Quinze de maio - parte I
Quinze de maio - parte I
Sempre fui um garoto inteligente, divertido, simpático, bonito, sociável, e minha família justamente o contrário. Não que eles sejam burros, mas eram meio lerdos e antas. Quando eu aprontava alguma coisa, eles apontavam logo para mim, mesmo quando o autor da marotisse fosse meu irmão, eles não queriam nem saber, a culpa era minha, mesmo que fosse mentira, e então eles me castigavam e eu sofria por uma coisa que não fiz.
Minha mãe nunca brigou feio comigo, somente meu pai e meu irmão. Ela não faz nada na vida, é dona de casa, mas não cozinha. Seus dotes culinários não são lá a melhor coisa, então a Juca, a empregada da casa, cozinha todas as refeições, sempre em excesso para o querido Régulo, meu irmão, a pedido de minha mãe. Ela é legal, eu gosto dela, a Juca. É a pessoa mais decente da casa. Às vezes quando estou com muita fome e trancado no quarto por fazer alguma coisa errada, ela passa pela fresta da porta um doce que gosto ou até meu chocolate em barras preferido. Juca tem quase a idade de minha mãe e já trabalhava pra ela quando vim ao mundo.
O único lugar onde eu me sentia bem era na escola. Lá eu tinha meus amigos, Oliver Raup, Jack Keyes e Helen Bach, que me alegravam e incrivelmente faziam me esquecer, por um momento, que quando o sinal da última aula batesse, eu estaria pesaroso de novo, caminhando de volta para o inferno da minha casa.
E todo final de dia era do mesmo jeito, gritos e berros, fúria, e castigos. Eu estava me cansando.
Até que um dia, eu tive a briga mais feia de todas com meu pai.
- ESCUTA AQUI GAROTO, QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR ISSO DE MIM? – ele urrava, gritava, e cuspia no meu rosto. Juro, achei que ele ia me matar.
Eu fiquei quieto, não respondi. Tava com medo.
- VEM, FALA DE NOVO! ORAS VAMOS, REPITA O QUE VOCÊ ACABOU DE FALAR NAS MINHAS COSTAS! – Meu pai berrava. A polícia ia aparecer a qualquer momento na porta da casa, alegando muito barulho.
- Pai... – eu murmurei mansinho, tentando acalmá-lo, o que o deixou mais furioso.
E então, ele me pegou pelo colarinho, e disse olhando nos meus olhos:
- Não me chame de pai, você não é mais meu filho. Seu... Vagabundo. – ele disse lívido, com o tom de voz baixo, fazendo com que a frase tenha maior impacto. E de fato, teve. Eu fiquei furioso.
“Ah, não. Para mim chega. Vou-me embora”, pensei.
- Se eu não sou mais teu filho, também não quero morar no mesmo teto que você. – recuperei a voz, fazendo com que ele me soltasse. Olhei para o lado, e lá estava minha mãe aterrorizada com meu irmão do lado, sério.
Eu sai correndo e quando cheguei no meu quarto, minha mãe correu atrás me mim, mas eu a ignorei. Ela chorava, implorava para que ficasse, quase furiosa, e eu apenas joguei todas minhas roupas e pertences dentro da minha maior mala. Quando vi, ela vinha na minha direção e me abraçou, me deixou sem ar. E colocou dinheiro no meu bolso. Eu recuei e educadamente pedi para que descesse. Dei uma última olhada no quarto e voltei para a sala, onde estava meu pai, na mesma posição em que deixei ele quando sai. Encarei a porta e fui em direção a ela, no caminho tinha uma peça antiga onde tinha uma rádio, e escondido peguei o dinheiro do meu bolso e deixei que escorregasse da minha mão até uma pequena fresta a gaveta aberta da peça antiga. Eu continuei andando até a porta e quando puxei e maçaneta de ouro, e abri, meu pai falou:
- Se você sair por esta porta, nunca mais volte. Não vamos te aceitar. – disse ele sem expressão no rosto. – Vou te deserdar.
- Bom... Então tchau Mãe, Régulo, Sr. Black. Até nunca mais. – eu disse. Se virando para sair e vendo pela última vez o rosto manchado de lágrimas de minha mãe, e encontrei inesperadamente Juca encostada na porta que dava a cozinha, chorando também. Sem esperar, fui fechando a porta rapidamente, escutando pela última vez a voz grave de meu pai, gritando:
- EU TENHO VERGONHA DE VOCÊ! – e terminei de fechar a porta. Agora tudo parecia silencioso e escuro. Estava de noite.
E aqui estamos. Agora é só eu e você, caro amigo. Estou perdido nessas grandes ruas de Londres. Acho que vou pegar um trem para longe daqui, desta cidade. Difícil vai ser achar a estação. Me ferrei.
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Ta ai! A segunda parte eu posto amanha, tavez.
EU QUERO COMENTARIOOOOOS PLISSSSSSS GENTE!
então é isso...
Beijos da Maari V. Potter
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