Adeus para os Dursley!



Estava tudo tão perfeito que Harry nem se importava com a hora. Ron havia ido dormir, fazendo com que ele e Hermione ficassem sozinhos. Ela estava sentada em frente a ele, a menina sorria docemente lembrando de tudo que ocorrera com eles, desde o começo, quando se conheceram no Expresso de Hogwarts. Pareciam bêbados, riam de tudo e de todos. De repente Hermione se levanta.


-Harry! Saia daí!- ordenou a menina.

-E por que eu faria isso?

-Porque EU quero deitar!


Harry gargalhou gostosamente. Hermione franziu a testa, ainda o fitando.


-Então...-começou o garoto, sugestivamente provocante.- Deite.


Ele levantou a sobrancelha para ela, ainda sorrindo. Hermione, aceitando a provocação, se deitou e encostou a cabeça na perna dele. A menina ainda olhava nos seus olhos mordendo de leve o canto do lábio. Harry se sentiu instantaneamente embriagado com o cheiro da menina e resolveu continuar a falar.


-Se lembra do primeiro ano? Quando nós ficamos presos no Visgo do Diabo e você tentava lembrar da aula de Herbologia, quando você lembrou disse que precisava de luz, mas não tinha um isqueiro por perto! Há! Ron disse que você era uma vergonha pro mundo da magia!
-Eu estava nervosa!- protestou Hermione sorrindo.


Harry se inclinou para rir, ficando próximo a Hermione. O sorriso nos lábios dos dois desapareceu, mas o contato visual continuava firme. Por impulso Harry acariciou o rosto da menina, o que a fez fechar o olho momentaneamente.


-Hermione?- chamou Harry que agora sorria galante.- O que aconteceria se eu te beijasse?

-Não sei.- respondeu Hermione pensativa.

-Será que eu posso... Descobrir?- provocou o garoto.


Hermione não respondeu, apenas sorriu. Harry entendeu como um sim e aproximou seu rosto, encostou seus lábios nos dela ocasionando um pequeno impulso da língua de Harry na boca, ainda fechada, de Hermione. Entendendo o recado a garota abriu a boca deixando que Harry a explorasse...


Mas, como tudo o que é bom, dura pouco, Harry sentiu um cutucão em seu braço.


-Ei moleque! Esqueceu da vida? Está na hora de entregar o jornal!


Harry levantou bruscamente, causando um estalo na costela. Pegou seu óculos e olhou para a hora. Arregalou os olhos, tinha cinco minutos para trocar de roupa, pegar a bicicleta e entregar o bendito jornal. Correndo, Harry procurou pegar qualquer roupa e descer. Passou pela mesa do café suspirando com o bom cheiro da torrada, mas não tinha tempo para comer agora. O garoto pegou a bicicleta e foi até a banca pegar o jornal do dia. Depois de estar com a bicicleta cheia, Harry partiu para mais um dia cansativo.

Tomando as ruas na bicicleta, Harry às vezes parava para tacar o jornal no lugar certo, porque da última vez que quebrara o vaso do Sr. Anderson teve que pagar com o pequeno salário, ficando atrasado com o “aluguel” que os Dursley cobravam da bicicleta. Harry fazia isso desde as férias do quinto ano, gostava até porque se desligava um pouco da realidade. Cuidava para não ir muito longe para não haver perigo, mas agora acreditava que não iria acontecer mais nada. Em seu sexto ano enfrentara Voldemort e ganhara, Draco se convertera por causa de Gina. Harry sorriu. O que o amor não pode fazer? Ou melhor, o que as mulheres não podem fazer com um homem? Ron também estava namorando, com Luna. A garota também o mudara. Abrira a cabeça tapada de Ron. Hermione era a única que não namorava...”Ainda bem” Murmurou uma vozinha na cabeça dele. Harry franziu a testa, agora lembrara do sonho tentador que tivera com a amiga. Batia na cabeça se culpando. “Quer dizer... Ela é Hermione!”. “E daí?” Respondia sua consciência. “E daí que ela é sua MELHOR AMIGA!”. “Isso não quer dizer que você não possa se sentir atraído por ela... Não é?” Insistia a voz. “É... Quer dizer! Não... Não sei!”.


