Capítulo 02



 - CAPÍTULO II -


Vocês sabem que eu não presto


OU


Sirius Black narrando o resumo de sua vida sem seu anjo


 


 


Fumar cigarros, virar copos de tequila e ouvir New Found Glory.




Isso resume as minhas férias.




Eu nunca senti uma coisa assim na minha vida inteira, e nem ao menos cogitei em algum dia ficar nesse estado. Tava simplesmente toda a família lá em casa, e mais algumas outras famílias que eu não suporto, porque como as minhas primas estão chegando à idade de casar, tinha “candidato” pra tudo o que é lado (eu ri muito com eles. Quer dizer, na verdade, eu ri muito deles, mas disso eles não sabem). Então quando eu não me trancava no meu quarto e fazia aquelas besteiras que eu não recomendo pra ninguém (só ouvir New Found Glory), eu conversava com a Bellatrix e com a Andrômeda, que sofriam tanto quanto eu.




Já a Narcisa ‘ta um saco. Não parava de gritar pra quem quisesse ouvir que Beaxbatons é trilhões de vezes melhor e mais bonita que Hogwarts, e desfilar pela casa toda com aquele uniforme azul ridículo, e de esfregar na minha cara que ela via a Angelina todos os dias.




- Ela ‘ta realmente... Ótima. – ela dizia, sorrindo levemente. – Fisicamente, eu quero dizer. Continua o mesmo moleque de sempre.




- Por que você não faz uma coisa que preste e nos fala por que aquela idiota não veio pra cá com você? – perguntou Bellatrix, revirando os olhos.




- Ela ‘ta no sexto ano, então ela fica até o final de setembro em aulas.




Mas eu fiz um trato comigo mesmo: eu iria ficar nessa depressão apenas nas férias. Eu ia ficar sem tomar banho, vegetar na cama, queimar meus pulmões, estourar meu fígado, criar uma crosta de sujeira de semanas em mim... Resumindo, eu iria virar o Ranhoso, mas só nas férias.




Afinal, eu sou Sirius Black.




E hoje é 2° de setembro. Período escolar. E eu tenho fãs, amigos e groupies para agradar.




Ah, o segundo de setembro. É praticamente o primeiro dia oficial de Hogwarts. Nós podemos dar uma volta pelos terrenos da escola pela primeira vez, vemos as saudosas garotas com o uniforme semi-pornô da escola na luz solar, o que significa pernas nuas brilhando e nenhuma capa por cima dos corpos femininos.




Claro que temos aulas, mas isso é só um detalhe.




- Rapaz, eu senti falta dessa sala. – disse James suspirando, embora seus olhos estivessem grudados nas pernas da menina que passava por nós, sorrindo.




Eu, ele, Remus, Peter e Harry estávamos sentados nas grandes, vermelhas, aconchegantes poltronas ao redor da lareira da Torre da Grifinória (pra variar). E é claro, não estávamos sentados pra valer, só... “Jogados”. E Harry, lógico, deitado/esparramado no maior sofá sozinho.




- Imagina só então quando finalmente, na nossa tarde livre, a gente for pra beira do lago. – eu disse, sorrindo. – É lá, meu colega, que elas tiram as meias e os sapatos e sentam de pernas cruzadas na grama.




- É lá que por um minuto, elas esquecem das saias. – disse Peter, e nós rimos.




- Bebê! – gritou Lene, descendo as escadas no dormitório feminino meio correndo, fazendo biquinho com a boca. Harry também fez um biquinho, e ainda deitado, abriu os braços, esperando ela se jogar em cima dela, o que ela fez.




Uau, uau, uau, uau. E uau. A Lene é realmente... Uau. Ela ‘ta MUITO bronzeada, toda douradinha, e os cabelos dela estão mais escuros e mais ondulados, cacheados, sei lá, com uma franja de lado lisa, e os olhos azuis enormes e maquiados.




Uma bunda, um peito, enormes.




A saia preta do uniforme dela era mais curta que as das outras, porque ela coloca meio que um enchimento de baixo da saia dela. Ela não estava usando nem a blusa branca, nem a gravata, nem a capa. Ela usava apenas a blusa-moletom-cinza do uniforme, que é supostamente feito para se usarem por cima da blusa branca, então tem um decote em “V” pequeno (pra mostra a gravata), e ficou surpreendentemente lindo nela. É mais apertadinho que a blusa, então dá pra ver certinho a cinturinha fina dela, o brasão da Grifinória no peito esquerdo dela, o cabelo todo solto e rebelde.




