Sonserinos
Hogwarts... Hogwarts... Hogwarts... Para muitos esse castelo é a realização de um sonho, sinceramente não vejo nada demais nele, a não ser é claro ás inúmeras aulas que custam chegar ao seu fim e uma dessas intermináveis aulas é esta deste exato momento: História da Magia.
Alguém poderia dizer aquele maldito fantasma que eu pouco estou me lixando para a rebelião dos gnomos? Que se dane que eles chutaram alguns traseiros verdes dos duendes, eu não tenho nada haver com isso oras! Será que além de ser transparente aquele ser flutuante também é cego? Ninguém está prestando atenção na aula, até mesmo o favoritinho, Alvo Potter, está babando em cima do livro. Argh... Maldita hora que não segui o conselho de Loisi e fui matar aula com ela e com os outros...
- John... – Chamei meu amado amigo que encontrava-se concentrado em fazer desenhos cômicos de Bins se atirando de um prédio e continuando vivo.
- Oh, graças a Merlim você ainda não morreu de tédio! Pensei que era o único sobrevivente aqui!
- É... Incrivelmente estou me saindo bem com esse lance de tortura... – Ri do meu próprio comentário olhando para o relógio de pulso que ganhei de meu pai no ultimo natal. – E ainda faltam quarenta minutos de puroooo sofrimento.
- Sério? – John erguia a cabeça perplexo. – Quarenta minutos? Oh, eu não vou suportar! Chamem a velhota Pomfrey, estou tendo uma parada cerebral!!!
- SHIIII!!! – A voz de Bins ecoava em nossa direção. – Senhores Malfoy e Tahan, queiram permanecer em silêncio ou serei obrigado a tirar pontos da Sonserina!
- Oh... Porque ele não fala que vai arrancar nossas cabeças de uma vez? É mais terrível do que alguns pontinhos! – John desabava sobre seu pergaminho resmungando palavrões inaudíveis. – Eu não vou suportar meu Scorpiuszinhu... Eu não vou mais...
Se John estava a fim de animar a aula de Bins, bem... Ele estava realmente atraindo toda a atenção da sala, até mesmo dela... Rose Weasley. A ruiva sentada ao lado de Alvo Potter copiava toda matéria que Bins falava, não copiava lá com muita animação, mas aparentemente ainda sim copiava. Seus olhos azuis haviam desgrudado de suas anotações para fitar mais uma cena dramática de meu graaande amigo, e quem seria eu para impedir o divertimento de minha fonte de afeto não é mesmo?
- Agüente firme Johnnathan! – Falei um pouco mais alto arrancando risinhos do pessoal da sonserina, se John sabe ser bom ator é pelo fato de ter aprendido com o melhor, no caso eu, é claro.
- Não sei se dá meu amigo... – John colocava ás mãos no coração. – Há uma luzz...
- Não entre na LUZ! Nãoooo!!!
- Ohhh... Eu posso ver... Eu posso ver Scorpius...
- Ver o quê?
- Ele! Ele está bem ali!
- Quem está bem ali?
- Ohhhh ele é tãooo bonito, tão másculooo...
- Por Merlim, não me diga que está vendo Bruce Willis! – Exclamei arrancando boas gargalhadas da sala, Bins a esse momento mandava todos se calarem em vão.
- Não, não CorCor, alguém ainda mais sexy do que ele, alguém ainda mais... Mais...
- Mais???
- Mais peludo! É ele Scorpius! É ele, é ALVO DUMBLEDORE!!! – John berrara levantando-se de repente.
Nesse momento nem mesmo os Grifinórios se agüentavam, Rose era um dos muitos que choravam de tanto rir e saber que minha bela interpretação com John apenas para animar uma aula entediada a fez dar um daqueles sorrisos que me faz cair de qualquer hipogrifo, já fez meu dia valer a pena.
