Hogwarts
Onze e quarenta e cinco de uma bela manhã de primeiro de setembro. Sob o ameno sol do outono o trem sacolejava incansavelmente e, dentro das cabines cheias de estudantes, a conversa incessante aumentava a cada segundo. Pelas janelas era possível ver o gramado e as árvores passando rapidamente, mas ninguém parecia apreciar a paisagem, todos estavam muito animados com a perspectiva do início das aulas e tinham muita conversa pra colocar em dia.
Rose e Albus se sentaram em silêncio na cabine que Fred e Jimmy escolheram para eles, enquanto estes andavam pela locomotiva cumprimentando seus inúmeros amigos. Não fora nenhuma surpresa para o moreno ver como o irmão mais velho, tão decidido e engraçado, era popular entre os colegas. O ruivo era muito diferente dele, mais animado e criativo, sempre comandando todas as brincadeiras e inventando travessuras nas quais ele embarcava sem pensar duas vezes. Mas Al não sentia inveja da confiança e desenvoltura do irmão, admirava-o. E agora, que já tinha idade o bastante, voltaria a vê-lo todos os dias. Como ele se sentira sozinho nesse último ano! Não que Lily não fosse legal, mas ela era menina. E a mesma coisa se relacionava a sua prima, sentada logo a sua frente, lendo pela milionésima vez Hogwarts, uma história.
Jimmy e Fred entraram fazendo um grande estardalhaço e falando sobre pessoas que Al não conhecia. As coisas haviam mudado entre ele e o irmão, que agora parecia querer andar só com os garotos mais velhos. O moreno compreendia que ser mais novo, calouro e menos legal o excluía das conversas entre o irmão e o primo, mas ele precisava urgentemente conversar com alguém, ao menos para parar de pensar um pouco na reviravolta que sua vida tomaria hoje. Hoje seriam escolhidos os próximos sete anos de sua vida, senão sua vida toda.
Rose se enfiara dentro de seu livro preferido para não ter que dar atenção às provocações dos primos. Hoje ela já tinha problemas demais para perder tempo discutindo com aqueles dois que, apesar de mais velhos, pareciam terrivelmente infantis aos seus olhos. Ela corria os olhos pelas páginas, sem assimilar uma só palavra. Letras e símbolos mal entravam e já escapavam de sua mente, num turbilhão de idéias que misturavam medo, apreensão, orgulho e felicidade. Hoje era um grande dia. O seu grande dia.
Al não parava de mexer nos cabelos já muito bagunçados, relembrando em silêncio os rostos da irmã e dos pais acenando na estação enquanto Fred e Jimmy estavam ocupados assustando Rose com a perspectiva de que ela se tornasse a primeira sonserina da família. Ela fingiu não escutar e voltou a baixar os olhos para seu livro, quando ouviram-se batidas na porta. Depois de ouvir um “Entre” em conjunto, um garoto bonito e pálido, de cabelos castanhos levemente encaracolados e olhos azuis muito brilhantes a abriu. Ele parecia meio indeciso, carregando sem dificuldade o pesado malão. Ao contrário dos outros, que vestiam jeans e camiseta, ele usava sapatos de marca e calça e camisa feitas sob medida, em tons sóbrios.
- Com licença, posso me sentar? – Ele apontava com a mão livre para o lugar vazio. – Não tem muitos lugares disponíveis por aí...
- Claro - respondeu Jimmy, enquanto Rose olhava o estranho com demasiado interesse, deixando o livro momentaneamente de lado.
- Muito obrigado. Vocês são do primeiro ano? – acomodando-se, ele pergunta com um sorriso tímido. Dizia a primeira coisa que lhe passara pela cabeça, só para puxar assunto.
- Só eles dois – responde Fred com um tom afetado, sentindo muito orgulho de não ser mais um novato.
- É, nós somos do segundo ano – completa Jimmy, explicando com um sorriso triunfante o obvio.
