Capítulo 03
- CAPÍTULO III –
Nós, que rimos por último, rimos horrores
OU
Lily Evans narrando a reconciliação
Droga, droga, droga de homem.
Por que mesmo existem homens no planeta? Na boa, nós seríamos MUITO mais realizadas num mundo com mulheres e apenas mulheres.
Infelizes quanto ao sexo, mas realizadas.
Oh-oh. To sentindo alguns neurônios imbecis pintando no pedaço. Calma! Pense em paradas tranqüilas.
[...]
Não, nada. É impossível fazer ioga quando você está preso no Vale da Confusão, como eu estou. E mesmo se eu estivesse feliz e realizada, iria ser impossível fazer ioga com a Marlene pulando e cantando em cima da cama dela.
Ow, é MINHA cama!
- McKinnon, saia da MINHA cama! – eu gritei, sem desfazer a minha perfeita (e dolorosa) posição de lótus.
- Cala a boca, Evans. – ela disse, e continuou cantando, pulando e jogando travesseiro pra tudo quanto é lado.
E lá estava a Mimi, deitada na cama dela, lendo um livro. Como ela consegue ler um livro com a Marlene fazendo essa bagunça?! Ela estava bem concentrada na dela, deitada, com os tornozelos delicadamente dobrados um sobre o outro, uma expressão bem serena. E o cabelo perfeito.
E eu aqui, numa porra de uma posição de lótus, com as virilhas doendo, vermelha de esforço e raiva, descabelada e meio quilo mais gorda que o normal. QUAL É O PROBLEMA COMIGO?!
Por que eu... Não posso ser loira e perfeita que nem elas duas? Quer dizer, a Lene ‘ta de calcinha e uma blusa do meu irmão, e ainda assim dá jus ao titulo de a mais bonita da escola.
Mas Lily, querida, é só fazer a sua tão especializada imitação de um pepino. Ou seja, ficar fria. Fique friiiiiiiiiiiia! Liiiiiiiiiiiiiiiigh, diiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiet, zeeeeeeeeeeeen!
- MCKINNON, EU JURO POR DEUS!
- Cala a boca, Evans.
De novo? E olha que é domingo de manhã!
Aliás, os Marotos devem estar na maior ressaca. Ontem eles... Passaram dos limites. Beberam DEMAIS em Hogsmeade, e o Sirius só voltou pra Torre depois das três da manhã. Só o Harry se comportou, mas só porque ele passou a tarde com os amigos dele. Os outros, eu quero dizer. Lucas e companhia.
- Mimi? – eu disse, fechando os olhos e tentando pelo amor ao Dougie me concentrar na ioga.
- O que, Lily? – ela disse, sem tirar os olhos do livro.
- Será que se a gente juntar forças e formar um megazord, a gente expulsa a Marlene do quarto?
- Vocês não ousariam. – Lene respondeu rindo, ainda gritando a super família e bonita frase “I CAN SEE YOU ACROSS THE BLOCK WITH A SMILE ON YOUR LIPS AND YOUR HANDS ON YOUR COOK!!” num desempenho bem dramático. – Galera, porra, fala sério! É domingo, amanha a gente tem aula! Por que vocês duas não sobem essas barrigas cheias de hambúrgueres pra cá pra cima e dançam comigo? É MUITO melhor do que ioga e leitura.
MENTIRAAA!
- McKinnon, a ioga é simplesmente maravilhosa! Além de modelar todo o corpo e nos deixar bem gostosonas, nos faz respirar como humanos super desenvolvidos e relaxa todo o Senhor Cérebro. Então obrigada, mas eu prefiro agir como a boa patriarca britânica que eu sou e fazer minha ioga do que agir feito uma chipanzé loura e louca e ficar pulando na minha cama e cantando Lady Gaga.
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Ah, NADA melhor do que pular na nossa amada e quente cama com suas melhores amigas e gritar letras da maluca Gaga para aliviar o estresse e esquecer que homens habitam nosso planeta! E só de calcinha, meias soquetes e camisas de homens! E cabelos presos! E peles vermelhas!
Eu e as meninas inventamos uma parada muito muitíssimo louca. Nosso novo passatempo que até agora apenas preencheu essas nossas duas horas de loucuras femininas, mas que está agendada para preencher nossas longas horas até ouvirmos o sino da liberdade que avisa que as aulas acabaram se chama “vamos para a discoteca”. Toda hora que alguma de nós diz essa frase, temos que fazer uma dança maníaca dos anos setenta (um exagero de cabeças balançando e braços sacolejantes). Como eu disse pra mim mesma, nosso ato é uma demonstração de resistência às iogas e livros que tentam dominar nossas mentes adolescentes.
Ah, droga, eu estou realmente muito mais chapada do que eu achei que estava...
E muito mais feia também, pelo que eu acabei de ver pelo espelho. A gente tentou colocar bob’s nos cabelos de nós três, mas balançamos tanto as nossas cacholas que bagunçou tudo, e no fim, eu to parecendo uma cabeça careca coberta por teias de aranha vermelhas.
- Certo! – gritou Mimi, pulando feito uma pirada. A camisa dela tinha uma seta que apontava pra baixo e tava escrito “ESTOU COM UMA PERSEGUIDA”.
AI MEU DEUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUS!!!!!!!
- Quem é o menino mais gato do colégio? – ela continuou. Contou até três, e nós três respondemos no mesmo tempo:
- HARRY EVANS!
- REMUS LUPIN!
- JAMES POTTER!
Opa.
- O QUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE?! – as duas gritaram, rindo e com bocas abertas. Eu, por outro lado, enfiei um punho inteiro na boca e me joguei na cama, me deitando. – COMO ASSIM, EVANS?
- ESCAPOU, É O HABITO! – eu gritei, rindo, ainda deitada. – ÓBVIO QUE NÃO É ELE!
- Ah, cala a boca, sua mentirosa! – gritou Lene, e as duas se jogaram em cima de mim e me atacando com seus dedos da Elite das Cócegas.
Em nome dos enchimentos das cuecas do Elton John, eu realmente tenho que parar de falar besteiras.
Realmente!
- ‘Ta, espera. – disse Lene, se sentando. Nós três fizemos uma rodinha sentada na minha cama e ela sorriu pra mim. – Você ainda gosta dele, né, Evans?
- Você está quase que literalmente repleta de merda na cabeça. – eu disse, revirando os olhos.
- Lily, somos nós. – disse Mimi, pegando na minha mão. – Você não precisa mentir pra gente. E nem ser orgulhosa demais pra não querer admitir alguma coisa.
Marlene fez que sim com a cabeça, e eu revirei os olhos.
- Não, suas MIA. – eu disse, revirando os olhos. MIA quer dizer Mulher Incrivelmente Anta, e no momento, as duas se encaixavam perfeitamente na definição.
- Ah, Lily, nós vemos pelo jeito que você olha pra ele quando ele não esta te olhando. Você morde a boca, fica vermelha, e começa a falar sozinha.
- Eu não falo sozinha. Eu penso alto.