- VOCÊS DOIS! FORAAAAA DA MINHA SALA! DETENÇÃO DEPOIS DAS AULAS POR UMA SEMANA! MENOS 30 PONTOS PARA A SONSERINA!!! – Bins urrava.
Os alunos explodiam em palmas quando John e eu trocamos olhares arteiros jogando nossas mochilas em cima dos ombros saltando ás mesas e correndo para fora da sala como se aquilo que Bins tivesse nos mandado caísse para nós como pura fonte de libertação, e sinceramente, eu preferia quinhentas detenções ao ouvir falar sobre um maldito gnomo novamente.
- Ahhh sinta o cheiro, sente CorCor?
- Ah sim, claro... – Ironizei fitando John ao passarmos pela imensa porta que levava ao pátio. – Cheiro de chuva, terra molhada, e ah! Como eu poderia esquecer, cheiro do seu perfume falsificado!
- Hey, eu não uso perfume falsificado! – Exclamou John ofendido. – Eu uso Hugo Boss ok? Além disso meu desodorante é o Rexonna de chocolate!
- Bela combinação... – Ri sarcástico avistando um grupo de sonserinos.
A vantagem de ser sonserino é esta, ninguém espera nada de você, oh! Perdão, na verdade eles esperam sim! Eles esperam que assim que você sair de Hogwarts vá se juntar com alguma gangue e botar terror nas cidades bruxas, ou então simplesmente tentar se tornar o próximo “Voldemort” e sair caçando criancinhas trouxas para comer no almoço. De todo modo eles esperavam nos ver encontrar nossos avós em Azkaban. Sonserinos sempre seriam a escória da sociedade.
- Hey Socorpius! John! Aqui! – Uma menina pequenina de feições angelicais sacudia a mão freneticamente para o alto a fim de chamar nossa atenção.
Seus cabelos na altura do queixo, muito negros e seus olhos cor de chocolate eram a principal fonte de falta de ar de alguns garotos não só da Sonserina como de todas ás outras casas também, Alice, minha prima, filha da irmã de minha mãe, era considerada a mais bela de todas as alunas de Hogwarts, mesmo que ela ainda não se desse conta do poder que tinha sobre os homens ali presentes.
Ela saltitou em nossa direção, John já a esperava com um imenso sorriso, afinal para John a terceira melhor pessoa para se irritar em Hogwarts depois de Rose Weasley e Lílian Potter era Alice Knigth.
- Vocês não sabem o que o Henry fez! – Exclamou minha prima puxando minha capa como se isso fizesse minha atenção ficar focada em apenas nela.
- Torturou algum primeiranista da Lufa-Lufa e conseguiu culpar um Grifinório? – Instigou John com um imenso sorriso nos lábios.
- Oh! Não, não! – Alice rira como se avaliasse o que John havia falado, por um segundo pensei que ela estava formulando em sua cabecinha um meio de conseguir fazer tal artimanha.
- Desembucha Alice. – Ordenei com um sorriso torto nos lábios, não me condenem! Eu realmente não gosto de fofocas, bem... Apenas aquelas referidas a Weasley ou algo que me faça realmente rir.
Alice girou os calcanhares como se estivesse rodopiando, John limitou-se em inclinar um pouco a cabeça para ver, sinceramente ele estava vendo o quanto à saia da minha pequena prima subia enquanto ela rodopiava com seu imenso sorriso traquinas nos lábios. Bufei impaciente dando um belo cutucão na costela do tarado ao meu lado indicando com o queixo para que ela me dissesse logo o que era.
- Henry azarou a Lula Gigante e bem... – Alice gargalhava musicalmente. – Agora o bichinho de estimação da Diretora McGonagall sabe dançar balé!
- Oh merda, eu não acredito que perdi isso! – Exclamou John correndo em direção ao grupo um pouco mais à frente de nós.
- Eu disse para vocês não irem para a Chatologia da Magia. – Alice sorria de canto cruzando os braços na altura do peito.