- Eu estou começando hoje, tô muito nervoso – o garoto fala e os cinco se entreolham enquanto um silêncio pesado pairava no ar. Antes de prosseguir ele dá uma tapa na testa, como se estivesse se lembrando de algo essencial – Mas que falta de educação, eu nem me apresentei! Meu nome é James Mallory Júnior, mas todo mundo me chama de Jay.
- Eu sou Fred Weasley, e esses são meus primos Rose Weasley, James e Albus Potter – respondeu o garoto negro, que tinha cara de quem estava sempre aprontando alguma, apontando em seguida para a linda garota de cabelos ruivos e compridos, o menino de cabelos também ruivos e muito despenteados e para o outro, de olhos verdes e cabelos negros.
- Pode me chamar de Jimmy, xará. E o meu maninho aqui de Al, Albus é nome de gente velha... – o ruivo fala, mas pára parecendo levar um susto. – Peraí, você é filho do professor Mallory?
Jay balança a cabeça afirmativamente e abre a boca para falar alguma coisa quando é interrompido pela mulher dos doces, parando o carrinho em frente à cabine e oferecendo-lhes guloseimas com um sorriso amável. Achou educado comprar alguma coisa para oferecer aos novos amigos, mas ele acaba exagerando um pouco. Os quatro nunca tinham visto ninguém gastar tanto dinheiro com chocolate antes, ele quase esgotou o carrinho.
- Acabei de receber a mesada – e parece que já gastara quase tudo. - Vocês aceitam alguns sapos de chocolate? Não vou dar conta disso tudo sozinho mesmo – “nem em um mês”, ele completa mentalmente.
- Claro! – responderam os quatro ao mesmo tempo, aceitando prontamente a oferta dele. Quem em seu juízo perfeito recusaria chocolate?
- Weasley... eu conheço esse nome. Vocês têm um tio chamado Carlinhos? – Jay pergunta reconhecendo não somente o nome, mas também a cabeleira ruiva de Jimmy e Rose.
- Temos sim, por quê? – responde Jimmy, ainda de boca cheia.
- O tio de vocês é um cara legal, eu o conheço de quando meu pai estudava dragões na Romênia. Papai me levou lá uma vez nas férias, ele adora dragões – ele fala e enche a boca de chocolate.
- Engraçado, normalmente perguntam somente pelos nossos pais – fala Al, analisando a figurinha de Harry Potter (uma das mais comuns hoje em dia) que acabara de encontrar em seu sapo de chocolate e passando-a para o irmão com um sorriso.
- Eu imagino, vocês são filhos dos maiores heróis do mundo bruxo! Devem estar cansados de todo mundo perguntando sempre as mesmas coisas, querendo puxar o saco de vocês e tudo mais.
- Nem é tão ruim assim, tem um lado bom em ser famoso: as garotas caem em cima – Fred se gaba, com ar de grande conquistador.
- Não é bem isso o que eu ouvi falar. Me falaram que vocês dois não estão com nada – fala Rose, pela primeira vez desde que ali chegara. A garota não gostava de ver os primos contando vantagem.
- E quem é que te contou essa mentira, senhorita sabe-tudo? – ele responde, em meio a uma careta.
- Pra que casa você quer ir, Jay? – Jimmy muda de assunto, tentando evitar mais uma briga entre os primos. As meninas da família geralmente estavam sempre brigando com eles, rivalidade nascida do antigo costume dos garotos Weasley de mutilar bonecas e bichos de pelúcia inocentes.
- Eu não sei, a que o chapéu seletor me mandar já está de bom tamanho.
- Nós com certeza vamos pra Grifinória – afirma Al, mais confiante.
- É uma tradição de família! – completa Rose, sorridente.
- Espero mesmo que sim. Imagina só a vergonha que nós vamos passar se o Chapéu Seletor mandar um de vocês pra Sonserina? Se bem que o meu maninho aqui com essa cara de bobo parece mais o estilo da Lufa-lufa.
