O preço da verdade
Capítulo 21: O preço da verdade
Na manhã seguinte ao acordar, percebeu que Draco não estava mais na cama. Mas o estranho mesmo foi ele não estar em parte alguma do quarto. Ela foi para o banheiro pensando onde afinal ele poderia estar e já estava escovando os dentes quando ouviu.
Knock, knock, knock.
- Saia logo daí, Gina!
- Espere, estou escovando os dentes. – respondeu com a escova na mão.
- Ela terminou a escovação e abriu a porta. Ia virar-se para pegar a camisola, mas não teve tempo pra isso... Ao ver que Gina tinha aberto a porta, ele puxou-a pela cintura e deu-lhe um beijo à francesa. Quando ele quebrou o beijo a ruiva estava ofegante.
-Calma! Quer me matar por sufocamento? Você é muito mau, nem me chamou pra tomar café da manhã. – Gina falou ainda nos braços de Draco.
- É porque eu quis fazer uma surpresa. – ele disse e puxou-a até a varanda.
Lá havia uma mesa posta e duas cadeiras.
- Eu não acredito que você fez isso, Sr. Draco. Não sabia que tinha um lado romântico. - falou e deu um selinho nele.
- Isso é romântico? Só fiz isso porque você adora a paisagem. – ele explicou.
- Ta bom, deixe isso pra lá. – ela suspirou e sentou-se em uma das cadeiras.
Tiveram uma refeição agradável. Depois foram ao banheiro escovar os dentes e pegar as escovas (e a camisola também no caso de Gina). Ela finalmente tirou as pantufas e colocou seu All Magic preto que combinava com sua calça bailarina preta e a blusa meia manga decotada rosa que usava. Arrumaram tudo em suas malas e foram para o elevador.
- Você é mesmo do contra, Draco. Ontem no baile estava praticamente todo de preto e hoje está usando branco. – ela falou quebrando o silêncio e se referindo a calça branca de sarja que ele estava usando.
- Também estou usando preto, é a minha cor favorita. Olhe a minha camisa pólo e os meus tênis. Vamos indo. – disse quando as portas do elevador se abriram.
- Mas Draco, esse aqui é o 2º andar.
- Eu sei, vamos nos despedir da Gabi. – ele falou e os dois saíram do elevador.
Draco bateu na porta e alguns instantes depois Gabrielle surgiu com os cabelos meio desarrumados e enrolada num robe vermelho.
- Oi. O que fazem por aqui tão cedo? – ela perguntou curiosa.
- Viemos nos despedir. – Draco respondeu.
- Mas já? Pra onde vão?
- Vamos pros Estados Unidos. – Gina falou.
- Parece que vocês dois se acertaram.
- Mais ou menos. – o loiro respondeu e Gabi entendeu.
- Olha Virgínia, o Draco se faz de indiferente, não é? –Gabi perguntou e Gina concordou – Então aprenda a ler nas entrelinhas e descobrirá algumas coisas interessantes que o denunciam.
- Denunciam do quê? –Gina perguntou não contendo a curiosidade.
Gabrielle olhou para Draco e percebeu que se dissesse o que queria dizer, poderia estar em maus lençóis.
- Apenas seja mais observadora, Mon Dieu! – disse e a abraçou – Você é mais importante pro Draco do que ele deixa transparecer. – Gabi apenas sussurrou quase sem mexer os lábios.
Gina ficou com a maior cara de interrogação enquanto Gabi abraçava Draco e se despedia dele.
“O que ela quis dizer com isso?” a ruiva pensou.
- Assuma logo que você sente mais do que atração ou desejo por ela. – Gabi sussurrou no ouvido do loiro.
- Você mal me conhece, então pare de achar que sabe tudo sobre mim. – ele sussurrou de volta e Gabi o soltou.
- Há coisas que estão na cara pra todo mundo ver. Foi bom conhece-los e façam o favor de me mandarem corujas. Adeus. – falou e fechou a porta.
***
Draco e Gina estavam na Ilha dos Portais e andavam há algum tempo, os raios de sol passavam por entre as copas das árvores e iluminavam o local.
- Estou com sede. Você não tem nada pra beber aí?
