III - Coincidências.
N/A: Primeiramente, antes dos sinos de 'aleluia' ecoarem, perdão pela demora; mas, como eu havia dito antes, a história simplesmente não queria sair.
~ Boa Leitura!
Capítulo III - Coincidências
“Você é o motivo
do meu amanhecer
é a minha angustia
ao anoitecer”
O pequeno Corvinal organizava os papéis febrilmente, as mãozinhas tremiam e os olhos temerosos vez ou outra se fixavam em Scorpius, que o encarava com superioridade.
Já se fazia duas horas que os dois permaneciam em seus respectivos lugares, cada um concentrado em seu trabalho.
Cansando-se daquilo, Scorpius se inclinou na cadeira, apoiando os cotovelos nos joelhos.
– Então, Hudson, o que você fez para receber um olhar de imenso desgosto do Prof.Longbottom e uma detenção supervisionada por mim? – Danny Hudson ergueu os olhos escuros dos históricos poentos, nervoso.
– Ãah... E-eu, e-e-eu az-azarei meu co-colega de-de cl-classe. – balbuciou, fazendo Scorpius esboçar um sorriso de escárnio.
– O que o seu colega fez? – o loiro perguntou, ao que Danny largou de vez os papéis e passou a mão direita pelos fios lisos e escuros que iam até os ombros, o medo se esvaindo.
– E-ele falo-ou o qu-e-e não devia. – Scorpius riu, sem emoção.
– Diga o que, – ordenou, olhando ao redor da masmorra por puro reflexo, seu olhar parando na porta trancada. – e talvez eu lhe livre de uma semana de detenção.
O Corvinal aparentou estar confuso, e Scorpius estreitou os olhos. Ele sabia o que Henry Nott, o Sonserino colega de classe de Danny, havia dito. E sabia que havia sido uma ofensa suja. Mas seria mais divertido ouvir a versão de Danny, que parecia estar considerando contá-la e ficar livre de uma semana do sorriso de escárnio de Scorpius, ou não contar e passar mais seis noites com aqueles papéis fedidos, naquela masmorra escura. Enfim, ele assentiu, e Scorpius sentou-se na ponta da cadeira, interessado.
– Eu esta-tava sentado, na minha, sabe? – Danny começou. – E-então Nott apareceu co-com o grupi-pinho dele... Aquele idiota!
– Ok, Ok. Foi só porque ele apareceu que você o azarou? – Danny fez um gesto displicente.
– Eu não sou farinha do mesmo saco. Não azaro as pessoas só porque não fui com a cara delas. – Scorpius ergueu as sobrancelhas e perguntou, tentando soar sério.
– Então, Sr.Farinha-do-mesmo-saco, o que Nott disse de tão grave que você tenha se obrigado a quebrar uma de suas regras de valores morais? – o Corvinal estreitou os olhos.
– Ele jogou minha poção no chão e me chamou de cigano ladrão e sangue-ruim. – Scorpius aprumou-se na cadeira. Não tinha sido esta a versão de Henry. Na “historinha” que ele contou, não existiam poções ao chão ou “cigano ladrão” e “sangue-ruim”. Desgraçado mentiroso!
– Ok, Nott é um filho-da-mãe. Da próxima vez você não quebra sua regra anti-azarações e deixa a varinha guardada. – Danny assentiu e começou a guardar seus papéis, parando ao notar a expressão sinceramente séria do monitor.
– Ele mentiu pra você, não foi? – Scorpius assentiu e organizou os papéis com um feitiço não-verbal.
– Vamos. – puxou o primeir’anista pelo braço e os dois iniciaram uma caminhada silenciosa pelos corredores escuros.
Pararam em frente ao busto da águia Corvinal e Scorpius se virou para Danny.
– Vou dizer ao Prof.Longbottom que você se comportou tão bem que tive de lhe liberar. – o Corvinal assentiu. – E não caia mais nos insultos do Nott, Ok? – Danny repetiu o gesto e respondeu à pergunta do busto, entrando no Salão Comunal em seguida, deixando Scorpius sozinho.
O Sonserino suspirou pesadamente, mas não foi para as masmorras, como sua razão impelia. Ele tratou de caminhar pelos corredores escuros e frios, tentando organizar as idéias.
Sentiu um calafrio na espinha, e olhou ao redor. A porta para a Torre de Astronomia estava entreaberta, e pelo pequeno espaço que alguém se esqueceu de fechar, saía uivos do vento forte.
Bufando baixo, Scorpius foi até a porta, na intenção de fechá-la, e o que viu o fez sorrir abertamente. Rose Weasley admirava o céu escuro apinhado de estrelas, o tronco completamente escorado no parapeito da ‘varanda’, absorta; vários pergaminhos deixados de lado.
Coincidência ou ele sempre a encontrava sozinha?
Abriu um pouco mais da porta e entrou na Torre, os olhos fixos na imagem à frente. Encostou-se na parede e fechou a porta com cuidado.
– Esse é mais um esconderijo que eu descubro? – ele brincou, ao que Rose virou-se imediatamente para encará-lo, assustada. Ao vê-lo, ela sorriu.