Eles conversam o resto da viagem e só se separam após descerem do trem, os dois mais velhos deixando os demais ainda bastante apreensivos seguindo com Hagrid pelo resto do percurso. Rose ficou feliz com isso, já que seus primos só os estavam deixando cada vez mais nervosos, mas Al não gostou muito seguir sem seu irmão mais velho, o que o fazia se sentir meio desprotegido. Os três mal conversaram durante o percurso, de tão impressionados com o maravilhoso cenário no qual penetravam pouco a pouco.
- Olhem, ali está o papai! – disse Jay, apontando para um homem bonito e pálido, que seria perfeitamente descrito como uma versão mais velha do filho, só que com olhos cor de mel, usando um terno negro e com os cabelos ligeiramente mais compridos.
- Caros alunos, este aqui é o professor James Mallory – Hagrid o apresenta em tom solene. – É ele que vai guiá-los agora.
O professor Mallory fora incumbido de acompanhar e explicar como seria a seleção aos novos alunos, que entraram boquiabertos no decorado salão principal, vendo através do teto o belo céu noturno apinhado de estrelas. As coisas correram como de costume e, como sempre, o Chapéu Seletor cantou as características de cada casa e foi selecionando os alunos chamados, um por um.
- Agora é a hora, crianças. Então vou chamando os nomes, cada um se levanta, se senta no banquinho e coloca o chapéu – o professor respirou fundo e começou. – Adams, Gary!
O garoto de cabeça raspada arregalou os olhos e fez um sinal da cruz apressado antes de correr em direção ao Chapéu.
- Lufa-lufa!
- Bell, Sally... Carlton, Edgar... Carter, Cristopher... Chase, Courtney... Doyle, Louise... – os alunos iam sendo selecionados. A maioria deles tropeçava ou saía correndo assim que ouvia para que mesa tinha de seguir. Não é preciso nem dizer que todos estavam assustadíssimos.
- Drake, Agatha!
- Hum... Grifinória!
Gus Drake, aluno do sexto ano da Gifinória e irmão mais velho de Agatha, assobiou alto e aplaudiu de pé, fazendo Al se perguntar se seu irmão estaria torcendo por ele com o mesmo entusiasmo. E Rose ficou muito feliz em ver que já conhecia alguém que, tomara, fosse sua colega.
- Drebber, Pâmela!
- Sonserina!
Albus arrepiou ao ouvir o nome da casa de Slytherin, notou que suas mãos suavam e sua respiração estava ofegante. Ele definitivamente não podia ir para a casa conhecida por abrigar bruxos das trevas. Seu pai dissera que isso não era importante, mas ele tinha certeza de que era sim! Al queria mais do que tudo neste momento ser um grifinório.
Ferry, Vanessa... Green, Douglas... Houston, Débora... Jones, Jeremy... Keating, Brian... Krall, Zoe... Laurie, Kiefer... Lawler, Virgínia... Longoria, Lia... McDreamy, Neal: aplausos rompiam das mesas a cada veredicto e até mesmo os professores observavam com muita atenção o rumo que estavam tomando seus futuros alunos.
- McGinty, Crystal!
- Corvinal!
- Mallory, James!
O professor deu uma piscadela para o filho, cujas faces pálidas agora estavam escarlate. O garoto foi o mais rápido que pôde ao banquinho e, já sentado no devido lugar, prendeu a respiração esperando a resposta. Tentava se mostrar calmo, mas era impossível não sentir o estômago revirar de ansiedade.
- Oh, sim... Grifinória!
Jay olhou em direção ao pai e, recebendo deste um sorriso de aprovação, foi muito feliz para sua mesa, sentando-se ao lado de Fred e Jimmy. Mais cedo, nesse mesmo dia, entrara no trem sem a mínima esperança de que se daria bem na nova escola, pelo menos imediatamente. Mas agora estava na casa dos nobres e corajosos, cercado de novos amigos e prestes a jantar: não podia estar mais feliz.