- Ah, Evans, cala a sua boca! Nós sabemos como você ‘ta louca pra agarrar o Potter e atacar ele, passar a mão em todo aquele corpo sarado dele...
- Não, Marlene, essa é você. Você sai por aí atacando homens sarados.
- Lily, Lily, minha patetinha, não é minha culpa se eu sou uma adolescente. Não é sempre que consigo controlar minhas partes e pedaços.
- Que partes e pedaços?
- Bom, você sabe, eu tenho muito pouco controle com meus lábios. Tem horas que eles meio que simplesmente não conseguem parar de fazer biquinhos.
- Eu sou uma adolescente e consigo controlar minhas partes e pedaços. – disse Mimi, franzindo o cenho. Vida longa às francesas, que me salvam pelo gongo!
- Você está ficando muito presa às suas convicções, Minerva.
- Não, não estou.
- Bem, então me conte uma coisa interessante que você e o Remus fizeram ultimamente.
- Fazemos um monte de coisas hiperinteressantes, totalmente malucas.
- Como o que? E não me diga que colher ervas para aulas extras de Poções é uma parada maneira.
- Bem, a gente curte muito ecologia e coisas assim... Sabia que encontramos algumas pegadas de unicórnios perto do...
- Mimi, eu pedi para você me contar alguma coisa interessante que você e Remus fizeram ultimamente, e isso não envolve unicórnios.
Mas Mimi já tinha ido parar no mundo crepuscular que ela chama de cérebro.
- Remus me deu uma mordida de amor.
- Non.
- Oui.
Outra mania nossa: francês e alemão. Desde que Mimi voltou da França, nos apaixonamos por expressões estrangeiras.
Pequenas e de fácil entendimento, claro.
- Eu nunca vi nenhuma mordida em você.
- Eu sei.
- Onde foi?
- No meu dedão do pé.
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Estou preocupada com a Marlene, que tem meia hora que não pára de gritar com a Mimi coisas totalmente sem nexos. Coisas que se resumem ao fato de ela estar preocupada porque na condição de namorada de um Deus do Sexo como o Harry, talvez ela tenha que dar entrevistas para programas de surfe que passam na TV trouxa falando sobre como é a fácil vida dela de Primeira Dama do Mar e Mimi terá que participar. E segundo Lene, ela vai falar um montão de idiotices. E talvez mostrar sua mordida de amor. Ou a blusa de “ESTOU COM UMA PERSEGUIDA” dela.
- Minerva, o Remus pode ser o cara mais fofo e legal do castelo, e eu não estou sendo irônica, ele realmente é. – ela disse, e parou finalmente de andar de um lado pro outro, se postando na frente dela. – Mas ele é um homem.
AH, A GENTE VOLTOU PRA ESSE ASSUNTO?!?!?!?!?!?!
- E o que homens gostam mais? Sexo. Selvagem e precavido. Mimi, apimenta mais as coisas, essa é a nossa especialidade. Surpreende ele, sei lá!
- Marlene, só porque você é a biscate inconseqüente do grupo, não quer dizer que todo o grupo tenha que ser. – eu disse, mas ela só me mandou calar a boca. Como todo mundo faz sempre.
- Ah, sei lá, ele não parece estar desesperado pelo sexo nem nada. – disse Mimi, arqueando uma sobrancelha. – Ele, aliás, curte tudo de ecológico e monótono que a gente faz juntos.
- É, Marlene, cala a boca e nos deixe em paz. – eu disse me jogando na cama com a Mimi, e a Lene fez um “aaaaaaaaah” enciumado.
- Não façam isso, gatinhas sexys! – ela gritou, se jogando em cima da gente. – Vocês me amam bem do jeito que eu sou.
- Que cosa mais Bridget Jones de se dizer, McKinnon.
- E não me tratem assim! – ela disse, indignada. – E se hoje de tarde, no caminho para o exterior do castelo, alguém me roubar e vocês duas nunca mais me verem? Vocês iriam se arrepender de terem sido estupidamente escrotas comigo no nosso ultimo dia juntas.
- Eu não.
- Cala a boca, Evans. E do jeito que vocês são descontroladamente loucas por mim, vocês ainda colocariam um anúncio nos murais do colégio sobre o meu desaparecimento.
Nós ficamos uns quatro segundos em silencio, apenas relaxadas e deitadas uma em cima da outra, olhando pra janela aberta e processando essa informação. Até que a Mimi disse:
- Meu anuncio informaria “Merci beaucoup”.
Ah, como nós rimos.
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Almoço, mesma Bat Caverna, mesma Bat Galera.
O Salão Principal e meus amigos otários da Grifinória.
Aliás, a parada da “Vamos para a discoteca” já foi repassada para todos os meninos, e eu acho que em qualquer momento uma de nossas cabeças vai sair rolando por aí, de tanto que nós balançamos elas.
Ou alguém vai simplesmente nos dar um tiro.
Mas bom, lá estávamos nós imitando o Elvis Presley e dançando sem parar, e a McGonagall Olhos de Águia me mandou um olhar nada simpático. Então nós tivemos que fingir que escutávamos o que o Líder dos Pirados (Dumbledore) estava falando.
Ele estava falando alguma coisa que envolvia Sebo e Osso.
Opa.
É por ISSO que ele ria tanto pra gente!
- Galera, hoje de noite, na sala da Torre da Grifinória, Festa do Leão. – disse Sirius, sussurrando pra gente.
- Caramba, tem tempos que a gente não dá uma dessas festas! – eu disse sorrindo, enquanto a Marlene ia repassando a notícia pra toda a mesa. Que provavelmente teve a mesma reação que eu.
- É, eu sei. – disse Remus, rindo. – Foi no terceiro ano, e acabou com o Sirius o James e a Angelina cantando “La tristeza de tu adiós” em cima dos sofás.
Nós sorrimos, saudosos.
- E naquele ano a gente não tinha comprado whisky de fogo, mas hoje, óbvio que eu já comprei. – falou Harry, sorrindo.
Mon Dieu. Coisas muito maneiras acontecerão hoje à noite. A gente gritava de tanta empolgação:
- Zut alors! Mon Dieu! Magnifique!
Até que o Slughorn teve o maior ataque de nervos com nossos gritos.
O mais maravilhoso de tudo nas Festas do Leão é que elas são tradições na Grifinória, ou seja, a gente pode fazer sempre que quiser desde que a) seja na nossa Torre; b) só tenha aluno da Grifinória. E o mais perfeito da parada toda é que não é a McGonagall que cuida das Festas do Leão, mas o Maravilhoso Henry, nosso novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas.
Um cara bem... Maravilhoso.
- E ah, é bom ninguém ir pra Torre hoje de tarde, porque a gente ‘ta arrumando toda a decoração na Torre, então... Sei lá, passem uma tarde nos terrenos perdidos de Hogwarts. Dêem uma escapada para Hogsmeade. Passem a tarde inteira numa sala com um cara. Só não entrem lá!
E lá estávamos nós, gritando “Zut alors! Mon Dieu! Magnifique!”.