Os dois pararam de andar e draco pegou uma garrafa de vinho.
- Mas isso é vinho! Eu quero algo que mate a minha sede.
- Eu tinha pegado do frigobar, mas em todo caso... – bateu duas vezes com a varinha na garrafa e o conteúdo transformou-se em água.
Gina bebeu um pouco e Draco também.
- Obrigada. – ela agradeceu enquanto ele colocava a garrafa de volta na mala – Vamos indo? – ela perguntou, mas Draco puxou-a para si.
- Ou talvez não.
- Não é hora para isso, Draco.
- Não tem ninguém para nos incomodar. Já pensou sobre nós?
- Pensar, eu pensei...
- E o que decidiu?
- Nada.
- Talvez isso te ajude a decidir. – ele falou roçando os lábios pelo pálido pescoço dela.
Gina parou-o e ele a olhou nos olhos:
- Isso não é certo, temos que ir andando e não ficarmos parados aos beijos.
- E quem te disse que Comensais da Morte fazem o que é certo? – ele perguntou e sem dar chance de Gina responder, colou seus lábios nos dela.
A ruiva abraçou-o e deixou ser abraçada por ele. Naquele beijo os dois revelavam o quanto se queriam e que não era dito em palavras.
Gina, se pudesse, ficaria daquele jeito por um bom tempo e tinha certeza de que Draco também, mas como tudo que é bom dura pouco...
- Muito bonito. Malfoy e Weasley nos amassos. – uma voz familiar falou fazendo com que os dois se soltassem na mesma hora e olhassem para quem estava falando.
- O que você faz aqui? – Draco perguntou escondendo o tom de surpresa que havia em sua voz.
Gina viu o homem encapuzado se aproximar. Viu-o baixar o capuz, mas não precisava que ele fizesse isso pra saber de quem se tratava. A estatura baixa, o corpo atarracado e a voz que parecia um guincho já denunciava a sua identidade:
- O que faz aqui, Rabicho? – Gina perguntou.
- Cale a boca, sua traidora nojentinha! Não dirija a palavra à mim. – ele respondeu com desprezo.
- Traidora? Do que está falando, Rabicho? A Gina está do nosso lado. – Draco a defendeu.
Rabicho deu uma risada sem emoção e disse:
- Agora é Gina, é? Ela deve ser boa mesmo pra conseguir te enganar também. Não vá me dizer que está aliado a ela, Draco. Você é um comensal do alto escalão! Tanto o Lord quanto o seu pai ficariam decepcionados... E você sabe o que acontece quando alguém os decepciona.
Gina estava em estado de choque. Não conseguia falar, não conseguia pensar, não conseguia fazer absolutamente NADA!!! Aquilo tinha que ser uma brincadeira. O que seria dela se Rabicho realmente tivesse descoberto a verdade?
- Eu não acredito em você, Rabicho! Ninguém consegue ser tão bom oclumente para ocultar algo de Voldemort.
- Ah consegue! Ela – e apontou para Gina – conseguiu! Mas eu andei seguindo vocês porque o Lord costuma precavido e estava como sempre certo em desconfiar.
- Mas a Virgínia tem me ajudado, ela traduz os hieróglifos.
- Essa piranha da Weasley se correspondeu com Potter e Dumbledore. Ela mentiu ao dizer que odeia o Potter, os dois são amigos íntimos. Eu li as cartas.
- Então onde elas estão?
- Eu tive de enfeitiçar as corujas. Mas o fato é que se os remetentes não recebessem a resposta, iriam desconfiar. Então despachei as cartas normalmente.
O mundo de Gina caiu sobre sua cabeça que começou a latejar. Ela viu Draco virar-se para ela, inexpressivo:
- I-isso é verdade? – perguntou perfurando-a com o olhar.
“Não pode ser, eu não quero acreditar nisso.” Draco pensou.
A ruiva desviou o olhar, mas antes que ela afirmasse com a cabeça, Draco já sabia.
-Olhe pra mim, Weasley! Como pôde ter me enganado? Eu confiei em você!!! – ele falou encolerizado.
Gina mergulhou nos orbes de Draco que estavam extremamente cinzentos. Viu dor, decepção, raiva e desprezo.
