Minha Ruiva



Minha Ruiva



Viver é realmente uma arte, principalmente quando se está com um humor do cão a fim de jogar uma bomba em Hogwarts. Eu nunca fui uma pessoa com exemplo de bom humor, se eu fosse assim certamente me chamaria Johnnathan ou Alice. E em falar nestes dois, bem... Aqui estou eu, como um completo imbecil me escondendo em cima de uma das arvores mais altas de todo o jardim. Então alguém pergunta: “Por que você se esconde deles oh meu lindo e magnífico Scorpius Malfoy?” e eu respondo: “Pelos simples fato de que eles NÃO ME DEIXAM EM PAZ DESDE MINHA BRIGA COM A WEASLEY NA NOITE PASSADA!”

- SCORPIUS EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ EM CIMA! PARE DE AGIR COMO CRIANÇA E DESÇA IMEDIATAMENTE! – Alice grita lá de baixo.

Alice acha que manda em mim, ainda bem que ela “acha” sendo que na realidade não manda porcaria alguma! Giro meus olhos em órbita, fingindo que não estou, talvez assim ela se toque e vá embora.

- EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ, ESTOU VENDO SEU PÉ! – Ela berra uma segunda vez. – SCORPIUS MALFOY SE VOCÊ NÃO DESCER DESSA ARVORE IMEDIATAMENTE EU VOU FORÇÁ-LO A DESCER!

Ri... É claro que eu ri! Alice, daquele tamanho de anã de jardim ameaçando me tirar a força de uma arvore é algo realmente cômico. Foi o que eu pensei até a arvore balançar de maneira bruta me arremessando em direção ao lago, é nessas horas que eu penso “Por que raios temos família? Ah é mesmo, para fuder com a nossas vidas”.

- PUTAQUEPARIUALICE!!! – Berrei conforme meu corpo fazia um arco no ar e eu mergulhava na imensidão do Lago Negro.

A Lula Gigante como uma excelente anfitriã aquática me levou até a margem, eu cuspindo água como uma foca e Alice me fitando com divertimento, se Alice não fosse minha prima, sangue do meu sangue eu juro que a afogava nessa merda de lago.

- Eu disse que iria forçar a descer! – Ela comentou com um sorriso maroto nos lábios carmim.
- Alice... – Rosnei me secando com minha varinha. – Eu... Não... Estou... Em... Um... Bom... Dia.
- Eu sei! – Ela sorria abertamente.
- ENTÃO POR QUE DIABOS NÃO ME DEIXA EM PAZ?
- Porque como sua prima/irmã eu tenho a obrigação de tornar sua vida ainda mais odiosa!
- Oh, obrigado por esclarecer! – Bufei irritado passando por ela.
- Sabia que Rose Weasley te seguiu hoje o dia inteiro sem que você percebesse? – Ela sussurrou se colocando ao meu lado.

Arqueei uma sobrancelha, Alice deveria estar sobre efeito de algum entorpecente que eu por sinal desconheço, vir-me-ei para ela com uma expressão de duvida explicita a fazendo gargalhar alto.

- Brincadeirinha! – Ela disse de forma inocente.
- Depois eu é quem sou a criança!
- Bem... Você é! – Ela piscou algumas vezes se jogando em minha frente caminhando de costas. – Você brigou com a razão de seu respirar por algo realmente besta!
- Razão do meu respirar? Você realmente anda convivendo em excesso com Jonnathan.
- Não mude de assunto, você é péssimo nisso!

Fiquei em silêncio, ouvir mais um sermão sobre eu não resolver meu relacionamento com a Weasley a agarrando à força era algo que eu sinceramente estava farto de opinar. Alice disparou palavras em minha cabeça, fingi que ás escutava e que concordava com tudo, o que eu poderia fazer? Entrar em uma discussão com ela? Até parece... Alice é uma das poucas pessoas do mundo inteiro que realmente sabe me vencer verbalmente.

Espreguicei enquanto adentrávamos pelas portas longas do castelo, a possibilidade de afogar minha amada priminha no lago parecia cada vez mais tentadora. Sorri imaginando a cena, seria realmente algo bom de se apreciar...