- Na verdade quem disse foi a Loisi e não você. – Puxei minha prima pelos ombros descansando um de meus braços sobre eles caminhando com ela em direção ao grupo.
John estava em cima do banco de pedras rebolando ao lado de Henry Zabini, cena que por sinal era ainda mais cômica do que Hagrid com tranças nas barbas no ano passado. O pobre meio gigante ficou um bom tempo sem conseguir tirar os nós dos pêlos, bem... O autor de tal artimanha fora na verdade uma autora, no caso Alice, mas ninguém ousaria desconfiar de uma criatura tão pequenina e angelical não é mesmo? Por fim, minha nada diabólica prima convencera a Logan Morgan da Lufa-Lufa assumir o crime, o que me fez crer ser patético.
Onde está a dignidade masculina? Quero dizer, é só os homens se apaixonarem que viram simples débeis mentais? Até mesmo John virou um imbecil quando descobriu seu amor platônico pela Britney Spears, e só de pensar que ele me obrigou a assistir um show dela INTEIRO ainda me causa enjôo. E quando ele soube que Britney surtou, sabe qual foi seu ponto de vista? “Oh Scorpius, ela ainda é uma graça, ainda careca ela carrega aquele ar infantil sensual.”. INFANTIL SENSUAL! Ele é quase um futuro pedófilo na minha opinião! Não estou criticando, afinal ele futuramente sendo um pedófilo ou não, é o meu melhor amigo.
- E então? Expulsos da aula do Bins ou simplesmente escaparam? – Uma garota de longos cabelos loiros e olhos negros perguntava enquanto tragava levemente um cigarro.
Sorri de canto, Loisi Nott poderia ser a mente mais maligna entre todas as mulheres da sonserina, mas ainda sim era a mais sexy.
- Sabe Loisi, é proibido fumar na escola... – Comentei irônico tomando o cigarro dos dedos pálidos e finos dela que me encarou com uma sobrancelha arqueada. – Deveria dividir isso com o resto de seus amigos, é claro.
Alice gargalhou ao meu ver tragar o conteúdo e entregar para a loira que apenas sorrira com o canto dos lábios rubros e voltara a fumar como se nada tivesse acontecendo.
- Eu estou entediado! – Declarara John saltando do banco de pedra sentando-se ao lado de Jannett Zabine, uma bela quintanista negra, irmã caçula de Henry.
- Bem vindo ao clube meu caro amigo... – Henry declarava erguendo ás mãos para o alto. – Até mesmo a Lula Gigante se sentiu mal e resolveu dar uma dançadinha.
- E só de pensar que essa é a primeira semana de aula... – Alice bufara impaciente apanhando o cigarro de Loisi e o apagando. – Essa escola está infeliz!
- Sabe Alice eu tenho a ligeira impressão que você vai ser a primeira a ser mandada a Azkaban quando o ano acabar... – Alfinetara John com um imenso sorriso na face.
- Oh não, não... – Alice dava uma piscadela. – Eu tenho uma mente brilhante Johnnathan, e certamente eu arranjaria um modo de jogar a culpa em alguém de meu ciclo de amizades...
- Wow... Cuidado John, algo me diz que você vai ser o primeiro! – Gargalhei junto de todos, minha prima realmente era genial.
Era bom ficar com pessoas como eu, bem... Nós não éramos os filhos dos heróis, na verdade éramos os filhos dos vilões! Não era segredo nenhum ali entre a Sonserina que nossos pais preferiam milhões de vezes que Voldemort tivesse assumido o posto, bem... Meu pai não pensava bem assim, mas a grande maioria pensava e com o fato de eu ser o filho de um comensal diga-se de passagem que minha opinião não era lá subestimada pelos outros.