E lá estava o Slughorn e seu chilique.
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Por alguma razão desconhecida pelo meu cérebro, eu acho que eu realmente estou perdida nos terrenos perdidos de Hogwarts. Sirius e suas malditas profecias!
Okay, não, não eram terrenos perdidos. Era só um corredor no sétimo andar que eu nunca vi na vida. E as meninas, que estavam do meu lado comentando como as Festas do Leão nos dão historias para contar, sumiram do nada. Então lá estava eu, sozinha pequena e delicada, andando.
Não que eu estivesse com medo nem nada. Eu sou da Grifinória. Só que eu odeio ficar sozinha no sétimo andar, ele me dá arrepios. Os quadros mais assustadores do colégio ficam aqui, e eles ficam puxando assunto comigo... Arght.
- Evans?
Opa.
Pior do que um quadro assustador ou um fantasma ou um sonserino nojento, James Potter estava ali, atrás de mim, passando a mão nos cabelos.
O James não mudou muito desde o ano passado. Ele continua sendo o mais baixinho dos quatro marotos, e menos forte do que o Sirius. E agora ele estava sorrindo e chegando mais perto de mim, e foi aí que eu reparei que isso era uma parada muito errada.
- Tchau, Potter. – eu disse, revirando os olhos e começando a andar para as escadas, mas adivinha?
Elas mudaram de lugar.
Então lá estava eu, encurralada no maldito sétimo andar e sozinha com James Potter.
- Tchau pra onde, Evans? – ele disse extremamente divertido com a minha derrota pessoal. – Olha, eu só quero conversar com você, ‘ta?
- Não, Potter, não ‘ta. – eu disse, e comecei a andar ate o banheiro feminino. Entrei lá e me apoiei numa pia, de cabeça baixa.
Mas que merda, o que é que esse cara quer agora? Ele consegue acabar com o meu dia muito, muito amusant (legal) com a facilidade que ele consegue acabar com uma partida de quadribol.
Ergui meus olhos pra me olhar no espelho, mas atrás do meu reflexo estava o reflexo do James. Bem, bem perto de mim.
Ah, caralho, então eu ainda arrepio com ele perto de mim. E caralho duplo, ele ainda sabe disso.
- Uma conversinha rápida, Lily... – ele sussurrou, sem sorrir, sério, e eu diria até um pouco triste. Ele olhou pras minhas costas e deu de ombros. – Eu juro que é a última vez que eu venho te incomodar com isso. Eu só quero que você me escute, pode ser? Eu te dei bastante tempo pra esfriar a cabeça, você não acha?
Deu.
Eu fiz que sim com a cabeça bem levemente, olhando dentro dos olhos dele, que estavam castanhos escuros. Obviamente, eu não vou ceder primeiro. Eu não vou deixar meu orgulho de lado enquanto ele não deixar o dele.
Mas, se ele ceder e deixar o orgulho de lado...
Ele respirou fundo, e ficou olhando pras minhas costas por um tempinho, uma ruga de expressão entre as sobrancelhas dele.
- Olha, o que aconteceu ano passado, com a Pego... Você entendeu tudo errado. Eu não... Eu nunca... – ele bufou com raiva dele mesmo e me segurou gentilmente pelos ombros, me virando pra ele e me olhando dentro dos olhos. – Eu nunca te trairia, Lily. Nunca. Eu preferiria... Beijar o Ranhoso a te trair. Ela me agarrou, e de algum jeito, fez você aparecer na academia bem na hora certa. Ou hora errada. Eu não to pedindo pra você voltar a confiar em mim agora, eu só to te implorando pra lembrar daquela época em que você confiava um pouco em mim...
- Um pouco? – eu comecei, piscando levemente e sentindo meus olhos cheios de lágrimas. Droga, eu sabia que tinha que ter feito ioga hoje! – Um pouco? James... Eu confiava a minha vida pra você. Eu confiava plenamente em você, eu tinha você na minha cabeça como o ser humano mais... Mais bonito que existia na Terra. Que ninguém conseguiria ser um melhor amigo que você, um melhor homem, um melhor capitão, um melhor... Namorado...
Eu simplesmente não sei o que aconteceu comigo, mas eu não conseguia parar de falar! Eu acho que depois de tudo o que aconteceu com a gente, eu tenho que lembrar ele o que eu acho que ele é não apenas pra mim, mas pra todo mundo, porque ele merece isso. Ele é realmente o ser humano mais bonito da Terra.
E foi agora que eu percebi que, além disso, ele é um ser humano. E todo o perfeito ser humano erra.
- E que ninguém nunca seria melhor do que você é, porque você é simplesmente o mais próximo da perfeição nesse planeta... E... – eu queria continuar a falar, continuar a citar os trilhões de adjetivos que cabiam nele, mas eu comecei a soluçar e não conseguia mais ver ele, de tanta lagrima que estava entupindo meus olhos. Mas aí eu pisquei forte e as lágrimas caíram (junto com as muralhas do meu orgulho idiota) e eu vi que ele tinha dobrado os joelhos pra ficar na mesma altura que eu e também tava chorando daquele jeito só dele (nariz vermelho, olhos verdes como os meus, maçãs do rosto vermelhas e com uma expressão bem séria) e me segurava mais forte pelos meus ombros, mas aí suas mãos subiram pras minhas bochechas e ele me puxou e me abraçou forte, e aí pronto. Eu percebi que eu não vivia mais sem James Potter. Enterrei meu rosto no peito dele, soluçando feito uma panaca de quatro anos que perdeu a Barbie, e abracei ele meio que desesperadamente pela cintura, fincando as unhas nas costas dele. Ele também tava pra esmagar a minha cabeça de tanto que ele apertava ela contra o peito dele, então ‘ta tudo quite.
E foi ali, abraçando James, e ouvindo-o dizer coisas como “nunca mais vou deixar você ficar longe de mim” e sentindo os lábios dele buscando minha testa, meus cabelos, meus pulsos, meu nariz, minhas bochechas, que eu acho que eu amadureci. Eu acho que foi ali, no banheiro feminino do assustador sétimo andar, que eu cresci e virei uma mulher, e percebi que orgulho é talvez o maior dos sete pecados capitais.
E que é culpa de James eu ser uma garota mimada que chora feito uma panaca de quatro anos que perdeu a Barbie. É só ele me abraçar quando eu estou deprimida pra eu abrir o maior berreiro.
E que eu estava sim deprimida as minhas férias todas, pensando nele sem pensar. Porque o fato de eu não pensar nele se devia graças ao fato de eu pensar nele o tempo inteiro indiretamente, fazendo meu cotidiano inteiro baseado nele (lugares que eu tenho que ir pra ficar longe dele tudo o mais...) e odiando ele enquanto fazia ioga na bagunça do meu quarto.
E ah, quando eu finalmente abri meus olhos, com a cabeça deitada no peito dele, eu olhei pra porta do banheiro tentando me acalmar e lá estava uma menina do segundo ano que eu não faço idéia de quem seja, sorrindo praquela cena. Eu sorri de volta pra ela, e ela saiu correndo, provavelmente indo espalhar que nós dois nos entendemos.