- Hey! Scorpius! – Uma voz me chamava de longe.

Me senti leve, afinal graças a essa voz minha prima se calou, algo que meus ouvidos agradeceram prontamente. Vir-me-ei com meu maior sorriso canalha, a minha frente estava Linda Karmicle uma sextanista da Sonserina que realmente poderia substituir Loisi em quesitos de “amizade com bônus”. Alice reprimiu a face em uma careta desgostosa, certamente já imaginando o que estava se passando em minha mente libidinosa.

- Sim? – Passei a mão pelos cabelos permitindo uma melhor visão de meus olhos acinzentados.
- Ermm... – Linda gaguejava enrolando a ponta dos cabelos negros no dedo indicador. – Soube que vai começar o treino do time da Sonserina hoje...
- Soube certo... – Dei um sorriso torto encostando-me na parede, Alice nesse momento parecia um doberman preste a comer minhas viceras.
- Soube também que será um treino secreto...
- Mais uma vez você soube certo... – Ignorei minha prima doberman enlaçando os ombros da minha nossa vitima e a puxando para longe. – Gostaria de assistir?
- Claro! Bem, se não tiver problemas é claro!
- Problemas? Linda, eu sou o capitão! – Alarguei meu sorriso.

Alice neste momento espumava atrás de mim, enquanto Linda suspirava, ser homem era tão fácil em Hogwarts, enquanto umas mulheres queriam te matar, outras estavam prestes a fazer qualquer coisa por alguns minutos com você! Realmente o universo feminino deveria ser minuciosamente estudado, aquela coisa da TPM ainda me deixa intrigado, afinal como que funciona? Elas sabem que vão sangrar e decidem tirar o sangue dos outros?

- Scorpius... – Rosnou meu doberman.
- Oh! Você ainda está aí? Pensei que já havia seguido seu rumo Alice...
- Nós estávamos conversando...
- Sério? Pensei que havíamos terminado de conversar...
- Alice, Scorpius e eu estamos conversando! – Linda cruzava os braços fazendo minha Doberman arquear ambas as sobrancelhas, ow, ow... Mal sinal.
- É MESMO? ESCUTE AQUI KARMICLE POR QUE VOCÊ NÃO VAI SACUDIR SEUS POMPONS PARA OUTRO ENQUANTO EU TENTO SUGAR TODO O SANGUE DO CORPO DO MEU PRIMO COM UM ASPIRADOR DE PÓ TROUXA?
- Hã... Um espirro o quê? – Linda franzia o cenho.
- AHoiAHAIOHAOIHAOAHOIAHAIOHAIOHA – Gargalhei, o que mais eu poderia fazer? – Liga não Linda, Alice está na TPM, você poderia me explica como isso funciona sabe? Quero dizer, vocês sangram e decidem matar todo mundo? Qual é o problema nessa época?
- Bem... – Linda corava.
- SCORPIUS MALFOY!
- Alice, por favor, estou tendo uma conversa produtiva aqui...

Linda sorrira vitoriosa encostando o tronco na parede, Alice bufara e finalmente desistira rodopiando e saindo do corredor, soltei um risinho pelo nariz, se eu soubesse que ignorar Alice a faria desaparecer mais rápido eu realmente teria feito isso a mais tempo. Encostei uma mão ao lado da cabeça de minha presa me aproximando vagarosamente, sim eu sou um canalha, o que posso fazer? Eu nunca disse que era o mocinho aqui!

- E então Linda... Por acaso debaixo de toda essa roupa há algo que faça juz ao seu nome?
- Está me deixando sem graça Scorpius... – Ela soltara um risinho, fácil, fácil...

Levei meus lábios ao seu pescoço a sentindo enfraquecer, sorri durante o meu percurso de beijos, as Sonserinas estavam realmente ficando mais fáceis do que as Lufanas... Senti os braços dela em volta ao meu pescoço, ela implorava para que e me dirigisse com urgência aos seus lábios, quem seria eu para negar não é mesmo?