Eu, sinceramente, acho ela a mais gata dessa escola.




Nesse ano.




Harry cagado.




E ela ‘ta usando um sapato de salto alto que faz ela parecer uma daquelas modelos pornôs famosas.




- Que aula a gente têm agora? – perguntou James.




- A gente ainda tem que pegar os horários no café da manhã. – disse Mimi, descendo calmamente as escadas. Linda, maravilhosa, veela, perfeita, gostosa...




Bem no meio da minha narrativa descritiva em homenagem à Mimi, Remus se levantou, passou um braço por cima dos ombros dela e começou a andar.




- Hey, seu otário, solta a minha veela! – eu disse, mas Remus só me mostrou o dedo e saiu da Torre, enquanto a Mimi ria com ele.




- Não se preocupa, a sua ruiva ‘ta aqui, Black. – disse Lily rindo, chegando perto da gente. Ah, ruivas, as mais quentes.




- Ah, ruivas, as mais quentes. – eu disse pra ela sorrindo. GATÍSSIMA MARAVILHOSA.




- Oi, Lily. – disse James, sorrindo e se sentando direito.




- Evans, Potter.




- Oi, Lily Evans Potter.




- Arght. – ela resmungou e saiu andando pra fora da sala.




- Vamos comer também? – perguntou Peter.




- Não. – disse Harry, beijando a Lene.




- É fácil pra você, você já ‘ta comendo.




- Vocês não desgrudam não?




- Não.




- É que a Lene é muito grudenta.




- Lene, gruda assim em mim?




- Até parece, Sirius, ela é chegada em bronzeados, não em albinos. Ai, doeu!




- Lene, se eu tomar sol e surfar, você gruda assim em mim?




- Fala isso mais uma vez, Black, e eu te quebro em três.




- Sim senhor.




Ah, as mulheres me amam. Menos o Harry, ele é uma mulher muito teimosa.






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- Pô! – disse Lily, sorrindo. – Vocês podiam, por favor, parar de secar todas as meninas que passam por vocês?




- É, as mais gatas de todo o castelo já estão aqui mesmo. – falou Lene casualmente, e Harry olhou para ela pelo canto do olho.




- Mas duas das três já estão comprometidas. – eu disse, arqueando uma sobrancelha. – Se bem que Lene, eu não tenho ciúmes.




- Black, eu to falando... – começou Harry, me apontando a faca que ele usava pra passar manteiga, com a cara bem séria, mas a Lene deu um selinho nele pra acalmar o monstro.




Harry é forte. Muito forte.




- Bom, é isso aí, duas delas estão comprometidas e a terceira parece uma freira. – disse James, para todos nós (menos a Lily) gargalharmos.




- Eu não pareço uma freira, Potter! – ela gritou, indignada. Então abaixou o tom e disse, com o nariz arrebitado. – Muito ao contrário, alias. Fiz umas coisas nas minhas férias que aposto que você só fez com as suas mãos, e outras que você não pode nem imaginar.




Ah, como eu ri.




- Então por que você não me mostra, hein, ruivinha? Quer sair comigo?




- O dia em que eu sair com você, Potter, vai ser pra te decapitar com apenas as unhas da minha mão! Não ferra! – ela gritou, e começou a se levantar.




- ‘Ta certo, pronto os dois. – disse Harry, que era o único de nós que não ria. Ele fica realmente sério quando a Lily e o James fazem essa putaria, sempre. Lily olhou torto pra ele e voltou a se sentar direito. A gente ficou uns dez segundos em silêncio, só comendo e bebendo no meio da mesa da Grifinória no Salão Principal, até que...




- Freira. – disse James, olhando pra baixo.




- ‘Ta bom, agora chega. – disse Lily se levantando, realmente vermelha. Ela pegou uma rosquinha da mão do Remus. – Eu vou enfiar essa porra dessa rosquinha bem no meio do seu...




- Senhorita Evans! – opa. É um complô. Só pode. A McGonagall todo o ano tem que nos entregar os nossos horários em uma hora realmente inapropriada (e engraçada). – Isso são modos?




- Mas professora...




- Sem mas, senhorita! Cinco pontos tirados da Grifinória! – ela disse, com aquela cara azeda dela. – Agora sente-se e preste atenção quando eu chamar o seu nome!




- Sim senhora. – ela disse se sentando, enquanto James ria silenciosamente na frente dela.




- E aí, Minnie, como foram as suas férias? – eu perguntei, pegando o meu horário.




