18 de dezembro
18 de dezembro, no dormitório feminino da Sonserina, muito, muito tarde da noite.
Tudo bem, não foi a megera – que já deve ter mais de cem anos, pelo amor de Merlin - que me fez trabalhar até essa hora da madrugada. Ela me segurou até um pouco depois do toque de recolher, mas não tanto assim. De qualquer forma, quando ia passando por um corredor do terceiro andar, pronta para pegar um atalho até as masmorras, dei de cara com Matthew Potter. Tudo bem que eu cresci ouvindo papai falar mal do pai dele, mas isso não o tornava menos gostoso, por Merlin. Claro que se encostasse um dedo nele, eu veria papai bravo comigo de verdade pela primeira vez na vida. E depois o veria se tornar assassino, e eu falo sério!
Voltando a história, eu encontrei-o passando pelo corredor. Seus cabelos negros desarrumados contrastavam com sua pele pálida e os olhos amendoados, e seu corpo bem esculturado chamava a atenção debaixo do blusão vermelho que usava. A beleza dele me hipnotizava, e a toda população feminina do castelo. Porém, ele não era daqueles garotos lindos e simpáticos, que cativam todos ao redor, muito pelo contrário: era arrogante e, digamos assim, não desperdiçava nenhuma garota que aparecia na sua frente.
Me perguntei o que fazia andando por aí quando já deveria estar na sua cama.
“Oh, se não é a Malfoy... Emily não?” perguntou Matthew, me lançando um olhar penetrante.
“Evelyn.” Corrigi, com um sorrisinho cínico. Até parece que ele não sabia meu nome, já que era meu colega em três matérias diferentes há mais de cinco anos.
“Claro, como pude me esquecer?” Os olhos dele desceram pelo meu corpo, como se visse até minha alma, de uma forma que intimidaria qualquer garota. Exceto eu, óbvio.
“O que foi, Potter?” Perguntei, com a sobrancelha levantada. “Quer um pedaço?” Por que eu quero um pedaço seu, Merlin! Claro que eu calei essa última parte, ele não precisava de mais uma injeção de alto-estima.
“Você sabe muito bem que não é uma má idéia, Malfoy.” Meu primeiro impulso foi me atirar nos braços daquele pedaço de mau caminho, como tinha vontade sempre que ele vinha com esse papo. Mas também como de costume, fingi não dar bola, não sei muito bem por que. Simplesmente não queria ser mais uma puta (N/A: Ops!) que passa pelos braços dele, mesmo que ele fosse assim tão... escultural.
“Que pena, porque você não vai ganhar, Potter.” Dei um sorriso com o canto dos lábios, satisfeita por ter força de vontade suficiente para recusá-lo e pronta para me virar e ir embora. Só não o fiz porque ouvi um barulho no fim do corredor, e poderia ser outro aluno fora da cama, mas, por impulso, entrei correndo no atalho que eu antes iria tomar para voltar às masmorras, para me esconder de quem quer que fosse. Potter me seguiu, e eu o deixei entrar, logo fechando a porta da passagem. O único problema era que o atalho é meio apertadinho, aliás, bem apertadinho, e eu fiquei com o corpo espremido contra o corpo bem definido dele. (Preciso contar isso para Nic, não posso esquecer. Vou matá-la de inveja!)
Ficamos em silêncio para não sermos pegos. Na verdade, eu nem ousava respirar, já que, com aquela aproximação toda, minha respiração estava bem pesada, e talvez alguém lá do outro lado do mundo não a ouvisse. E eu também não ia dar essa satisfação a ele, claro. Também não nos mexemos por alguns segundos. Então, de súbito, senti sua mão na parte de trás da minha coxa, me empurrando mais ainda contra ele. Ofeguei, mas fiz força para me afastar o máximo possível. Sem resultado.
“Tarado!” Exclamei, ainda lutando para me afastar.
“Cala a boca, Malfoy!” Ele me reprimiu com um sussurro.
“Vem calar!” Respondi por birra. Não esperava que ele levasse a sério. Mas claro que ele levou. Demorou apenas uma fração de segundo para os bonitos lábios deles encontrarem os meus. Sua língua quente tentou ir de encontro à minha, mas eu fiz força para manter meus lábios bem fechados. Aproveitando a distração dele, me afastei o máximo que consegui naquele espaço apertado.
“Seu idiota!” Foi só o que consegui dizer, ainda ofegante por todos aqueles acontecimentos.
“Você quem pediu” Defendeu-se ele. Eu olhei para o teto, mas acho que ele não notou devido ao escuro que nos cercava.
“Se formos pegos” Eu tinha voltado a sussurrar, zangada.“A culpa vai ser totalmente sua!”
“Você quem começou!” Ele voltou a se defender, não tentando mais se aproximar de mim. Graças a Merlin, já que eu não tinha tanta sanidade assim.
“Cala a boca.” Retruquei.
“Vem calar!” Ele me imitou com a voz esganiçada. Eu bufei.
Durante mais alguns segundos, o silêncio dominou o pequeno espaço entre as paredes que nos cercavam. Eu coloquei a cabeça para fora do acesso, vendo o corredor vazio. Mesmo que o melhor era eu tomar o atalho em que estávamos, eu só queria me afastar dele. Por isso pulei de volta para o corredor e resmunguei um “Tchau, Potter” antes de voltar a descer as escadas.