- Eu ia te contar, Draco! Eu também confiei em você.
- Cale a boca, eu não quero mais te ouvir.
- Foi você quem invadiu o quarto do hotel procurando o mapa, não foi? – Gina perguntou pra Rabicho, cheia de raiva.
- Eu não lhe devo nenhuma satisfação, mas já que é uma traidora...e os traidores conseqüentemente morrem, eu vou te contar tudo antes que morra. Defuntos não falam mesmo.
- Então comece logo, Rabicho, quanto mais rápido terminar, melhor será. –Draco falou mortalmente sério.
- Bem, depois que essa aí foi nomeada comensal...Ah, naquela ocasião ela mentiu e omitiu muito bem, por isso o Lord resolveu mandá-la para a missão com você e ainda assim o Mestre me encarregou de seguí-los e ficar de olho nos dois. O vulto que você dizia ver, era eu. Fui eu quem colocou Wagner Shünder sob a maldição imperius e mandei que ele te seduzisse e pegasse o mapa, mas ele falhou. Tentei novamente pegar o mapa naquela noite em que dormiram na floresta. Também fui eu quem colocou aquela recepcionista francesa sob a maldição imperius. Ela falhou tanto em arrancar informações do Draco o seduzindo quanto invadindo o quarto de vocês pra procurar o mapa.
- Mas como é que não te vi seguir a mim e ao Draco? – ela perguntou inconformada.
- Sim, você viu Weasley. Mas foi burra demais pra ligar os fatos. Não digo que fosse descobrir por ver o meu vulto, mas eu passei na frente de vocês nessa floresta quando iam pro Japão e também topei com essa “asinha” na Suíça enquanto esquiava.
De repente tudo fez sentido pra Gina e ela sentiu-se burra por não ter sido mais cuidadosa. Mas agora não adiantava, ela não podia voltar atrás. Era simplesmente tarde demais. Que chances ela tinha? Foi então que fez-se a luz. Eles não a haviam desarmado, ela podia enfeitiçá-los.
Gina respirou fundo e ergueu a varinha para executar uma azaração, mas ao vê-la fazer isso, Draco foi mais rápido.
- Expelliarmus!
A ruiva voou e bateu as costas contra uma árvore próxima, enquanto Draco apanhava sua varinha ainda no ar:
- Achava que teria alguma chance contra nós? – Rabicho perguntou maldosamente – Agora é que não terá nenhuma. – e gargalhou.
- O que fez você pensar que me enganado sairia ilesa? – Draco perguntou olhando inquisidoramente para a Weasley.
Gina sentiu o chão afundar sob seus pés e as entranhas revirarem ao ver tamanha frieza nos olhos dele.
- Eu não queria te enganar.
- MAS ISSO NÃO MUDA O FATO DE TER ENGANADO!
- Confesse Weasley! O que a corja do Velho Gagá está planejando?
- Não, eu não vou falar nada. Não pra um rato velho e sujo como VOCÊ!!!
- Ora, sua vaca ordinária!!! Como se atreve? Cruccio!
Gina caiu de quatro impotente no chão. Tentou sufocar o grito de dor, mas não conseguiu e gritou com todas as forças que tinha dentro de si. Sabia que iria morrer, queria morrer naquele instante. Antes a morte que ter que suportar aquela dor lancinante por mais um segundo que fosse.
- Chega, Rabicho! – Draco ordenou e Rabicho obedeceu – Não adianta torturá-la, ela não vai falar nada. É muito cabeça-dura.
- Então chegou a hora de matá-la. – Rabicho disse e apontou sua varinha pra Gina que ainda estava ofegante no chão.
- Não, não. Deixa que eu faço isso, é questão de honra.
- Já que insiste. – ele respondeu dando de ombros.
Gina forçou seu corpo dolorido a ficar em pé. Estava ofegante como se estivesse corrido uma maratona e se sentindo quebrada como se tivesse sido espancada. Mesmo assim ela estava em pé.
“Prefiro morrer com dignidade do que prostrada aos pés desses dois.” Ela pensou com seu orgulho Weasley.