- Não é do seu interesse, Black. – ela disse, distribuindo os horários para todos nós.




- Ah, muito pelo contrário, é por isso que eu pergunto. – eu continuei sorrindo. – Muita festa e homem?




- Dez pontos a menos para a Grifinória. – ela disse e se retirou.




- Aê, valeu, babacas. – disse Remus dando um pedala em mim e na Lily.




- O que nós podemos fazer se somos completamente perseguidos? – eu perguntei, e Lily concordou.




- Então, nossas aulas são todas as mesmas? – perguntou Harry, a boca cheia.




- Aham. – respondeu Lene, enquanto estudava o horário de todo muno um do lado do outro. – Só a Mimi e o Remus que tem umas três aulas a mais que a gente.




- Vocês ficaram em Adivinhação?! – eu gritei, indignado, olhando pros dois.




- A Mimi quis ficar, então... – disse Remus, fazendo um cafuné atrás da orelha dela.




- Idiotas! – disse James, com o cenho franzido.




- Nosso primeiro tempo é História da Magia, é melhor a gente comer mais devagar. – disse Lily. – Eu não quero ver aquela porcaria daquela aula.




- Ah, tudo bem, eu ainda quero comer mais mesmo. – disse Peter dando de ombros, e nós todos sorrimos percebendo o quanto aquela frase fazia parte do nosso cotidiano.




- E aí, Marotos, o que nós vamos fazer hoje? – perguntou Marlene passando geléia no pão do Peter.




HUM, PETER GARANHÃÃÃO!




- Bom, a gente tem um pequeno plano pra hoje de tarde... – disse James, sorrindo e me encarando. Eu fingi que não era comigo, mas só pra deixar ele com cara de idiota, porque eu sei sim do que ele ‘ta falando.




Ah, como sei.






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- Não, não, muito podre, Potter. – disse Remus. O monitor exemplar, olha só... – Tem que ser algo poderoso...




- Tornados! – eu gritei.




- Misterioso...




- A sexualidade do Peter. – e eu acabei de levar um soco do Peter. Que vergonha!




- Mas ao mesmo tempo, compreensível...




- James Potter é viado.




- Esse filho da puta tirou o dia pra apanhar!




- E bonito!




- Sirius. – eu dei de ombros, como se fosse a coisa mais obvia do mundo. Mas é claro que a coisa mais obvia do mundo, que era eu levar um soco de cada um, aconteceu, e doeu pra caralho.




Só que, como realmente era a coisa mais obvia do mundo, eu me abaixei, fiz uma parada muito estranha, e de algum jeito, nós quatro batemos as nossas cabeças.




- Seus idiotas! – eu gritei, passando a mão na testa.




- Idiota é você, que não cala a boca! – disse James, massageando a cabeça, que provavelmente está fodida de quebrada, já que minha cabeça é bem dura. Eu olhei pra ele e comecei a rir.




- Quebrou os chifres, Pontas? – perguntei, e ele revirou os olhos, me ignorando.




- Hey... – começou o Peter, parando de massagear a sua nuca e com o olhar meio vago. Coitado, acha que é esperto. – Que tal “Sebo e Osso”?




AI. MEU. DEUS.




Como se não bastasse esse rato já ter me dado um SOCO hoje, ele que tem a idéia (mais genial) do nome do nosso plano?




O PETER?!




- Quem é você e o que você fez com o Rabicho? – perguntou James, que estava tão surpreso quanto Remus (que estava de boca aberta) e eu (que não conseguia nem achar palavras e ficava abrindo e fechando a boca sem parar feito um perfeito idiota). Peter deu de ombros, sorrindo de lado.




- Apesar de tudo, eu sou um Maroto. – ele disse, e nós três fizemos para ele a grande Saudação da Lua Cheia, cada um fazendo a parada que seu animal animago faz (latir, no meu caso), de um jeito muito exagerado e gay, correndo ao redor dele.




- Certo, cavaleiros. – disse Remus, arqueando uma sobrancelha. – A missão Sebo e Osso está iniciada. Nos encontramos em meia hora na beira do lago, atrás da árvore de sempre.




Câmbio!






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Três e quarenta e cinco da tarde, 2° de setembro de 1976, Colégio de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a beira do Lago Negro. Estava quente naquele dia. Um belíssimo, gatíssimo, charmoso rapaz de cabelos negros e olhos gelados andava, com suas mãos nos bolsos na calça, um olhar desconfiado. Onde estava? Onde estava Severus Snape? Ele era essencial na missão Sebo e Osso. Na realidade, o Seboso era a vitima da Sebo e Osso. E onde estava? Se o jovem Sirius não conseguisse lançar a azaração no Ranhoso, estaria tudo fodido. Digo, acabado. A missão iria falhar, e seus amigos estranhos e inúteis lhe castrariam.