Eu me afastei de perto dele e passei as mãos nas minhas bochechas, tentando limpar tudo, enquanto ele me ajudava. E então eu pensei “o que diabos eu estou fazendo?” e comecei a limpar as lágrimas dele, mas isso era apenas uma desculpa pra passar meus dedos naquele rosto perfeito e provar pra mim mesma que ele era real e era mesmo o rosto de James Potter, e fazendo o reconhecimento de todos os ângulos e traços perfeitos do seu rosto. E eu tenho certeza que ele estava fazendo o mesmo que eu (tirando a parte do perfeito e tal), porque do nada ele parou de passar os dois dedões de baixo dos meus olhos e começou a acariciar, com eles, minhas bochechas, e olhar pros meus olhos. Ele se endireitou, inclinando a cabeça e chegando mais perto.
- Só se você quiser. – ele disse, mas seus lábios já estavam encostando nos meus, então eu obviamente não era mais apta na capacidade de raciocinar. Nunca fui mesmo.
- Eu... – eu comecei a gaguejar, os olhos fechados, sentindo os enormes cílios dele nos meus, as mãos em brasa nas minhas bochechas... O que mais eu posso querer na vida, meu senhor? – Eu não sei.
Ah, óbvio. Uma resposta à la Evans do Senhor Cérebro. Valeu aí em cima, cara.
Mas para a minha total surpresa, James apenas se afastou (um tiquinho de nada) de mim e sorriu. Tirou uma de suas mãos de perto de mim, colocando-a no bolso da calça jeans surrada que ele usava, e com a outra ele jogou toda a minha franja pra trás, bagunçando todo o meu cabelo.
- Eu, de algum jeito, sabia que você ia falar isso. – ele disse, sorrindo mais ainda. Eu me apoiei na parede ao lado do espelho, e ele chegou bem perto de mim, como se eu fosse um satélite e ele estivesse em minha órbita.
- É bem a minha cara, né? – eu sussurrei, olhando pro chão.
- Não sou eu que estou reclamando. Vamos pra festa?– ele disse dando de ombros, acariciando meus cabelos. Eu sorri com ele e suspirei.
Paz. Pela primeira vez em meses eu to com um enorme sentimento de paz no meu coração.
Eu e James caminhamos lado a lado até a Torre da Grifinória, ele com um braço ao redor de meus ombros, me abraçando firmemente, e não conversando sem parar. Apenas conversando amigavelmente de vez em quando, mas na maioria das vezes, ficávamos apenas se olhando, se tocando. Ele do nada parava de falar e me beijava na testa, nos cabelos, nas mãos, nos braços, mas nunca nos lábios, graças ao meu “eu não sei”.
Eu não sei. Que coisa mais estúpida pra se falar.
Nós encontrávamos algumas pessoas no caminho, mas não cumprimentávamos ninguém, não falávamos ou olhávamos para mais ninguém, então simplesmente ignoramos todas as exclamações e fofocas que nos seguiam. Quando finalmente abrimos o quadro da Mulher Gorda (que nem nos perguntou a senha), encontramos Sirius, Remus, Peter, Harry e os outros caras do sexto ano (a gangue do meu irmão) andando sem parar de um lado pro outro, mas fazendo eu sei lá o que, porque tudo já tinha uma cara de festa enorme.
Havia uma faixa enorme no meio do salão, nas cores vermelhas e douradas nas letras “FESTA DO LEÃO”, mas o cartaz em si mudava de cor de acordo com a luz que estava. Como uns montes de luz de várias cores brilhavam o tempo inteiro por toda a sala, a cor da faixa não parava de mudar. Tinha uma mesa de DJ no meio das duas escadas que levam pro dormitório feminino e masculino, e adivinha quem era o DJ? O Sebo & Osso! Ele tinha um fone de ouvido SUPER exagerado de tão grande envolta do sebo dos cabelos dele, era uma cena hilária. Tinha uma mesa enorme um pouco pro lado esquerdo do DJ, cheia de comes e bebes e copos, e no meio, um leão de pelúcia do tamanho do Hagrid. E todos os sofás, poltronas e mesinhas de centros foram colocados em volta da lareira, pra caso algum grupo quisesse parar de dançar e conversar um pouco. Tinha uma fumaça branca por cima de todo o chão da sala, então eu não conseguia ver meus próprios pés nem o de ninguém, mas sempre que tinha uma escada invisível graças à fumaça, tinha uma placa brilhando apontando pros degraus. E bolhas de sabão flutuavam por toda a sala.
- Uau! – eu gritei, e de repente todo mundo olhou para nós dois. E ele ainda tinha um braço ao meu redor. E eu só percebi agora, mas um braço meu estava apoiado no peito dele.
- Que porr... – começou Harry, deixando uma garrafa de whisky cair.
- Seu idiota, que desperdício! – gritou Sirius, apontando pra poça no chão. Ele parecia o único que não estava surpreso, mas isso não me surpreendeu muito.
- Vocês se entenderam? – perguntou Remus, chegando perto de nós dois, os braços abertos, sorrindo. James fez que sim com a cabeça, sorrindo tanto quanto Remus, e ele gargalhou, se jogando num sofá. – Graças a Merlim!
- Merlim é o caralho, graças a mim. – comentou Sirius, ainda olhando tristemente para a poça de whisky. Ele suspirou pesadamente então e nos olhou ironicamente. – Bom, é apenas uma garrafa mesmo. Você tem que ver o que Harry conseguiu, James. Provavelmente o maior estoque de álcool para menores já reunido no mundo inteiro.
Mas Harry ainda estava quieto, olhando desconfiadamente para nós dois. James também percebeu isso e me soltou lentamente.
- Eu já volto. – ele sussurrou no meu ouvido pra depois ir atrás de Harry subir até o dormitório masculino com ele. Apenas pra conversar. Esclarecer as coisas. Explicar nossa situação. Nada demais. E se duvidar, Harry nem ao menos vai bater nele. Nem ao menos vai gritar a plenos pulmões.
Bem, pelo menos é assim que eu gosto de pensar.
Me joguei num sofá fofo, o que me fez afundar mais meio metro do que o normal nele, suspirando pesadamente e fechando os olhos. Caraca, eu to exausta. Como se eu tivesse acabado de sair de um jogo. Como se eu acabasse de ter corrido do Filch. Ou pulado na minha cama com as retardadas das minhas amigas.
- E aí... – começou Sirius, se sentando do meu lado. – ‘Ta feliz?
- To.
- Você não parece nada feliz agora, nesse exato momento.
- É porque agora, nesse exato momento, James e o Monstro do Lago Trouxa estão sozinhos lá em cima, e Harry provavelmente está enchendo ele de porradas nos pontos vitais.
- Pontos vitais?
- O saco, Sirius, o saco.
- O Harry faz isso? – ele gritou assustado. Eu apenas concordei com a cabeça, e não disse o “e não é só isso que ele faz” que provavelmente assustaria o pobre Sirius. Caraca, por que diabos eu to tão cansada? A gente só andou, chorou e se abraçou!
