A Compensação



A tarde caía suavemente sobre o gramado verdejante que circundava Hogwarts e esse era realmente um dia adorável. Mas Arthur Barker não notara nada disso porque estava muito ocupado realizando um feito inédito: era o primeiro professor na história do colégio a cumprir uma detenção.

Barker fora resignado a ajudar Hagrid a cuidar dos estábulos pela diretora Minerva, como detenção por comportamento indecoroso (“Maldita hora em que fui abrir a boca!”, foi a frase que ele repetiu mentalmente o dia inteiro), mas contara ao amigo que estava ali apenas para ajudá-lo voluntariamente. Os dois professores estavam nos estábulos dando de comer aos animais e rindo muito de uma piada sobre ogros que o guarda-caça contara, quando Jack chega com a cara mais feliz do mundo.

- Bom dia, meus amigos! – o professor de DCAT fala e os outros dois respondem com um aceno de cabeça.

- Está vendo a cara dele, Rubeus? – pergunta Arthur, piscando. - Pelo visto as coisas com a Cassie andam de vento em popa.

- Fico feliz por você, Jack – responde o meio-gigante, com uma sinceridade evidente.

- Obrigado, senhores. Tenho que lhes comunicar oficialmente que eu e Cassie voltamos a morar juntos – os dois aplaudiram e ele fez uma leve reverencia. – E é por isso que eu vim falar com você, Arthur.

- Se for pra me convidar para ser o padrinho eu aceito – o professor de transfiguração responde, rindo.

- Na verdade não é bem isso... Bem, sabe aquele favor que você está me devendo? – Jack pergunta e Barker confirma com a cabeça. – Pois eu já achei um jeito de cobrar: você vai entregar essa carta para Marie. Eu faria pessoalmente, mas você sabe o quanto a Cassie é ciumenta.

- E o que diz aqui? – fala Arthur, analisando o envelope.

- Que eu estou terminando com ela – responde Mallory num tom casual e Hagrid tem uma crise de tosse (terrivelmente barulhenta) ao ouvi-lo.

- O que?! ? Eu não vou fazer isso – diz Barker devolvendo a carta, indignado. – Nunca. De jeito nenhum!

- Lembre-se de que você me deve uma – Jack contra-argumenta, ficando nas pontas dos pés para poder dar palmadinhas nas costas de Hagrid, o que não ajudou muito a acabar com o terremoto causado pela tosse.

- Eu não... Quer dizer... Não posso...– Arthur resmunga e Jack lhe lança um olhar significativo. – Tudo bem, eu faço o serviço sujo. Mas só porque eu torço muito por vocês dois.

- E mais uma coisa: é melhor guardarmos segredo sobre esse assunto – o vampiro fala, olhando severamente para os dois amigos de língua solta e pensando que devia estar ficando louco para confiar algum segredo a aqueles dois.

- Minha boca é um túmulo – meio-gigante fala, ainda com lágrimas nos olhos de tanto tossir.

- Obrigado, sabia que podia contar com você – Mallory responde alegremente. - Tenham um bom dia.

O professor de defesa contra as artes das trevas se afasta, cantarolando, e Arthur lança um olhar desesperado a Hagrid, que começa a rir.

- O que é que você fez pra merecer um castigo desses?

- Isso é uma longa história – diz Barker e suspira profundamente. - Será que você não poderia ir comigo? Só pra me dar uma forcinha. Quer dizer, com um sujeito com uma figura marcante como a sua por perto ela não começaria a me bater ou algo do tipo.

- Me desculpe, mas taí uma coisa que eu não faço nem amarrado.

- Rubeus, por favor.

- Nem pensar.

- Pelo amor de Deus!

- Não.

- Eu imploro...

[...]

Na manhã seguinte o quinteto estava tomando café, sentados em seus lugares costumeiros, conversando animadamente entre si e com alguns colegas ao lado. Menos Jimmy que observava (quase babando) Crystal na mesa de sua casa, rodeada de meninas.

