Pesadelos...



N/A: Tempos depois........ Aí está !!!!!!!!

Boa Leitura !!!



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- Meu filho?

“Me ajuda...” – a voz de Draco ecoou na mente de Narcisa.

- Limpe sua mente.

“Crucio” – era só o que se ouvia. - “Crucio...”


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Hermione acordou com o corpo todo dolorido e a cabeça ‘pesada’. Depois de alguns segundos conseguiu processar algumas informações, como onde estava e quem segurava sua mão.
Malfoy estava deitado de barriga pra cima, o braço esquerdo dobrado ao lado do corpo para que pudesse segurar a mão de Hermione enquanto a outra mão pousava suavemente sobre o braço da garota que repousava sobre sua barriga.
Hermione estava sentada no chão, com a cabeça sobre a cama, a mão direita entrelaçada com a de Malfoy e a outra estava sobre o abdômen do rapaz. Ela levou alguns segundos para acreditar no que via, e principalmente, para assimilar que o corpo pálido e atlético que dormia preguiçosamente ao seu lado, parecendo tão tranqüilo, era mesmo de Draco Malfoy. Aos poucos ela tentou tirar suas mãos da dele, mas ele pareceu não querer soltar.
- Espere... – ele murmurou sem acordar. Mexeu-se na cama ficando de lado e abraçando o braço direito dela, se aproximando ainda mais.
A castanha arregalou os olhos e abriu a boca espantada, sem reação, e foi aos poucos se lembrando do que acontecera na noite anterior. Sua cabeça doía pelo esforço fenomenal que fizera para não se deixar ser atingida pelo feitiço que lançavam em Malfoy e que Harry, pela forte ligação com a mente de Voldemort, acabou sendo atingido também.
“Onde está o Harry?” – perguntou-se procurando ao redor. Pensou em retirar seu braço dali, mas o modo como Draco a segurava era tão carinhoso que ela hesitou.
“Isso não pode ser verdade!” – exclamou consigo mesma. – “Carinhoso, meigo, bonito... Ah, que loucura.” – recriminou-se pelo pensamento ‘inadequado’ ao observar mais uma vez o corpo que exalava um perfume envolvente, apesar do suor dos pesadelos, e de músculos tão bem definidos que estava tão próximo de suas mãos.
Com a mão esquerda livre ela puxou o lençol que estava num canto do colchão para cobrir o loiro que parecia estar com frio, pois ele estava encolhido na cama e como vestia apenas um short, ela pôde ver em seu peito, ombros e braços que a pele pálida estava arrepiada com o ar frio da manhã. A fraca luminosidade que entrava pela janela permitia a garota observar a expressão tranqüila que Draco trazia no rosto.
“Nem parece que quase fritaram o seu cérebro!” – ela pensou como se falasse com ele – “Será que ainda tem pesadelos?” – perguntou preocupada. “Onde está o Harry? Preciso vê-lo.” – angustiada com a dúvida, tentou novamente se soltar dos braços de Draco, até que conseguiu sair lentamente, deixando-o sozinho no quarto.
Antes de alcançar a porta parou abruptamente ao se lembrar de uma imagem que não era de sua memória. Olhou para trás e encarou o rapaz que dormia tranquilamente, como se pudesse rever seus pensamentos.
“Quem é aquela moça que estava com ele numa cozinha? Onde ele estava? O que ele veio fazer aqui?” – anotava mentalmente as questões que pipocavam com sua curiosidade. – “E aquele casal no jardim? A loira e... parecia o Sirius? Que loucura! Um gramado bonito, uma casa de madeira, aquela roupa marrom... Ahhhh!!!”
Fechou a porta com cuidado para não fazer barulho e seguiu pelo corredor, subiu as escadas até o quarto de Harry, entrando em silêncio. Encontrou o amigo dormindo um sono tranqüilo e viu Rony numa poltrona perto da janela. Sentou-se na cama de Harry e ficou observando-o, como se assim pudesse saber se ele estava bem e se tinha se livrado do mal da noite anterior.
- Ele dorme bem agora... – Rony sussurrou.
- Que bom... – ela falou baixinho, se levantou espreguiçando-se para alongar as costas ainda doloridas e foi até Rony, sentando-se na mesinha que ficava ao lado da poltrona. – E você, como está?
- Preocupado. Consegui dormir só agora pouco... o Harry não parava de falar, murmurava coisas sem sentido... E você, como está?
- Cansada... minha cabeça parece que foi feita de goma de mascar por um trasgo, meu corpo todo dói, mas acho que é porque dormi de mal jeito... Mas acho que está tudo bem agora, não está? Que horas ele veio pra cá? E como veio? Eu acho que eu apaguei.
- Eu fiquei rodeando o quarto toda hora... – ele falou sonolento. - Ia à sala toda hora dar uma olhada lá fora, pra ver se tinha alguém, mas não tinha, mas eu estava com a impressão que havia alguém... e certa hora, quando voltei ao quarto notei que estava muito silencioso e entrei, mas só vi... você no sofá... segurando... a mão do Malfoy... e tinha os olhos fechados, mas parecia acordada e exausta, e ele parecia um pouco agitado, mesmo dormindo. Fiquei com receio de te chamar. Corri procurar o Harry e quando entrei no quarto dele, vi Narcisa com ele no colo. Ele parecia inconsciente, e ela trouxe ele no colo! Sem magia! Com um pouco de esforço e tal, mas... mas sem magia! Colocou-o deitado na cama e o cobriu com um lençol e ficou ao lado dele, do mesmo jeito que você estava com o Malfoy, ela fechou os olhos e segurou a mão dele. Acho que até ele dormir... Eu fiquei sentado no corredor... – ele fez uma pausa para respirar profundamente e então continuou. – Mione, eu fiquei preocupado. Eu sinto muito não ter podido ajudar de alguma forma...
- Você ajudou Rony... – ela tocou em seu braço levemente, e mesmo se sentindo tão cansada ela sorriu carinhosamente para o amigo. – Precisávamos da sua segurança do lado de fora.
- Hummm... Ok. Você deve estar muito cansada... É melhor você dormir um pouco... Vem. – ele se levantou e estendeu a mão para a garota que sem hesitar a segurou e se deixou ser guiada ao seu quarto. Mal se deitou e o sono já tomou conta de si, dormindo imediatamente.