- E aí, como que foi? – perguntou Mimi que se jogou do meu lado direito, enquanto Marlene se jogou no colo dela.
- Você pode se jogar no meu colo se quiser Lene. – disse Sirius, se recuperando da parada dos pontos vitais.
- Você esqueceu o que eu acabei de te falar, Black? – eu quase gritei, dando um tapa nele.
- Ele realmente quer morrer... – comentou Lene, revirando os olhos, mas aí virou pra mim e disse: - Mas e aí? Como que foi? Vocês se entenderam?
- Vocês sabiam? – eu gritei, levantando minha cabeça cadáver exausta do sofá. E elas fizeram que sim.
- O Sirius pediu nossa ajuda. – disse Mimi, sorrindo, fingido que era o anjinho que ela é. Filha da puta.
- É, a gente se entendeu. – eu disse, me jogando de novo. As duas começaram a gritar e pular uma em cima da outra, o que Sirius deve ter achado realmente pornográfico, porque ele ficou olhando pras duas e sussurrou “Ai meu Deus...” e se levantou pra ajudar o Remus.
- Mas vocês voltaram? – perguntou Mimi, rindo. – Tipo assim, um casal?
- Você quis dizer o casal, né, Minerva? – gritou Lene, e as duas riram. – Quer dizer, vocês dois sempre foram o casal, o mais fofo, o mais invejado, o mais apaixonado... Com certeza vocês vão ganhar o Rei e Rainha desse ano de novo...
- Não, a gente não é um casal. – eu disse, olhando fixamente pra lareira. As duas pararam de rir e me olharam, e Marlene correu pra se sentar do meu outro lado.
- Como assim, querida? – disse Mimi, colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Eu disse que não sabia se eu queria voltar. – eu falei, e solucei a seco. – E sabe o que ele fez? Ele ficou de boa! Como o cara maravilhoso e perfeito que ele é! Ah, meninas, eu sou tão idiota!
E aí, mais uma vez, eu abri o berreiro, e as duas me abraçaram ao mesmo tempo. Então não é o James, sou eu mesmo. Eu abro o berreiro o tempo inteiro.
- Claro que você não é idiota, Lil, você só ‘ta confusa! – disse Mimi, fazendo carinho na minha nuca. Ela sabe que isso me deixa melhor.
- É! Tudo bem, ele é o Senhor Perfeito e te ama, mas ele errou, não é? – disse Lene, limpando meu rosto de um jeito muito menos carinhoso do que o James. EU QUERO O JAMES! – Você foi tipo a melhor perdoando ele, mas ele ainda tem que te provar que vocês dois podem funcionar de novo, né?
- Isso! – disse Mimi, sorrindo pra mim. – Você já fez o que tinha que fazer. Agora é a vez de ele te ganhar de novo!
- Mas ele já me tem de novo! – eu disse, soluçando. – Aliás, ele sempre me teve, ele nunca me perdeu, e eu REALMENTE SOU UMA IDIOTA!
Calma, garota, calma.
- Lily, olha pra mim. – disse Lene, mas era totalmente inútil ela me falar isso já que ela praticamente arrancou minha cabeça com as mãos pra me fazer olhar pros olhões azuis dela. – Você não é uma idiota. Você só é uma adolescente escandalosa, mimada e um pouco retardada demais, que namora o cara mais gracinha do colégio e provavelmente da Península Britânica. Você é gostosa, linda e ruiva natural, e tem provavelmente os olhos mais bonitos do país, já que a Angel não ‘ta mais na Inglaterra. Tudo isso e muito mais te dá o poder de surtar quando você quiser, okay?
E isso tudo faz muito sentido, até parece!
- Agora é bom você parar de chorar, porque a qualquer momento seu irmão e o amor da sua vidinha vão descer pelas escadas, e se James ver você chorando, ele morre. E isso não será um problema se o Harry te ver chorando, ele mesmo mata o James. Entendeu?
Opa, agora eu me interessei. Fiz que sim com a cabeça enquanto limpava meu rosto, mas tendo plena consciência de que eu estava tão vermelha quanto a nova cor do cartaz de “FESTA DO LEÃO” no teto, e tão descabelada quanto Sirius, que já estava pra lá de bêbado e dançava com o Sebo & Ossos, mas infelizmente para meus olhos, ainda com todas as peças de roupa.
- Agora nós três vamos subir pro dormitório, escolher nossas roupas e ficar totalmente maravilhosas. Todos os caras da Torre vão se apaixonar por nós, e eles vão nos convidar pra fugir com eles do colégio e ir morar com eles nas casas de praia que estão espalhadas pelo mundo, mas nós estaremos ocupadas demais pra isso dando amassos com os caras mais gostosos e fofos de Hogwarts. Eu fui clara?
- Como água, Marlene.
- Cala a boca, Evans.
&&&
E eu tenho que dizer, depois de toda essa conversa louca com a Marlene (na realidade, foi mais um monólogo dela, mas tudo bem) e das balançadas de cabeça da Mimi, eu realmente me senti melhor, por mais surpreendente que isso parecesse. E depois de dar uma olhada nas fantásticas roupas que Mimi trouxera da França para nós três, eu me animei de um tanto que quando eu vi já estava pulando em cima da minha cama de novo com a Lene, gargalhando.
Claro que antes, quando nem tínhamos visto os vestidos. Porque depois que vimos os vestidos, tropeçamos no cobertor e ficamos paradas por tipo três anos lá, olhando aquelas preciosidades francesas e caras da Oscar de la Rena e Bergdorf Goodman e Doce & Gabanna e Givenchy e tantas outras! Mon Dieu! Mon Dieu! Mon Dieu! Mon Dieu!
Eu me senti bem fútil passando três horas no nosso dormitório, só nós três, nos arrumando e fazendo um esquenta (ou seja, nossa própria festa pré-festa que tinha como propósito nos deixar incrivelmente bêbadas antes de descer as escadas, e era sempre muito bem sucedida) e rindo e gritando e dançando Britney Spears enquanto nos arrumávamos para nossos homens. Mas quer saber? Eu acho que eu vou fazer esquentas assim sempre.
E descer as escadas dançando e agindo como a Britney.
It’s Britney, bitch!
Quando saímos do quarto, bêbadas o suficiente pra lembrar e tentar se importar com o fato de que nessa hora provavelmente tinham espalhados boatos de que nós éramos gays e estávamos dando uns amassos até agora, nós demos de cara com uma Torre totalmente escura com luzes piscando por todos os lados, fazendo toda a festa parecer passar na frente de nossos olhos como em câmera lenta, colorida e barulhenta, extremamente cheia de pessoas lindas e bem vestidas.
Nós descemos as escadas rindo para Luana, nossa amiga do sexto ano, que estava deitada no pé da escada com um menino do sétimo ano.
- Meu Deus, suas vadias, vocês estão maravilhosas! – ela gritou. Ah, ela é realmente um amor, mesmo bêbada. E devido o tom que ela falou com a gente, ela não ligava se realmente éramos lésbicas ou não. Linda, fofa!