- Isso não é incrível? – Rose, muito feliz, discursava sobre as próximas matérias a serem estudadas.

- Legal – responde Al, sem compartilhar do entusiasmo da prima. Deixara de escutá-la depois que ouvira a palavra livro.

- É realmente ótimo – completa Jay, concentrado em absorver cada mínimo gesto da garota. Ele poderia declamar com exatidão pelo menos as últimas três divagações feitas por ela sobre as possíveis matérias a cair no próximo teste de poções.

- Até bebendo leite ela é linda. Eu tenho arrumar um jeito de ir falar com ela... – fala Jimmy, como se estivesse pensando em voz alta, com os olhos fixos na loira sentada na mesa da corvinal.

- Por que não vai agora? Aposto que ela ia achar muito sexy essa mancha de geléia na sua bochecha – brinca Fred, fazendo Al engasgar de tanto rir. Então ele se vira para Jay – Mas, mudando de assunto, eu vou fazer mais um pedido da loja do papai. Você vai querer um Colador?

Fred, Albus e Jimmy já tinham um Colador, que era o mais recente sucesso das Gemialidades Weasley: um anel que, uma vez colocado no polegar da mão direita, mostrava as respostas, escritas com tinta prateada na pedra negra que ficava presa a ele. Por ser uma novidade ainda não havia sido descoberto por nenhum professor, apesar de já ser utilizado por vários alunos.

- Claro – responde Jay, deixando Rose furiosa.

- Você também! Se algum professor descobrir esse esquema de vocês, vocês irão se ferrar e justamente – a garota repreende, e os outros olhos trocam olhares significativos. Eles estavam prevendo o que Jimmy apelidada de hora do sermão.

- Só vão descobrir se algum dedo-duro contar, priminha. E eu espero que você não faça isso – Fred corta “carinhosamente”.

- Não vou falar nada. Mas quando vocês se ferrarem, eu vou morrer de rir – diz Rose, emburrada.

- Talvez eu não devesse mesmo comprar um... – responde timidamente o vampiro.

- Jay, não deixa esse projeto de Hermione (Rony sempre chamava a filha assim) te meter medo. Você vai bem em todas as provas de qualquer jeito, mas é sempre bom se prevenir - Fred tenta convencê-lo.

- É só com cuidado pra que ninguém perceba e lembrar de mudá-lo de dedo depois de usar – completa Albus, enquanto passa a mão repetidas vezes na frente dos olhos do irmão mais velho, que já estava novamente “hipnotizado”.

- Eu não vou querer não. Sabe, numa coisa ela tá certa: mais cedo ou mais tarde vão acabar descobrindo. E, se isso acontecer e meu pai souber que eu estava no meio, tô ferrado de vez – fala Jay, ainda meio sem jeito. - Especialmente agora que eu voltei a receber mesada.

- Rose, bem que você podia me ajudar. Sei lá, me dá umas dicas – Jimmy pede, “acordando” de seu transe, mas ainda totalmente alheio à conversa dos outros . – Você é uma garota, então me diga: do que vocês gostam num cara?

- Pra começar, seja educado e gentil. E nada de falar de animais nojentos e coisas do tipo. Diga coisas bonitas pra ela – ela está com aquele muito familiar ar de sabe-tudo.

- E o que aconteceu com Seja você mesmo! ? – pergunta Al ironicamente.

- Ele tá querendo conquistar a garota, e não assustá-la – brinca Fred.

- Você vai se dar bem, é só ser mais romântico – ela continua, ignorando as brincadeiras do primo. – Lembre-se de que nós gostamos de príncipes e não de sapos.

Os outros três garotos viram-se para Jay e começam a rir, lembrando-se de que o amigo era um príncipe legítimo.

- Qual é a graça? – ele fala, muito vermelho, notando que a garota ficara vermelha também.

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