Quase no horário do almoço, Rony quase dormia no sofá da sala e Narcisa folheava desinteressantemente um livro qualquer, e estavam há algum tempo sem dizer uma só palavra. O ruivo não agüentava mais as dúvidas que pulavam em sua mente até que finalmente começou.
- Sra. Malfoy... – ele se sentou e esperou que ela o encarasse. – Eles vão ficar bem? Ainda estão dormindo... O que aconteceu, afinal?
- Foi muito exaustivo, Weasley. Usar a mente daquela forma exaure todas as nossas forças. Eu ainda estou muito cansada... eles são muito jovens ainda... – percebendo a aflição do rapaz, ela se adiantou ao pensamento dele e continuou. - Sabe, eu fico feliz que você tenha saído do quarto. Não me entenda mal, por favor. – ela acrescentou ao ver a expressão confusa do ruivo. – Senti-me mais segura ao saber que não estávamos fisicamente vulneráveis. Pude me concentrar totalmente naquele momento. Isso era fundamental. – ele suspirou aliviado. – E Weasley, não se esqueça que ao admitir uma fraqueza, como sua Oclumência, você se torna mais forte...
- Mais forte? Hummm... Nunca serei tão bom quanto a Mione... Aliás, acho que ninguém nunca será. Não é à toa que ela é a melhor aluna de Hogwarts dos últimos tempos. – ele falou com um sorriso orgulhoso.
- Obrigada Ronald. – a garota falou da escada. Andava devagar e ao se aproximar ouviu-os conversando e pegou o último comentário do amigo. Sorriu confiante descendo as escadas e parou ao lado do ruivo.
- Hummm... – ele resmungou envergonhado.
- Ainda estou cansada, mas estou com fome! – Mione reclamou antes que o rapaz dissesse mais alguma coisa. – Aqueles dois vão demorar a acordar? – perguntou para Narcisa.
- Não há como saber.
- Mas eles vão ficar bem, não vão? – a preocupação era explícita em sua voz.
- Vão sim. Estou certa disso.
- Rony, peça ao Monstro para preparar algo leve para almoçarmos, por favor. Vou dar uma olhada neles e já volto.
- Granger? – Narcisa chamou a garota que já subia os primeiros degraus da escada. Depois que a garota se virou ela prosseguiu. – A sua ajuda foi muito importante. Eu não teria conseguido salvar meu filho... sem você... – a loira não precisou engolir todo seu orgulho ao falar, pois estava sinceramente grata pela ajuda da garota. - Obrigada.
- Não há de que, sra. Malfoy, afinal a senhora também nos ajudou. O Harry também é muito importante pra mim. Vou ver como ele está... Com licença.
Hermione caminhou rápido até passar pela porta do quarto de Draco, que ficava no primeiro andar. Hesitou por um instante, mas entrou tentando não fazer barulho. A luz solar que invadia o quarto era delicadamente filtrada pela fina cortina verde, deixando o ambiente intimista e aconchegante.
O lençol que havia colocado sobre ele já estava novamente embolado nas pernas do rapaz, enquanto os braços envolviam o travesseiro. Ela se aproximou lentamente e pôde ver que, apesar de sua expressão serena com os cabelos caindo displicentemente sobre os olhos fechados, ele ainda estava com o sono agitado. Parecia murmurar alguma coisa, seus pés não paravam de se mexer, ainda que fossem movimentos mínimos, e as mãos apertavam o travesseiro como se quisessem se agarrar em algum conforto. Ela se abaixou devagar até sentar-se no chão, onde acordara.
“Como eu fui parar no chão se o Rony disse que eu estava no sofá?” – perguntou-se curiosa. “Ahhh... foi ele que me puxou!” – lembrou-se subitamente, olhando para Draco. “Ele... entrelaçou seus dedos nos meus... e me puxou. Bem sutil.” – revia em sua memória, com certo espanto, o que acontecera. – “Acho que eu ainda estava entorpecida pelo esforço e o segui... me sentei no chão... e ele segurou minha mão com as duas mãos. Suas mãos tremiam, frias.”
Pegou uma pontinha do lençol e passou na testa do loiro que estava salpicada de pequenas gotículas de suor.
“Será que ele ainda está com pesadelos?” – a pergunta escapou de seu inconsciente.
Assim que sua mão tocou a pele do rapaz ele parou de se mexer aleatoriamente e começou a respirar mais profundamente. Ela continuou a secar sua pele com o lençol, passou sobre a testa, o nariz, pescoço, nuca. – “Você está tão diferente. Parece outra pessoa...” – ela murmurava. Viu o peito do loiro subir e descer lentamente quando ele se virou novamente na cama, deitando as costas no colchão, surpreendendo a garota que estava com a mão sobre o rosto do rapaz e tocou o ombro dele quando ele se virou. Num movimento espontâneo, Draco pegou a mão que o tocava tão suavemente com um lençol macio e a apertou em seu peito, sobre seu coração, respirando ainda mais profundamente, aspirando o perfume que vinha da pele delicada da mão espalmada em seu peito, e soltando o ar devagar, como se expulsasse o medo da noite anterior.
Hermione ficou totalmente sem reação. Prendeu a respiração, tencionou os músculos das mãos, empalideceu. Ao vê-lo respirar tão profundamente e com uma expressão mais tranqüila do que a anterior, respirou também, sentindo, com surpresa, o calor da pele pálida e o pulsar compassado do coração que estava sob sua mão fria.
“Por essa eu não esperava...” – enrugou a testa em dúvida e surpresa e, sorrindo brevemente, aos poucos e bem lentamente foi tirando sua mão daquele contato agradável e perturbador. – “O inatingível e frio Draco Malfoy parece tão frágil agora... e tão... quente...” – repreendeu-se ao admitir o prazer que aquele toque lhe proporcionara.
Saiu do quarto quase correndo e entrou no quarto que Harry dormia, fechando a porta atrás de si como se assim pudesse apagar o que sentiu segundos antes. Sentia o rosto quente e a mão formigando.
Harry dormia tranqüilo, mais ao canto da cama um pouco grande para uma cama de solteiro. Sentia-se aliviada por vê-lo ali, dormindo sem sonhos, depois do que ele sofrera com o ataque mental da noite anterior. Ao ver seu amigo ali tão vulnerável, imediatamente se esqueceu do que ocorreu no outro quarto, esqueceu-se da fome e se deitou na pontinha da cama, segurando a mão do moreno com cuidado.
- Você é o cabeça-dura mais adorável que eu conheço, sabia? – ela murmurou carinhosamente. – Acorda logo, Harry, ainda temos muito que decidir antes que essa guerra maluca acabe. – segurou a mão de Harry entre as suas e fechou os olhos, entregando-se novamente ao cansaço que sentia. – Descanse bem, mas acorde logo... Não suporto de ver assim... tão fraco... tão frágil... – ela falava num sussurro quase inaudível, até que adormeceu novamente.

- Lupin! – Rony exclamou sorridente ao ver o professor entrar na casa. – Tonks, que bom ver vocês! Professor, não sabe o que aconteceu ontem!
- Olá Rony. – ele falou triste. Sua roupa estava encharcada e havia alguns respingos de sangue no casaco. Ele ajudou Tonks a retirar o sobretudo molhado.
- O que houve, Remo? – Narcisa perguntou preocupada ao ver o estado que ele estava.
- O cerco está fechando... Perdemos dois amigos ontem, Rony. Acho que vocês não os conhecem... são aurores novos no Ministério. Caíram na armadilha do Tabu e nem tiveram chance de se defender. Foi um choque!
- O que houve, Nina? – Tonks falou com a gata que se enroscava em sua perna. - Por que Nina está tão agitada? O que houve aqui? – ela perguntou assustada e seguiu a gata que corria pelo corredor em direção aos quartos.
Nina entrou no quarto de Draco e pulou na cama do rapaz que ainda dormia. Deu uma volta e soltou um miado baixo e curto, o mesmo que soltava quando encontrava algo suspeito, mas que já havia sido resolvido. Antes que alguém pudesse perguntar algo, a gata saltou e correu novamente, agora subindo mais escadas e entrando no quarto de Harry, que dormia tranquilamente ainda de mãos dadas com Hermione.
Lupin estava apreensivo, sabia o que aquela ronda da gata significava e ficou muito preocupado, mas após ouvi-la miar novamente avisando que estava tudo bem e se deitar aos pés de Harry, ele se tranqüilizou e finalmente conseguiu falar alguma coisa.
- Então... agora que Nina já avisou que está tudo bem depois de ter ocorrido por aqui alguma atividade intensamente trevosa, alguém pode me contar o que houve?
- Eu comecei a falar, mas não deu tempo de continuar. – Rony se defendeu. Sua voz saiu grave e firme, como se estivesse incomodado com algo. – Vamos lá pra sala e nós contamos. Eles precisam... descansar. – falou rápido sem olhar novamente para a cama onde Hermione e Harry dormiam tão próximos e de mãos unidas.

Narcisa contou a Lupin e Tonks todos os detalhes do que acontecera na noite anterior, inclusive suas conclusões sobre o motivo do ataque.
- Você provavelmente está certa, Narcisa. Os Comensais estão tentando de tudo para encontrar nosso trio aqui, alguns membros da Ordem, além de você e Draco. – Lupin comentou.
- Eles consideram Draco extremamente perigoso se cair em nossas mãos. – Tonks explicou. – Pois sabem que ele possui informações valiosas a respeito de alguns Comensais.
- Ele já contou a vocês o que sabe sobre isso. – Narcisa apressou-se em responder.
- Sim, Narcisa, e é exatamente isso que os Comensais temem. – a auror falou friamente. – E acredito que você saiba qual o Comensal que mais quer encontrá-los, não?
- Lucius está preso, Ninfadora! Não estou preocupada com isso. No que depender da minha vontade, ele que fique em Azkaban até se arrepender de ter obrigado meu filho a seguir os caminhos podres que ele tanto se orgulhava, e que por tantas vezes eu ouvia Draco implorar para que não o obrigasse àquilo.
- Lucius não está mais preso, tia.
- Ohhh... Co-mo? – Narcisa gaguejou.
- Já faz alguns dias... Teve uma fuga da prisão, mas não tínhamos certeza de que ele estava entre os fugitivos. Mas agora temos informações precisas.
- Será... Oh não! Seria muito absurdo! – Narcisa pensa em voz alta deixando Tonks e lupin sem entender, mas Rony percebeu o que a loira temia.
- Ontem? Foi ele, não foi? – Rony perguntou quase afirmando. – Se a senhora disse que o Malfoy tem a mente super preparada, talvez o pai dele conseguisse entrar mais facilmente que outras pessoas, não é?
- Sim, Weasley... eu não havia pensado nessa possibilidade, imaginando que ele estivesse preso. – ela respondeu com tristeza.
- Mas ele não descobriu nada, descobriu? – Lupin perguntou sem demora.
- Não... Draco preferiria morrer a deixar-se ser pego e entregar nossa posição. Mesmo que ele não soubesse quem o atacava, ele usou de toda sua capacidade para se manter seguro. E nós conseguimos ajudar como foi possível. – ela falou com um pouco de orgulho pelo trabalho bem realizado.
- Eles vão ficar bem mesmo, Narcisa? – Remo não conteve sua preocupação e deixou escapar sua dúvida. – Quero dizer... eles são muito jovens para um ataque mental dessa magnitude.
- Remo, eu arriscaria dizer que tenho certeza que se recuperarão facilmente. Apesar de jovens, são extremamente poderosos. Se fossem outros, talvez eu não te dissesse isso, mas aqueles três... Draco tem a mente mais preparada que eu já vi. Potter possui um poder excepcional... Pena que não saiba usá-lo ainda, ele tem muitas fraquezas, mas é realmente muito forte. E a Granger... quem diria... uma nascida trouxa com todo aquele talento. Eu devo humildemente admitir que se não fosse pela ajuda dela, eu não conseguiria proteger a mente de Draco sozinha.
- É... a Hermione é mesmo fascinante. – Tonks falou com orgulho de sua jovem amiga.
- É... – Rony resmungou baixinho e envergonhado, e levemente irritado também ao se lembrar da cena que acabara de presenciar no quarto de Harry.
- Bem, agora que estamos mais tranqüilos, podemos comer alguma coisa? – Tonks perguntou já se levantando e indo para a cozinha. - Precisamos nos preparar para o que nos aguarda. – ela falou no meio do caminho. – Temo que não tenhamos mais tanto tempo... então devemos estar prontos.
- Rony... – Lupin chamou o ruivo apontando para um canto da sala. Quando eles se afastaram das mulheres Remo perguntou: - E então, aquela pesquisa de vocês, como está? Estão progredindo? Precisam de alguma coisa?
- Professor... eu... não sei se... posso falar sem o Harry por aqui.
- Eu entendo, mas não sabemos se ele acorda ainda hoje. Quero saber se posso ajudar em alguma coisa.
- Eu agradeço, Lupin. Agradeço pelo Harry também...
- Escute... – o professor interrompeu o rapaz. – O cerco está fechando, Rony. Estamos cada vez mais próximos da batalha final, tudo nos leva a crer nisso. Se vocês têm algo a fazer antes que a batalha comece, é bom que terminem logo. Por isso estou falando, se eu puder fazer alguma coisa pra agilizar, me fale. E me fale hoje, de preferência, pois não sei quando poderei voltar aqui novamente. – viu Rony abaixar a cabeça pensativo e hesitante. – Rony, estamos juntos nessa. Mesmo que eu não saiba o que vocês devem fazer, eu estou aqui para ajudar, ok? Não se esqueçam disso.
- Eu sei, professor. Nós sabemos... Bem, na verdade, talvez você possa ajudar sim. Procuramos algo que provavelmente está em Hogwarts. Precisamos entrar lá.
- Isso não será problema. Pode ser um pouco arriscado vocês se exporem dessa forma, mas podemos dar um jeito. Se não houver outra forma...
- O problema é que não sabemos onde procurar... e nem temos certeza que está mesmo na escola. Mas é bem provável.
- Bom, acho que você não vai me falar mais do que isso... – vendo o ruivo confirmar levemente com a cabeça, o professor continuou. – Eu vou com vocês a Hogwarts. Agora vamos comer... quem sabe dê tempo do Harry acordar...
Rony concordou aliviado por não precisar se esquivar das respostas e contente ao saber o quanto o professor respeitava as atitudes do trio.
Não demoraria muito para a próxima conversa e definição dos próximos passos.