Draco olhou para Gina e ela sustentou o olhar. Parecia com o sonho que tivera por vezes e ela sabia exatamente como terminaria...Ela morta por Draco Malfoy. Então a ruiva fechou os olhos, a última imagem gravada em sua retina seria a daquele loiro de gélidos olhos azuis acinzentados.
O Malfoy respirou fundo:
- Diga adeus, Weasley... – ele disse erguendo a varinha – Avada kedavra!
Gina não abriu os olhos, mas mesmo assim percebeu um clarão de luz e o farfalhar da morte se aproximando.
Estava agora sem sentir o corpo de tão moído que estava. Ouviu algo desabar no chão, sem vida (provavelmente o próprio corpo) e depois o silêncio.
“Se eu estou morta, por que estou respirando? Oh Virgínia e se os espíritos dos mortos no céu também respiram? Mas se eu fui para o céu, por que continuo me sentindo dolorida? Oh Merlin! Será que fui pro inferno?” a ruiva pensou, mas uma voz conhecida a tirou de seus pensamentos.
- Abra os olhos, Weasley! – Draco ordenou.
Gina abriu-os e perguntou espantada:
- Você veio comigo pro inferno, Malfoy? Foi o Rabicho que te matou?
Draco revirou os olhos e disse entediado:
- Como é que alguém pode ser tão inteligente a ponto de enganar a mim e ao Lord das Trevas e ao mesmo tempo tão burro? Mas é clero que não estamos mortos, Weasley! Ele está. –e apontou para o corpo de Rabicho que estava imóvel no chão.
- Você o matou?! – ela perguntou e afirmou ao mesmo tempo.
- Claro, era você ou ele. Eu escolhi matá-lo. – ele respondeu indiferente como se matar alguém fosse uma coisa corriqueira, o que de fato parecia ser pra ele.
- Ah, muito obrigada por não me matar, Draco! Que bom que você compreendeu...
Ele a interrompeu:
- Eu não disse que não iria matá-la. Eu digo que não vou te matar...ainda. Rabicho já tinha respondido tudo que sabia, por isso não tinha mais serventia alguma. Mas quero saber o que você disse que iria me contar. Não pode ser apenas o fato de ser espiã, não é?Também iria contar o que Dumbledore a mandou fazer, não é mesmo?
- Você está certo, eu ia te contar isso também.
- Ia? Você vai! O que está esperando?
- Se eu disser, você vai contar a Voldemort para provar a sua lealdade. Mas nós dois sabemos que você não é tão leal assim...
- Mesmo que diga isso, ele não vai acreditar numa traidora. Talvez eu fale pra ele o que você contar... Mas não era você que confiava em mim?
- Talvez ele passe a não confiar mais em você também, já que matou o Rabicho ao invés de mim.
“Droga! Ela pode estar certa. E se os outros comensais vierem tirar satisfações comigo? Eu e a minha curiosidade. Devia ter matado essa desgraçada da Weasley.” Ele pensou aborrecido.
- Eu posso dizer que você o matou. – Draco respondeu.
- E eles perguntariam o porque de não ter me matado.
- Você está pedindo pra morrer, Weasley? É o que parece, mas eu não vou fazer isso antes que me conte o que quero saber.
- O.k. Eu te conto e você terá duas opções: Ou você me ajuda ou você me mata e fica bem na fita com Voldemort e os outros comensais. Mas se você me matar... – “Sempre tem um mas...” Draco pensou – Não vai poder encontrar o elixir, pois quem mais você conhece que sabe traduzir hieróglifos egípcios? Sabe muito bem que o seu mestrinho odeia que comensais falhem no que ele mandou fazer.
- E se eu te usar pra achar o elixir e depois te matar? Você é falsa e dissimulada, me enganou e eu não perdôo. Ainda vai me pagar por isso. –falou com os olhos ilegíveis.
- É um risco que tenho que correr, mas se na hora que o encontrarmos e você quiser tirar vantagem, eu não vou ser nem um pouco boazinha. – ela avisou.
- O.k. Pode começar a contar.
- Bem, como eu já te disse, eu não queria te enganar. Eu ia te contar...
Draco a interrompeu:
- PARE DE PAPO FURADO!!!