Movi lentamente para encontrar a dimensão rósea que era sua boca quando escutei passinhos apressados, passinhos que batiam no assoalho de maneira irritantemente familiar, meu corpo não me obedeceu, e eu só percebi isso quando ele se afastou da linda garota a minha frente, meu pescoço virou-se tão depressa para o outro lado que pude o sentir estralando.

Os cabelos ruivos ondulados moviam-se de um lado para o outro, mais uma vez Weasley havia me pego em uma de minhas calhordagens, mas desta vez não havia me interrompido, não sei por que isto me incomodo tão fervorosamente.

- Linda, podemos fazer isso depois? – Minha voz saíra rouca.
- Depois? – Balbuciou ela sem entender, sinceramente nem eu estava me entendendo.
- Preciso fazer algo.
- Agora? – Ela despertava do transe me fitando com os olhos esbugalhados.
- Agora... – Falei sem a fitar saindo o mais depressa possível atrás de minha ruiva, minha ruiva? Hã? Desde quando ela deixou de ser a Empata Fodas Weasley para a “minha ruiva”? Eu só posso estar ficando louco!

Eu larguei Linda tão depressa que parecia que meu cérebro estava funcionando sem minha permissão, eu estava realmente correndo atrás da ruiva maluca, e pouco me importava se havia derrubado dois primeiranistas. A única coisa que eu sabia naquele momento era que meu peito havia inflado de tal modo que meu coração suplicava para explicar para ela que Linda era apenas um divertimento barato e que ela, bem, ela era dona daquilo que batia arduamente em meu peito.

- WEASLEY! – Gritei, mas ela não se virou. – HEY, WEASLEY!

Mais uma vez ela não se virara, apenas apertara o passo.

- Mas que inferno. – Rosnei correndo mais um pouco até alcansá-la. – Hey! Eu estou te chamando a um tempo!
- Jura? – Ela me encarava com os olhinhos turquesa cínicos. – Nem escutei...
- Não se faça de idiota, é claro que me escutou!
- Ora Malfoy, eu tenho muito mais o que fazer do que escutar você me chamando! Eu lá sou uma de suas cachorrinhas para ir correndo até você quando você gritar?
- Cachorrinhas?
- Poupe-me! – Ela girava os olhos caminhando mais uma vez.
- Você realmente é uma pessoa com sérios problemas... – Enfiei ás mãos no bolso me colocando ao lado dela.
- O que está fazendo aqui Malfoy? Por acaso se tornou o novo Psicólogo de Hogwarts e veio me analisar?
- Eu não preciso ser um psicólogo para te analisar.
- Ótimo. – Ela bufou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Acho que a Karmicle está te esperando...
- Ela sobrevive... - Sorri vendo as bochechas da minha ruiva corarem, ARGH! ELA NÃO É MINHA RUIVA, será que minha mente poderia trabalhar como se deve?
- Olha, não cai muito bem para mim você andar ao meu lado ok? Não quero ser confundida com uma das suas “cachorrinhas” ou alguém da sua laia...

Aquilo realmente me ofendeu, senti como se ela tivesse dado um soco em meu estômago e quando percebi minhas pernas haviam estancado no lugar. Weasley que havia continuado o seu caminho parara também olhando para meu rosto em cima de seus ombros.

- Olha eu... – Ela tentou dizer.

Eu apenas girei meus calcanhares dando ás costas a ela e seguindo o outro caminho.

Aquela ultima frase que Weasley me disse ecoou por minha cabeça o resto do dia, “Alguém da sua laia.”, é... Weasley tinha toda razão de se manter afastada de mim. Eu era o vilão, eu era hediondo, cruel, calhorda e vil. Mas ouvir aquilo dela me doeu tanto que eu senti por um pequeno minuto vontade de que ela me enxergasse de outra maneira. Que idiotice, eu estou parecendo uma garota pensando no Brad Pitt! Totalmente patético, eu realmente preciso de umas férias da Weasley, se não eu vou pirar!