-ARRE!- Harry acabara de passar por um buraco enorme, que quase terminou em sua queda. O garoto bufou batendo na cabeça.- Vozinha atrevida!


Harry continuou a entrega procurando não pensar na amiga. Agora passava pela porta do Sr. Anderson, que o esperava sentado em um banco na varanda de sua casa. O homem o encarava severo, Harry mirou bem e acertou na porta dele. Ele olhou o relógio bufando.


-Está atrasado!- gritava enquanto Harry continuava a pedalar fingindo que não escutara a provocação. Sabia que se respondesse perderia o emprego.


O pessoal daquele bairro era muito “unido”, então, se um reclamava, todos tinham que concordar. Quando Harry finalmente acabou a entrega, passou na banca para pegar seu salário já que no dia seguinte iria voltar para Hogwarts para cursar seu último ano na escola.


-Como foi à entrega, Harry?- perguntou o homem risonho, entregando o dinheiro para o menino.

-Ah... O Sr. Anderson reclamou do horário!- comentou desanimado.

-Deixe aquele velho caduco comigo!- disse o velho Bobby, fazendo Harry rir.

-Tudo bem... Então, está na hora de me despedir! Esse ano eu não voltarei para a casa dos Dursley, finalmente!

-É, pra falar a verdade eu também não gosto muito deles!- comentou o homem coçando a barba.

-O difícil é ver alguém gostar!


Bobby sorriu gentilmente e saiu da banca para falar com Harry.


-Venha cá garoto! Me dê um abraço.- chamou o velho fazendo um gesto com a mão. Harry sorriu, mas foi um pouco envergonhado.- Não se acanhe Harry!- comentou Bobby o puxando para um abraço.


Harry sorriu, Bobby e Sra. Figg eram os únicos do bairro que não o viam como um “anormal”. Depois de uma simples despedida, Harry voltou a pedalar para a casa. Chegando lá, Harry pegou o dinheiro do aluguel e deu a seu tio.


-Hum... Está tudo aqui...- comentou Valter checando o dinheiro.


Harry bufou. Pra que roubaria ele? Seus tios estavam assistindo ao noticiário da manhã e Duda provavelmente jogava videogame. Harry rumou para a mesa do café, agora só tinha um prato com uma torrada, um pequeno pote com geléia e café. O garoto se serviu e foi escovar os dentes, aproveitando para tomar banho. Saiu do banheiro ainda de toalha e entrou em seu quarto. Surpreendeu-se ao flagrar Píchi em uma tentativa inativa de abrir a janela para entrar em seu quarto. O garoto foi até a janela e abriu-a, dando espaço para a pequena coruja entrar extremamente agitada.


-Ei! Calma aí!- dizia Harry, tentando agarrar a coruja que se assemelhava a um pomo de ouro.


Felizmente, com sua habilidade de apanhador, Harry conseguira pegar a coruja antes que os Dursley a escutassem. Pegou a carta e trancou a ave na gaiola de Edwiches que saíra para tomar o “café da manhã”.


“Harry”.


E aí? Como foram as férias? Pergunta idiota não acha? Então... Eu sei que amanhã a gente vai se encontra, mas eu e Hermione estamos hospedados no Caldeirão Furado, porque deu na idéia que a gente tinha que sair um pouco. Aí estivemos pensando se você não queria vir? Mande a resposta por Píchi, e rápido, porque amanhã nós já vamos para Hogwarts.


Abraço, Ron.


Harry levantou a sobrancelha, era uma proposta tentadora. Mas teria que fazer algo antes de ir para lá.


“Ron”.


Perfeito... Eu estarei aí logo depois de resolveu uma coisinha aqui! Vejo vocês depois.