Mimi estava com um terninho branco que ia até os pulsos e tinha um decote bem misterioso, nem grande nem pequeno, e uma saia extremamente apertada (e eu vou dizer extremamente duas vezes pra vocês terem uma noção de como era apertada: EXTREMAMENTE E EXTREMAMENTE!) e branca que ia até acima dos joelhos, um sapatos prata de saltos altíssimos e de verniz, os cabelos (ATÉ QUE ENFIM!!!!!) cacheados e totalmente bagunçados, uma maquiagem bem prata que fazia ela parecer uma Deusa que brilhava. Desgraçada.
Marlene usava um vestido curtíssimo e apertadíssimo dourado, exatamente da cor da pele e dos cabelos dela, o que fazia parecer que ela estava totalmente pelada, e levaria Harry totalmente à loucura. Ele e todos os caras que tinham pinto na sala (meu Deus, é bom manterem Sirius longe dela e Harry longe dele). Os cabelos ainda estavam daquele jeito bem casual dela, nem liso nem ondulado, bagunçadérrimos, e a maquiagem era toda dourada, bem gatinha, e ela usava umas sandálias estupidamente altas e douradas que também eram do mesmo tom da pele dela. Santa Maria, o que deu de certo nos hormônios da Marlene nessas férias? Ela é de longe a segunda menina mais bonita que eu já vi em toda a minha vida! E eu realmente digo, DE LONGE!
E eu estava meio que TOTALMENTE DE ARRASAR! Mon Dieu! Até agora eu não acredito que eu estou com um tubinho preto que mal tampava minhas coxas, tomara que caia e que seguia totalmente minhas curvas, e botas de couro de salto RIDICULAMENTE MAIS ALTOS QUE OS OUTROS que iam até meus joelhos, meus cabelos presos num coque totalmente sexy e bagunçado apenas com a franja meio lisa e solta e maquiagem preta em TODOS os meus dois olhinhos mais bonitinhos do país. Gatinho perua do rock, miau!
- Ah, aí estão minhas lésbicas favoritas! – gritou Remus, rindo, já um pouquinho alterado. Mas não alterado o suficiente pra não deixar de perceber a super hiper mega jeta ponga cintura fina que sua namorada Deusa da França exibia pra quem quisesse ver. – Mas por todas as estrelas da noite, você é realmente a minha namorada? Eu digo, minha?
- Pois é, parceiro, tu é um cara de sorte! – ela disse, rindo, enquanto Remus a apertava no peito dele e beijava-a totalmente delicado e deliciado também, sem fechar os olhos e nem parando de olhar por todo o rosto perfeito e esculpido da namorada maravilhosa que ele tinha. Começamos a andar até um dos sofás ao redor da lareira e lá estava nossa galera maravilhosa e extremamente tudo de bom, cercada de bebidas e risos. Todos os caras estavam maravilhosos, obrigada, em especial o cara mais gracinha de toda Península Britânica.
E por um mero acaso, ele estava se levantando e vindo diretamente pra mim, me sorrindo meio que... Bobo.
Uff, coisa linda!
- Eu sinceramente acho que eu nunca vi nada tão bonito em toda a minha vida. – ele disse me segurando por uma mão, me fazendo dar uma volta no mesmo lugar.
- Como foi com o Harry? – eu sussurrei, e ele só sorriu de lado pra mim, enquanto eu chegava mais perto.
- Foi bem... Harry. – ele disse, dando de ombros, mas ainda sorrindo daquele jeito impossivelmente gostoso. – Quer dizer, ele começou gritando, mas depois que eu expliquei tudo, ficou tudo legal. Não tudo, é o Harry né, mas... Ah, vai ficar tudo bem.
E ele terminou tudo dando um beijo na minha testa e passando as mãos grandes, bronzeadas e ásperas nos meus braços praticamente albinos, enquanto eu ficava totalmente chapada com o cheiro típico de hortelã e essências de ervas que só ele tinha.
Digo, mais bêbada do eu já estava.
- SANTA MARIA MÃE DE DEUS! – gritou Harry, totalmente louco suado e sem camisa, olhando para Lene, que sorriu e arqueou as sobrancelhas de uma forma que todas as alunas mais novas de Hogwarts passavam horas na frente do espelho tentando imitar. – Marlene... – ele disse, olhando ela de cima a baixo. – Pelo amor de Deus, você que me deixar louco. – ele gritou, então a puxou pela mão e começou a subir a escada do dormitório masculino correndo, enquanto ela gargalhava sem parar, em rumo ao prazer infinito.
- Vamos dançar! – gritou Mimi pra mim, se soltando de Remus. Eu fiz que sim com a cabeça e mandei um tchau pra todo mundo da roda (olhando apenas pro James-vestido-de-verde-que-realçava-seus-olhos-de-outro-mundo) e nós duas passamos no bar antes de ir pra pista totalmente lotada.
- Vinho dos Elfos! – eu gritei pro barman (LUCAS MCDONALD!) apontando pra mim e pra Mimi, e ele sorriu. E quem estava no nosso lado, bebendo bem feliz e maravilhosamente maravilhoso?
O Maravilhoso Henry. Deus do céu, ele é tão maravilhoso!
- Opa! – ele disse sorrindo, e nem disfarçou quando nos olhos de cima a baixo. – Se não são as meninas mais bonitas de todo o mundo mágico.
Nós duas começamos a rir feito duas panacas alcoólicas enquanto ele nos dava um beijo em cada bochecha nossa, sorrindo daquele jeito cool dele com aquelas calças jeans esfarrapadas super estilosas que ele quase sempre usa.
- Olhem, maravilhosas, por mais que eu adorasse ficar a noite inteira conversando com vocês duas, eu tenho que fazer rondas tipo o tempo inteiro, senão a McGonagall me mata, e disso vocês entendem bem.
- Eu vou definitivamente falar pra ela que você bateu em todo mundo aqui. – disse Mimi sorrindo, pegando duas taças que o Lucas nos dava. Henry riu.
- Isso a faria feliz.
Nós duas sorrimos de tchau pensando em como somos sortudas por termos esse professor super bacana (e maravilhoso), essas festas, esses homens, esses vestidos, e começou a tocar nada mais nada menos do que Lady Marmalade.
ZUT ALORS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- MARLENE, PORRA, CADÊ ELA?! – eu gritei, correndo pra pista com aqueles saltos enormes ao lado de Mimi, com aquela saia EXTREMAMENTE E EXTREMAMENTE apertada.
- SENDO COMIDA PELO HARRY! – ela respondeu, e nós no mesmo momento olhamos para a escada do dormitório masculino pensando “ah que pena, ela vai perder a nossa música com gírias em francês tão amada!”, e de repente: lá vinha Marlene, correndo e mais descabelada e sexy do que nunca, com Harry bem atrás, revirando os olhos. Ela roubou a garrafa de whisky de alguém no caminho e chegou a gente bem ao tempo de nós três gritarmos em coro:
- VOUTEZ VOUS COUCHEZ AVEC MOI, CE SOIR?