- Hey, Scorzinho! – John me chamava enquanto eu amarrava minhas botas para o treino.
- Hum? Fala...
- Alice me disse que você a irritou ao extremo hoje.
- Eu a irritei? – Levantei-me do banco o fitando como se ele fosse demente. – Johnnathan, ela me perseguiu a manhã INTEIRA! E eu estava a irritando?
- Isso pouco me importa Cor Cor! Você sabe que infernizar a vida da Alice é meu estilo de vida, por favor, não roube isso de mim!
- Pensei que seu estilo de vida fosse fazer a vida da Potter ser uma merda...
- Também! – Ele me sorria sarcástico. – Mas a Potter está com aquele debilóide do Cabot e ele disse que se eu me aproximasse mais uma vez dela, ele iria me fazer sorrir sem dentes, a Potter precisa parar de encontrar namorados bombados...
- E você precisa encontrar outros estilos de vida.
- Wow! Você está doente... – John me analisava dos pés a cabeça.

Maneei a cabeça negativamente, da onde John havia tirado que eu estava doente eu não faço a mínima idéia, eu me sentia perfeitamente bem e saudável, terminei de colocar a proteção nos braços e apanhar minha vassoura, tudo sob o olhar vigilante do meu melhor amigo.

- Você está mais pálido do que o normal... – Ele falava com uma voz séria, algo raro se tratando dele.
- Deve ser pelo que a Weasley me falou hoje...
- O que ela falou? – John quis saber enrugando a testa e apoiando o pé em um dos bancos.
- “Não quero ser confundida com uma das suas “cachorrinhas” ou alguém da sua laia.” – Repeti com uma imitação da voz da ruiva fazendo a testa de John enrugar ainda mais.
- Ela pegou pesado.
- Ela não disse nenhuma mentira.
- Ela não tem a mínima idéia pelo que já passamos! – Rosnou John caminhando para fora do vestiário ao meu lado. – Pare de se afetar pelas palavras da Weasley, ela jamais seria capaz de compreender toda a dor que passamos durante todo esse tempo! Ela jamais saberia o que é ser filho daqueles que foram os vilões, daqueles que são xingados, renegados e odiados por todas ás pessoas, ela é apenas a princesinha dos heróis.

Fitei John com pesar enquanto ele me dava tapinhas nas costas como se aquele gesto fosse me consolar de alguma forma. Concordei com a cabeça adentrando o campo ao lado do meu melhor amigo, Alice estava girando o bastão em uma das mãos de maneira graciosa, parando apenas ao nos ver com expressões sérias.

Minha prima possui uma sensibilidade descomunal, além de ser Oclumente e Legimente, assim como eu e Johnnathan, assim que vi suas finas sobrancelhas quase se encontrarem liberei minha mente para ela ver o que havia acontecido e toda a minha conversa com John no vestiário, uma coisa era certa, a melhor coisa de ser herdeiro de Comensais da Morte era que todo o tipo de Magia era lhe ensinado desde cedo, no meu caso, de Johnnathan e Alice, a Oclumência e a Legimencia haviam sido inclusas em nosso plano de ensino.

- Ela realmente não deveria ter dito isso... – Alice murmurou de longe, me fazendo ler seus lábios e balançar a cabeça de um lado para o outro.

Assoviei alto chamando a atenção de todos do time, logo montando em minha vassoura e subindo aos céus como velocidade, Alice já estava posicionada com seu bastão ao lado de Eddie Taylor que tentava atrair a atenção dela sem muito sucesso.

Johnnathan já estava na posição de goleiro brincando com uma das goles enquanto eu apenas berrava algumas instruções de vôo para o resto do time. Eu podia escutar Alice me mandando pensamentos durante o jogo, coisas que em outros momentos eu diria que seriam reconfortantes, mas eu não levei muito a sério, limitei-me em fechar minha mente e me concentrar no que eu fazia de melhor: jogar quadribol.