– Só espero que você não use isso em seu plano maligno. – a ruiva disse, sarcástica, no momento em que Scorpius ficou ao seu lado. Ele sorriu e estreitou os olhos para a visão dos terrenos de Hogwarts.
– Hugo? – o loiro perguntou, referindo-se às prováveis idéias sobre Sonserinos do caçula Weasley.
– Ah, ele disse que você me prenderia em uma masmorra e me torturaria até a morte. – então ela se virou para Scorpius e concluiu dramática. – Você não pretende fazer isso, pretende? – ele soltou um riso fraco.
– Talvez eu pretenda. – Rose riu e disse algo como “Saiba que eu resistirei até o meu último suspiro”, mas seu pequeno discurso de defesa foi interrompido por uma rajada de vento que passou uivando alto por eles. Scorpius olhou para Rose por puro reflexo.
Os cabelos revoltos e ruivos voavam, como uma labareda; o rosto estava relaxado e pálido pelo frio; nos lábios vermelhos formava-se um sorriso genuíno e as pálpebras, que sustentavam pequenos cílios ruivos, fechavam-se de forma serena.
Scorpius se viu perguntando como alguém poderia não se apaixonar por ela.
– Se você pegar um resfriado, seu irmão vai dizer que a culpa foi minha. – o loiro zombou, voltando a mirar os terrenos e uma pequena parte de Hogsmead.
– Hugo fala demais. – Rose respondeu, voltando à si e arrumando seus pergaminhos espalhados pelo vento.
– Sei disso. – e os dois se calaram por meros segundos. Scorpius escorou-se no parapeito e sorriu disfarçadamente quando sentiu Rose escorar-se ao seu lado, tão perto que seus ombros se chocaram.
Os dois suspiraram e perguntaram em uníssono:
– Então, o que você faz aqui? – encararam-se e caíram na gargalhada.
Scorpius parou de rir e se preocupou em escutar o som da risada rouca da ruiva ao lado. Ele não estava acostumado em rir longamente, mas o loiro tinha de admitir que ultimamente ria mais do que em dezessete anos de vida. E sem um pingo de escárnio.
– Você responde primeiro. – Rose pediu, ainda risonha. As maçãs do rosto e as bochechas vermelhas.
Coincidência ou ela sempre ficava vermelha perto dele?
– Ok, eu estava supervisionando uma detenção.
– Até agora? – Scorpius soltou um suspiro.
– O garoto sabe azarar alguém quando quer.
– Foi o Hudson? – ele assentiu. – Eu ouvi falar que ele azarou Henry Nott.
– Nott mereceu. Eu também o azararia. – Rose colocou os cotovelos no parapeito e apoiou o queixo nas mãos, admirando o lago negro com o cenho franzido, como se refletisse.
– Bem, para você azarar alguém não é tão difícil. – Scorpius arqueou a sobrancelha esquerda. – Você pode querer me jogar lá embaixo pelo que eu vou te dizer, só que nisso você e o Hugo são idênticos. – então ela se calou, sem olhá-lo nos olhos, como se esperasse que ele realmente a jogasse da Torre em uma explosão de raiva.
Mas o que ele sentiu foi completamente o oposto da raiva.
Uma onda de afeição que Scorpius nunca havia sentido o abateu de uma maneira tão forte que ele ficou atordoado.
Rose não estava julgando seu pavio-curto. Ela simplesmente o estava apontando algo que o loiro deveria perceber como erro sozinho.
Significava que ela se preocupava com ele; significava que Rose se importava com Scorpius, gostava dele!
Então, com a surpresa da informação fervendo no rosto, Scorpius sentiu que corava. E ele nunca havia corado; nem quando deu seu primeiro beijo, ou quando declarou seu falso amor à sua primeira namorada.
Scorpius achava que corar em frente a um momento desses era fraqueza. Mas ele não se sentiu fraco; na verdade, ele nunca havia se sentido tão forte, nem tão humano.
Ele percebeu que pensar que só os fracos deixavam-se corar era idiotice, e que o enrubescer das bochechas era tão humano quanto respirar. O loiro notou, com tristeza, que ele não estava sendo humano nos últimos anos.
Coincidência ou Rose sempre o fazia encarar seu passado e seus erros sem medo?
– Eu nunca te jogaria da Torre. – terminou por dizer, ao que Rose se virou para encará-lo e sorriu com dentes a mais, como de costume. – Seria muito óbvio. – acrescentou e a ruiva riu e bateu de leve no braço dele, voltando a se escorar próximo ao amigo.
– Você não tem idéia do número de azarações que eu conheço. – ela disse, gesticulando com a cabeça. Scorpius riu e notou os pergaminhos toscamente arrumados em um pequeno fichário cinza e formal.
– E o que você estava fazendo aqui? – perguntou, a voz carregada de sarcasmo. Rose suspirou, risonha.
– Eu estava estudando Astronomia. – depois de dito isso, a ruiva olhou de soslaio para o velho Telescópio encostado em um canto próximo ao parapeito.
– Por quê? – Rose encolheu os ombros.
– Fiquei sem sono, e estudar Astronomia no Salão Comunal não é tão divertido. – os dois sorriram.