Abraço, Harry.


Harry tirou Píchi da gaiola com cuidado e amarrou o pedaço de pergaminho na pata da ave. Depois disso soltou-a na beira da janela dizendo.


-Entregue a Ron...


Botou uma roupa qualquer e desceu rapidamente as escadas indo ao encontro de seu tio.


-Er... Tio Valter?

-Que é?- perguntou seco.

-Estive pensando, se hoje o Duda poderia ir à academia sozinho...

-Por que?- cortou seu tio.

-Porque eu combinei com meus amigos de encontrar com eles no Cal... Num pub qualquer, para passarmos o último dia das férias juntos...


Valter pareceu pensar, passando a mão no bigode. Ter Harry fora de sua vida mais cedo do previsto era bom, mas recusar um pedido seu era melhor.


-Não... Você vai à academia com ele sim! Mas...- o homem pareceu pensar novamente.- Vocês podem ir agora, se quiser ganhar tempo.


Agora sim era a escolha perfeita. Iria se livrar dele e ao mesmo tempo recusar seu pedido.


-Tudo bem.- disse Harry irritado.


Ele não podia apenas me deixar ir?! Até hoje não achava necessidade nenhuma em acompanhar Duda na musculação. Até era bom para seu corpo, que agora estava bem mudado. Fazia isso desde as férias do quinto ano. Claro que os Dursley não queriam satisfazer Harry o botando numa academia. Mas desconfiavam que o Dudinha estava deixando de ir à academia para brincar com os “amigos”, ou pior, para comer.
Harry bateu na porta do quarto do primo.


-Pode entrar.- murmurou a voz do primo.

-Duda?


O garoto levantou o olho para ele, irritado por Harry estar dirigindo sua palavra a ele.


-O que você quer?

-A gente vai pra academia, agora.

-Por que?- perguntou o garoto incrédulo.

-Porque...- Harry pausou, achava tentadora a idéia de contar que fora ele que pedira isso, mas tudo o que menos queria agora era confusão.- Porque seu pai disse!


Duda bufou irritado. Já estava quase do tamanho de Valter, mas mesmo assim não tinha vontade própria. Tudo era decidido por seus pais.


-Tudo bem, vamos.


“Ele nem vai tomar banho?” Pensava. Harry saiu da porta para o primo passar, nem se ficasse de lado o garoto passaria, por causa do tamanho.
Era uma pequena caminhada até a academia, mas Duda já chegava lá suando. Harry foi, como o de costume, levantar peso. E Duda foi para a bicicleta, Harry se surpreendeu ao ver que a bicicleta não quebrou.
Quando as duas cansativas horas se passaram, Harry estava ensopado de suor. Duda, nem tanto, até porque a meia horinha que ele tirava para descansar se transformava um uma hora e meia. Por isso ele não emagrecia. Caminharam lentamente de volta para a casa. Quando Harry adentrou ali, sua tia Petúnia o fitou com nojo. Arre! Será que nunca tinha visto alguém suado? Harry bufou e foi para o banheiro, ao se olhar no espelho, chegou a conclusão de que até ele teria nojo se visse alguém em seu estado. A camisa toda grudada e o short, nem tanto. Gotas de suor escorriam pelo seu rosto, pelos seus braços e pernas. Tirou rapidamente a roupa e entrou para o banho. Ao sair do banheiro, estava com a toalha amarrada na cintura, Duda passou por ele murmurando um “metido”. Harry riu. Arrumou seu malão ainda de toalha, quando terminou foi escolher uma roupa. Felizmente com o salário conseguiu juntar dinheiro para comprar roupas e acessórios básicos, também trocou um pouco de sua fortuna bruxa por dinheiro trouxa, o que o deixou com liberdade para comprar um perfume. Havia, curiosamente, ficado bem vaidoso de uns tempos pra cá... Pegou sua blusa preta e vestiu juntamente com a calça jeans. Pôs seu cinto de couro e passou perfume, sem exagerar. Depois o guardou no malão. Olhou-se no espelho que tinha no quarto. Levantou ligeiramente a sobrancelha surpreso. Seu cabelo estava, consideravelmente maior, deixando uma franja bagunçada cobrir sua cicatriz. Uma ligeira barba deixava seu rosto um pouco mais escuro no local. Sua camisa estava um pouco apertada, deixando à mostra seu corpo, agora musculoso. Se virasse o corpo deixaria estampado na sua camisa seu abdome definido. Ele sorriu para seu reflexo e se achou totalmente idiota por estar fazendo isso. Ele pensou... Estaria irreconhecível se não fosse por seus olhos. “Isso não é um problema” Pensou sorrindo e logo depois abriu o malão e pegou seu óculos escuro. Ninguém o reconheceria!