- Hey, cara! – Uma voz animada ecoava no vestiário masculino enquanto eu saia do chuveiro e começava a me vestir, sorri de canto ao ver John espalmar Henry com uma toalha e Henry retrucar com um belo soco.
- Scorpius! Ajude-me! – Pedia John.
- Eu não tenho nada haver com isso John, não mandei se meter com Henry, eu sempre disse que ele era mais forte do que você!
- Concordo em gênero, numero e grau! – Eddie prendia os cabelos longos e castanhos em um rabo de cavalo baixo. – Você não deveria estar em uma detenção agora?
- Eu? – Indaguei abotoando a blusa da escola.
- É, com a Ruiva Gostosa!
- Wow! Então é verdade Scorpius? Está vendo a imensa bunda de Rose Weasley todas as noites? – Sthepen Klaus se metia na conversa enquanto dava o nó da gravata.
- Já a espalmou com alguma toalha? – Zombava Henry.
- Não sei não hein! Ouvi dizer que ela é meio frigida! – Gargalhara Brandon Nott.
- Vocês acham mesmo que eu troco alguma palavra com ela? – Minha voz soara cheia de nojo, John que estava gargalhando parou de imediato para me olhar pasmo, eu apenas o ignorei erguendo o meu queixo para o alto, como um digno Malfoy. – Rose Weasley pertence ao mundo dos Heroizinhos babacas, eu sou O REI da Sonserina e dos vilões, acham mesmo que EU iria falar com ela? Acham mesmo que eu iria reparar na BUNDA do inimigo?

Uma chuva de aplausos caiu sobre mim, meu sorriso torto tomou conta de meus lábios, John apenas se encostou a um dos armários e me encarou com pesar, ele sabia o quão me doía dizer aquelas palavras sobre a Weasley.

- Bem, vou indo para a tortura, agüentar aquele cheiro de sangue sujo! Nos vemos do dormitório John.
- Espere. – John segurara meu braço me fazendo encarar seus olhos que pareciam bem mais escuros.
- O que foi? Vai declarar seu amor por mim? – Debochei.
- Não faça nada que vá se arrepender Scorpius, eu sei que ela te ofendeu, mas tudo ao nosso redor conspira contras nós...
- Johnnathan, fume um cigarro e me deixe em paz! – Grunhi o fazendo me soltar.

Joguei meu paletó por cima dos ombros retirando de um dos bolsos um masco de cigarros, os jardins estavam escuros e úmidos, chegavam a ser palco para uma bela cena de filmes de terror trouxa, Alice sempre tivera uma queda pelo mundo Trouxa, por isso sempre íamos assistir coisas estranhas juntos.

Acendi o cigarro o levando a boca, era bom fumar, me relaxava, me permitia pensar com mais lucidez, mas eu sabia que meus pulmões estavam reclamando da fumaça de vez em quando. Continuei atravessar os jardins, quando notei uma pequena movimentação do lado norte, o lado Sonserino. Era estranho ver uma movimentação naquele horário, afinal ninguém saia do castelo na hora do jantar ou depois.

Joguei o cigarro no chão o apagando com meu pé, soprando uma grande quantidade de fumaça no ar, caminhei como um lobo, sem fazer ruído algum me escondendo atrás de uma das estatuas. Franzi o cenho vendo Alice sentada em um dos bancos, o que me intrigava era vê-la ansiosa daquela maneira, Alice sempre me pareceu bastante calma para todos os tipos de situação.

- Olá... – Uma voz quebrava o silêncio fazendo minha prima praticamente saltar do banco.

Alice conseguia ser extremamente graciosa até mesmo quando estava nervosa, só quem a conhecesse perfeitamente poderia ver suas mãos trêmulas e seu lábio crispado em uma linha fina, ela endireitou a saia da escola e os cabelos molhados para então uma figura morena magricela se aproximar. Alvo Potter estava ali.

- Não vai tentar me deslumbrar novamente ou entrar na minha mente vai? – Ele perguntou com uma voz serena.
- Eu não devia estar aqui... – Ouvi Alice dizer baixinho. – Não é certo!
- Eu não tenho culpa... – Potter erguia ás mãos.
- Ele está louco em fazer isso conosco! Sua prima destratou meu primo hoje e ela deixou bem claro de que laia nós somos!
- Eu sou só o mensageiro Knigth... – Realmente o Potter é um babaca, Alice suspirou e ele sequer a abraçou, por Merlim se minha prima estiver saindo com um idiota dessa altura eu vou a trancafiar em um dos calabouços da Sonserina!
- Não seja mais o mensageiro! Diga a ele que acabou não dá certo...
- Da ultima vez que eu disse algo ele me lançou um feitiço e eu fiquei uma hora e meia preso com o calcanhar para o alto, se não fosse minha irmã eu teria ficado o resto do dia... – Potter passava a mão nos cabelos despenteados. – Por favor, aceite Knight!
- Sinto muito você ter sido envolvido nisto, mas não posso aceitar. – Alice disse girando o corpo como uma graciosa bailarina. – É melhor você sair daqui, você está do lado errado da escola.