Hermione abriu os olhos devagar e pesadamente ao sentir um carinho no rosto. Sorriu ao ver os brilhantes olhos verdes de Harry, que mesmo apresentando certo cansaço, certamente estava bem melhor do que na noite anterior.
- Como você está? – ela perguntou com a voz rouca de sono.
- Agora estou bem. Obrigado por ter ficado do meu lado.
- Eu estarei sempre ao seu lado, Harry... E eu fiquei do lado até do Draco dessa vez... Vamos comer alguma coisa? Estou faminta... – ela falou sorrindo e se levantando lentamente e nem percebeu o levantar de sobrancelhas ao escutar sua amiga falar o primeiro nome de Malfoy. – Ei... O que a Nina faz aqui? – perguntou surpresa ao ver a gata branca se mexer preguiçosamente aos pés de Harry. Ela acariciou a gata que ronronou graciosamente e depois saltou para o colo da castanha.
- Lupin deve estar aqui... Vamos... – Harry falou animado e ainda se sentindo um pouco tonto ele também se levantou e desceram as escadas, com Nina no colo de Hermione.

- Lupin? – Harry chamou ao descer as escadas para a sala.
- HARRY!!! Como você está? – Lupin correu para abraçar o rapaz. – Nina já avisou que está tudo bem por aqui... E você Hermione? – abraçou a menina também. – Ei! Nunca vi essa mocinha aí no colo de ninguém! – falou referindo-se à gata que estava até de olhos fechados, curtindo o carinho da garota.
- Ela gosta de mim! Ela deve saber que fui eu que cuidei do Bichento pra que ela pudesse conhecê-lo um dia... – ela falou entre risos.
- Fiquei sabendo que você fez um ótimo trabalho com Narcisa...
- É... eu tentei... professor, eu estava com tanto medo...
- Lupin? – Harry chamou baixinho. – Como está Gina? Eu preciso saber...
Hermione olhou para o amigo desconfiada, pois sabia que a preocupação no rosto dele não era à toa, que ele devia ter visto alguma coisa. Harry percebeu o olhar da amiga e respondeu antes que ela perguntasse.
- Eu pensei nela ontem, Mione. Durante aquele ataque estranho... Eu... não consegui evitar... e pensei nela... por isso preciso saber se ela está bem... – ele falava baixo o suficiente para que somente Lupin e Hermione o ouvissem.
- Acredito que ela esteja bem sim, Harry. Falei com Arthur hoje mesmo e ele não me disse nada...
- O que você pensou Harry? – Hermone perguntou. – Talvez uma lembrança ou apenas a imagem dela em sua mente não traga nenhum perigo.
- É... foi uma lembrança... talvez... espero que não traga mesmo... Mas e você, professor? Como estão as coisas lá fora?
- A situação está cada vez mais complicada... – Lupin contou sobre os últimos ataques e sobre os dois colegas que foram capturados através do Tabu. Contou também sobre a conversa que tivera com Rony e que agora podiam conversar sobre como ele poderia ajudar o trio, e reforçou que o que quer que eles tivessem que fazer a pedido de Dumbledore, deveria ser feito agora.
- Professor... nós temos que encontrar um objeto. – Hermione começou a explicar após ter se certificado da aprovação de Harry em um olhar. – É bem provável que esteja em Hogwarts, como Rony já te disse. Mas o problema é que não temos certeza... nem se é o objeto correto.
- Então vamos procurar em Hogwarts! – Lupin afirmou. – E vamos amanhã. Pode ser? – perguntou com um sorriso maroto, sabendo que era isso mesmo que os garotos queriam.
- É claro! – Harry exclamou alto, chamando a atenção de Rony que conversava com Tonks do outro lado da sala. – Ótimo, Lupin. Amanhã está ótimo!
- Amanhã o quê? – Rony perguntou quase sorrindo, prevendo uma boa notícia.
- Amanhã, Rony!!! Hogwarts! Diadema. – Harry falou quase não contendo sua excitação. – Finalmente! Onde será que ele está?
- Posso dar uma sugestão? – Lupin perguntou. Ao ver a confirmação de Harry ele prosseguiu. – Bom, não se assustem, ok? Mas pode ser uma tentativa... Bem... Quando eu estudei lá tinha uma aluna que gostava muito dessa parte de artefatos antigos e foi ela quem ajudou Madame Pince a organizar uma seção da biblioteca sobre esse assunto... Ela não era muito boa com feitiços e azarações... – ele disse rindo e olhando para os lados. – Mas era ótima com História, Herbologia e nas matérias com exigências psíquicas...
- Pare de enrolar... – Harry pediu impaciente. – Quem é ela?
- Ok... Talvez ela saiba dizer se esse objeto é mesmo o objeto mágico que vocês procuram e onde ele pode estar... Tudo bem... – ele disse ao reparar o olhar recriminador de Harry.
- Onde ela está?
- Ela está aqui, Harry... É a Narcisa.
- O quê? – o trio soltou a exclamação em conjunto.
- Ahhh... eu falei pra vocês não se assustarem. Eu a via na biblioteca quase todas as noites. Dêem um jeito de perguntar a ela sem que ela saiba o que voc... não... não vai dar certo...
- O que não vai dar certo?
- Ela vai saber que vocês procuram algo. Ela é muito boa nisso.
- Mas talvez...
- Não Mione! – Harry a interrompeu. – Ela não pode saber o que estamos fazendo. Está maluca?
- Não ia falar que devemos contar a ela... só ia dizer que ela pode saber que procuramos algo em Hogwarts. Deixe que eu pergunto. Pode ser?
Harry olhou para o canto da sala onde Narcisa conversava com Tonks e voltou a encarar Hermione com um olhar de dúvida.
- Harry... eu confio nela. Ontem... você não viu... ela estava tão perturbada por ver o filho daquele jeito, e ficou ainda mais quando viu você na mesma situação. Ela ficou preocupada de verdade.
- Por que será? – ele perguntou irônico.
- Ela também quer o fim dessa guerra, Harry.
- Cara, - Rony chamou. – nisso eu vou ter que concordar com a Mione. Lucius está solto de novo e ela ficou muito nervosa quando a Tonks falou isso pra ela. Acho que agora, mais do que nunca, ela quer que essa guerra acabe logo. E também acho que se ela puder ajudar em alguma coisa, ela vai ajudar.
- Até você, Rony? – Harry olhou para o amigo como se não o reconhecesse mais.
- Presta atenção, cara. Ela foi torturada a vida inteira por aquele idiota, viu o filho seguir o mesmo caminho, o idiota agora está livre e provavelmente com muita vontade de matá-la, está prisioneira em uma casa com um monte de adolescentes... – ele riu com o próprio comentário. – Além de ter sido da Sonserina, o que a faz se juntar ao lado que pode lhe oferecer algo em troca...
- Ok, Rony, você me convenceu. Mione, você fala com ela então? Cuidado com o que vai falar, hein!
Hermione o olhou feio, fuzilando-o com o olhar, por ter que ouvir algo óbvio.