Harry desceu com seu malão e com a gaiola de sua coruja. Ao aparecer na sala. Todos pararam o que estavam fazendo. Tia Petúnia que estava cozinhando agora parecia estar satisfeita com a aparência de Harry, porém não queria demonstrar isso. Duda que se concentrava em fazer nada, revirou os olhos irritado, e seu tio espremeu os dele com raiva.


-Aonde conseguiu essa roupa?

-Eu comprei... Com o meu dinheiro.- e antes que seu tio pudesse reclamar de alguma coisa, Harry continuou.- Então, essa é a última vez que nos veremos... Hum... Adeus.


Nenhum dos Dursley pareceu querer se despedir. Harry apenas balançou os ombros e com um último olhar deixou a casa. E ao sentir o Sol refletir em seu óculos e o vento lamber seus cabelos. Uma sensação de liberdade o invadiu. Já não se importava em andar, de dia, por ali, com um malão e uma gaiola na mão, mas por segurança, foi para um lugar deserto e fez sinal com a varinha. Instantaneamente um ônibus de três andares pareceu. Abriu as portas e um jovem magricela de não mais que 20 anos saiu dali.


-Bem vindo ao nightbus...

-Não precisa explicar tudo de novo...- informou Harry sem querer parecer grosso com o rapaz.


Ele fitou Harry de cima para baixo parecendo ofendido e entrou no ônibus sem oferecer ajuda com o malão. Harry bateu na testa e se esforçou para subir com o malão no ônibus. Ao conseguir ele sentou em uma poltrona e deu uma quantia de galeões para o rapaz que conferiu.


-Pra onde o Sr. vai?- perguntou o motorista.


Harry sorriu. Senhor?


-Caldeirão Furado, por favor.

-Disponha.


Harry se segurou no assento e sentiu a arrancado do automóvel. A viagem prosseguiu tranqüila a não ser pelo clima entre ele e o rapaz.


-Olha, eu... Não queria ser grosso com você!- Harry tentou se desculpar.


O rapaz sorriu para ele e estendeu a mão, desengonçado.


-Tudo bem! Eu nem queria repetir tudo! Meu nome é Kevin! E o seu?

-Harry.


O rapaz sorriu novamente, animado. E passou o resto da viagem falando sem parar. Harry apenas concordava e dava seu comentário poucas vezes. Quando o ônibus parou em frente ao Caldeirão Furado, Harry se sentiu aliviado, e ao se levantar fazendo menção de pegar o malão o rapaz intervira na frente.


-Deixe comigo Harry!


Harry sorriu. Kevin levou seu malão até a porta do pub.


-Prazer em conhece-lo Harry!- disse estendendo a mão novamente.

-O prazer foi todo meu!