Nós éramos um grupo temido, Alice e eu não conversávamos durante meus três primeiros anos, na verdade nenhum de nós conversávamos... Nós todos enfrentávamos os preconceitos a nossa maneira, cada um se isolando, cada um tentando lidar com a vida. John sempre fora o mais simpático, tentara fazer amizade com todos, mas não obteve muito resultado nos três primeiros anos, bem... Tudo mudou quando em nosso terceiro ano nossa casa ergueu o Troféu de Quadribol, tudo pareceu iluminar-se. A Sonserina não era mais tão imunda quanto os outros pensavam.
- Oh não, isso está se tornando ridículo. – Loisi resmungou apanhando mais um cigarro de dentro da capa e o acendendo com a varinha.
- O quê? – Indagou Henry retirando o cigarro da boca da loira o levando a própria boca.
- Alice, seu fã esquisito está te espiando de novo. – Loisi retirara com uma brutalidade fora do normal o cigarro dos lábios de Henry, acabando por destruir o pobre tabaco no processo.
- Meu fã? – Alice franzia as sobrancelhas virando-se intrigada para ver alguém se esconder atrás de uma das estátuas.
Alice soltou um risinho pelo nariz, costume que aprendeu convivendo por muito tempo comigo. A encarei de maneira risonha, ela possuía uma expressão de criança pequena que estava prestes a aprontar uma das suas.
- Alice... – Sussurrei tomando outro cigarro de Loisi que havia acabado de colocar nos lábios. – Quer ajuda?
- Oh por Merlim! Isso custa dinheiro se querem tanto comprem o de vocês! – Ralhara Loisi apanhando mais um cigarro sendo completamente ignorada por mim e pelos outros que aparentemente estavam tão curiosos sem saber o que Alice estava planejando quanto eu.
- Oh! Ajuda? – Alice se fazia de inocente. – Mas eu não ia fazer nada!
- Lice, minha amada Lince Negra... – John saltava do banco. – Estamos todos entediados, diga, por favor, que irá aprontar algo para a mútua diversão.
- Humm... Eu nunca apronto! – Alice enlaçava ás mãos por trás do corpo. – Eu apenas... Brinco!
Todos trocaram olhares divertidos, afinal Alice quando estava próxima de algum de seus fãs sempre os fazia fazer algo que definitivamente nos fazia ganhar o dia. Ela limitou-se em saltitar em direção a estátua de um mago pulando ao lado da mesma assustando um garoto alto, magricela de cabelos bagunçados e óculos redondos, Alvo Potter interessado em minha priminha, quem diria.
- Olá! – Saldara Alice fazendo todos nós segurarmos nossas gargalhadas.
- Erm... Oi. – Pobre Potter, é esse meu pensamento relacionado ao individuo. Hã? O que estou pensando? Pobre Potter? Que se foda o Potter! GO ALICE! GO!!!
- Você estava me espionando? – Ela perguntara inocente dando dois passos para frente, passos que Potter recuou.
John não aguentara, caíra em gargalhada junto de todos nós, ver um sonserino intimidando um grifinório era por fim, impagável.
- Dois maços de cigarro que ele não agüenta trinta segundos. – Loisi sorria de canto para Henry.
- Três maços de cigarro que ele sai correndo em vinte segundos. – John entrava na aposta.
- Ok, cinco maços de cigarro que ele desaparece em quarenta e cinco segundos. – Henry cruzava os braços orgulhoso.
- Tudo o que vocês apostaram mais oito galeões que alguém da família vem o salvar em dez segundos. – Entrei na aposta, o que eu podia fazer? Era sonserino, apostar e VENCER, estavam em meu sangue.
Alvo Potter balbuciou algumas coisas que Alice se colocava nas pontas dos pés para ouvir, faltava apenas dois segundos quando ela surgiu no pátio. Os cabelos ruivos balançando conforme corria em direção ao primo e em 2... 1... Ela o agarrou pelo braço.
- Erm, me desculpe Knight, mas... Eu preciso do meu primo rapidinho ok? – Rose falara rapidamente arrastando seu debilóide, digo... Primo! Para longe de minha vilã, digo... Prima!
