Epílogo
— Papai? Quanto tempo falta?
— Só alguns minutos. Deixe-me ajeitar isto aqui.
Harry ergueu James e colocou-o numa cadeira, principi¬ando a dar o nó em sua gravata preta, muito elegante, que combinava com o botão de rosa vermelha na lapela. Com um riso sem graça, Harry murmurou:
— Minhas mãos estão suando.
— E os pés estão frios? Vovô disse que alguns homens ficam gelados no dia do casamento.
— Não é o meu caso. Amo Gina. Desejo muito me casar com ela. Nada há a temer.
— Eu também sinto o mesmo, pai. Você é o noivo, e eu sou o padrinho.
— Isso mesmo.
Harry deu um passo atrás e examinou o menino com ar de apreciação. Tão pequeno e parecendo um homenzinho em seu terno de gala.
— Está muito elegante, James.
— Nós dois estamos bonitos, papai. Foi a vovó quem disse, e ela chorou. Max contou que as mulheres choram em casamentos. Ele já foi a vários. Por que elas choram, papai?
— Não sei, filho. Quando crescer vai ter uma namorada e perguntar a ela.
Voltou a segurar James, colocou-o no chão e o fez virar-se a fim de ficarem os dois diante do espelho.
— É um grande dia. Hoje, nós três estaremos iniciando uma família.
— Tenho uma mãe e uma porção de avós, avôs, tias, tios e primos. Tenho tudo! Depois que você beijar a noiva, pa¬pai, vamos ter uma festa com muito bolo. Foi Molly quem me disse.
Molly pedira que a chamasse assim, e ele adorara a idéia.
— Isso mesmo.
— Depois vocês irão para a lua-de-mel para se beijarem mais.
— É esse o plano. Mas vamos telefonar, James, e enviar cartões-postais para você e todos da família — acrescentou Harry, tentando não fazê-lo sentir-se excluído porque iria passar alguns dias fora com a esposa.
— Certo. E quando voltar, vamos todos morar juntos. Rod disse que você e Gina vão fazer um bebê na lua-de-mel. E verdade?
A pergunta o pegou desprevenido. Como aqueles garo¬tos conversavam entre si, pensou Harry.
— Preciso resolver isso com Gina — respondeu.
— Posso chamá-la de mãe, não posso?
Pelo espelho, Harry lançou um olhar cheio de carinho para o filho.
— Sim. Ela o ama, James.
— Eu sei. — O menino ergueu o rosto para o alto, como se procurasse ter muita paciência com a ingenuidade do pai.
— É por isso que está casando com nós dois, entendeu?
Rony entrou no quarto e viu o noivo e o padrinho sorrindo um para o outro.
— Estão prontos?
— Sim! Venha, papai. Depressa! Vamos casar!
Gina saiu do quarto junto à sacristia, onde se preparara, e estendeu a mão para o pai.
— Está linda como um sonho. — Arthur beijou-lhe a ponta dos dedos trêmulos. — Minha criança adorável...
— Não me faça chorar de novo. Acabei de me recupe¬rar de uma crise de lágrimas com a mamãe. — Gina passou a mão na lapela do terno do pai, para disfarçar a emoção.
— Estou tão feliz! Mas recuso-me a caminhar pela igreja com o rosto molhado, o nariz escorrendo e os olhos vermelhos! Quero estar linda de verdade!
— Está sentindo aquele aperto no estômago?
— Estou, papai, mas não me importo. Amo você, pai.
— E eu te adoro, Gina.
— Certo. Estamos bem — respondeu ela, começando a ouvir os primeiros acordes da Marcha Nupcial. — Está na hora de entrar.
Aguardou, o braço passado pelo do pai, enquanto sobri¬nhas e primas, suas damas de honra, tomavam seus lugares à frente para o cortejo. A mais nova das meninas começava a atirar pétalas de rosas no longo tapete branco. Estavam to¬das vestidas de vários tons de rosa, do pink ao nacarado, e o resultado era gracioso como um quadro antigo.
Gina avançou até a porta principal que iria abrir-se de par em par, para a nave da igreja. Seu vestido era românti¬co, todo branco e salpicado por pequenas pérolas, com um longo véu. Todo o nervosismo a abandonou, como por mi¬lagre substituído por uma total e indescritível felicidade.
As portas se abriram, silenciosamente, e ela relanceou um olhar calmo pelos bancos da igreja, repletos de paren¬tes e amigos. Lá estavam Davidov e Ruth, Luna Lovegood, da loja de sua mãe, a vizinha que a vira nos ombros de Harry no meio da rua, suas novas e futuras alunas, bailarinos da companhia que haviam viajado de Nova York para a ceri¬mônia, além de toda a sua família que, por si só, já ocupava três quartos dos bancos.
— Olhe para todos, papai. Não são maravilhosos? Que¬ro que abençoem minha união com Harry.
Começou a caminhar de modo compassado, de braço dado com Arthur, até chegar ao altar onde o pai a entre¬gou ao noivo, em meio à música. Sorriu para Harry de modo seguro e tranqüilo.
Como fizera Arthur, Harry beijou-lhe a mão.
— Eu a farei feliz — murmurou para o futuro sogro. Sorriu, e olhou para Gina. — E você me faz feliz.
Esquecendo que devia manter-se discreto, James bamboleou dentro dos sapatos novos e luzidios e disse bem alto, fazendo um riso abafado percorrer todos os bancos da igreja:
— Você está bonita, mamãe.
Gina achou que iria desmaiar de emoção e contentamen¬to. Inclinou-se e beijou o menino na face.
— Amo você, James. Agora somos um novo time. — Vol¬tou a aprumar-se e encarou Harry. — Você, seu pai e eu.
Entregou o buquê de rosas brancas para a irmã Freddie e segurou a mãozinha de James, durante toda a cerimônia. Fazendo assim, pensou, cumpria sua promessa e casava-se com os dois.
FIM
Pedro Henrique Freitas
Nanny Black
Lua Potter
Camila
Obrigado pelos cométarios!
Gostaria de agradecer a todos que acompanharam a fic.
Espero que tenham gostado do Epílogo ^^
Um super beijo ;*
Comentários (1)
Ficou linda a fic! Adorei!!;*
2012-09-04