Arght, eu tenho que melhorar a minha narração em terceira pessoa.




Ah, ali ‘ta ele. Eca. Bom, vamos nos desconcentrar na aparência grotesca dele de 16 anos, se não eu começo a vomitar e não paro mais.




Olha o que eu tenho que fazer: (é a parte mais fácil do plano) eu só azaro ele. Uma única azaração em qualquer parte do corpo, que ele nem vai sentir. O resto é com os outros três.




Peguei minha varinha e me escondi atrás de um arbusto (onde tinham duas meninas que me olhavam como se eu fosse o próprio Aquiles numa tática de guerra, com aquele olhar de “venha me comer, senhor Aquiles Black”) e sussurrei “Sebunes Sequintenus” e um tiro certeiro de ar voou da minha varinha até as costas do Snape, que continuou andando normalmente.




O normalmente dele, todo curvo e torto.




Andei até a nossa árvore, que ficava mais ou menos perto de onde ele estava, e me sentei de baixo dela. Tirei o Espelho de Duas Faces da minha mochila e chamei pelo James.




- E aí? – ele disse, sorrindo enorme, a animação dele era quase tocável. Eu podia ver Peter e Remus mais para trás, tentando segurar alguma coisa que parecia se mexer muito.




- A azaração foi um sucesso. Eu devo dizer um tiro perfeito. – eu disse estufando o peito, James fez uma careta.




O grupo do terceiro ano da Lufa-Lufa que estava sentando na arvore do lado da minha ficava me olhando, ansioso, desde que eu sentei ali e peguei o espelho, sussurrando tipo “olha, os maroto tão fazendo...”. Toda a escola sabe que a gente vai fazer uma com o Snape hoje, porque a gente pediu uma ajudinha com o, hm, material e aí acabou espalhando. Eu só espero que não tenha ido pros ouvidos dos Sonserinos.




- Certo. – disse James. – Nós vamos liberar o Sebo e Osso.




Suspirei e me joguei na grama, guardando o espelho. Eu podia sentir olhares de muitas meninas sobre mim, e eu podia dizer que isso não é importante pra mim, mas eu estaria mentindo. Quer dizer, não que eu ligue pra isso. Eu gosto. Agora que eu já tive a menina mais linda que eu já vi na minha vida e perdi ela... Bem, eu não acho que eu quero ficar esperando ela chegar sozinho, sabe?




Portanto meninas, ah, amem o Sirius, façam o que quiserem comigo, eu sou de vocês. Vocês têm um ano pra me fazer o cara mais comido do colégio.




Epa, espera, eu já sou isso.




- SIRIUS BLACK SOZINHO? – gritou Lily, que vinha correndo até mim, e se jogou do meu lado, também se deitando. Eu sorri e passei um braço ao redor do ombro dela, e ela deitou no meu peito. – O que vocês quatro tão aprontando, hein?




- Você vai ver. – eu disse sorrindo, e ela também sorriu. – Cadê suas inseparáveis?




- Duas estão vindo pra cá e uma ‘ta na França. – ela suspirou tristemente e fechou os olhos, e eu também fechei os meus. Mas porque eu achei que ia chorar.




Mas então uma parada realmente louca aconteceu.




Eu ouvi uma voz.




Não se assustem, leitores, não foi nada assustador, que me fez ficar traumatizado nem nada. E muito menos foram aqueles dramas assustadores de Hollywood, onde a voz fala do nada e o mocinho quase que quebra o pescoço, dando uma volta enorme com ele pra olhar pra trás. Foi uma voz baixa, mas ao mesmo tempo alta. Como se ela estivesse sendo sussurrada no meu ouvido.




Era a voz da Angel.




Não ouse ficar deprimido”.




Só isso. Me disse como se estivesse ali, deitada no lugar da Lily, após eu ter contado pra ela como foram minhas férias deprimentes, e eu tivesse dado aquele mesmo suspiro mórbido que eu acabei de dar pra Lily. “Não ouse ficar deprimido, Six”, ela costumava me falar, “porque isso não é nem a metade do que você vai ser obrigado a agüentar a vida inteira. Então sorria pra mim e enterre essa dor”.




E, por mais incrível que possa parecer pra vocês, sensíveis, isso me animava, e me fazia rir horrores.