- Milian, Marcus... O’Neal, Gilbert... Page, Ludovic... Perrineau, Peter...
A cor fugiu do rosto do Al, “Ai meu Mérlin, agora é minha vez!”.
- Potter, Albus! – chamou o professor e o moreno estava tão nervoso que nem notou os comentários que surgiram quando foi dito seu nome. O garoto caminhou rapidamente e se sentou no banquinho, mentalizando o quando queria ir para a Grifinória. Quando o Chapéu Seletor pousou sobre os cabelos negros foi visível um sorriso enviesado em sua boca rasgada.
- Mas isso é quase um déjà vu... Grifinória!
- Yes! – Al sussurra e sai correndo para o lugar onde o irmão, o primo e o amigo batiam os punhos com força na mesa, no mesmo ritmo das palmas. Ele se senta enquanto recebe os parabéns juntamente com vários tapinhas nas costas. Apesar de não ter feito nada de extraordinário, o garoto estava orgulhoso de si mesmo como jamais estivera na vida.
Ross, Michael... Rush, Celine... Spencer, Harold... Stevenson, John... Thompson, Thelma... Turner, Conrad. Rose percebeu, assustada, o quanto o W estava iminente. Enquanto escutava displicentemente mais nomes e veredictos, olhou em direção a mesa das Grifinória, de onde recebeu quatro olhares que lhe deram toda a coragem de que precisava.
- Weasley, Rose! – falou Mallory, mantendo o tom solene que a situação exigia.
Ela sentou-se no banquinho e fechou os olhos, fazendo o máximo de força possível para não desmaiar. “Não há o que temer” pensou, ou melhor, forçou-se a pensar.
- Grifinória! – sentencia o velho trapo, depois de mal tocar na cabeça da garota.
A ruiva chegou quase aos pulos no lugar onde os quatro estavam sentados, sendo recebida efusivamente por eles.
- Vocês deram muita sorte em pegar o Chapéu Seletor, não é mesmo Jimmy? – pergunta Fred, cutucando Jimmy.
- É, na nossa vez nós pegamos o “Punhal Seletor” e ele só escolhe a casa depois de fazer um corte enorme no seu braço – mentiu o ruivo, fazendo os olhos do irmão arregalarem.
- Não sejam mentirosos, o único método de selecionar os alunos é com o Chapéu e não existe essa bobagem de “Punhal Seletor”... – repreende Rose.
- Já sei, você leu isso em Hogwarts,uma história. Maldita hora em que a tia Mione te deu esse livro chato – Fred corta a prima e esta se prepara para responder a altura, mas é interrompida.
A diretora McGonagall levantou-se com sua pose austera e imediatamente todas as conversas cessaram e os olhares silenciosos se dirigiram a ela.
- Sejam bem vindos a Hogwarts! Com muito orgulho reabrimos nossas portas para mais um ano letivo. Tenho certeza de este castelo lhes trará experiências maravilhosas nos próximos meses – ela abre um amplo sorriso enquanto os alunos aplaudem. - Devo lhes avisar que temos um novo professor de Transfiguração, Arthur Barker – levantou-se um senhor já de certa idade, alto e forte, com olhos negros e barba e cabelos grisalhos, fazendo uma reverência respeitosa e sentando-se em seguida. – E que a floresta da propriedade está terminantemente proibida a todos, assim como prática de alguns feitiços e o uso dos objetos de uma singela (ela devia ter dito gigantesca) lista que o Sr. Filch fez a bondade de elaborar e fixar no quadro de avisos de todas as casas[...].
Jantaram até ficarem satisfeitos, principalmente Fred que parecia insaciável. Então terminaram e se puseram a conversar animadamente, assim como todos os outros no salão. Rose tecia infindáveis comentários sobre o que lera de Hogwarts, e os meninos estavam mais preocupados em saber quem era o capitão do time de quadribol, porque era com ele que eles deveriam se escrever para os testes do time.