Potter retirou algo das vestes que eu logo identifiquei como um longo envelope, mordi o lábio em curiosidade e vi que Alice teve a mesma reação que eu, Potter então suspirou e se retirou dali em silêncio. Alice ficou dividida entre apanhar ou não o envelope, mas por fim o apanhou e o escondeu nas vestes, para logo desabar no banco e enterrar a face entre ás mãos.

Eu queria ir abraçá-la e depois socar o Potter até a morte, mas eu não podia Alice jamais me perdoaria se eu fizesse isso. Havia um lema entre os Sonserinos, jamais console, jamais abrace, jamais chore. E nós seguíamos bem esse tipo de lema. Então com uma dor no peito enorme eu girei meu corpo e me dirigi para o castelo, Alice se precisasse de ajuda ela sabia que eu e Johnnathan iríamos ajudá-la.

Atravessei os corredores e escadas como um tufão, eu não agüentaria receber um sermão desnecessário da Weasley, não hoje, ela havia estrapolado na cota de testar minha nada santa paciência. E ainda havia o caso de Alice que ardia em curiosidade em minha mente, se Alice não fosse tão boa em esconder sua mente eu faria questão de invadi-la e pesquisar tudo o que estava havendo em seu coração.

- Malfoy... – Ouvi a voz que sempre faz meu coração parar pronunciar meu nome assim que adentrei a sala.
- Eu sei Weasley, eu sei! Estou atrasado! A culpa não é minha ok? Eu tinha um time para treinar e problemas para resolver! – Despejei afrouxando a gravata e arremessando o paletó em uma mesa distante para então jogar a varinha em cima da mesa dos professores e apanhar o balde com a esponja.

Weasley estancou em seu lugar ao lado do quadro negro me analisando com seus olhos azulados, ela abaixou a cabeça para então sussurrar palavras para si mesma, resolvi ignorar e voltar a minha atenção a limpeza da sala de Bins, John deveria estar limpando outra sala sobre fiscalização do Potter, humm... Potter! Eu poderia invadir a mente dele e descobrir o que ele andava fazendo com minha pequena e inocente prima, é eu realmente sou um gênio, merecia o premio Nobel da beleza e da inteligência, como será que se inscreve para receber esse premio? Anotar mentalmente de pesquisar isso na biblioteca depois...

- Malfoy. – A voz me chamava novamente me fazendo perceber que eu estava limpando um lugar já lindo, realmente é incrível como eu sempre quebro meus momentos de genialidade com alguma estupidez.
- Quê? – Resmunguei me dirigindo a uma das mesas.
- Eu acho que precisamos conversar...
- Conversar? – Soltei uma risada sarcástica. – Weasley, eu realmente não quero que você converse com gente da minha laia, não seria bom para sua reputação sabe?
- Você... – Ela tentava controlar seu gênio me fazendo parar de limpar a mesa e a encarar com meus olhos que expressavam todo meu deboche. – Você estava me irritando ok? Eu não queria dizer o que eu disse!
- Mas disse! – Rosnei voltando a minha atenção a mesa. – Disse o que pensava, e tudo bem Weasley, não gaste sua saliva comigo, gaste com gente do seu lado, do seu pedestal.
- Eu estou tentando me desculpar aqui ok?
- Sério? Pensei que estava procurando outra maneira de me humilhar!

Engoli em seco, eu realmente não havia controlado minha língua, havia falado demais, me virei novamente para encará-la, ela possuía lágrimas nos olhos, mas não as permitia rolar para as bochechas, Weasley bancava a durona, larguei o balde no chão para a encarar com um semblante sério.