E com um aceno de mão o rapaz se despediu de Harry naquele final de tarde. O garoto abriu a porta do pub e pôde avistar Ron em pé, andando de um lado para o outro. Hermione, porém estava sentada, tomando uma cerveja amanteigada. Harry deixou seu queixo cair momentaneamente. Hermione tinha a pele incrivelmente dourada, com aparência de que pegara Sol as férias inteiras. Seu corpo estava mais definido, com curvas certas. Que ele não notara antes. Ron, para variar, crescera mais e adquirira um corpo de modelo, nem musculoso nem muito magro. Harry se aproximou carregando o malão e a gaiola. Chegara do lado de Ron e este parecia indiferente, ainda estava preocupado. Harry sorriu.


-O que você quer?- perguntou Ron, notando a presença dele.


Hermione olhava a cena com divertimento, Quem era o homem misterioso e incrivelmente atraente?


-Oi pra você também Ron.- disse Harry tirando o óculos e sorrindo.


Ron arregalou os olhos e Hermione deixou o queixo cair.


-Harry?- perguntou incrédula.

-Qual é? Vou ter que mostrar a cicatriz?- perguntou se divertindo com a reação dos amigos.


Ron sorriu abertamente.


-Harry! Que bom ver você!


Disse o amigo o abraçando e logo depois o soltando. Hermione ainda parecia surpresa ao se aproximar olhou nos olhos do garoto e abriu um sorriso o abraçando. Harry a recebeu com carinho, não soube porque, mas sentiu seu corpo esquentar involuntariamente. Ao perceber isto, Harry se afastou bruscamente. O que fez Hermione franzir a testa, mas continuar sorrindo. Harry passou a mão no cabelo constrangido. Um silencio sobrevoou os três e Hermione ainda o fitava deixando-o incomodado.


-Então...-começou Harry tentando não olhar para a amiga.- Como estou?


*


Era a terceira vez que Hermione batia na porta e nada. Tentava colocar o cordão enquanto esperava Harry abrir a porta do quarto. Perdendo a paciência, Hermione abriu a porta de viu que Harry estava...


-DORMINDO?- Hermione perguntou sem se preocupar em acordar o garoto.- Será que você não tem um pouquinho sequer de responsabilidade?


Hermione pousou o cordão na mesa de cabeceira e foi até a cama dele puxando o lençol e se arrependendo em seguida, pois o garoto dormia com apenas um short. Tentando não olhar para o físico de Harry, Hermione pegou seu braço e começou a puxar.

Harry sentia um vento quente tocar seu peito... Estranho... Não estava se cobrindo com o lençol? Não queria se preocupar com isso. O sonho estava sendo tão bom. Entretanto, sabia que quando acordasse se culparia por estar sonhando novamente com ela. O garoto franziu a testa, irritado, ao perceber que seu braço estava sendo puxado. Por impulso Harry puxou seu braço de volta. E arregalou os olhos ao perceber que alguém caiu em cima dele em conseqüência do ato. E seu coração deu um salto ao perceber que este alguém era Hermione que o fitava incrédula. A garota estava totalmente em cima dele e sua cabeça estava parada na direção da de Harry. Ele se sentiu esquentar novamente. Aquilo era pior do que ser atingido por uma maldição cruciatus. O que aconteceria se a beijasse? Ao perceber que sua cabeça ia lentamente ao encontro de Hermione ele virou o rosto e Hermione desviou o olhar. Harry levou suas mãos até os ombros da garota e a impulsionou pro lado da cama, sem machuca-la.


-Desculpe...- disse Harry constrangido.

-Tudo bem. Eu queria te acordar, porque...- disse Hermione se levantando e ajeitando a roupa.- A gente precisa ir para o Expresso logo.


Harry se assustou. Havia esquecido totalmente! E ao olhar Hermione, viu que estava “devidamente” vestida. Uma saia jeans com uma blusa de seda amarela. Seu rosto estava levemente maquilado, seus lábios brilhavam do mesmo modo que os olhos.


-Não vai tomar banho?- perguntou Hermione, incomodada com o modo que o garoto a olhava.

-Eu?- perguntou Harry, perdido.- Vou! Vou sim.


Hermione balançou os ombros e saiu do quarto e Harry balançou negativamente a cabeça.