- O seu pai é professor de que mesmo? – pergunta Rose, mudando de assunto para algo que lhe interessava mais do que o grande esporte dos bruxos.
- De Defesa Contra as Artes das Trevas. Vocês vão gostar dele, papai é um cara super legal – ele responde.
- É, o Mallory até que é bacana – fala Jimmy, virando-se para cumprimentar um colega.
- Nós mal brincamos com ele até hoje – completa Fred, se levantando para ir falar com um amigo na outra ponta da mesa.
- O que eles querem dizer com “brincar”? – Jay pergunta, fazendo os outros dois amigos rirem.
- Você não vai querer saber – responde Al rindo da cara de confuso de Jay, de felicidade e de saciedade, em conseqüência da maravilhosa e gigantesca quantidade de comida que jantara. De repente tudo lhe parecia ainda mais encantador naquele salão lotado.
Após um segundo e breve discurso da diretora e do hino da escola, todos os alunos se levantaram, seguindo em filas guiadas pelos monitores de suas respectivas casas. Fred imitava a maneira de andar de Rose, que, maravilhada, não parava de fazer observações sobre o castelo enquanto os outros garotos riam das palhaçadas de Fred. Os quatro chamavam a atenção de todos por onde passavam (até mesmo os quadros).
Uma menina morena, de longos cabelos negros e olhos cor-de-rosa se aproxima por trás de Rose, que estava agora muito vermelha, ao perceber os cochichos dos outros em relação a ela e os primos.
- Rose? – Ela parece muito feliz em reencontrar a amiga.
- Agatha! Eu te vi na seleção, mas nem deu pra gente conversar durante o jantar – a ruiva a abraça.
- Pois é, fiquei tão feliz porque nós duas viemos pra mesma casa! Só não fui falar com você porque estava com os meus irmãos, e no trem também não deu pra eu ir te procurar – os garotos a olham curiosos. – Não se lembram de mim? Sou Agatha Drake, fui jantar na casa do avô de vocês outro dia, ele trabalha no mesmo departamento do meu pai no Ministério.
- Ah, claro – Jimmy fala e levanta uma sobrancelha, fazendo cara de gostosão. O ruivo não perdia uma chance de paquerar qualquer garota que fosse. – É que eu não me lembrava de que você era tão bonita assim. Beleza?
- Tudo ok – ela responde sem dar a menor bola, voltando a conversar com Rose e Fred começa a rir da cara de sem graça do primo. Fred não se cansava de ver o primo levando toco e nem ligou para o olhar de raiva que este lhe lançou.
- Então você já conhece Al, Jimmy e Fred – Rose fala, enquanto cada um deles acena com a cabeça - e esse aqui é o Jay, nós o conhecemos hoje. Jay, essa é a Agatha, uma grande amiga.
- Muito prazer – ele estende a mão, que ela aperta de forma cortês.
- Igualmente. Bom, vou indo na frente porque tenho muita coisa pra arrumar – ela aperta o passo, deixando-os para trás. - Até mais, gente!
- Tchau – respondem os cinco ao mesmo tempo.
- Ela é metamorfomaga que nem o Teddy? – pergunta Albus enquanto olha menina se afastar pelo canto dos olhos. Ele realmente se lembrava dela, só não disse nada para não se mostrar interessado. Achou-a linda desde o primeiro momento que a viu, uns três meses antes no tal jantar, mas fez questão de não demonstrar isso porque sabia como seu irmão e Fred arranjariam um jeito de constrangê-lo por causa isso.
- Mais ou menos, só os olhos dela é que mudam de cor de acordo com o humor dela. Não é legal? – responde Rose, feliz com a perspectiva de ficar longe daqueles olhares curiosos o mais rápido possível. Não importava quanto tempo passasse, ela nunca se acostumaria com todo esse assédio de pessoas que ela nem sequer conhecia.