Eu abri os olhos e olhei pra baixo, esperando encontrar um emaranhado de cabelos pretos lisos e enormes, mas só havia os curtos cabelos ruivos da Lily. Eu olhei pro lago, esperando ver ela lá, me olhando com aqueles olhos prateados, mas a única coisa que eu vi foi o Snape ainda andando feito uma topera.




O que diabos ‘ta acontecendo comigo?




- Almofadinhas! – eu ouvi do espelho a voz de James, e peguei-o. Ergui ele a ponto de me mostrar, mas aparentemente James também viu os cabelos de Lily, e fechou a cara pra mim. – A gente soltou a fera.




Sorri maroto e me virei para Lily, que me olhava confusa.




- Senhora, se aconchegue mais... – eu disse me sentando e fazendo ela se sentar do meu lado. – O show vai começar.




Porque é esse show que a gente faz de melhor.






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- O que EXATAMENTE é aquilo? – gritou Lene, que vinham correndo com Mimi até nós dois, rindo muito. Assim como todo mundo que ‘tava do lado de fora do castelo.




Bom, eram Sebo e Osso, haha! Ta, foi podre. Tem um esqueleto enorme (maior do que eu até, e olha que eu sou alto) que tipo, a única coisa que ele tem são os ossos mesmo, e um cabelo todo ensebado, mais até que o do Seboso (acreditem). E ele fica seguindo o Snape pra todos os lugares que ele ia, às vezes imitando ele, às vezes xingando. Tava muito engraçado, todo mundo ta morrendo de rir.




- Aquele é o Sebo e Osso, irmão do Seboso. – eu falei vendo Remus, Peter e James que vinham correndo até onde a gente tava.




- Fala sério, nós quatro somos o máximo. – disse James se jogando em cima da Mimi, que gritou de dor.




- Cai fora, Potter, tu ‘ta no meu lugar. – disse Remus puxando James pela gola da camisa e jogando ele em cima da Lily, que deu um soco nele e jogou ele em cima de... Mim.




- Ah, que fofos. – eu disse ironicamente, abraçando o James. Daí eu que apanhei e ele ficou de pé, mas só pra no outro instante se jogar na Lene, que gritou feito uma louca varada.




- Potter, se você não quiser levar a surra da sua vida... – disse Harry, que chegava perto da gente.




- Saí, saí! – ele gritou e se levantou. – Harry possesso...




- Sou mesmo. – ele disse puxando a Lene. – Black, eu tenho um recadinho pra você.




Opa.




- De quem? – eu perguntei pegando o pedaço de pergaminho que ele me dava.




Se for possível, Sirius Black, você ‘ta mais gato do que no ano passado.


Por que você não vem aqui na Ponte sobre o Lago e descobre o que há de bom na vida?


To te esperando. Agora.”


 


- Eu tinha visto que já tava demorando... – disse Remus, revirando os olhos.




- Você vai, Sirius? – perguntou Lily, me olhando incerta.




Hm. Fala sério. Eu tenho 16 anos recém feitos, to cheio de hormônio. E eu não to dizendo que a coisa ta apertada pra eles não, eu... Hm, acalmei eles bastante nas férias com as minhas vizinhas trouxas. Mas eu acho que eu preciso me divertir, certo? E é o que a bruxa da minha mãe fala, cavalo dado não se olha os dentes. Afinal, o que essa oferecida vai significar pra mim mesmo daqui a um ano?




- Ah, vou. – eu disse me levantando, afrouxando a minha gravata e bagunçando os cabelos da Lily. Ela não vai gostar, eu sei. E se a Angel descobrir que eu fui num encontro com uma menina que me deu um bilhetinho tão... Dado... Bom, ela me mata.




Mas ela não ‘ta aqui, certo?




- Sirius... – começou James, me olhando.




- Eu volto de noite. – eu disse, e comecei a caminhar até a ponte, as mãos nos bolsos. Eu tenho certeza que eles acham que eu to comendo toda a menina que sai comigo porque eu to carente, e com saudade, e deprimido, e fico me iludindo, mas não é isso.




Ah, ‘ta bom. É bem isso mesmo. Eu to fodido de saudades da Angelina Johnson, acho que a qualquer momento desse ano eu me suicido. Mas o que é que eu posso fazer? Ficar na seca, me deprimindo mais ainda? Eu tenho que achar um jeito de me animar, certo? De esquecer a Angelina pelo menos por esse ano. Então eu vou sim comer todas as saias (e o que tem dentro) que me forem oferecidas, porque nesse ano, eu não sou de ninguém.