Ah, sim, Pink. Provavelmente, alguém iria dormir com alguém essa noite.
&&&
Ah, como é bom dançar! Como é bom saber que um monte de cara gato ‘ta te olhando agora como se dissesse “gata, você não sabe o que eu faria com você...”! Como é bom estar simplesmente fabulosa em um vestido fabuloso e saber que sua maquiagem não borrou apesar do suor, porque você é bruxa! E como é extremamente bom tirar seus saltos enormes no meio da festa e se sentir ainda mais gostosa por estar mais baixa do que antes!
Ah, ser jovem e bonito!
Marlene subiu correndo as escadas no momento em que Lady Marmalade havia acabado de tocar, puxando Harry pela camisa, mas eu realmente não quero imaginar meu gêmeo comendo minha melhor amiga, obrigada. Mimi estava em um sofá com Remus, e ela não fazia a menor noção de onde seus sapatos maravilhosos haviam ido parar, mas a única coisa que parecia importar pra ela era a língua e as mãos de Remus, que na verdade não dava a mínima pros sapatos dela desde que ela os calçou. E eu estava aqui, bem feliz no meio da pista de dança, totalmente louca e com uma garrafa de whisky pela metade na mão, dançando de olhos fechados no meio de um monte de gente.
E então Sirius Black e James Potter chegaram e começaram a me pegar no colo e me jogar de um pra outro como eles faziam, rindo feito dois panacas. Eu gargalhei e depois de estar bem segura no chão, acabei com a minha garrafa de whisky antes de James puxa-la da minha mão com um olhar reprovador.
Ele não havia bebido essa noite, o que eu acho extremamente fofo. Já que eu sei que ele é quase um alcoólatra.
Ninguém é perfeito, eu acho.
- Vem, Lily, eu acho que você tem que deitar. – disse James me puxando pela mão. Ainda eram quatro da manhã, ou seja, já era domingo, então eu não sei por que diabos ele quer que eu vá dormir tão cedo. Sirius também viu meu lado e puxou minha outra mão gritando algo como “GAAAAAAAAAÃ!” fazendo uma careta horrível para James.
- Deixa ela se divertir, James! – ele gritou, mas James me puxou mais ainda.
- Vem, eu vou te por na cama. – ele disse ignorando Sirius. Mas Sirius não viu isso, porque ele já tinha visto uma menina praticamente sem roupas e nos deu as costas. O que James ‘ta achando, que eu to totalmente bêbada a ponto de não andar? Porque lá estava ele, me puxando delicadamente como se eu fosse cair a qualquer momento. Eu não estou bêbada! Se eu estivesse bêbada, ia pensar coisas totalmente sem sentido.
E então eu quase caí no chão do nada. Olhei pra baixo pra ver no que eu tinha tropeçado, e eu percebi que era no sapato de Mimi, que de alguma maneira, estava amarrado no meu calcanhar. Quando assim, a festa toda.
Tudo bem, talvez eu estivesse um pouquinho louca.
- Jay, Jay, Jay, Jay! – gritou Lene, que sorria de orelha a orelha, sendo seguida por um Harry que nunca pareceu tão feliz na vida e descia a escada do dormitório masculino, que estava bem na nossa frente. Opa, ele ‘ta me levando pra lá? Hm. – Eu sei que você vai por a Lily na cama, o que eu apoio totalmente, mas tem como a gente fazer só uma coisinha antes disso? Uma coisinha realmente, hm, muito importante e enorme?
- Tipo o que? – eu disse, balançando meu tornozelo pra soltar a sandália da Mimi, mas eu só conseguia me machucar. Marlene deu o seu sorriso de “eu não presto” e suspirou dramaticamente.
E seu vestido ‘ta todo torto no corpo.
- Luana Pego acabou de entrar de penetra na nossa festinha linda, provavelmente deu a bunda pro Maravilhoso Henry, porque ele não brigou com ela, e eu realmente quero dar mais risadas essa noite, ruivinha.
E ignorando completamente a sobrancelha loira escura que Harry arqueava desconfiadamente e o olhar de James em cima de mim, eu sorri marotamente e lentamente para Lene.
- Vamos desentupir a Mimi do Remus. A gente precisa do cérebro dela.
Como se milhões de torturas envolvendo navalhas e limões já não tivessem brotado na minha mente!
&&&
- Eu realmente acho que isso não é uma boa idéia. – disse Harry de novo, apesar de estar com aquele ar de “eu não to nem aí pra nada” de sempre, jogado em uma poltrona. Para a surpresa geral, Lene não estava no colo dele, mas estava andando de um lado pro outro junto de mim e Mimi no meio da rodinha de poltronas em que nosso grupo estava jogado.
Não que a festa tenha acabado ou algo assim. Muito pelo contrário, estava no auge. A terceira caixa de dez de bebida foi aberta e os penetras entraram a mil na Torre, já que o Maravilhoso Henry é tão... Maravilhoso. Nunca vi tanta gente dançando no mesmo lugar, na boa.
É só que de algum jeito a noticia tortura a Pego se espalhou dentro da nossa panelinha e lá estavam os meninos, tentando nos impedir de matar a pobre coitadinha. Mas até parece que eles não sabem que não adianta tentar mexer a nossa cabeça quando nossos pensamentos envolvem torturas e vadias.
- Cadê ela? – perguntou Sirius, que era o único cara que parecia animado com isso. Eu apontei para um cabelo (lindo, eu odeio admitir) moreno perto do DJ, e la estava Pego conversando com a Espinosa dela, sorrindo. – Bom, eu sou totalmente a favor. Também quero rir essa noite.
- Então Lily, você sabe o que fazer. – disse Lene sorrindo. Ela estava tão louca quanto eu pra espantar essa idiota da nossa Torre (palavras dela, porque eu acho que ninguém estava tão louca quanto eu), mas deixou que eu fizesse a azaração porque bem, eu mereço né. Eu sorri também e apontei minha varinha para o...
Sebo & Ossos. Eu sabia que esse DJ era uma boa!
Passou-se sei lá, três segundos, e o DJ colocou uma música muito sinistra. Vocês definitivamente conhecem, todo mundo conhece essa musica, mas não sabe o nome. Aquela que tocou no filme “Psicose” na cena que a mulher é assassinada na banheira. Então, ele colocou a música e andou até a Evil Luh pra depois começar a gritar, com uma voz mágica de vilão de filme de terror:
- NÃO É PERMITIDA A ENTRADA DE VADIAS. NÃO É PERMITIDA A ENTRADA DE VADIAS.
E simplesmente começou a chutar o traseiro dela, enquanto ela corria de medo até a saída da Torre.
AI MEU DEUS, COMO EU RI!
Até mesmo Harry (que ainda estava entediado) e James (que não disse nada o tempo inteiro) riram horrores, mas horrores MESMO. Então você pode imaginar o quanto eu ri.