Lupin e Tonks receberam mensagens da Ordem que pedia que voltassem para a Sede a noite. Sendo assim, eles resolveram ficar ali na Mansão até dar o horário de voltar à Sede, e tiraram o resto da tarde para descansar e para acertar a ida do trio a Hogwarts no dia seguinte. Hermione ficou na sala lendo um livro e pensando em como abordar Narcisa para lhe perguntar sobre o Diadema de Ravenclaw enquanto os outros estavam na biblioteca definindo as táticas do dia seguinte.

- Draco está demorando a acordar... – Narcisa disse um pouco mais alto do que havia planejado. Ela andava de um lado para outro na sala, preocupada. – Não quero entrar no quarto dele...
- Por quê? – Hermione perguntou, sem frear sua curiosidade.
- O que? – Narcisa não percebeu que falava alto e que a garota ainda estava na sala. – Ahhh... eu estou falando alto?
- Por que não quer entrar no quarto onde seu filho dorme?
- Como você está, Granger? Não acordou confusa e cansada? Não sei... talvez sentindo a cabeça pesada, um pouco tonta... – a garota confirmou com um aceno de cabeça. – Então... você só foi a intermediária... Imagine Draco, que foi o alvo. Não sei se ele já se recuperou... Não sei se meus pensamentos interfeririam no descanso dele... Ainda mais eu estando assim... Não sei também se ele agüentaria receber minhas muitas perguntas... Não sei se...
- São muitos “Não sei”, sra. Malfoy.
- Sim... Granger... você... você... – ela não sabia como falar o que queria.
- Sim, sra. Malfoy... – Hermione a interrompeu, respondendo a pergunta muda da mulher. – Não tem problema. Eu vou lá ver como ele está...
- Obrigada. – ela agradeceu sorrindo aliviada e mexendo as mãos nervosamente.

Hermione abriu a porta devagar, tentando novamente não fazer barulho. Olhou para a cama e não viu o loiro ali. Observou atentamente e entrou no quarto devagar, mantendo seus sentidos em alerta. A luz verde filtrada pela cortina denunciava o horário avançando ao meio dia e o leve perfume cítrico e fresco indicava que o rapaz havia acabado de sair do banho. Ao canto do quarto, ela o viu sentado no banco abaixo da janela bay-window, olhando para o lado de fora da casa. Como não queria pegá-lo de surpresa, ela andou ruidosamente, porém suave, para não assustá-lo. Mas ele pareceu não ouvir. Ela se aproximou um pouco mais e observava curiosa os mínimos movimentos do loiro que vestia uma calça branca de moletom e camiseta azul clara, e pôde notar que ele tinha algo nas mãos, segurava até com certo carinho um pequeno objeto, aparentemente de madeira.
- Malfoy? – ela arriscou a chamá-lo.
- Hum... – ele resmungou em resposta, mas não olhou para quem o chamava.
- Você está bem? Sua mãe pediu para que eu viesse aqui...
- Ahhh... é você... – olhou-a nos olhos. Castanhos. Doces. – Eu... devo te agradecer...
- Por quê? Você se lembra de algo? Sente-se bem agora? Não está com tontura?
- Você faz muitas perguntas ao mesmo tempo... – ele insinuou um sorriso. – Primeira: porque sei que sua ajuda foi fundamental e que você esteve aqui por toda a noite. Segundo: Sim, eu me lembro de muita coisa. Terceiro: Ainda estou com muita dor de cabeça e tontura, mas eu me sinto bem melhor do que ontem... Por que minha mãe não veio aqui? – ele perguntou com um leve toque de tristeza na voz.
- Ela não sabia se devia. Não sabia se você já estava melhor e se aceitaria tamanha carga emocional de uma mãe preocupada.
- Bem típico dela...
- Como sabe que estive aqui a noite toda se você estava tendo pesadelos e parecia verdadeiramente inconsciente? – ela perguntou, sempre curiosa.
- Hum... – ele moveu os lábios num quase sorriso. – Eu estava, de fato, inconsciente, Granger. E estava mesmo tendo pesadelos. Mas sentia uma presença que não era de minha mãe. E sentia seu... perfume. E tenho que te agradecer porque... você foi... muito gentil. – já não tinha mais tanta dificuldade em engolir o orgulho para dizer alguma verdade, mas com a turma do Potter ainda era difícil. – Seu estado de calma me ajudou... mesmo que tenha sido uma calma bastante forçada...
- Como assim? – não se conteve novamente e perguntou antes que sua razão a impedisse.
- Você não estava à vontade no começo. É claro! E muito menos, se sentia segura. Mas depois que você relaxou um pouco eu comecei a sentir sua calma, e isso me tranqüilizou.
- Foi quando você puxou minha mão? – ela perguntou em um tom entre ironia e timidez.
- Talvez... – agora ele sorriu de verdade. – É mesmo, né? Senti sua mão no meu peito. – e a timidez mudou de lado. Inconscientemente ele levou uma mão ao peito, onde Hermione o tocara. – Ainda sinto seu perfume. – as palavras escapuliram de seus lábios. Não era exatamente timidez que sentia, mas foi sua vez de ficar sem graça. Se fosse outra garota, talvez ele achasse a situação engraçada ou até interessante, mas não com a amiga do Potter.
- Vou... avisar sua mãe... falar que ela já pode subir...
- Não... – ele esticou o braço para chamar a atenção da garota que já se virava para sair. – Eu vou descer. – ela se virou para ele a tempo de vê-lo com uma expressão de dor no rosto. – Só precisava de mais um tempo antes de encarar as escadas... ainda estou meio tonto...
Ela o viu se levantar com dificuldade e se apoiar nas pernas bambas. Instintivamente, ela se adiantou e ofereceu o braço para que ele pudesse se apoiar, e ele, sem hesitar, a segurou com a mão esquerda. E notou que ele ainda segurava algo, agora na mão direita.
- O que é isso na sua mão? – perguntou tentando não parecer intrometida.
- Ahh... isso? Aiii... – o loiro abriu a mão e expôs uma pequena peça de madeira, mas logo em seguida levou a mão à cabeça, que latejava de dor e de tontura. Desequilibrou-se. Seu único apoio confiável, visto que suas pernas ainda não estavam firmes o bastante, era Hermione, e agarrou-se aos ombros dela com as duas mãos.
- Calma, Malfoy. Vai devagar. – ela o amparou segurando-o como pôde, pelo peito e pela cintura e o colocou sentado no banco novamente. Mas ele não soltou seus braços e a apertava com força. Muita força.
- D...ó-i... – ele sussurrou, mas sua careta descartava legendas. – De novo, não... P-por-fa-v-or...
- Malfoy... Abra os olhos... Deve ser só uma lembrança... Po-de sol-tar... você não vai cair... Abra os olhos! Olha pra mim. Ahh... meu bra-ço... – ela puxou o braço com toda força que tinha e forçou o queixo dele para cima, para que ele a encarasse. – Abra os olhos, Draco. Vai ficar tudo bem. – ela tentou passar segurança, mas agora sentia sua pele arder onde ele a segurava com tanta força.
Ele abriu os olhos e o que viu o fez derreter-se. Os olhos castanhos que o encaravam preocupados lhe transmitiam muita paz e docilidade. Atingiram em cheio suas íris frias e sofridas, impedindo que ele fechasse os olhos novamente.
- Não está acontecendo de novo... Vai ficar tudo bem. – ela falou novamente. – Pode me soltar, por favor? Volte pra sua cama, talvez você só precise descansar um pouco mais.
- Não... não, não, não... Não quero... – respirava pesadamente. – Ahhh... Parece que apertaram meu cérebro! Dói muito... mas deve ser só... Ahhh... resquício de ontem... Já está diminuindo... Quero sair desse quarto agora! – ele afrouxou um pouco o aperto, mas não o suficiente para que ela conseguisse se mover.
- Tudo bem... Eu te levo pra fora... Por favor... meu pulso... está me machucando... – seu olhar de súplica o feriu mais que dez golpes. Soltou-a imediatamente e ao ver a marca vermelha ao redor do pulso esquerdo e do braço direito da garota, sentiu-se péssimo. – Vamos pra sala... – ela disse massageando o pulso.
- Sinto muito... – ele se levantou rápido e cambaleante e num gesto automático tocou na mão da garota sutilmente. Ela recuou. – Eu sinto muito. – ele repetiu a frase, agora olhando nos olhos dela. Sem perder o contato visual, ele esticou a mão novamente e segurou o braço dela, deslizando até o pulso marcado. – Não tive intenção de te ferir.
- Onde você esteve esse tempo, Malfoy? E o que fizeram com seu lado egoísta, mesquinho e mau? – ela perguntou fria e rancorosa, não dando importância ao toque macio e carinhoso em seu braço.
Ele quebrou o contato visual, mas não soltou o pulso dela, que parecia queimar em sua pele. Olhava para algum ponto entre suas mãos e tentava não dar importância ao perfume floral que saía dos cabelos castanhos da garota e invadia suas narinas de forma tão agradável.
- Um feitiço simples de cura vai resolver. – ele falou com a voz culpada. Sua cabeça ainda gritava de dor, fazendo-o se controlar para não levar as duas mãos à cabeça, mas ele não queria quebrar o contato com a pele dela.
Tentava, instintiva e intuitivamente, curar com sua energia. Tentou recordar algo que aprendera com Yume e de repente sentiu um calor suave sair de sua mão direita que tocava o pulso da garota. Permaneceram parados e calados por alguns segundos onde o contato de suas mãos e a conexão de seus olhares inibia quaisquer palavras. Quando Draco sentiu o calor de sua mão diminuir ele levantou a outra mão e tocou o braço direito dela, onde a marca, mesmo que um pouco escondida pela manga da blusa rosa, era visível. Não falou nada e ficou internamente feliz por perceber que ela não recuou dessa vez, e apenas observava atentamente seus movimentos.
- Eles me apresentaram ao meu outro lado... – ele falou num sussurro depois que sentiu o calor em sua mão esquerda enfraqueceu. Sentia-se ligeiramente mais cansado, mas se sentia bem.
Hermione olhava para o pulso e para o braço com certo espanto. Pouco sobrara da marca vermelha e nada sobrara da dor.
- Seu outro lado pode fazer magia sem varinha, Malfoy? Não sei até onde isso é bom. – falou sem medir as palavras, deixando o tom acusativo aparecer. De certa forma, o que ela não entendia racionalmente sempre a assustava. Ela não conseguiu sair do lugar, de tão chocada que ficou.
- Apenas coisas simples, Granger... Não há o que temer... – abaixou a cabeça, ofendido, respirou fundo e tornou a olhá-la nos olhos para falar: - Talvez esse seja meu verdadeiro lado. Eu sinto muito. - deu um passo para trás, ainda cambaleante, e foi se apoiando nos móveis do quarto e nas paredes até chegar à porta e saiu sem olhar para trás.
A garota ainda tentava digerir o que acontecera. Segurava o pulso que minutos atrás ardia por ter sido pressionado tão fortemente e que agora mal se viam as marcas dos dedos de Malfoy. Relembrava o sorriso sincero e tímido que ele lhe lançara ao se lembrar que ele a puxara para perto de si enquanto dormia. “Ele sorriu de verdade”, ela pensava. “Ele se desculpou de verdade”, constatou para si mesma. “Ele me curou de verdade.” Mexeu-se incomodamente e devagar foi indo em direção à porta, mas mal deu dois passos e notou a pequena peça de madeira no chão que ele deve ter soltado para se segurar nela antes que caísse. Pegou a peça e admirou-se com o esmero com que foi esculpida. Era uma fênix. Do tamanho de uma peça de xadrez, entalhada em uma madeira muito cheirosa. Guardou a fênix no bolso, girou nos calcanhares e foi para a sala a passos rápidos. Tão rápidos que encontrou Malfoy ainda descendo as escadas vagarosamente.
Sem dizer uma palavra ela estendeu o braço para que ele se apoiasse e tivesse mais firmeza para vencer os degraus. Ao chegar ao último degrau tirou a fênix do bolso e a estendeu para Draco, pedindo internamente que ele a encarasse novamente, porém ele pegou o objeto sem olhá-la nos olhos.
- Estava no chão. – ela disse simplesmente e saiu rumo à cozinha.