Quando chegaram à sala comunal, encontraram uma grande algazarra de alunos. Todos estavam muito agitados, por isso foram dormir bem tarde. E os cinco ficaram acordados até depois de quase todos terem ido pra cama, sentados em volta da lareira, conversando. Estavam excitados demais com todo aquele mundo novo que se mostrava para se recolherem.
- Que droga! Quase todas as coisas das Gemialidades Weasley estão proibidas e o babaca do Filch ainda proibiu o papai de vender pra cá por reembolso coruja – Fred está parado junto ao quadro de avisos, falando entre os dentes. – Vou ter que pedir pro papai disfarçar as minhas encomendas.
- Espero que isto não esteja na lista... – comenta Jay, após um bocejo, retirando um pedaço de pergaminho já bem conhecido do bolso.
- Você tem um Mapa do Maroto! – Jimmy fala mais alto do que gostaria, chamando a atenção dos primos. O olhar surpreso do ruivo logo se espalhou entre os rostos dos outros três.
- É, papai me deu antes de me deixar na plataforma. Ele tomou um de um aluno da outra vez que deu aula aqui, anos atrás, e fez uma cópia antes de devolver. Esse mapa é genial.
- Deve ter tomado do tio George ou do tio Fred – fala Rose, com um suspiro de desaprovação que os outros fizeram questão de ignorar.
- Nosso avô era um dos Marotos, o Pontas. Eu tenho o original aqui – Jimmy puxa a pontinha do mapa original de dentro do bolso e Jay guarda o seu com cuidado depois dos outros já o terem examinado. Sem dúvida aquela havia sido uma agradável coincidência.
- Podemos fazer mais três cópias, pra cada um ter o seu – fala Jay e os outros três assentem.
- Seria ótimo! – completa Albus, parecendo ter adorado a idéia.
- Nós bem que poderíamos ter uma capa de invisibilidade para cada um também - Fred fala com uma cara maliciosa. A capa era sem dúvida o objeto mais fantástico que ele conhecia, além de ser extremamente útil em suas aventuras com o primo.
- Vocês têm uma capa de invisibilidade! – exclama Jay, agradavelmente surpreso e os três balançam a cabeça afirmativamente. - Definitivamente, vocês são os melhores amigos que eu poderia arranjar!
- Interesseiro – brinca Rose.
- É, mas quando eu te ofereci os sapos de chocolate você bem que gostou – ele levanta uma sobrancelha e ela responde com uma careta.
- Pra ser perfeito só falta virarmos animagos – completa Jimmy, com um olhar perdido. Das histórias que conhecia dos marotos, a transformação dos quatro em animais era a parte que ele mais gostava.
- Isso sim seria o máximo! Não deve ser muito difícil ser um... – Fred parecia estar bolando algum plano enquanto se caminhava pela sala, falando para os outros e para si mesmo.
- É dificílimo! O professor Barker é um animago dragão, e ele sempre diz que dá muito trabalho virar um. Se vocês quiserem posso tentar arranjar umas aulas com ele ou algo do tipo, mas não sei se ele vai querer nos ajudar – explica Jay.
- E como você sabe disso? – pergunta Albus.
- Barker é amigo do meu pai. O cara é a maior figura! – responde, rindo.
- Também deve ter algo sobre isso na biblioteca, na Sessão Reservada – Fred levanta uma sobrancelha enquanto fala, esfregando as mãos. – Quem sabe se nós...
- Pronto! Nós mal chegamos e você já vai nos meter em encrenca – Rose revira os olhos. – Quer saber? É melhor irmos dormir, porque já está muito tarde.
Todos eles se levantam e rumam para seus respectivos dormitórios. O sono parecia chegar atrasado nas mentes cheias dos alunos, que se reviravam nas camas imaginando o que o destino lhes reservara para este ano.
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