MUITO. Tipo o Sirius, que agora ‘ta deitado no chão apertando a barriga e tentando ver a calcinha da Lene ao mesmo tempo, aproveitando que Harry tava olhando pra Luana.
Ah, ‘ta todo mundo realmente muito bêbado...
Menos meu cavalheiro da armadura reluzente.
- Agora você vem comigo. – sussurrou James no meu ouvido, de pé atrás de mim, e ele começou a me puxar pela cintura até o dormitório masculino, e nós nem precisávamos ignorar os olhares e as fofocas, porque dessa vez elas não existiam, já que a Luana Pego chutada era o centro de todas as atenções.
&&&
- James? – eu disse, ou melhor, miei, vestindo uma blusa enorme e azul dele e um samba-canção do Sirius que eu adorava. Não que nós dois tenhamos feito alguma coisa, não, não. Ele só me trouxe pra cá, me deu uma toalha e essas roupas e disse “toma um banho que eu to te esperando aqui”.
Gracinha.
- O que? – ele disse saindo de dentro do banheiro, os cabelos úmidos, terminando de colocar a camisa branca. Ele se sentou do meu lado, que estava deitada na cama dele com a coberta até o meu queixo, surpreendentemente sentindo um frio do caralho, e ignorando o coro de bêbados lá de baixo que gritava “VIRA, VIRA, VIRA, VIRA, VIRA!” ao som de “Reach out” da Hilary Duff.
Aposto que a Lene colocou a música. E que ela que ‘ta virando a bebida.
- Você ficou bravo comigo? Por causa da parada com a Pego? – eu sei, que ridículo. Por que eu tava perguntando isso pra ele? Quer dizer, era a Evil Luh. Ela meio que totalmente merecia. Alias, ela TOTALMENTE merecia a parada de navalhas e limões.
E lá estava James, suspirando e olhando pra mim, sorrindo como quem diz “a mesma Lily de sempre”.
- Não. – ele disse, com aquela voz rouca dele. – Aliás, foi realmente muito engraçado. E mesmo se eu não achasse isso, que direito eu teria de ficar bravo com você pela Evil Luh?
Eu sei, baby.
- É só que sei lá, você ficou tão quieto depois de tudo aquilo que fiquei... – eu comecei coçando minha nuca, mas fui interrompida por todo mundo lá embaixo gritando coisas como “AH QUAL É, MCKINNON!”. A Marlene realmente é a rainha das festas. - ...com medo.
- Medo de que? – ele perguntou casualmente, piscando pra mim.
- De que você estivesse bravo ué.
Ele sorriu mais ainda e chegou perto de mim pra me dar um beijo na testa. Depois se levantou de um salto e começou a andar até a cama de Sirius, enquanto apagava as luzes com um aceno de varinha.
Eu obviamente estava na cama dele.
- Lily Evans, eu não ficaria bravo com você por uma besteira dessas nem em um milhão de anos, então... Cala a boca, ‘ta legal?
Se eu soubesse que as pessoas me mandariam calar a boca com tanta freqüência, nem teria perdido meu tempo aprendendo a falar.
Devia ter virado mímica.
- Boa noite, querida. – ele murmurou depois de se jogar na cama do melhor amigo dele.
Eu não sei quanto ele, mas eu estou loucamente acesa e meio bêbada ainda. Amanha ia ser uma bosta total. Ressacas espalhadas por todo o castelo, a McGonagall brigando com a gente por termos ignorado todas as regras da Festa do Leão, tentativas de terrorismos da Lufa-Lufa contra a Torre da Grifinória (Luana Pego idiota)... E ainda, só pra variar um pouco, Sonserinos.
Merde triple.
Uma coisa de vidro realmente muito grande quebrou lá em baixo, porque houve um CRACK enorme que deu pra ser ouvido até aqui, e logo em seguida um coro de OOOOOOOOOOOOOOH. Menos o Sirius, o Remus e o Peter, que gritaram “SEBOS & OSSOS! NÃO!”.
Oh.
- James? – eu chamei meio risonha, imaginando a cena lá debaixo.
- Lily? – ele disse com o mesmo tom que eu, então nós não seguramos a risada.
- Você se incomoda em dormir aqui comigo? – eu soltei de uma vez, apertando com força e com as duas mãos a barra da coberta cheirosa dele. Ele ficou um tempo quieto e depois deu um suspiro bem pesado, e disse meio que com a voz falhando:
- Eu não sei se ia conseguir me segurar, Lil.
Então eu percebi que faltava uma coisa pra deixar tudo perfeito. Eu ainda tinha que dizer uma coisa que ele merecia ouvir. E lá estava eu, dizendo aquelas palavras que provavelmente, um dia, iam fazer tudo voltar a ser como era antes.
- Eu confio em você.
Ele ficou em um surpreso estado de choque por tipo uns dez segundos, então se levantou e bem devagar, como se esperasse que eu gritasse “É MENTIRA, OTÁRIO, SAI DAQUI!”, começou a andar até mim por um tempo que pareceu uma eternidade, mas finalmente, ele chegou à sua própria cama, os adoráveis olhos castanhos esverdeados e azulados um pouco arregalados e surpresos, sorrindo levemente. Eu ergui o edredom e ele se deitou do meu lado, e lá estava eu, a ruiva bêbada, deitando no colo dele como se nada de ruim tivesse acontecido entre a gente. Ele suspirou nos meus cabelos e me abraçou, e eu o abracei, e tudo, de repente, melhorou. Até minha dor de cabeça em crescimento.
Pois é, Pego. Você me deixou puta por um tempo. Catou meu namorado, me deixou cega pelo orgulho, me fez terminar com ele. E riu da minha cara horrores que eu sei. Mas adivinha só quem é a bêbada que esta tendo seus cabelos lisos e molhados afagados por James Potter?
Pois é, querida. Nós, que rimos por último, rimos horrores.
Atentados contra nossa Torre no dia seguinte são só conseqüências.
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No próximo Capítulo:
“Tinha um TAPETE de gente desmaiada bêbada tampando o chão da Sala. O chão, os sofás, as mesas, as poltronas, nos assentos das janelas... Tudo estava coberto de coma alcoólico. E eu estava começando a me sentir dentro de um Campo de Concentração do Hitler.”
MAIS
“E foi assim o primeiro treino da Seleção Mirim da Inglaterra. Uma bosta. A gente fez dois times, o reserva e o titular, e todo mundo jogou MUITO mal. Os artilheiros nem chegavam perto de mim, mas quando chegavam, faziam gol, porque eu não conseguia mais me mexer. O James caiu da vassoura três vezes enquanto o pomo rodava em volta do pescoço dele. A Lily ficou dormindo em cima da vassoura durante metade do treino. É claro, então, que o Sirius fazia a festa com os balaços e nós, pobres mortais, que sentimos dor de cabeça e náusea quando bebemos demais.”
MAIS
“- Você quer namorar comigo pra todo o sempre?”
Capítulo IV de certas Aborrecências:
Um dia do caralho
OU
Harry Evans narrando o pior treino da história dos treinos de quadribol e dos treinos de tudo.
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