-Estou ficando louco.- disse indo tomar banho.


Harry deixava a água cair intensamente na cabeça tentando esquecer o que acontecera há poucos minutos atrás. Fechou o chuveiro e saiu de dentro dele. Viu sua calça pendurada ali. Pegou uma cueca e vestiu a calça jeans que já estava com o cinto que usara no dia anterior, mas não se importou em fechar a calça. Saindo do banheiro o garoto foi até o malão e pegou uma blusa branca propositalmente amarrotada de manga curta. Quando ia colocar a blusa viu algo brilhando em sua cabeceira que chamou sua atenção. Foi até o objeto que identificou como um cordão de ouro com um pingente de letra H.


-Hermione?- se perguntou Harry escutando a porta abrir.


Se virou bruscamente e a viu novamente.


-Harry!- Hermione sentiu seu rosto corar ou ver que Harry estava sem camisa e com a calça aberta.


Com um movimento rápido, Harry jogou o cordão em cima da cama e fechou a calça, apertando o cinto logo depois. O garoto voltou a pegar o cordão e se aproximou de Hermione para o entregar. Mas a garota deu um passo pra trás.


-Calma!- reclamou Harry.- Eu não sou nenhum delinqüente sexual! Só vou te entregar o cordão!

-Ah...- Hermione deu um sorriso tímido e pegou o cordão ainda olhando para o peito nu do garoto.

-Sabe...- começou Harry sorrindo galante.- Se continuar me olhando assim eu vou ficar encabulado.


Hermione o fitou em desaprovação, porém sorria. Harry retribuiu o sorriso e pegou a camisa e pôs sem abotoa-la.


-Quer que eu ponha o cordão?- perguntou Harry percebendo que Hermione tentava, sem sucesso, bota-lo.

-Não!- respondeu mais rápido que esperava.

-Tudo bem.- falou Harry dando ombros.


Ele foi até o malão e pegou o perfume. Depois de passar ele foi pegar uma meia, e ao tirar a peça dali, viu a corrente que estava procurando há algum tempo.


-Sabia que havia guardado aqui!- comentou o garoto triunfante. Hermione ainda tentava colocar o cordão.


Harry, sem dificuldade, colocou a corrente grossa em volta do pescoço e colocou a meia. Botou seu tênis e se viu pronto. Guardou o que estava espalhado e quando terminou sorriu ao ver que Hermione ainda tentava por o cordão.


-Hermione...- falou debochando.- Deixe-me bota-lo pra você.


Desistindo a garota estendeu o cordão para ele. Harry caminhou atrás dela e envolveu o cordão no pescoço dela.


-Levante o cabelo.- ordenou o garoto.


A garota levantou o cabelo e Harry se aproximou para tentar fechar o fecho, ocasionando o toque de seu peito, ainda nu, nas costas da garota. Ao ver que as costas da garota se arrepiara com o toque Harry sorriu. Quando finalmente conseguiu colocar o cordão Harry deu um passo para trás fechando de imediato os botões da blusa. Levantou os olhos e viu que Hermione se olhava no espelho.


-Está linda.- comentou o garoto sorrindo.


Hermione se virou sorrindo docemente para ele.


-Vamos?- perguntou a garota feliz.


Quando Harry ia responder escutaram um baque vindo da janela. Harry olhou para lá e viu Edwiches tentando entrar no aposento.


-Edwiches! Já voltou?


Harry foi até a janela e deixou a ave entrar, ela automaticamente pousou em cima da gaiola esperando que Harry a abrisse. O garoto foi até a gaiola e abriu-a, a coruja não tardou a entrar ali. Após ter tudo em mãos Harry fez sinal para que Hermione passasse.

No andar de baixo, Ron esperava impacientemente pelos dois.


-Até que enfim! O que vocês tanto faziam lá em cima?


Harry e Hermione se entreolharam e ruborizaram.


-Nada de mais!- cortou Harry.- Vamos?

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