Mais uma rajada de vento passou por eles e Scorpius pôde vislumbrar o azul cobalto de Rose cintilar por um fugaz momento. A garota abraçou o corpo e tremeu de frio.
– Acho melhor encerrarmos a noite. – ele aconselhou, ao que Rose concordou e pegou seus pergaminhos, os dois indo em direção à porta em seguida.
Os dois saíram da Torre e caminharam por corredores escuros e frios, sem dizer palavra alguma. Scorpius sentia que deveria dizer algo, mas não sabia o que. De repente, notou que os dois estavam subindo para uma das Torres, em vez de descer para as masmorras, como ele deveria estar fazendo.
– Rose? – chamou. A ruiva parou de caminhar e se virou para encará-lo. – Pr’aonde estamos indo? – ela piscou e, após refletir por um momento, soltou uma risada fraca.
– Acho que estou indo para meu Salão Comunal. E você? – Scorpius coçou o queixo.
– Acho que, como bom cavalheiro que sou, deveria lhe deixar em seu Salão Comunal. – Rose assentiu e os dois continuaram a caminhada.
– Esta não é só mais uma estratégia para sua Casa descobrir onde fica a entrada do meu Salão Comunal, é? – o loiro riu, pensando que, se ele realmente aspirasse conhecer a entrada para o ‘esconderijo’ dos Grifinórios, certamente o plano seria um fracasso. Scorpius não se lembrava dos corredores por onde passou, só o que ele havia notado era que Rose caminhava como se flutuasse por cima de seus sapatos; e a forma maternal que ela segurava suas anotações.
– Não se preocupe, meus planos malignos foram encerrados quando você ameaçou me azarar com todo o seu conhecimento. – Rose soltou uma gargalhada sincera.
– Que bom que deu certo. – os dois chegaram a um quadro de uma mulher extremamente gorda, e aparentemente bêbada, e a ruiva se virou para encarar Scorpius, suspirando. – Bem, chegamos. – o garoto olhou ao redor, procurando por uma suposta passagem secreta.
– Chegamos? – Rose apontou para o quadro.
– Só preciso dizer a senha e pronto, os espectros não poderão mais me alcançar. – depois sorriu como uma criança e esperou que Scorpius dissesse algo, ele se viu falando a primeira coisa que lhe veio à mente.
– Ela tem condições de assimilar o que você disser? – Rose, mais uma vez, caiu na gargalhada, olhando de soslaio para a tal mulher do quadro e acordando esta.
– Creio que sim. No Natal ela está em pior estado e consegue impedir que os ‘intrusos’ entrem por senhas inventadas. – Scorpius arqueou as sobrancelhas.
– Alguém já tentou fazer isso? – Rose assentiu e suspirou novamente, com um ar cansado.
– Bem, Scorpius, acho que nos vemos amanhã, talvez. – foi a vez de Scorpius assentir, perdendo-se na leveza com que Rose lhe sorria, virava-se para o quadro, dizia-lhe a senha, acenava para o loiro, e desaparecia por um buraco aberto pela tal mulher gorda. Realmente, se aquele fosse um plano ‘anti-Grifinória’, ele teria fracassado completamente.
– Então, Sonserino, o que você está esperando para ir contar na sua masmorra o que ouviu aqui? – Scorpius acordou de seu pequeno devaneio e piscou algumas vezes. A senhora do quadro lhe falava e ela não parecia muito contente em ver um Sonserino à porta do Salão Comunal da Grifinória. Ele sorriu ironicamente.
– Estou esperando que a senhora me diga qual é a senha, não a ouvi direito. – a mulher bufou e praguejou alguns nomes que não deveriam ser ditos na frente de crianças. Scorpius só balançou a cabeça negativamente e iniciou uma caminhada silenciosa e reflexiva até as masmorras, até o seu Salão Comunal.
Ninguém lhe perguntou onde estivera, mesmo que já fosse tarde o suficiente para que seus colegas de quarto nem ao menos conseguissem formular uma palavra sequer. Deitou-se em sua cama de dossel e colchas verdes e se viu pensando no sorriso infantil de Rose.
Coincidência ou ele sempre dormia pensando nela?
N/A: Não se preocupem que a nota da autora vai ser minúscula, só porque eu não consigo escrever muita coisa. Terminei esse capítulo ontem, mas minha mãe 'sequestrou' meu cabo e eu não pude postar. Mas, enfim, não vou escrever muito, como já disse; só peço que não me odeiem e aproveitem porque eu adorei escrever esse capítulo. E eu estou exultante! *por outros motivos ligados ao senhor Christian Chávez*.
Bom, obrigada à Larissa (pela paciência, *sorri amarelo*), à Luce Black (você não sabe como seu comentário me alegrou), à Lady L.L (não se preocupe, prometo não demorar mais) e à *Lari Forrester Black* (ooh, que bom que você gostou! eu, honestamente, acho que os cinco capítulos dão um charme, sabe? hauhuahauhauhuahau', vai entendeer. :D).
Hm..., muito obrigada pela paciência, adoro vocês.
Cuidem-se,
Pollita.
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