Todos meus amigos me fitaram perplexos, Alice apenas saltitava em nossas direções com um sorriso matreiro nos lábios, ela aparentemente AMAVA deixar alguém desconcertado, não que isso tem haver com sua mentezinha diabólica, Alice está longe de ser um demoniozinho de saia.
- Como você sabia que algum ser familiar surgiria do nada? – Perguntou-me Henry perplexo.
Sorri malicioso arrecadando meu prêmio de cada um, havia esquecido de confessar. Nós sonserinos somos fumantes compulsivos.
- Simples, eu vi uma cabeleira ruiva atrás daquela pilastra.
- O quê? – Loisi alterava a voz. – ISSO FOI TRAPAÇA!
- Ora, eu nunca disse que sei jogar limpo! – Me defendi enfiando todos os maços de cigarros nos bolsos dentro de minha capa.
- Cara se houvesse algum prêmio Nobel por ser Sonserino, você ganharia! – John me dava tapinhas nas costas.
- Eu sei, eu sei... – Sorri abertamente tendo meus cabelos bagunçados por Alice.
- Vai ter que dividir seu prêmio comigo priminho! – Ela disse de modo musical.
Alice era uma parte de mim diferente, John me trazia alegria e Alice inocência, talvez sem os dois em minha vida em meu amadurecimento, eu teria me transformado em uma pessoa não muito... “Gentil” por assim dizer.
É incrível como o dia passa rápido quando nos divertimos amedrontando os primeiranistas ou simplesmente matando aulas alheias. É bom saber que ninguém espera nada sobre um brilhante futuro acadêmico por você ser nada além de um inseto que eles são obrigados a aceitar em sua escola, por isso muitas vezes nós, os sonserinos somos deixados de lado. Acha mesmo que nos preocupamos com isso? Rá, por favor!
- Sr. Scorpius Hymperion Malfoy. – Uma vozinha feminina ecoara atrás de mim no jantar.
Uma das coisas que aprendi com a tradicional família Greengrass, ou seja, a família de minha adorável mãe, é o fato de que ás refeições são sagradas e jamais devem ser interrompidas. Eu nunca fui muito educado com que ousava me interromper em meio a uma degustação alimentar, bem... Nunca até aquele momento é claro.
Estava com uma excelente ironia na ponta da língua quando me virei para encarar a criatura que mexia com uma serpente em meio sua refeição quando a vi. Ela estava ali, atrás de mim com seus olhinhos turquesas brilhantes, aparentemente eles não expressavam medo por estar próxima a um covil de cobras, pelo contrário, estava relaxada até demais por estar próxima ao perigo.
- Não. – Sorri de canto. – Apenas, Malfoy para você Weasley.
Pude ouvir a gargalhada glutal de Henry a mesa ao mesmo tempo que John engasgava com a comida e Loisi o tentava ajudar a desengasgar, Alice no entanto focava em minha conversa com a ruiva enquanto mandava John fazer menos escândalo.
- Que seja. – Ela girara os olhos ficando ainda mais adorável descansando ás mãos na cintura dando-lhe um ar mandão. – Você tem uma detenção a cumprir.
- Wow, calminha aí Weasley, não venha me dando um intimado! – Ri descontraído.
- Sou Monitora Malfoy, e infelizmente fiquei encarregada por ordens da Diretora McGonagall a lhe aplicar as detenções durante essa semana depois dos jantares. Meu primo Alvo Potter irá procura-lo também Sr.Tahan, ele ficou encarregado pela sua detenção.
- Ahh! – John emburrava. – Porque eu tenho que ficar com o Fã Tarado da Alice enquanto o Scorpius abusa de uma companhia agradável feminina?
Mais uma vez as gargalhadas eclodiram na mesa, senti vontade de saltar de meu lugar e atacar a jugular de meu melhor amigo, como ele poderia ser tão descarado cantando a Weasley em minha frente? Será que esse ser tem cérebro ou a cabeça serve apenas de enfeite?