Ano que vem é outra história.




E então pela segunda vez do dia, eu ouvi a voz dela. Mas não indiferente e tediosa, como estava na outra vez. Estava mais irritada, um pouco ácida.




“E é assim que você acha que você vai ficar bem?”, ela me perguntou, e eu apertei minha testa. É, Angelina. É bem assim.




Cheguei à ponte e vi uma menina linda, realmente linda, apoiada no encosto da ponte. Ela era morena dos olhos azuis.




Coincidência?




E um corpo simplesmente maravilhoso também, mas sei lá. Nada extraordinário, sabem?




“E caraca, é por isso que você vai me trocar? Por um clone meu?”, ah caralho, ela percebeu. E não, eu não to trocando ninguém, eu só to... Substituindo.




- Oi, Black. – ela disse, sorrindo tentadoramente, me olhando de cima a baixo. Dei o mesmo sorriso.




- Eu posso saber o nome da protagonista dos meus sonhos dessa noite? – sussurrei no ouvido dela, e ela fechou os olhos.




- Julie. – ela disse, pra depois me beijar ali mesmo, no meio do lago.




Nada extraordinário. Mas nada nunca mais foi extraordinário pra mim depois do meu Natal, então fazer o que?




Beijar de volta.






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Ah, a vida é bela!




Na boa, é mesmo! Eu tenho os melhores amigos do mundo inteiro, meu melhor amigo, aliás, é o mais próximo de irmão o possível, to comendo não apenas a menina mais gostosa do colégio, mas as cinco meninas mais gostosas do colégio (fora a Lene, claro. Ela ‘ta na minha lista, porém, só to esperando uma parada muito mortal acontecer com o surfista do mal), zôo do Ranhoso e sua tropa gay todos os dias, to indo bem na escola e estou indo para Hogsmeade com meus três melhores irmãos.




E eu sou lindo!




- Eu acho que nunca esteve tão frio na Grã-Bretanha. – disse Remus, se esquentando com as mãos.




- Quem disse que eu ligo pro frio? – eu disse, sorrindo. – Eu só quero entrar naquele pub e beber todas as cervejas amanteigadas que forem capazes de destruírem o meu fígado!




- E eu estou com você, parceiro. – disse James me abraçando pelo ombro.




- ‘Ta certo, eu e Peter vamos à Zonkos, vocês vão indo lá guardar lugar pra gente ficar bêbado, ‘ta legal? – disse Remus, e pegou a outra estradinha, enquanto eu e James íamos retos.




- Beleza que a gente ‘ta sozinho, cara, porque eu quero falar com você. – eu disse, e James sorriu pra mim.




- ‘Ta tudo bem? – ele perguntou.




- ‘Ta, ‘ta sim. – eu disse coçando a minha nuca, olhando pra trilha de neve. – É só que... Pontas, eu acho que é uma boa você e a Lily pararem com essa putaria.




- Ah, qual é, Sirius. – ele disse, rindo. – Até parece que eu não vou agüentar essa brincadeira!




- Você eu sei que agüenta, James. – eu disse sério, olhando nos olhos dele. – Mas eu não posso dizer nada sobre a Lily.




James fechou a cara e olhou pra baixo.




- Ela não me pediu pra parar até agora. A única coisa que ela faz é me dar foras e mais foras. E quanto mais foras ela me dá, mais eu quero fazer ela dizer que sim.




- Mas ela não vai mais dizer que sim pra você, Pontas, essa é a questão. Não depois do que você fez pra ela no ano passado. Eu sei, eu sei que não foi você! – eu disse ao ver ela se virar pra mim vermelho. – Mas na cabeça dela, você é o filha da puta da historia. Sacou? Então por que você não puxa ela pra uma conversa e pede trégua?




- E ela lá aceita conversar comigo? – ele disse, parecendo pela primeira vez desde as férias, triste. – Ela nem olha pra minha cara, Sirius. Ela nem aceita mais o fato de que eu estou ali do lado dela. Pra ela, eu sou tão tocável e real quanto o Nick Quase Sem Cabeça.




- Então aí, você pode usar um pouco de força bruta, certo, cara? – eu disse abraçando ele pelos ombros, realmente sentido pelo meu amigo. – Se ela não te der escolha, tranca ela numa sala e grita até ela entender. – eu dei dois tapas no ombro dele. – Eu sei que vocês ainda querem fazer parte da vida um do outro. Vocês só são... Cabeças duras demais pra fazer isso sozinhos.