Demorei uns dois andares para associar o que tinha acontecido naquele atalho. E mal acabara de associar quando dei de cara com Evan Kennedy. Ele se assustou ao me ver mas logo sorriu radiante, mostrando os dentes perfeitos. Meu olhar se demorou nos seus lábios, eles pareciam ter sido desenhados, e sempre me encantaram. Há algumas semanas atrás, eu podia tocá-los. Droga, lembranças começaram a voltar na minha mente. Mas eu me resumi a apenas sorrir para ele de volta.
“O que está fazendo fora da cama?” Perguntou ele. Mas não era como uma espécie de repreensão, parecia mais um amigo.
“Detenção com a McGonagall.” Revirei os olhos, em dúvida se lhe perguntava ou não o que ele estava fazendo fora da cama. Aliás, estava era em dúvida se queria mesmo saber.
“Estava em detenção também.” Eu sorri internamente. “E me diz, você não tem medo de que a McGonagall caia dura de repente quando você está perto dela?” Eu ri alto, não conseguindo me conter. Então me assustei por lembrar que deveríamos estar em silêncio.
“Acho melhor irmos para o Salão Comunal” Ele concordou, e então fomos descendo em silêncio os lances de escadas que faltavam, mas não em um silêncio incômodo. Assim, do lado dele, não conseguia lembrar os motivos de não estarmos mais juntos, já que tudo parecia tão bom. Claro que agora eu lembro.
Pelo fato de eu não ser nem um pouco tímida, e modéstia a parte, nem um pouco feia, o ciúmes que ele sentia de todos os meus amigos era grande. E eu não ficava pra trás, já que Evan é lindo, agradável, muito prestativo e de uma família muito importante. Todas corriam atrás dele, todas tentavam acabar com o que tínhamos. Conseguiram, não preciso nem dizer.
Mas voltando à minha história, nós chegamos ao Salão Comunal.
“Que estranho! Está vazio.” Comentei, e ele concordou.
“É compreensível que quem vá voltar para casa esteja dormindo, mas e os outros? Afinal, amanhã começa o feriado de Natal!” Eu afirmei com a cabeça e me atirei no maior sofá de veludo verde da alta sala. A lareira à frente iluminava o ambiente escuro com um fogo fraco. Evan se acomodou do meu lado.
“Vai passar o feriado aqui, mesmo depois do berrador?” Eu ri, tentando esconder meu desconforto e vergonha por causa de toda essa história.
“Não vou nem arrastada, só por birra.” Fiz uma careta. “E nunca fiquei aqui no Natal e todos sabem que é o melhor feriado de todos!”
“Bem, se receber outro berrador, pelo menos vai ter menos pessoas para ouvir” Ele brincou, e eu ri de verdade dessa vez.
“Com certeza. E você, vai ficar por aqui?”
“Eu iria voltar pra casa, mas como é meu último ano, eu resolvi ficar em Hogwarts.” Esse foi outro problema do nosso relacionamento, a propósito. Ele é mais velho, eu não consegui lidar muito bem com isso. Sou babaca, pode me dizer. Eu sei. Mas devia existir um manual ensinando como se mantém um Namorado Incrível. Devia mesmo!
Ficamos em silêncio por alguns momentos, eu olhando para o céu lá fora, sem nenhuma estrela. Quando olhei para Evan, me surpreendi, já que ele me encarava. Senti meu rosto ruborizar um pouquinho, o que é bem incomum, mas ele me olhava de um jeito tão profundo...
“Tudo bem, Ev?” Esse era o apelido pelo qual eu o chamava quando estávamos juntos, mas percebi isso tarde demais. Ele notou também.
“Só estava te observando.” Evan deu de ombros. “Sinto sua falta” Soltou de repente.
“Sinto sua falta também” Ele estava se abrindo, por que eu iria ficar calada?
E então numa fração de segundo, eu nem lembro como aconteceu, eu estava deitada sob o corpo de Evan, sentindo a língua dele de encontro à minha, sua mão nos meus cabelos, as minhas nas suas costas, como sempre fora, como deveria ser. Logo os lábios dele desciam pelo meu pescoço, meu corpo se enchendo de arrepios que pareciam correntes elétricas que subiam dos meus dedos até a cabeça. Não sei quanto tempo ficamos entre beijos e carinhos, mas foi o suficiente para eu lembrar de como queria ele do meu lado sempre, como não suportaria vê-lo com outra.
E então cada um foi para sua cama, ambos com sono mas sorrindo. Nos despedimos sem nenhum “boa noite”, apenas com um roçar de lábios demorado, significativo.
Pensando aqui agora, enquanto escrevo com os olhos pesados de sono, naquele momento eu senti como se os dois meses separados não tivessem existido, como se estivéssemos em algum dia do mês de setembro, em que o vento não era tão gelado e eu o tinha do meu lado.
Tá vendo? É só falar dele que eu fico meio poética e o meu sarcasmo some. Acho que estou apaixonada. Será???
EvelynMalfoy.
(N/A) Segundo capítulo tá aí! Já que ninguém mais comentou, além da Sαrαh W. Vegα, vou responder pra ela. Querida, obrigada por ler, que bom que gostou e não demorei com o capítulo, viu? Espero que goste e comente de novo :P
Beijão pra todos!
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