- A detenção será na sala de História da Magia, aguardo você após o jantar. – Rose terminava de falar como se não tivesse ouvido o comentário de John, girou seus calcanhares caminhando em direção a mesa da grifinória.
- Hey Weasley, não fique tão animadinha ok? É só uma detenção eu não vou me agarrar com você! – Falei alto fazendo não só as pessoas da minha casa rirem como ás das outras casas também.
Alice me lançou um olhar mordaz, ela sempre soube de minha queda pela Weasley e bem... Segundo ela, eu era um completo babaca. O que eu poderia fazer? Eu era um Malfoy, ela era uma Weasley, éramos água e óleo! Ou seja, não nos misturamos! E pouco me importa se Alice e John têm uma visão romântica a lá Romeu e Julieta ao nosso respeito! Romeu e Julieta se MATARAM! E eu não estou a fim de me suicidar nem tão cedo.
- Não acredito que eu vou aturar o namoradinho da Alice! – John cruzava os braços formando um bico em seus lábios.
- Ah cale essa boca Johnnathan! – Rosnara Alice jogando-lhe um pedaço de pão. – Se está achando ruim porque não chama a irmãzinha do Potter para te fiscalizar?
Aparentemente ninguém escutara a discussão entre os dois, ou por fim resolveram ignorar, Alice e John discutindo estava longe de ser novidade na sonserina.
- Bem, talvez eu faça isso... – John sorria malicioso como se considerasse a idéia. – Ela tem belas pernas.
- E você não tem cérebro! – Comentei arremessando o meu próprio pão no idiota a minha frente. – Aonde você estava com a cabeça em cantar a Weasley? – Sussurrei para que só ele e Alice escutassem.
- Ficou com ciúmes Corcorzinho? – John sorria debilmente.
Ás vezes acho que a melhor resposta para ás perguntas imbecis de John é um murro no meio do nariz, mas eu não iria fazer isso agora é claro, não na frente da mesa dos professores e com tantas pessoas para me segurarem. Eu faria isso mais tarde em nosso dormitório quando todos estivessem dormindo, quem sabe eu poderia mata-lo também?
- Vou para a detenção. – Rosnei me levantando bruscamente atraindo a atenção de meus amigos.
- Seja educado. – Mandou Alice.
- Sempre sou educado Alice! – Declarei passando ás mãos pelos cabelos.
- Ok! Seja menos babaca! – Ela declarou fazendo um gesto displicente com ás mãos.
Enfiei ás mãos no bolso de modo despreocupado caminhando para fora daquele lugar, eu podia sentir os olhares famintos femininos em minha pele, não que eu não gostasse do modo que ás garotas me observavam, até mesmo a queridinha de John, a Potter caçula, já me lançou um olhar faminto. Menos ela... O único olhar que me importava em meio a todo aquele Salão Principal não caía sobre mim.
Quem inventou o lance de escadas que se movem em minha humilde opinião é um completo sem noção. Quem foi a BESTA que inventou escadas que se mechem? Aposto que foi coisa de Grifinório! Por Merlim, esse RAIO de escada já se trocou de lado vinte vezes e eu quase me sentei nela para ver que horas ela iria decidir chegar ao quarto andar onde é a maldita Sala de História da Magia. Após todas minhas pragas rogadas aos filhos da mãe que inventaram as escadas que se movem, finalmente eu poderia caminhar pelo corredor e chegar a maldita sala.
Conforme caminhava eu podia pensar, pensar com mais clareza, afinal... Como eu iria agir com a Weasley durante uma semana passando duas horas com ela após o jantar? Alice queria que eu fosse um cavalheiro, um bom cidadão, mas isso ia por fim contra todas as regras de envolvimento com algum Weasley. Se Merlim queria complicar minha vida, aplausos para ele, ele estava conseguindo.