Ele sorriu e falou:




- Valeu Sirius. Você é realmente o meu pior amigo.




A gente ficou se olhando, um momento bem gay nosso, que se tornava cada vez mais freqüente com o passar dos anos. Eu acho que ninguém nunca vai amar um amigo como eu amo James Potter. Eu acho que nunca vai existir uma amizade como a minha e a dele. Entre nós dois, mais do que conversas e zoeiras, tem amor e compreensão. Pouca gente sabe disso, mas tem. E muita. Eu sei que eu posso contar com esse filho da puta pra absolutamente tudo.




- É, eu sei. – eu disse, soltando ele e olhando pra frente. Nós abrimos a porta do pub, e nos jogamos um do lado do outro numa mesa no meio daquela bagunça.




Hoje, nesse sábado, as meninas resolveram fazer um passeio só de meninas, porque a Lily pediu. Então elas estão em uma mesa lá do outro lado do pub, rindo sem parar, e nós vamos sentar bem longe delas, e não passar a tarde com elas.




- O que meus meninos favoritos vão querer? – perguntou Rosmerta, chegando perto da gente. É incrível como ela sempre tem um decote monstruoso nas roupas.




- O seu whisky mais forte, Rose! – disse James, sorrindo. – Quatro copos!




- Vocês são maiores de idade? – ela perguntou, nos olhando nos olhos. Nós três ficamos em silencio por tipo uns cinco segundos, até começarmos a rir. – Eu já trago, Marotos.




- Rápido pooooooooorrrrraaaaaaaa. – eu disse, e ela sorriu pra mim, e eu sorri pra ela, e um clima rolooooooou...




- Eu acho que eu vou comer a Rosmerta hoje, caro Pontas. – eu disse, ainda olhando pro decote monstruoso dela.




- Ah, cala a boca! – ele gritou, rindo. – Todos os meninos do colégio já tentaram levar ela pra cama e não conseguiram, por que você acha que você vai conseguir?




Eu olhei pra ele e dei de ombros.




- Porque nenhum deles era Sirius Black.




- Ah, eu esqueci desse detalhe. – ele disse fazendo careta. Remus e Peter então se sentaram na nossa frente, fazendo uma rodinha de nós quatro, no mesmo instante que uma garçonete colocou as quatro bebidas na nossa mesa.




- Um brinde, Marotos! – disse Remus, erguendo o copo dele, e todos nós fizemos o mesmo. – Por mais um ano de pura parceria, pelas mulheres da França e por jogadoras de quadribol em dia de chuvas com uniformes brancos colados ao corpo!




- Por uma adolescência repleta de sexo! – disse Peter, erguendo o copo dele.




- Por uma vida repleta de sexo! – eu disse, rindo.




- Por isso tudo e todo o resto que vem no lema de vida dos Marotos! – completou James, rindo, e nós quatro brindamos, pra depois virar tudo goela abaixo.




A sensação de álcool descendo a minha garganta me relaxa de verdade. É como se passasse no meu cérebro um pensamento tipo “daqui a poço tu ‘ta bêbado e faz o que quiser”. Daí, eu me sinto o rei do mundo. E com direito a bobos da corte, três ainda!




- Manda mais uma rodada! – eu disse piscando pra garçonete, e ela sorriu pra mim. – Ah, Pontas, além da Rosmerta, eu vou levar essa daí também... Grande sanduíche lésbico de Black, como é que isso soa pra você, hein?




- Improvável. – ele me respondeu, me erguendo seu copo. Mostrei o dedo pra ele, e nós dois rimos.




Ah, era uma tarde bem txípica de nós quatro!






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E lá estávamos nós quatro, alegrinhos e retardados, andando pela Rua de Hogsmeade, gritando e rindo e caindo o tempo todo. Principalmente caindo. Aquela maldita neve não parava de cair e se meter no caminho de nossos pés, nossos abençoados e únicos feios pés, que só queriam dançar e correr nesse inverno.




Se bem que nem inverno é, então POR QUE CARALHOS ESTÁ NEVANDO?!




- Olha, olha, olha! – disse Peter, apontando pra vitrine de uma loja. Uma loja muito rosa e gay, para a minha humilde (e aparentemente única) masculina opinião.




- Ah, que treco bonito. – comentou James, se jogando na vitrine, seu nariz esmagando no vidro e as unhas arranhando a superfície. – Vou comprar pra Lily.




