Na Casa dos Gritos

Capítulo 11 - Na Casa dos Gritos



Dois comensais estavam juntos de uma sombra agachada, encostada na parede. Parecia ser uma casa escura e úmida, mas Amy já havia visto aquele lugar antes. Seu tio estava encolhido num local, desmaiado. Da sua boca e do seu nariz escorriam um filete de sangue. Ela olhou ao redor, mas não via quem era a sombra que estava agachada. Só via que aquela pessoa tremia assustada.

 Ele não pode ter derrubado, eu acho que ele o escondeu! – disse um dos comensais.

 Já revistamos o garoto, ele não tem nada! – o outro respondeu.

 Crucio. – disse o primeiro, e a figura que arfava no chão caiu e gritou, e foi quando Amy viu que era Pedro. Só pararam o feitiço quando ele desmaiou.

 Aquela garota tem usado o objeto! O mestre quer ver o que ele vem absorvendo da mente dela!

Amy se afastou da parede assustada, parecendo ter voltado de um transe. Sirius e Lupin já tinham se juntado ao grupo, e correram em sua direção.

 Amy! – Sirius a abraçou. – O que houve?

 Ele... – Amy chorava. – Voldemort mandou torturar Pedro e meu tio para pegar o meu rouba-pesadelos! Ele acha que o objeto capturou algo valioso para ele.

 Precisamos contar isso ao Dumbledore! – Tiago disse.

 Não! – Amy se levantou. – Ele... Ele não vai me deixar ir resgatá-los!

 Mas Amy... Você nem sabe onde eles estão, e é arriscado! – Lupin disse.

 Eu não tenho medo do risco, Aluado. – ela se virou para eles. – E eu já vi aquele lugar antes. Quando vi você virar lobo. Era a Casa dos Gritos!

 Mas... Como? – Tiago se assustou. – Hoje a noite, Remo...

 Hoje a noite não. – Dylan olhou a janela. – Em uma hora!

 Preciso encontrar Dumbledore! – Lupin correu até a sala do diretor novamente.

 E eu preciso ir até a Casa dos Gritos! – Amy foi saindo.

 Amy... não! – Sirius a segurou pelo braço. – Você não vai sozinha. Eu vou com você!

 Mas Sirius... – Tiago o segurou pelo braço. – É arriscado demais!

 Tiago, se eles estiverem lá, eu conheço o local como a palma da minha mão. Só não deixe, de maneira alguma, que o Remo vá até lá, ok?

 Eu vou com vocês também! – ele disse.

 Não, Tiago! – Amy o olhou séria. – O Remo precisa de você. Vá até a sala de Dumbledore, vocês duas também! Só não conte aonde fomos!

 Ok! – Tiago concordou. – Se vocês demorarem, eu vou lá, não importa o que vocês digam!

Amy seguiu Sirius pelo caminho embaixo do Salgueiro Lutador e a medida que eles iam se aproximando da Casa dos Gritos, foram ouvindo as vozes dos comensais.

 Você jurou lealdade eterna! – um deles gritou. – Você não podia ter feito isso!

 Silêncio! – o outro disse. – Não deixe que o velho saiba!

 O velho está desacordado!

 O garoto também!

 Ok... Pararei de chutá-los, então!

Eles riram e Sirius correu irritado até lá. Amy não teve tempo de nada, a não ser de agarrar a varinha e acompanhá-lo.

Os comensais não teriam notado a presença deles se Sirius não tivesse estuporado um deles. Ele voou e bateu na parede desacordado. O outro lançou um feitiço nele e a sua varinha voou. Amy estuporou o segundo comensal e eles foram até Pedro.

 Ele está vivo! – Sirius disse.

 Meu tio também!

 Vamos tira-los daqui. – Sirius já ia arrastando Pedro quando ouviu uma voz por trás dele.

 Não tão rápido, garoto! – um comensal apareceu e viu a bagunça que os dois tinham feito. Apontou a varinha para Amy. – Crucio.

Ela sentiu uma dor terrível e caiu no chão, e o comensal lançou a maldição em Sirius também. Amy desmaiou e não viu mais nada.

 Amy? – Sirius a chamou e ela o olhou estranhando. Olhou ao redor e viu que estavam trancados num dos quartos da Casa.

Sirius a abraçou. Ele tinha os lábios inchados e um corte na mão.

 Eu esperava que tudo tivesse sido apenas um pesadelo! – ela disse com lágrimas nos olhos. – O que fizeram com você?

 Não sei, eu desmaiei. Quando acordei, estávamos aqui!

 E a sua boca? Sua mão?

 Acho que arranhei a mão e bati a boca enquanto estava sobre a Cruciatus.

Amy fechou os olhos, pois tinha o corpo dolorido e só a menção do nome da maldição a faziam sentir aquelas dores de novo. Depois ela rasgou sua blusa, ficando com o umbigo de fora.

 Estende a mão, tempos que estancar esse sangue!

Ela fez um curativo improvisado na mão de Sirius e eles tentaram abrir alguma porta para saírem dali. Uma voz gritou quebrar a porta seria estupidez e eles pararam de tentar.

Amy sentou no chão e abraçou os joelhos chorando.

 Será que aceleramos a morte deles? – ela disse, olhando o namorado.

 Acho que não! – ele a abraçou. – Veja bem, o Rabicho pode fugir como rato, mas se ele não o fez ainda, ele certamente está procurando uma maneira de salvar seu tio também. Além disso, Tiago virá com o Remo e Dumbledore se a gente não retornar!

Ele a beijou no rosto e a acalentou.

 Deve ser tarde agora! – ela disse. – Quanto tempo dura a transformação do Remo?