Hermione viu que Narcisa estava na sala quando desceu as escadas e deixou que a loira viesse até Draco. Agora ela precisava ficar alguns minutos sozinha para absorver o que acontecera. Eram muitas informações e sensações ao mesmo tempo. E todas tão fortes e tão inusitadas... A garota ainda olhava para o pulso outrora marcado, onde agora mal se via uma minúscula mancha avermelhada. “Como ele fez isso?”, perguntava-se a todo instante.
- Menina Granger... Menina Granger... – Monstro chamou. – Mestre Potter a chama na biblioteca. Monstro está dando o recado.
- Obrigada Monstro.
- Menina Granger... – ele chamou de novo. – Hoje é seu dia de escolher o jantar... Ontem fizemos o bolo de carne que o ruivo queria... E hoje, o que faremos?
- Ahhh... Não sei, Monstro, não pensei em nada. Por que não pergunta à Tonks? Ela nunca consegue ficar para o jantar, então que ela decida hoje, ok? – respondeu indiferente e saiu da cozinha sem esperar a resposta do elfo.
Quando ela passou pela sala viu que Draco e Narcisa conversavam seriamente, e Hermione imaginou que ela estivesse contando ao filho sobre a possibilidade de ter sido Lucius o causador do ataque mental. Teria que deixar pra mais tarde a conversa com Narcisa. Entrando na biblioteca se animou ao ver que os planos para chegarem em Hogwarts estavam bem adiantados.
- E então, Mione, já descobriu alguma coisa? – Harry perguntou esperançoso.
- Não Harry... O Malfoy acabou de acordar e Narcisa está com ele. Acho melhor esperar um pouco.
- Tudo bem. Olha só, esse é o plano do Lupin. – Harry explicou para a amiga o que eles haviam planejado, como viajariam para Hogwarts, que Lupin já havia avisado Minerva de que eles estariam lá logo pela manhã e como andariam pela escola sem que os reconhecessem.
Até a hora do jantar eles acertaram os detalhes e reforçaram todos os cuidados que deveriam tomar. Como Lupin dissera ao chegar, o cerco estava fechando e praticamente todos os Comensais da Morte estavam à procura de Harry e qualquer deslize revelaria suas posições.

O jantar correu sem muitos diálogos ou interferências, apenas um ou outro assunto sem importância. Harry, Rony e Remo levaram a sobremesa para comer na biblioteca enquanto acertavam os últimos detalhes, enquanto para Hermione ficou a missão de falar com Narcisa sobre o diadema de Ravenclaw. Enquanto os rapazes saíam da mesa Tonks contava uma historinha infantil que ela viu tempos atrás que tinha uma fênix falante e engraçada e Hermione, sentada ao lado de Tonks que estava de frente para Draco, instintivamente olhou para o loiro, que teve a mesma reação e também procurou os olhos da garota. Sem pensar no que estava fazendo Draco leu a pergunta que passou pelos olhos da grifinória:
“O que aquela fênix significa?”
E Draco respondeu sem perceber que a pergunta da garota não foi verbalizada:
- É um amuleto... – ele falou olhando para Hermione que arregalou os olhos em surpresa e falou em voz baixa para o loiro, sem reparar que a conversa na mesa havia cessado.
- Odeio sua Legilimência, Malfoy. Mas mesmo assim, não entendi sua resposta.
- Que amuleto, Mafloy? – Tonks, com o ‘radar’ sempre atento, entrou na conversa sem pedir licença.
- O quê? – o loiro olhou ao redor e só agora percebeu que todos os olhares voltavam para si. Encarou Hermione novamente, apenas para constatar que realmente deu um fora ao responder a uma perguntar que ela não expôs a todos. – Ahhh... sim... É que a Granger viu isso aqui... – retirou do bolso da calça a fênix de madeira que Hermione lhe entregara na escada e mostrou a elas. – E só agora me lembrei que eu não havia respondido à pergunta dela. – olhou cínico para Hermione, como se ele não tivesse usado a Legilimência, mas sim recordado da conversa que tiveram no quarto. – Ganhei de uma amiga, e o guardo como um amuleto. É uma fênix.
- Uma fênix com traços japoneses... – Narcisa falou encantada com os detalhes da peça. – Posso tocar? – ela perguntou para o filho, sabendo que alguns amuletos não podem ser tocados por outra pessoa senão o protegido da peça.
- Claro, mãe. – entregou a ela a peça.
- É muito linda, Draco. Quem a esculpiu tem muito talento, além de muito conhecimento também. Onde a conseguiu? – vendo o olhar constrangido do filho, ela se arrependeu por ter perguntado e rapidamente fez outra pergunta para despistar. – E você sabe que é um amuleto mesmo! Ele tem poder... Veja Tonks, sinta como é forte, repare na madeira. – entregou a peça a Tonks para que a auror analisasse.
- “É segredo?” – Narcisa projetou a pergunta na mente de Draco.
- “Não exatamente...” – ele respondeu com um leve sorriso.
- Você tem razão Narcisa. Essa peça possui mesmo certo grau de magia, mas não consigo identificar sua origem. Não reconheço essa magia. – Tonks falou com ar profissional.
- Não reconhece? – Hermione quis saber o que ela quis dizer com isso.
- Oh, não. É magia boa, e muito forte, mas é diferente. Apenas diferente.
- Está na parte da minha lembrança que eu não pude te mostrar, Tonks. – Draco falou com certa indiferença.
- E agora pode?
- Creio que sim... Não pude na época, pois temia pela segurança dessas pessoas que me ajudaram, e eu mesmo bloqueei meu pensamento para protegê-los... Mas agora sei que não preciso protegê-los de vocês. É uma magia diferente mesmo, Tonks. E muito boa, em vários sentidos. Demorei muito tempo pra acreditar naquilo... É pura, cristalina, vibrante. A pessoa que me deu essa peça nem tem noção de seu poder. Curou minhas feridas físicas com chás e pomadas, mas minhas feridas mais profundas ela curou apenas com algumas palavras. Sem feitiços ou encantamentos. Ou talvez eu desconheça que encantamentos ela usou. E essa peça possuía um valor sentimental muito grande pra ela, e mesmo assim ela me deu essa fênix de coração. Por isso possui tanto valor e tanto poder.
- Posso? – Tonks apontou sua varinha para a cabeça de Draco e este, imaginando o que ela queria, permitiu que o mesmo feitiço que ela usou quando o interrogou fosse executado. A auror girou a varinha e no instante seguinte um pequeno fragmento de imagem surgiu na parede:

