encontraram, ainda abraçados, como duas esculturas em um instante de amor eternizado. O momento parecia perfeito, belo, imortalizado pelo cair da noite na Escola que Harry tanto amava. Hermione sorria, feliz. Por um momento, Harry temeu a reação do amigo. Mas Rony o presenteou com um leve aceno e com um sorriso. E sentaram então os quatro, brincando felizes, enquanto apreciavam um pôr-do-sol que parecia ter sido feito somente para eles. FIM

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Comentários (1)

  • Sarah Weasley.

    Amei a fic! O danado do Malfoy sempre com seus truques sujos! O harry voltando no tempo foi o máximo, q aflição este cap. do Harry voltando no tempo! rsrs, e o harry entrando debaixo da capa da invisibilidade com seu eu do passado lá! "Papai!".kkkkkkkk, ri muitooo. Q bom q tudo se ajeitou com os amigos e a Gina, adorei a fic! Muito criativa e bem escrita, parabéns!

    2012-11-02
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