Separação
Caminhei lentamente junto com a fileira de estudantes. Achava que quanto mais adiasse aquele momento melhor seria. Quando chegamos fiquei parada olhando para o banquinho. A Professora McGonagall pegou uma lista com vários nomes. Ela levantou a listinha na altura dos olhos e disse com uma voz razoavelmente alta:
- Anshester, Derek
Um garoto baixinho de cabelo preto se dirigiu ao banquinho, tremendo. Sentou, e logo depois teve o chapéu colocado em sua cabeça, que desceu até os olhos do garoto. O chapéu ficou alguns segundos em silêncio até que gritou:
- Corvinal!
O garoto saiu correndo e se sentou mais ou menos no começo da mesa.
Passaram-se mais alguns alunos, até que...
- Hinson, Lana! – Chamou a professora Minerva. Antes de ir respirei fundo e fui até o banquinho tentando não demonstrar estar nervosa, o que não adiantava muito, pois estava tremendo tanto quanto Derek. Sentei e senti o chapéu em cima da minha cabeça, onde também cobriu meus olhos. Os segundos que ele ficou em silêncio pareciam uma eternidade, até que ele gritou:
- Sonserina!
Sai correndo e me sentei no meio da mesa, entre um garoto alto que me encarou por alguns segundos e uma garota loira que fingiu não me ver sentar. Não estava prestando muita atenção, mas de vez em quando um nome conhecido me chamava atenção. Depois de um tempinho, chegou a vez de um tal de Draco Malfoy. Esse nome decididamente não me era estranho. Tive que confessar que fiquei surpresa ao ver que ao mínimo toque o chapéu já tinha decidido que o garoto seria meu colega de casa, ou seja, Sonserina. Ele caminhou até a mesa da Sonserina com um ar de arrogância e se sentou a minha frente. Depois de Draco foi a vez de Anne. Cruzei os dedos, queria alguma amiga na Sonserina. Ela, ao contrário de mim não estava tremendo, mas dava pra perceber seu nervosismo. Exatamente como aconteceu comigo, o chapéu ficou em silêncio e depois gritou:
- Soserina!
Eu aplaudi animadamente e abri um lugar ao meu lado para ela se sentar. Agora só faltava Carol. Não demorou muito para chegar sua vez. Ela se sentou no banquinho e o chapéu anunciou:
- Grifinória!
Eu fiquei olhando sem falas para Carol que, sorrindo, foi se sentar na mesa da Grifinória. Nesse momento tive quase certeza que tinha perdido minha melhor amiga. Anne olhou para mim, notando minha total desgraça (ok, exagerei).
- Pensa pelo lado bom, ela queria ser da Grifinória, Lana! – Disse Anne tentando me animar. Eu balancei a cabeça.
- Achei que ela falasse isso só para me provocar! Não sabia que ela realmente queria ser da Grifinória! – Eu disse perplexa para Anne. Ela percebeu que não ia adiantar muito e começou a prestar atenção na seleção. Por um momento fiquei olhando para frente, sem saber o que estava olhando, mas um nome me chamou atenção.
- Potter, Harry.
Todos os estudantes começaram a cochichar. Vi Draco dar uma risadinha debochada.
- O que? Harry Potter em Hogwarts? Como... – Eu falei para Anne
- Pelo jeito... O pior é ver as pessoas babando em cima dele! – Disse Anne estressada.
- Pois é... Meus pais nunca gostaram muito do Potter. Meu pai mesmo parece odiar ele. – Eu disse para Anne.
- Acho que seu pai não é o único, meu pai também não gosta, e eu também não.
Olhei para Draco, até aquele momento não tinha percebido que ele prestava atenção em nossa conversa. Sorri a contragosto.
- É? Eu também não gosto muito. Parece se achar por muito pouco. – Eu disse para Draco e Anne concordou comigo.
- Vem cá, você é Lana Hinson né? – Ele perguntou pra mim e eu fiz que sim com a cabeça. – Esse nome não me é estranho, acho que meu pai conhece o seu. Ele já citou o nome Hinson algumas vezes lá em casa.
- Bem ou mal? – Perguntei sorrindo.
- Bem suponho, ou não estaria falando com você – Disse ele arrogante.
- Ah, sim – E dei um risinho.
Paramos de falar quando ouvimos o chapéu seletor gritar Grifinória para Harry que levantou parecendo aliviado e se sentou ao lado do garoto ruivo que tinha visto antes.
Quando finalmente acabou a seleção, o diretor se levantou. Ele sorriu para os alunos enquanto a luz refletia em suas longas barbas brancas.
- Bem vindos a mais um ano em Hogwarts! Desejo aos alunos novos um ótimo começo. Para os que não sabem sou Alvo Dumbledore. Bom, temos um momento para discursos, mas tenham certeza que o momento não é esse. Então, atacar! – Ele se sentou e logo depois apareceu travessas e mais travessas com os mais diferentes tipos de comida. Enquanto comia, conversava com Anne sobre como seria as primeiras aulas, o que iríamos aprender... depois de um tempo o diretor finalmente se levantou e as sobremesas, que tinham aparecido misteriosamente também após a comida, desapareceram. Ele sorriu para os alunos.
- Só quero dar alguns avisos. A floresta proibida é proibida a todos os estudantes. Nosso zelador, Sr. Filch, pediu para relembrar que não se pode fazer magia nos corredores e que são proibidos alguns produtos aqui. Caso queira saber, só consultar a lista na porta de sua sala. Esse ano temos mais um aviso: O corredor do terceiro andar é terminantemente proibido, a não ser que o estudante queira realmente ter uma morte dolorosa. Bom, é só isso! Boa noite e bons sonhos. – Ele se sentou e todos os alunos levantaram. Eu ouvi um dos monitores da minha casa chamando os alunos do primeiro ano, como meu caso, para segui-lo até o salão comunal. Fui junto com Anne até que chegamos à frente de uma parede. O monitor se adiantou e disse uma senha; dente de serpente. A parede se abriu e todos entramos. O salão comunal era uma sala longa, com paredes de pedra e lâmpadas verdes circulares pendendo do teto. Tinha uma aparência úmida. Parecia ser debaixo do lago que existia na propriedade do castelo. Me sentei em uma poltrona e segundos depois Anne se sentou ao meu lado. Observamos a sala com atenção e notei que iria demorar um pouco para me acustumar com as lâmpadas verdes.
- Então, Lana, gostou do primeiro dia em Hogwarts – Anne me perguntou.
- Ah, gostei, claro! Ainda bem que consegui ficar na Sonserina! Não sei o que meus pais fariam se ficasse na Grifinória, me expulsavam de casa talvez... – Anne me olhou rindo – Ok, exagerei, mas ficariam chateados, isso sim.
- Os meus também por sinal... Vem cá, que horas são? Acordamos super cedo hoje e eu, pelo menos, estou morrendo de sono – Ela deu um bocejo.
- São 10:30 e, a propósito, estou morrendo de sono também. Amanhã começa as aulas e não quero ir com uma cara de trasgo! – Eu disse me levantando e puxei Anne junto e depois de dizer tchau para um ou dois conhecidos, subimos para o dormitório. Coloquei o pijama, escovei os dentes e tive a impressão que cai no sono em dois segundos.
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