- Gina percebeu a expressão de ódio no rosto de Draco, sentiu a garganta apertada e engoliu em seco.
- Dumbledore pediu que me tornasse uma Comensal da Morte. Disse que precisava de alguém que espiasse e também disse pra mim conseguir um aliado no círculo íntimo de Voldemort. Então eu me tornei uma comensal e quando Voldemort me passou a missão, eu informei a Dumbledore...e ele falou que eu precisava te trazer pro meu lado.
- Então é por isso que queria tanto ser minha amiga e conseguir a minha confiança. VOCÊ É UMA ORDINÁRIA, WEASLEY!!! Fala tanto que eu uso os outros, mas foi isso que VOCÊ FEZ COMIGO!
- Eu não gosto de ter que enganar ninguém, mas eu não tive escolha! Se eu tivesse contado logo de cara, você teria me matado.
- E o que garante que não a matarei? – perguntou com raiva.
- Você precisa de mim! Precisa pra achar o elixir.
- Eu posso conseguir outra pessoa que saiba egípcio antigo.
- Mas é muito difícil encontrar. Quanto tempo demoraria? Draco...me ajuda, por favor! Esse elixir não pode cair nas mãos de Voldemort, ou o Harry não conseguirá derrotá-lo.
- Potter! Sempre o Potter! Você também mentiu quando disse que o odiava. Você só mentiu pra mim, Weasley. Você não presta. –ele falou baixinho, mas com a voz transbordando veneno e ódio, o rosto inexpressivo.
A ruiva preferiu que ele tivesse gritado, doeu muito mais ouví-lo falando daquele jeito tão frio e indiferente.
- ISSO NÃO É VERDADE!!! – ela gritou, lutando contra o nó em sua garganta – Eu não menti em tudo que te disse, foi apenas o necessário para que você não descobrisse a farsa fora de hora e ficasse desse jeito.
- E você achou que eu ficaria feliz mesmo se ouvisse a história toda da sua boca? Doce ilusão a sua, porque ainda assim não muda o fato de ter me enganado.
- Vai ficar esfregando isso na minha cara, é?
- Sim, Weasley e quantas vezes forem necessárias. Mostre a sua verdadeira face, mostre a vaca que é e pare de fingir ser casta e amiga.
- EU NÃO SOU UMA VACA! E quem me conhece sabe que sou casta e uma boa amiga.
- Nossa, mas é claro que acredito em você. – falou irônico – Andou se correspondeu com Potter e Dumbledore debaixo do meu nariz. O que aquelas cartas diziam, hein?
- Dumbledore quis saber como eu estava me saindo e Harry ficava me perguntando qual era a misteriosa missão que eu havia recebido de Dumbledore.
- Então o Potter não sabia de nada? – Draco perguntou surpreso.
- Não. Ele, a minha família e amigos só sabem que estou em uma missão pra Ordem da Fênix. Eles também realmente acham que estamos namorando. – ruiva disse corando um pouco.
- Há! Até parece que eu iria namorar uma Weasley vadia.
Aquilo doeu como uma facada no coração e sem hesitar, Gina deu um tapa na cara de Draco com a máxima força que conseguiu reunir.
O loiro arregalou os olhos em surpresa e levou uma mão ao rosto, massageando o local que agora estava vermelho e dolorido por Gina ter acertado.
- É uma vadia mesmo! Tem cara de santa, mas deve ter passado pelas mãos de metade da população masculina de Hogwarts... –Dracoi falou sem dó nem piedade e Gina ergueu a mão para desferir um novo golpe, mas ele forçou a mão dela para baixo – Não se atreva a repetir isso, sua selvagem ou juro que vai se arrepender. – sibilou perigosamente.
Gina abaixou a cabeça, ficando a fitar seus próprios pés. Já não era o bastante a dor física causada pelo cruciatus? Tinha também que sofrer a dor da humilhação? Os olhos dela se encheram d’água. Doeu muito ser esculachada daquele jeito por Draco, a fez se sentir pior que lixo. Mas por que feria tanto quanto uma flecha certeira?
“Não chore, Gina! NÃO CHORE! Não deixe ele saber que te magoou.” Ela pensou, mas foi inútil.
Draco viu uma lágrima solitária escorrer pelo rosto dela.