- James, vocês não namoram mais. – eu o lembrei, puxando-o pelos cabelos, enquanto ele murmurava um “ah é” meio choroso.




- A gente podia ir atrás das meninas, né? – falou Remus, e nós reviramos os olhos.




- NÃO. – gritou Peter, o pior de nós quatro. – NÃO. É TARDE DOS HOMENS. TARDE DOS MAROTOS.




- ISSO AÊ! – eu gritei também, tacando a minha varinha na nuca do Remus. – Ah, merda, não é assim que se faz?




- Fica quieto, Almofadinhas! – disse James, rindo.




Já haviam se passado horas que nós havíamos saído do Três Vassouras, e muitos vários copos daqueles também. As meninas estavam cuidando da gente de longe (acham que a gente não percebe!), um pouco irritadas, porque elas odeiem que a gente beba, e porque nós totalmente arruinamos a tarde de meninas delas quando subimos na mesa em que elas estavam no bar e começamos e imitar um monte de meninas fofocando sobre o Edgar Bones, um cara que elas acham bonitinho.




O cara é o cão, se vocês querem saber a minha opinião. AH, DROGA, NÃO. Cão não, cães são bonitos. Ele é um gato!




QUER DIZER, NÃO!




- FODA-SE, SIRIUS! – gritou James, se soltando e virando pra mim, que estava de olhos arregalados e realmente assustado da cara de maníaco que ele estava fazendo. Desde quando o James é vesgo?




Oh. Desde provavelmente uma hora atrás, quando ele jogou os óculos num bueiro. Lembrei.




- O que, viado? – eu gritei, dando um passo pra trás. Mas ele me segurou pela cabeça e grudou a testa dele na minha, e começou a falar:




- Eu vou seguir sua dica. Amanhã, eu vou atrás da Lily. Vou... Vou explicar tudo o que aconteceu, pedir desculpas por estar sendo um babaca, pedir pra sair com ela, levar mais um fora, e aconselha-la a ser minha amiga.




- VAI FUNDO CARAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – eu gritei, rindo, e ele me abraçou chorando, dizendo algo como “você é meu melhor amigo e eu te amo”, mas antes que eu processasse essa informação, empurrei ele (ele caiu no chão e começou a dormir, e o Remus e o Peter correram pra ajudar ele, mas eu nem vi tudo isso) e me virei totalmente pra Rosmerta, que fechava o Três Vassouras e se virava pra mim, sorrindo.




Ainda com o decote monstruoso dela.




Sorri do meu jeito a la Black, tentei ficar sóbrio e comecei a andar em direção dela. Ela sorriu, e quem praticamente brotou ali, do lado dela? A garçonete gatinha.




Sanduíche lésbico de Black, aqui vou eu!




E nesse instante, eu ouvi pela última vez do dia, a voz da Angelina, mas eu estava tão bêbado e tão vidrado nos peitos da Rosmerta, que eu não lembraria disso por muito tempo. Tipo, talvez... Um ano.




“Seja feliz”.








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No próximo Capítulo:


 


 


 


“- Cala a boca, Evans. E do jeito que vocês são descontroladamente loucas por mim, vocês ainda colocariam um anúncio nos murais do colégio sobre o meu desaparecimento.




Nós ficamos uns quatro segundos em silencio, apenas relaxadas e deitadas uma em cima da outra, olhando pra janela aberta e processando essa informação. Até que a Mimi disse:




- Meu anuncio informaria “Merci beaucoup”.




Ah, como nós rimos.”




MAIS




“- Galera, hoje de noite, na sala da Torre da Grifinória, Festa do Leão. – disse Sirius, sussurrando pra gente.




- Caramba, tem tempos que a gente não dá uma dessas festas! – eu disse sorrindo, enquanto a Marlene ia repassando a notícia pra toda a mesa. Que provavelmente teve a mesma reação que eu.




- É, eu sei. – disse Remus, rindo. – Foi no terceiro ano, e acabou com o Sirius o James e a Angelina cantando “La tristeza de tu adiós” em cima dos sofás.”




MAIS




“E ah, quando eu finalmente abri meus olhos, com a cabeça deitada no peito dele, eu olhei pra porta do banheiro tentando me acalmar e lá estava uma menina do segundo ano que eu não faço idéia de quem seja, sorrindo praquela cena. Eu sorri de volta pra ela, e ela saiu correndo, provavelmente indo espalhar que nós dois nos entendemos.”




Capítulo III de certas Aborrecências:


Nós, que rimos por último, rimos horrores.


OU


Lily Evans narrando a reconciliação.


 

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