- Me desculpe... – Ela murmurou com a voz embargada.
- Não posso desculpar. – Eu disse sério. – Você falou a verdade, eu não sou um cavalheiro, sou um galinha, um tratante se assim preferir! Eu durmo com todas as garotas fáceis de Hogwarts, eu bebo demais, fumo demais, sou filho de um ex-comensal, e eu poderia continuar falando todos os meus defeitos o resto da noite, mas eu não vou falar porque eu sei que você os conhece muito bem! Gente da minha laia não se mistura com gente como você Weasley, não podemos ser amigos e nem nada parecido, pois somos opostos, somos como água e vinho, somos Monitora e Delinqüente, Grifinória e Sonserino. Então, por Morgana, não se desculpe por algo que sabemos que é a mais pura realidade em que vivemos sim?

Minha boca ressecara após meu discurso melodramático e então um silencio se instalou em todo o ambiente, suspirei retornando a limpar as mesas. Weasley estava calada, absorta em seus próprios pensamentos, continuamos assim por um longo tempo, limpei tudo, arrumei minha gravata, vesti o paletó e apanhei minha varinha, me dirigindo sem dizer mais nada para fora daquela sala onde o ar parecia rarefeito por demais.

- E se eu quiser? – A voz dela cortava o silencio como uma tesoura afiada.

Parei na porta virando-me surpreso para fitá-la, ela estava mais linda do que nunca e por Merlim como eu só havia reparado isso agora? Os cabelos estavam presos num coque mal feito que deixavam alguns fios ruivos lhe caírem perfeitamente pela face angelical, eu me sentia um mortal adorando uma Deusa, um mortal que se apaixonara pelo ser mais Divino que existia em um mundo de trevas.

- E se eu quiser arriscar a ter uma amizade com você? – Ela desafiou caminhando até mim estendendo sua mão pálida.
- Você não iria querer ser minha amiga... Além disso, Weasley, sua família não iria permitir.
- Não se trata aqui de quem são meus pais ou minha família, ou sua família, se trata de nós, Rose Weasley e Scorpius Malfoy, duas pessoas.
- Weasley, você ainda não entendeu? – Sorri tristemente retirando uma mecha de cabelo dela de seu rosto e colocando atrás da orelha. – Tudo se trata de quem são nossos pais, amigos, casas e família... Tudo gira em torno disto.
- E se eu quiser que não gire mais? E se eu quiser que seja apenas entre eu e você?
- Você não gostaria disso, acredite.
- Quem é você para dizer do que eu gostaria ou não? Você ficou minutos falando de seus defeitos, mas me privou de todas suas qualidades! Privou-me saber quem realmente você é! Por que você acha que pode sempre bancar o durão quando nós dois sabemos que você não diz nada do que sente? Ou quando diz tenta omitir em palavras grosseiras? Eu vejo você Scorpius Malfoy e sei que metade dessa aparência é uma máscara de um teatro grego que você representa todos os dias de sua vida.
- Não sabia que me analisava tanto assim, por acaso é psicóloga? – Ironizei cruzando os braços e me apoiando no vão da porta.
- Não use minhas palavras contra mim... – Ela pedia emburrando. – Me deixa te conhecer?

Afastei-me dois passos e a encarei dos pés ao alto da cabeça, notei o tom rubro em suas bochechas ao fazer isso e então sorri abertamente para esticar minha mão, Weasley sorriu como uma criança que havia acabado de ganhar um presente de natal e esticou a mão também, me curvei lentamente depositando um beijo nas costas das mãos da minha fonte de afeto sentindo todo aquele cheiro de rosas que ela exalava.

- Muito prazer senhorita, Scorpius Malfoy. – Eu disse me afastando.
- Rose Weasley... – Ela sussurrava com a voz falha.

Acenei com a cabeça desaparecendo pelo corredor sem olhar uma vez sequer para trás, mas sentindo que ela me encarava e analisava cada passo que eu dava conforme eu desaparecia em meio à escuridão. Meu peito inflava ao saber que ela, a minha ruiva, me analisou todo este tempo.

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