# Draco vestia um kimono marrom com faixa branca e estava sentado na grama embaixo da sombra de uma grande árvore. À sua frente estava uma bela garota com os cabelos soltos batendo graciosamente sobre o rosto de traços orientais, também vestindo um kimono marrom, porém de faixa preta. Os mais experientes estudiosos em magia poderiam enxergar a aura perolada que rodeava a jovem e que se intensificava a cada vez que ela sorria. Draco observava algo entre suas mãos.
- Não posso aceitar, Yume. É uma lembrança do seu irmão. – a voz de Draco soou distante devido ao feitiço de projeção de Tonks.
- Claro que pode, Ryu. O Shao também quer que fique com você. Eu faço outra fênix pro jogo depois. – mesmo com a alteração do feitiço a voz da garota soou harmoniosa e suave.
- Mas essa foi o Yuk...
- Pxiuuuu... Aceite, está bem? – ela envolveu suas mãos nas de Draco. - Eu faço outra. Não vai ficar tão bonita como essa... mas essa aí agora é sua.
- A fênix é o seu animal...
- Sim... e agora será o seu protetor. Toda vez que se sentir sozinho ou se estiver em perigo ou quando estiver com saudades de mim... Será seu amuleto!
- Será sim...
- A madeira é medicinal e o animal representado é um animal mágico. Na cultura japonesa, acreditamos que todo trabalho artesanal é carregado de boas energias, pois foi feito com carinho e coração... então certamente tem muito poder, se você acreditar nisso.
- Eu acredito! Você não sabe o quanto, Yume... Nem sei como agradecer...
- Não agradeça. Apenas me prometa que você vai voltar algum dia pra me ver.
- Eu prometo. – ele falou sinceramente, beijando a mão da garota e fazendo-lhe um carinho na face.
#

Draco balançava a cabeça para os lados para se livrar do zumbido que soava em seus ouvidos. O fragmento que ele disponibilizou para o feitiço de Tonks era bem pequeno, mas foi esclarecedor o suficiente, pois não se ouviu nenhuma palavra por alguns segundos.
- Yume? – ouviu-se o murmúrio com o nome da japonesa. Draco virou-se para descobrir quem o pronunciara e não foi difícil descobrir. Hermione o encarava como se fosse extrair mais alguma lembrança com aquele ato. – Você falou esse nome enquanto dormia...
- Não revelo mais nada sobre ela, sua família ou cidade onde os conheci... Nem adianta perguntar...
- Não me importa a cidade... Então foi ela que te mostrou o seu outro lado? – Hermione perguntou ao mesmo tempo que Narcisa:
- É a mesma roupa que vi na sua mochila aquele dia?
- É sim, mãe. – Draco, estrategicamente, escolheu qual questão responder.
- E o que mais tem lá que você não me deixou ver? – ela perguntou com um ar descontraído na face, e um sorriso quase maroto.
- Nada demais... Basicamente alguns presentes.
- Eu adoraria conhecer essa família, Draco, mas pelo visto você jamais vai dizer algo sobre qualquer um deles. – Tonks falou bastante séria, mas com a mesma expressão suave de sempre. – Acredito que eu teria muito que aprender com essas pessoas...
- Com certeza, Tonks. Eu aprendi muito... E mesmo não estando pronto pra todo aquele conhecimento eles fizeram questão de me ensinar tudo o que eu precisava.
- Que presentes? – Narcisa perguntou como uma criança curiosa. Draco sorriu.
- Além dos valores, conceitos e ensinamentos? Isso tudo já era mais que suficiente! Mas ainda assim me deram algumas coisinhas, pequenos pedaços de lembranças e de carinho, como essa fênix que o irmão mais velho da Yume esculpiu para o jogo de xadrez que ele fez, onde ele caracterizou cada membro da família com um animal diferente para as peças do jogo.
- Por isso você passou a gostar de comida japonesa? Agora faz sentido seu prato preferido, que te perguntei da outra vez...
- Isso mesmo, mãe.
- Ohhh... eu tenho que ir. – Tonks viu o brilho no bracelete e se levantou num susto, batendo o joelho na canto da mesa e derrubando um copo. – É... bem que estava demorando... – ela riu com os outros e se despediu, piscando um olho para Hermione. – REMOOOO!!! – ela gritou para a sala.