“Como é que ela consegue ser linda até quando está se debulhando em lágrimas? NO QUE É QUE EU ESTOU PENSANDO?!? Que sofra essa miserável e é bem feito! Mas que não chore na minha frente, isso me incomoda.” O loiro pensou vendo-a secar as lágrimas que insistiam em cair.
Aquela cena já estava deixando-o desconfortável demais. Draco se perguntava o porque de aquela cena patética o estar aborrecendo tanto. Então resolveu acabar com aquilo:
- Pare de se fazer de ofendida. Essa da manteiga derretida não cola, você não vai me enganar de novo.
Gina secou as lágrimas e o olhou com raiva.
- Você é um grosso e insensível. É isso o que você é! Tudo em você me enoja. Como consegue ser um sujeito tão repugnante? É digno de pena.
Surpreendentemente aquilo dito por ela o afetou e Gina pôde perceber isso um segundo antes dele se recompor e dizer indiferente:
- Não preciso da pena de alguém como você. Aliás, eu não preciso da pena de ninguém.
A ruiva respirou fundo e mudou de assunto:
- E então? Vai me ajudar? Você mesmo disse que queria ter poder sobre Voldemort, é perigoso pra ele se você mudar de lado.
- E o que eu ganho com isso? – perguntou levantando a sobrancelha – Ter o Lord das Trevas me caçando decididamente não seria a melhor coisa.
- Não vai mais ter que se submeter às ordens dele.
- Só isso? Muito pouco. Ainda se eu pudesse tomar um pouco do elixir...
- Não, Malfoy! – Gina negou categoricamente – Precisamos jogá-lo fora, inutilizá-lo de alguma forma ou entregar pro Dumbledore.
- E tudo isso pro Potter ser mais uma vez o heróizinho do mundo mágico? Não mesmo, eu ganho muito pouco com isso. A não ser que... – falou com o olhar ilegível.
- A não ser o quê?
- A não ser que eu ganhe mais alguma coisa.
- Está negociando trair Voldemort? – Gina perguntou incrédula.
- Talvez...Bem, é mais ou menos isso. Chame como quiser. Mas então, o que é que eu ganho?
- O.k. Quanto é que você quer? Eu tenho um bom dinheiro guardado e...
Ele a interrompeu:
- Não dinheiro, isso eu tenho.
- O que é que eu posso te dar que não seja dinheiro?
- Eu disse por acaso que seria você que me daria?
- Não. Mas afinal, o que é que você quer então?
- Não sei ainda, preciso pensar.
- E quanto tempo vai demorar pra pensar? Esse lugar é conhecido também por outros comensais, podem vir aqui a qualquer momento. E aí? O que diria sobre a morte do Rabicho?
- Tem razão. – respondeu simplesmente.
- E então? Temos que ir andando.
- Não tão rápido. Primeiro eu quero uma garantia de que sairei lucrando.
- Como assim? – Gina perguntou confusa ao vê-lo abrir a mala.
Draco tirou de lá uma pena, um tinteiro e um pedaço de pergaminho. Então começou a escrever, ignorando a cara de interrogação que Gina fez. Quando Draco terminou, molhou mais uma vez a pena no tinteiro e passou-a para ela junto com o pergaminho:
- Assine aqui. – disse apontando um local.
A ruiva assinou o pergaminho em branco e ao terminar percebeu que:
- A tinta não saiu, a pena está com problema.
- Claro que não está. – Draco falou pegando e a pena de volta – Observe! – disse e bateu com a varinha duas vezes no pergaminho – Agora leia.
Gina pegou o pergaminho das mãos dele e não estava mais em branco, frases haviam aparecido.
A cada linha que Gina lia, seu queixo caía mais:
Contrato de dívida bruxa
Eu, Virgínia Molly weasley, venho por meio desse contrato garantir a validade da minha palavra.
Concedo à Draco Thomas Malfoy o direito de fazer um pedido e exigir que eu o cumpra, estando sob punição severa não pré-estipulada caso eu ouse não cumprir o que está determinado nesse contrato.
Houve negociação pacífica e acordo mútuo entre os dois indivíduos citados anteriormente.