- Está atrasado. – A voz dela ecoava ao lado da porta da sala.
- Oh, perdão vossa alteza, mas infelizmente ás escadas não gostam de Sonserinos! – Resmunguei passando por ela já retirando minha capa e a jogando sobre uma carteira.
- Você ficou preso nas escadas que se mechem? – Ela adentrava atrás de mim fechando a porta me olhando em surpresa.
- Não, claro que não! Na verdade eu resolvi fazer um tuor pelos andares e ver quais deles combinam mais com as cores de meus olhos.
- Espero que tenha encontrado então. – Ela comentara tão irônica quanto eu estendendo a mão para mim. – Sua varinha.
- Claro, madame. – Retirei do bolso da calça minha queria e estimada varinha. – Cuide bem dela Weasley, digamos que ela é uma preciosidade. – Pisquei maroto afrouxando a gravata e suspendendo ás mangas da camisa até os cotovelos.
Apanhei o pequeno balde com água e sabão e a esponja ao lado de uma das mesas começando a limpeza, eu já estava acostumado com tais tipos de tarefas afinal eu pegava mais detenções do que qualquer aluno que já pisara em Hogwarts, mas eu jamais fora fiscalizado por algum Weasley, o Potter uma vez me fiscalizou e bem, foi à mesma coisa que nada já que não trocamos nenhuma palavra, era a mesma coisa que estar sozinho... Os outros monitores conversavam, interagiam e isso fazia a detenção ser um pouco mais divertida por assim dizer.
Suspirei por conta do silêncio que havia se instalado ali naquela sala, era como se uma parede invisível surgisse entre mim e ela, ou simplesmente ela permanecesse no mais alto pedestal enquanto eu estava beirando o chão. Algo realmente deprimente de se pensar. Caminhei em direção a minha capa, Rose avaliava cada movimento que eu tinha. Apanhei um isqueiro prateado com uma serpente em esmeralda e em seguida retirei um cigarro do maço o levando a boca e o acendendo.
- Não aceitam cigarros em Hogwarts. – A voz dela era amena, indiferente.
- Desde quando eu ligo para o que Hogwarts aceita ou deixa de aceitar? – Caminhei em direção a esponja voltando a limpar o quadro negro.
- Regras são feitas para serem quebradas... – Rose falava calmamente. – É esse o pensamento que você e seu bando são adeptos não é?
- Weasley o que é que você sabe sobre eu e meu “bando”? – Perguntei virando para encarar seus olhinhos turquesas.
Me surpreendi com ela, antes ela encontrava-se sentada lendo um livro, mas agora ela estava quase atrás de mim com o livro fechado em suas mãos enquanto me observava mais de perto, me senti desconfortável por tal proximidade.
- É, tem razão eu não sei nada. – Ela completou seca sentando-se na mesa que deveria ser de Bins voltando a ler seu livro.
O silêncio voltara a reinar na sala, meu cigarro estava chegando ao fim quando o apaguei e acendi outro, Weasley havia voltado a ignorar minha existência e isso me incomodava de certo modo, John não estava ao meu lado para quebrar a tensão do ambiente e faze-la querer o matar com sua varinha. Esse era o bom de John, ele fazia Rose se irritar e causar meu pleno divertimento.
- Vai me aplicar mais detenções? – Perguntei terminando de limpar o quadro e começando a limpar uma das mesas.
- E por que eu deveria? – Ela retrucara a pergunta sem retirar os olhos do livro.
- “Não aceitam cigarros em Hogwarts”. – Fiz uma voz feminina a olhando de canto.
Ela fechara o livro calmamente virando o olhar para mim, seus olhos eram diferentes, não eram acusatórios ou hostis, eram olhos que me faziam crer que jamais saberia o que se passa em sua mente, olhos que aguçam minha curiosidade por demais.