Após se despedirem, Tonks e Lupin saíram da casa, deixando um silêncio perturbador para trás, além da ansiedade dos garotos que voltariam a Hogwarts logo pela manhã e a ansiedade dobrada de Hermione que ainda deveria falar com Narcisa. De repente surgiu uma idéia para a garota:
- Narcisa, tenho uma dúvida. Poderia me ajudar? – ela perguntou enquanto ia até o sofá e pegava um livro sobre a mesa.
- Se estiver ao meu alcance... – a loira respondeu, seguindo a garota, enquanto os rapazes se dispersaram.
- Que bom que eles saíram... – Hermione falou baixinho, em tom de confidência, depois que as duas ficaram sozinhas na sala. - É uma pergunta simples... Como você identificou que aquela peça tinha poder? Só de olhá-la? Nada mais? Fiquei curiosa...
- Tem vários fatores, Granger. O material é um fator importante, como naquela peça. A madeira escolhida era fundamental. E o animal retratado também tinha muito significado.
- Mas como reconhecer isso em outra peça? Uma peça qualquer? Como saber?
- Há um estudo onde se aprende a identificar a emanação de energia. A magia é rastreável em qualquer forma, e há especialistas nisso. Eu estudei muito pouco, mas para algumas peças, só de bater o olho eu já sei.
- Pode me dar um exemplo?
- Que exemplo específico você quer, mocinha? Nossa conversa morre aqui, se assim você desejar. – ela foi bem direta, deixando Hermione sem fala por alguns segundos.
- Humm... É...
- Granger... Eu estou sob juramento da Ordem da Fênix, tendo como testemunhas uma auror do Ministério, um amigo de longa data e um parente de sangue. Se eu prometer a você, que é uma protegida da Ordem, que nossa conversa morre aqui, quer dizer que eu jamais vou poder revelar a ninguém o que conversamos. Seja direta e nós duas ganhamos tempo, ok?
- Você é bem direta mesmo!
- São anos de prática.
- Eu não sabia desse juramento.
- Não havia porquê.
- A ninguém?
- Nem a umas das testemunhas, se é isso que te preocupa.
- Então prometa não ler minha mente.
- Eu não o faria sem permissão mesmo que eu não precisasse prometer isso.
- Como eu poderia identificar a magia negra de um objeto?
- Que objeto? Material, tamanho, idade, proprietário...
- Uma jóia. Provavelmente de ouro e brilhantes, de uma das fundadoras de Hogwarts...
- O Diadema de Ravenclaw! – Narcisa exclamou surpresa, fraziu o cenho e perguntou: - Por que o procura? Você sabe que seria arriscado usar o poder d...
- Não busco o poder do diadema. – Hermione a interrompeu séria. - Onde o encontro e como identifico se há magia negra nele?
- Certo... Parece que você já sabia que eu teria alguma resposta.
- Fui direta, como você pediu...
- Remo é uma das únicas pessoas que sabem que estudei sobre isso. O diadema está em Hogwarts, Granger. Nunca saiu de lá. Está numa sala especial na biblioteca, atrás da sessão reservada. Mas só alguém da Corvinal conseguiria tirá-lo de lá. Ou a bibliotecária.
- Me diga como.
- Oh, garota! Não sei como, só sei que ele está lá. Provavelmente é protegido por uma senha. E até onde eu me lembro não há magia negra nele. De onde você tirou esse disparate?
- Você já o viu? Já o tocou? Na biblioteca? Não é um lugar muito comum para uma jóia tão poderosa?
- Não! Nunca o vi pessoalmente e essa sala é uma das mais seguras da escola. Apenas um Corvinal pode tirar esse diadema de lá. E até onde sei, nunca ninguém conseguiu.
- Conseguiu sim. E ele não era da Corvinal...
- O quê?
- Me diga como identificar, por favor. – Hermione mudou seu tom de voz, saindo do habitual mandão e sabe-tudo, passando para um tom de súplica e medo. – Este objeto precisa ser destruído imediatamente!
Ao ver a urgência nos olhos da garota, Narcisa não hesitou e lhe falou o que sabia. Contou que a sala era enfeitiçada e só entrava uma pessoa de cada vez, desde que soubesse exatamente o que queria. Fez um resumo rápido do que havia estudado e contou alguns tópicos que ela devia prestar atenção ao analisar um objeto. Em poucas palavras Narcisa conseguiu explicar para a grifinória alguns métodos de análise e as características do diadema. Conforme a loira ia falando, Hermione tinha cada vez mais certeza de que estavam no caminho certo. Tudo indicava que aquele era mesmo o objeto que Voldemort escolheria para abrigar uma horcrux. “A penúltima horcrux”, pensou Hermione.
Enquanto conversavam e se olhavam nos olhos num diálogo franco Hermione viu um flash da memória de Narcisa, provavelmente algo que dividiu na noite anterior, durante o ataque. Seus olhos surpresos denunciaram sua confusão, chamando atenção de Narcisa.
- O que houve? Algo errado? – ela perguntou, sabendo que o ‘errado’ não era com o assunto atual, pois também acabara de ver um fragmento da memória de Hermione, o mesmo que vira enquanto ajudavam Draco e Harry.
- Não... não... Nada. – a garota sustentou o olhar firme de Narcisa, tentando parecer forte.
- Talvez devamos esclarecer isso logo... Granger... lamento informar que, não sei se você percebeu, a carga de ontem foi muito forte, e...
- Eu sei. Acabei de ver algo... ou melhor, rever.
- O que você viu? – Narcisa não demonstrou preocupação nem tampouco receio, mas parecia fria e distante.
- Por três ou quatro vezes hoje vi flashes de imagens da mente do Malfoy, mas foram muito rápidos, tão rápidos que pensei que fossem coisas da minha cabeça devido ao cansaço e nem dei importância, mas agora acho que não são. Com o Harry aconteceu também, mas foi mais fraco. E com a senhora também... Agora. Então deduzi que tinha algo a ver.
- E tem. A carga mágica foi muito forte, nossas mentes ficaram ligadas por muito tempo. Talvez demore mais um ou dois dias até dissipar toda essa energia, mas nenhum desses flashes serão de lembranças ‘novas’, serão apenas sobre algo que você teve acesso durante a noite de ontem.
- É... Eu também deduzi isso. Sra. Malfoy? – Hermione chamou séria. - O que a senhora viu? – foi inevitável deixar escapar um tom de preocupação na voz.
- Nada proibido, eu acho? Eu é que deveria me preocupar, não é?
- Responda, por favor.
- Apenas duas imagens, muito rápidas... Você e o Potter lendo algum livro num bosque ou algo assim, e na outra você parecia estar numa barraca e estava sentada e enrolada numa coberta e de um lado estava o Weasley e do outro, o Potter, ambos dormindo em sacos de dormir. Apenas isso. E você também viu duas imagens. Quais foram?
- Foram duas mesmo. Uma você estava deitada numa cama improvisada, parecia doente, murmurava algo e de relance vi o Snape se levantando com um frasco na mão. Parecia algo da memória do Snape, de quando ele esteve aqui... E na primeira vi um jovem loira que conclui que seja você, em um jardim que não me é estranho, mas sei que não é em Hogwarts, e... conversava... com Sirius Black.
- Ah, claro. O jardim é aquele atrás da biblioteca.
- Ele era tão florido... Por que Sirius?
- Hum... Sirius... Bem, o jardim só florescia no inverno, e era magnífico! E Sirius Black era meu primo, Granger.
- Desculpe... mas de mãos dadas e beijo na boca? – ela usou um tom acusatório sem a real intenção de acusar. - Desculpe a indiscrição. – a garota logo se desculpou ao ver o constrangimento de Narcisa. – Foram muitas informações ao mesmo tempo... Mas me lembrei daquele episódio na sala da Tapeçaria, quando o Harry ficou furioso ao te ver lá.
- Ele era meu primo, Granger, e nos gostávamos muito... Éramos tolos... Você não é mais criança, já deve entender que nem sempre as coisas acontecem como queremos na vida.
- Eu não escolhi ver ‘aquela’ cena, mas parecia que vocês estavam se despedindo.
- Boa observadora. Estávamos.
O silêncio reinou na sala por alguns minutos. Hermione não sabia o que falar. O assunto veio à tona sem ela perceber o quão íntimo ele poderia ser. Narcisa quebrou o silêncio com a voz fraca.
- Iria me casar com Lucius em duas semanas... – a voz fraca e triste.
- Mas se vocês se gostavam, porque ficou com Lucius? – sua curiosidade geralmente falava mais alto que sua discrição e a pergunta escapou-lhe dos lábios ingenuamente. O sorriso de Narcisa foi diferente, um pouco triste, porém um pouco debochado também.
- Garota inocente! Minha família era movida por interesses... E o Sirius estava deliberadamente ao lado de Dumbledore... Além do que, a família Malfoy seria um excelente negócio... Granger? – a loira chamou a garota de repente, como se tivesse acabado de perceber com quem conversava.
- Sim? – a garota respondeu estranhando a surpresa da outra.
- Por que estou falando disso com você? – ela se levantou repentinamente, furiosa ao perceber que dividia com uma adolescente parte de suas mais tristes lembranças do passado.
- Não sei. Nem percebi quando entramos nesse assunto... Você já falou disso com alguém, alguma vez? – Hermione perguntou como se falasse com uma amiga que precisava de ajuda.
A mulher, perturbada pela lembrança da dolorosa separação de seu primeiro amor, voltou a se sentar, não se importando com quem falava, pois sentia que podia, e precisava, falar com alguém.
- Não... Nunca.
- Então é por isso que está falando comigo. E como você deve ter percebido, eu não sou mais uma criança, e já entendo sobre algumas coisas da vida.
Narcisa suspirou demoradamente, aliviando a tensão de seus ombros.
- Éramos apenas crianças... ele foi meu primeiro amor. Não acho que o sentimento era recíproco. Ele era sempre o centro das atenções, o garoto mais bonito da família, o garoto mais bonito de Hogwarts. Mas foi com ele também o meu último beijo de verdade, apaixonado, real. Naquele dia que você viu. Oh céus, ele tinha apenas 15 anos! Foi num Natal aqui na Mansão. Poucos dias antes do meu casamento. Pelos interesses da família eu devia me casar com um Malfoy. Antiquado demais pra você talvez, mas era assim que as coisas deviam ser. Sabia que Bella deu em cima dele nesse mesmo dia?
Hermione arregalou os olhos. O que ouviu até agora já era inesperado o suficiente, mas ao ouvir sobre Bellatriz seu coração falhou uma batida.
- Não é possível. – a garota murmurou.
- Pois é, Bella já teve um coração. Mesquinho, pequeno e podre, mas um dia ele existiu. Sirius nunca se envolveu com ela, e ela desconfiou que eu e ele estivéssemos juntos... Ela só o queria por prazer, talvez pelo prazer de me ferir... E depois, pelo prazer de ver minha humilhação, ela se envolveu com Lucius enquanto eu estava de cama após o parto.
- O quê? Como soube? O que você fez depois? Sua irm...
- Não se espante. Oh Merlin, olhe o que estou contando a essa garota! Nem o Draco sabe de tudo isso. Ele já odeia o pai sem isso.
- Odeia e fazia tudo exatamente como ele? – a pergunta saltou dos lábios da castanha.
- Você não entenderia, Granger. – ela falou cansada. - Já chega. É melhor você dormir cedo para recuperar o sono perdido na noite de ontem.
- Claro. Obrigada pelas informações, sra. Malfoy.
- Espero que tenha ajudado em algo.
- Certamente ajudou. Boa noite. – a garota ouviu a loira responder e se virou para as escadas. “Que histórias estranhas”, a garota pensou enquanto subia as escadas. “Narcisa e Sirius?”, ela virou num corredor. “Eles têm quantos anos de diferença de idade? Uns cinco, talvez?”, parou na frente do quarto de Draco. “E esse aí odeia o pai?”, e seguiu adiante. “Bellatriz e Lucius? Blergh!”, tentando evitar a cara de nojo ela subiu as escadas. “Pelo menos o diadema é aquele mesmo e não será difícil encontrá-lo e tirá-lo de lá”, pensou mais animada e abrindo a porta de seu quarto. “Precisaremos da senha”, fechou a porta atrás de si.
- AHHH!! – Hermione gritou de susto ao olhar para frente. – Querem me matar?
Harry e Rony estavam sentados na poltrona e na cama, respectivamente, com expressões impacientes e sonolentas.
- Estávamos te esperando... – Rony sorriu desajeitado. – E aí, falou com ela?
Hermione explicou para os dois o que conversara com Narcisa sobre o diadema e o que ela lhe contou. Não comentou nada sobre as confissões de Narcisa sobre Sirius, pois achou que aquela conversa foi particular entre as duas. Acertaram os últimos detalhes da viagem e foram dormir.

Nenhum deles sabia que aquela seria a última noite na Mansão Black.

Harry mal conseguia fechar os olhos de tão ansioso que estava. A expectativa pela destruição da penúltima horcrux lhe tirava o sono. “Só resta a cobra...”, ele pensava rolando na cama enquanto o sono não vinha. Relembrava os objetos que colocou na mochila para se certificar que não esquecera nada: a espada de Grinfindor, o pedaço que restou do medalhão de Slytherin, a taça manchada e quebrada de Hufle-Puff, uma parte da carta de sua mãe para Sirius que ele encontrara no dia que chegou à mansão, o relógio que ganhara da sra. Weasley, uma foto do casamento de Gui e Fleur onde ele estava ao lado da Gina, uma camiseta e um casaco e outros objetos de menos importância. Refazia o plano em mente revendo cada detalhe: não poderiam ser vistos por ninguém, tomar cuidado com o Tabu, falar somente com Minerva, entrar na escola antes do horário das aulas, entrar na sala da biblioteca... cada detalhe era fundamental.

Rony estava igualmente nervoso. Ainda não se recuperara totalmente da cena em que viu seus amigos de mãos dadas enquanto dormiam, e não imaginou que aquilo o afetaria tanto. Arrumou a mochila e deixou em cima da mesa, tomando o cuidado de colocar nela tudo que imaginasse precisar. Estava deitado com as costas no colchão, os braços apoiando a cabeça, olhando fixamente para o teto. Sentia-se cansado, mas não conseguia dormir.

