As letras saltitantes.
Harry Potter era agora, um homem, casado e com filhos, um auror de uma fama admirável, que tinha amigos dos mais altos escalões da sociedade bruxa. Só que ao seu ver, isso não era mais tão admirável. Um certo tédio tinha tomado conta de seu cotidiano, não que não fosse feliz, mas algo lhe faltava.
Talvez fosse pelo estressante dia no trabalho ou a briga com Gina, Harry não estava tendo uma de suas melhores noites de sono. O ponteiro do relógio sobre o criado mudo ao lado da cama, informava que já eram 3:13 da manhã e mesmo assim, Harry não parecia encontrar uma posição confortável o bastante na cama e nem seu travesseiro parecia estar macio o suficiente- talvez fosse uma vingança a Harry por lhe dar tantos tapas em uma falha tentativa de arruma-lo. Cansado, porém admitindo a si mesmo que não conseguiria dormir, ele se levantou, pôs os chinelinhos de pano e seu roupão e saiu do quarto, descendo as escadas, em direção a cozinha, o mais silenciosamente que pode.
Tentando não fazer ruídos enquanto procurava algo pra comer e puxando um copo com leite morno, ele olhou para além da janela e viu que a rua estava completamente deserta, onde os lampiões ainda projetavam sombras alaranjadas e bruxuleantes. Ele parecia ter visto um movimento em uma pequena moita do jardim, nesse breve momento, no impulso de abrir a janela, deixou que o copo caísse se espatifando em milhares de caquinhos pelo chão da cozinha, como se arrependia disso, sabia exatamente o que iria acontecer. E confirmando-lhe insatisfatoriamente, abriu-se rapidamente a porta da cozinha, agora se via um elfo-doméstico, vestido em uma blusa que parecia ter pertencido a um menino de dez anos, mas que lhe ficava comprida o bastante para alcançar-lhe os pés, que por sinal estavam cheio de cores berrantes onde deviam estar, pelo menos, 3 meias postas umas por cimas das outras, Harry nunca o deixaria com a fronha suja que os elfos geralmente vestiam – marca da escravidão de um elfo- tendo como amiga Hermione.
- Desculpe, senhor, não sabia que ainda precisavam de meus serviços – Disse o elfo com uma voz extremamente esganiçada, puxando as orelhas em reconhecimento ao quão inútil era. – Me perdoe, senhor, me perdoe.
-Por favor, Frigg, pode se deitar... Realmente não precisamos mais de seus serviços...por hoje – acrescentou Harry rápido, vendo os grandes olhos do elfo ficarem em órbita- Esta realmente tudo bem, ok?
Frigg pareceu se acalmar um pouco, mas logo foi buscar um saco onde foi juntando os cacos do copo de Harry. E Harry por sua vez, mesmo sabendo que poderia ter consertado o copo em um segundo, desistiu da idéia de comer e trabalhou em sair do caminho antes que desse outro motivo para um acesso no elfo. Ele se dirigiu a sala, escolheu um livro da estante e se deitou no sofá que ficava frente à lareira, arrumando os óculos melhor no nariz e abrindo o livro, então ele se lembrou do salão comunal da Grifinória, sua morada em Hogwarts, e uma saudade doce e infantil lhe percorreu corpo. Tentando varrer essa “ baboseira da cabeça” ele retornou os olhos pro livro. Mas não levou mais de poucos minutos para que as palavras em sua frente não fizessem mais o mínimo sentido e a única coisa em que ele podia pensar era em seus emocionantes anos em Hogwarts. Não estava certo ser assim...
As letras no livro em sua frente se moveram e de repente começaram a correr em disparada por toda a extensão das duas páginas abertas, mudando-se de lugar rapidamente feito formiguinhas excitadas, e formaram as palavras Fogo, Medo, Perigo, como título da página.
- Harry. – Alguém estava lhe sacudindo – Vamos Harry, acorde. Não acredito que você dormiu aí. O que foi? – Harry abriu os olhos vagarosamente, e então percebeu que quem estava falando com ele era, uma coruja? A coruja vendo a cara curiosa de Harry, inclinou a cabecinha para o lado, como se o achasse muito interessante, o analisou.
- Harry ! – Gina ao seu lado mexeu os cabelos nervosamente. – Esta tudo bem? A coruja esta esperando que você pegue a carta. – Ele então desamarrou a cordinha presa a perna da coruja, e recebeu uma bicadinha carinhosa da minúscula coruja, em sua mão.
- De quem é? – Perguntou Gina. – Harry olhou os dois lados do envelope. Não havia remetente.
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