 Quando o sol nasce ele volta ao normal.

 Como você se tornou animago?

 Bom, não é fácil! A gente leu livros avançados de magia... pesquisou, e enfim conseguimos!

 É divertido ser cachorro? – ela sorriu pra ele.

 A cauda não incomoda, mas as pulgas são de matar! – eles riram.

 Estou com o corpo dolorido... – ela disse por fim.

Ele fez com que ela se deitasse em seu colo, e, acariciando sua cabeça, disse:

 Eu cuido de você. Durma, deve ser tarde! Eu ficarei em alerta... Estamos sem as varinhas, mas eu quebro a cara de quem pensar em se aproximar de você!

Ela riu e se aconchegou, encostando a cabeça no peito dele. Estava tão cansada que em poucos minutos tinha adormecido.

Viu um comensal voar longe com um feitiço estuporante e os outros dois se levantarem. Dippet estava de pé, com uma varinha em punho. Tiago e Dumbledore também estavam lá, acompanhados de mais dois homens que ela desconhecia.

 Saia daí, Pedro! – Dumbledore disse, e ele correu em direção a Tiago.

Dumbledore e os dois homens conseguiram derrubar os dois comensais, mas um deles tinha soltado um feitiço num jato de luz verde que atingiu Dippet, que caiu no chão na hora.

Amy se levantou.

 O que foi? – Sirius perguntou.

 Você não ouviu os barulhos lá fora?

 Bem, não... Aqui é o terceiro andar, acho que não ouviríamos o que ocorre lá embaixo.

 Acho que... – ela chorou. – Meu tio está morto!

 Você sonhou com isso?

 Não, eu vi acontecer. Dumbledore está lá embaixo com dois homens e Tiago.

 Então vamos sair daqui!

Sirius arrombou a porta, mesmo com o corpo dolorido e o retalho da blusa de Amy em sua mão encharcado de sangue. Eles desceram as escadas que levavam ao térreo e Amy correu para o corpo de seu tio, enquanto Sirius caiu no chão desmaiado.

Ela não lembrava de ter sido levada até lá, mas acordou na enfermaria. Lily e Dylan estavam conversando baixo, assim como Remo e Tiago. Ao lado dela estava Sirius e ao lado dele, Pedro.

 Ah, você acordou! – Remo foi até onde ela estava.

 Quanto tempo passei desacordada? – ela perguntou.

 Umas cinco horas! – Lily respondeu. – Mas é normal, você tomou uma poção para descansar.

 E o meu tio? – ela perguntou e viu a cara dos amigos se entristecerem.

 Ele se foi! – Dumbledore disse, entrando na enfermaria. – Atingido pela pior das maldições imperdoáveis.

Ela derramou umas lágrimas caladas. Olhou para o lado e viu Sirius e Pedro.

 E eles? – perguntou?

 Sirius está dormindo desde que desmaiou na Casa dos Gritos e Pedro só dormiu agora há pouco. Ele nos contou tudo. Sobre o seqüestro do seu tio, sobre o rouba-pesadelos... – Tiago respondeu.

 O que ele contou?

 Ele estava agindo sob a Imperius. Foi ordenado para roubar seu objeto, pois ele seria útil para Voldemort. Provavelmente ele estava procurando por algum pesadelo seu que fosse na verdade uma premonição. Seu tio era apenas uma isca para atraí-la até lá. – Dumbledore a esclareceu. – E ele conseguiu. Amy, eu peço que você me confie as coisas que vê de agora em diante, e que não tente, nunca mais, resolver tudo sozinha. É arriscado e perigoso, e você e Sirius vieram ao hospital, mas podiam ter corrido riscos maiores!

 Sim, professor. Peço desculpas.

 Agora... Sua mãe já foi informada do acontecido, a minha fênix se encarregou disto. Por enquanto, descanse, certo? – ele riu. – Depois conversaremos, eu e você. Só mais uma coisa... Eu queria permissão para examinar o seu objeto e ver o que ele tem procurado.

 Ok. – ela respondeu, ao que ele levantou e saiu de lá, deixando Amy olhando os amigos. – E você, Remo?

 Fui trancado numa sala daqui, a Sala Precisa, Ela só aparece quando se precisa muito dela, e ela toma a forma do que você precisa. Virou uma cadeia para lobos, no meu caso! – ele sorriu.

 Depois que o Remo estava seguro e eu notei que vocês demoravam, fui até lá com o Dumbledore. Encontramos Pedro e o professor Dippet no chão, acordados, mas muito atordoados.

 Sim, eu vi o que se passou. – ela disse.

 Você teve outra visão? – Lily perguntou.

 Foi tipo um sonho. – ela baixou a cabeça, triste.

 Como você se sente agora? – Lupin apertou a mão dela.

 Triste pelo meu tio, o corpo dolorido pela maldição e preocupada com o Sirius. Ele perdeu muito sangue num corte na mão...

 Não se preocupe, querida! Eu cuidei dele! – uma enfermeira desconhecida entrou. Ela riu, graciosa, para todos eles. – Vocês não me conhecem, certo? Sou Papoula Pomfrey, nova enfermeira de Hogwarts!

Ela estendeu a mão gorducha e jovem para todos.

 Quando poderei sair daqui? – Amy a perguntou.

 Amanha, para o enterro de seu tio, assim como seu amigo, o Pedro. – ela respondeu, sorridente.
 E o Sirius? – Dylan perguntou.

 Ah, ele deve tomar mais algumas poções, mas sairá amanha a noite. Ele sofreu bastante lutando contra a Cruciatus! – ela fez cara de pena. – Mas tudo estará bem, não se preocupem!

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