Hermione nem se deu ao trabalho de deitar. Folheava livros, escrevia uma lista, relembrava o plano, repassava a conversa com Narcisa, sentia a pele formigar cada vez que lembrava da pele de Malfoy em sua mão e se recriminava toda vez que isso acontecia. Estava confusa... Temia fechar os olhos e surgir novamente a imagem de um Draco de aparência frágil e sorriso sincero, balançou a cabeça para espantar o pensamento e voltou a folhear os livros.

Aos primeiros raios da manhã Lupin e Tonks já estavam na mansão Black para buscar os garotos. Nem meia hora se passou e os cinco viajantes já andavam pela estrada lateral de Hogsmead, escondidos nas brumas da manhã fria.
Tonks desconfiava de um possível ataque à vila de Hogsmead pelos próximos dias, pois se aproximava do passeio dos alunos à pequena cidade. Alguns aurores já estavam na vila para garantir a proteção dos moradores e visitantes, mas havia rumores de que o próximo ataque seria o mais violento.
Quase uma hora antes do início das aulas matutinas, Harry, Rony e Hermione estavam dentro da biblioteca acompanhados pela diretora da escola, que os aguardava desde cedo. A pedido da diretora e antes dos garotos chegarem, a bibliotecária desfez a proteção que permitia o acesso de apenas um Corvinal e os Grifinórios conseguiram ver a porta da sala. Não foi difícil abrir a sala, e como foi Hermione que descobrira a senha para destrancar a porta foi ela que entrou para pegar o diadema.
- Aqui não. – Minerva falou para seus alunos quando eles começaram a olhar uns para os outros como se perguntassem o que fazer a seguir. – Não sei o que vocês devem fazer, mas o que quer que seja, e eu imagino o que seja... - abaixou o olhar ao se lembrar do antigo diretor da escola com a mão machucada – É melhor irem para outro lugar, mais seguro.
- Sala Precisa! – Harry falou para os outros e sumiram rapidamente pelos corredores.
Minerva fechou a sala secreta da biblioteca sentindo o coração apertado. Sentia que algo estava para acontecer, algo muito forte.

Harry desembainhou a espada e a entregou para Hermione.
- Não pense em nada. Não dê atenção ao diadema. Apenas o destrua. Um golpe só. Rápido e definitivo.
- São muitas instruções para ‘matar’ um objeto. – ela brincou.
- São necessárias... e eu espero que você não precise provar o contrário. Apenas o destrua. – ele falou sério.
- Ok.
Hermione tirou o diadema da mochila e o colocou sobre uma mesa rústica de pedra que estava no centro da Sala. Como Harry sugeriu, ela colocou o objeto no centro da mesa e antes que pudesse pensar em qualquer coisa ela ergueu a espada sobre a cabeça e desceu-a com força sobre a jóia. Ouviu-se um grito surdo e desesperado que saía da peça, juntamente com um líquido que parecia ouro derretido, porém escuro, como se estivesse sujo de terra e de terror.
A força empregada nos braços fez com que Hermione desse uns passos para trás para se equilibrar, e a espada caiu no chão num estrondo.
- Você está bem? – Harry perguntou para a amiga.
- Siiim... Isso foi estranho. – ela falou balançando a cabeça e massageando as mãos, e envolveu seus braços no próprio corpo para se aquecer do frio que invadiu a sala momentaneamente. Viu Rony pegar a espada do chão e procurar a bainha dela.
- Foi mesmo. Agora vam... Ahhhhh!!!! – Harry gritou de dor e levou a mão à cicatriz.
- Harry? O que houve? – Rony perguntou preocupado.
- Minha cic-catriz... Ahhh!!! Ele... sabe que destruímos uma horcrux.
- Ele te viu? O que você está vendo?
- Ele está furioso. Não!!! Droga! Ele matou um Comensal para ‘descarregar a raiva’. Vamos sair daqui. Precisamos falar pra diretora. Algo me diz que ele vai agir com ainda menos piedade.

O trio correu desesperado pelos corredores. Os poucos alunos que passaram por eles a caminho do salão principal para o café da manhã não os reconheceram, pois eles usavam enormes capas azuis com capuzes que cobriam seus rostos e corriam a toda velocidade. Subiram as escadas do andar da sala da diretoria de dois em dois degraus.
- O que aconteceu, Potter? – Minerva perguntou ao ver o trio entrando em sua sala, sem entender como eles passaram pela senha da sala.
- Lamento professora, mas tive que ameaçar as gárgulas, mas como elas já me conhecem elas me deixaram entrar. É urgente!
- Então fale de uma vez, Potter.
- Não posso te provar como eu sei, apenas posso dizer para se preparar. O Idiota-Você-Sabe-Quem sentiu que nós destruímos algo que pertencia a ele, e acho que ele vai querer atacar.
- Pois ele que venha! – ela falou com determinação.
- Professora, antes de atacar o Lorde, e devo ser eu a atacá-lo segundo aquela profecia estúpida, devemos matar aquela cobra de estimação. Isso é de vital importância, avise a quem puder. Devemos proteger os alunos. Devemos nos preparar. Diretora, ele... – o moreno levou uma mão à testa novamente pressionando a cicatriz tentando dissipar a dor. - Ele vem pra valer... Pra colocar um fim nessa guerra.
Minerva olhou para o quadro atrás da mesa e encarou os olhos azuis por trás dos óculos de meia lua e sorriu para ele. Voltou-se para o trio e falou:
- Então que ele venha pra valer! Nós estamos preparados. – apontou a varinha para eles e ordenou: - Venham aqui. Vou aplicar um feitiço de Desilusão em vocês e mais ou menos por uma hora ficarão invisíveis. Pxiu! – exclamou para Harry que abriu a boca para protestar. – Não me questione. A segurança de vocês é fundamental. – um após o outro, os garotos sentiram como se um ovo fosse quebrado no topo de suas cabeças e um véu gelado encobrisse seus corpos. - Procurem Remo ou Tonks e os avisem do ataque iminente. Falem para chamar reforços. Vão agora!
Pela lareira da sala Minerva chamou o chefe dos aurores e alguns membros da Ordem da Fênix. Pediu que Dobby chamasse o prof. Flitwith com urgência e avisasse todos os professores de uma reunião de emergência do salão principal.

Ainda faltavam uns dez minutos para o horário do café da manhã, mas nesses poucos minutos o salão já estava lotado. Os professores organizavam os alunos em grupos que iriam ficar no castelo em segurança e grupos que partiriam para o combate. Alguns membros da Ordem da Fênix já se encontravam ali, assim como alguns aurores.

Todos se preparavam para a guerra.

A escola era definitivamente o local mais seguro para os alunos ficarem. Quando a maioria dos alunos dos primeiro, segundo, terceiro e quarto anos foi instalada nas alas de maior segurança Hagrid entrou no salão, fazendo o chão tremer levemente de tão rápido que ele andava.
- O Beco foi atacado! O Beco foi atacado, Minerva. – ele gritava e corria pelo salão em direção à diretora. – São muitos Comensais, Diretora. Se eles passarem de lá, o próximo alvo pode ser Hogsmead ou até mesmo Hogwarts.
- Em Hogwarts ele não entra!!! Quim! Tonks!
- McConaghall, uma equipe do ministério já está a caminho do Beco Diagonal nesse momento. Venham aqui! – Quim, o chefe dos aurores, começou a coordenar seus funcionários. - Fica um grupo de apoio aqui, e outro mais reforçado fica em Hogsmead, como segurança e reforço. Os mais preparados, em um grupo maior, seguem para o Beco. Vão! Vão!!! – ele gesticulava e logo os grupos estavam formados, prontos para partir. – Temos que detê-los no Beco! Eles não podem sair vitoriosos de lá! Lembrem-se das novas regras. – ele gritava enquanto se dispersavam e corriam para os jardins.

Poucos ficaram no castelo. Apenas alguns aurores para auxiliar na segurança, alguns alunos mais velhos que escolheram ficar e todos os alunos mais jovens.
Mesmo invisíveis aos olhos dos outros Harry, Rony e Hermione seguiram ao lado de Lupin, que partiu com o grupo para o Beco Diagonal.
O trio ainda teria uma vantagem de mais ou menos meia hora sob o feitiço de Desilusão, e estavam decididos a aproveitar ao máximo essa vantagem, atacando impiedosamente os adversários para garantir o maior número de Comensais abatidos logo nos primeiros minutos da batalha.

Essa deveria ser a última batalha!


/ * \ . / * \ . / * \
. fim do capítulo .
\ * / . \ * / . \ * /



N/A: E então?????? Preparados para a última batalha????????
Esse capítulo foi difícil de escrever... E o próximo será ainda mais difícil!!! Já tenho algo pronto dele, mas a parte mais complicada ainda não – o início. Hehehehehe...
O que vocês acharam?


Já está no fim pessoal! Não me abandonem, por favor. Não me façam desistir (de novo)!!!





*** Acho que eu superestimei minha história... Coloquei o pedido de coments achando que eu ia receber esses coments, mas a fic parece não ser tão boa assim. Lamento, mas eu me esforço e faço tudo que posso......... Eu AMO escrever... E isso me conforta... Mas me entristece não saber o que vocês acham da história... Não vou pedir comentários dessa vez. O leitor decide quantos comentários a fic merece!

Muito obrigada aos que acompanham a fic. Seus comentários me deixam extremamente feliz!!! É meu combustível para continuar... portanto peço (mais uma vez): COMEMTEM! ***

* autora desanimada *


Bjins.

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