- “O que você sabe sobre o meu bando?” – Ela imitava minha voz dessa vez. – Poupe-me Malfoy, se vamos voltar ao jardim de infância eu prefiro continuar a minha leitura.
- Alguém já te disse que você é muito pedante? – Perguntei a olhando ao mesmo tempo em que admirado e perplexo.
- Não, alguém já te disse que você é insuportável de se manter uma conversa civilizada?
- Bem, sim... – Dei um de meus famosos sorrisos tortos. – Estamos empatados nessa Weasley.
- Se você acha assim... – Ela dava os ombros.
- Pergunte Weasley. – Ordenei franzindo meu cenho, era óbvio que ela queria perguntar algo ou conversar, se não ela não estaria próxima a mim instigando uma conversa de tal maneira.
- Quem disse que quero te perguntar algo?
- Ora Weasley, não me decepcione... – Sorri mudando de mesa. – Você não consegue ficar muito tempo em uma sala sem perguntar algo ou dizer alguma coisa.
- O que você sabe sobre mim Malfoy?
- Muitas coisas que você nem sonha. – Pisquei maroto mudando para a próxima mesa.
- Então... – Ela mordia o lábio inferior. – Se sabe tantas coisas de mim e eu não sei nada sobre você... É injusto não acha?
- Já disse Weasley, pergunte o que quer.
- Qualquer coisa?
- Weasley você está testando minha paciência. – Murmurei erguendo meus olhos vendo que ela já havia saltado da mesa de Bins e se posto ao meu lado.
Ela era realmente muito pequena perto de mim, eu me sentia quase o próprio Hagrid ao lado dela.
- Como é... – Ela sussurrava apertando os livros nas mãos. – Como é o seu pai?
Uma pergunta que eu não esperava. Primeiro a encarei como se ela fosse louca, depois engoli em seco. Eu não estava acostumado a falar de meu pai, ainda era uma novidade para mim, ela prendia a respiração enquanto esperava uma resposta.
- Quero dizer, ele é legal? Ele... Ele é um bom pai? – Ela perguntou séria.
- O melhor... – Minha voz saíra rouca e abafada, meio emotiva e trêmula, algo que eu não estava lá muito acostumado. Falar de Draco sempre foi difícil para mim e eu acho que sempre seria.
- Hum... – Ela baixava os olhos. – Bem... É que...
- Te falaram coisas horríveis sobre ele, sobre o passado dele, seu pai o odeia e odeia a minha família. – Eu completei sua frase a vendo me encarar com os olhos esbugalhados. – Tudo isso Weasley não é surpresa para mim, eu sempre farei parte da família dos vilões e você, bem... Você sempre será a princesinha da família dos Heróis.
Ela engoliu em seco procurando uma resposta em seu cérebro super avançado. Sorri de canto abandonando a mesa a minha frente apagando meu cigarro e apanhando minha capa a jogando por cima dos ombros.
- Duas horas de detenção. – Falei serio esticando minha mão para apanhar minha varinha a qual ela deu em absorto silêncio. – Minha vez de perguntar Weasley...
- Pode perguntar... – A voz dela soou fraca.
Caminhei em direção a porta de costas para ela parando no vão apenas para a fitar por cima dos ombros com um de meus famosos sorrisos tortos.
- Quanto você mede?
- Hã? Por que essa pergunta? – As bochechas dela coravam violentamente.
- Digamos que seja uma curiosidade minha...
- Eu... Hum... Meço 1,55m. – Ela baixava o rosto, envergonhada.
- Uau! Só isso? – Ri alto a fazendo me fuzilar com seus olhos azuis. – Bem, olhe o lado bom Weasley, você pode ser um pigmeu e não estar sabendo!
- ORA SEU... – Ela começara a frase, mas eu não escutei o resto.
Sai correndo da sala a deixando para trás, algo me dizia que detenções com a Weasley não seriam o martírio que eu presumia, poderiam ser até... Interessantes.
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!