Conteúdo contratual aceito por:
e
Draco Thomas Malfoy Virgínia Molly Weasley
- O que significa isso, Malfoy? – a ruiva perguntou indignada.
- Você não leu? É muito óbvio do que se trata, não se faça de desentendida.
- Mas eu não concordo com o que está escrito aí! Você me fez assinar algo que eu não sabia do que se tratava. E se você me pedir pra pular de uma ponte ou algo pior?!?
- Terá que pular, oras! Mas acho que pulando de uma ponte não seria uma morte como a que merece. Quem mandou cair no truque da tinta invisível?
- Você não presta, Malfoy.
- Ahan e fui eu que menti e enganei todo mundo. – disse sarcástico.
- Está falando do quê? Você fez isso a sua vida inteira!
- Mas eu não te enganei, você sabe como eu sou e eu ajo como sempre agi. Não fiquei fingindo ser alguém que não era.
- Mas eu realmente sou assim! Sou esquentada e às vezes falo e faço coisas sem pensar, mas eu me importo com as pessoas. Apesar de você ser frio, arrogante e eu não concordar com o seu modo de pensar, eu não queria ter te enganado. Quanto à Voldemort, ele mereceu por ter me enganado quando eu tinha 11 anos. Bem, de vez em quando posso ser vingativa...mas não muda o fato de que não queria ter mentido pra você.
- Calada, Weasley! Vamos andando. – Draco disse e começou a andar.
- Hey, Malfoy! Eu não terminei de falar. Esse contrato não é justo, eu não tenho obrigação de cumprí-lo. – falou indo atrás dele.
- Ah, é claro que tem. Assinou e eu farei com que cumpra.
- Que droga! – praguejou e então suspirou – Pra onde iremos?
- Sei que quer saber pra que lugar dos Estados Unidos nós vamos, mas eu não sei. Nunca fui pra lá pelo portal dessa ilha.
- Sabe onde fica o portal pelo menos?
- Sim, eu sei onde fica. Eu fui treinado pra ser comensal nessa ilha, por isso sei onde estão localizados quase todos os portais.
- Treinado? E por que eu não precisei disso?
- Desde os 15 anos eu fui treinado para pertencer ao alto escalão, o grupo seleto de comensais em que Voldemort mais confia. Foi por isso que ele mesmo me ensinou legiminência e oclumência. Você não teve que passar por isso, porque é uma comensal comum.
- Pelo visto Voldemort errou em confiar tanto em você. – a ruiva comentou.
- Eu nunca deixei de cumprir nenhuma missão, apesar de ser um saco ter que fazer tudo que ele manda.
- Viu só? Você mesmo diz que é um saco ter que obedecê-lo. Será compensação mais que suficiente não ter mais que fazer o que ele manda, não precisa desse contrato. Rasgue e jogue-o fora, Draco.
O Malfoy riu sem emoção e depois disso com deleite:
- Há! Até parece que eu faria uma coisa idiota dessas. É um prazer ter uma traidora comendo na minha mão.
- Mas isso não é justo!!!
- Você não tem moral pra falar o que é justo ou não, Weasley!
- Pare com isso, Draco! – ela falou o segurando pelo braço – Não seja tão hostil comigo. Será que não dá pra ser compreensivo?
O loiro parou de andar e olhou-a como a um verme:
- Eu não sou compreensivo e se quer saber, estou te tratando melhor até do que merece. Considerando que é uma ruiva safada e eu te desprezo, estou sendo até muito gentil. E se me faz o favor, não me toque mais, porque eu não quero ser contaminado com a sua falsidade. – ele falou tirando a mão da ruiva de seu braço.
- Ah, Draco, não faz assim comigo. –Gina disse encarando-o com o semblante triste.
- Ele ficou meio que tentado a desculpar-se ao ver aqueles olhos castanhos fitando-o com uma expressão tão chateada. Mas Draco não iria pedir desculpas, era Gina quem as devia e el não a perdoaria mesmo que ela implorasse de joelhos por isso.
- Não me chame de Draco, não quero que tenha nenhuma intimidade comigo. – falou e começou a andar.
- Pois eu posso afirmar que há pouco tempo atrás você pensava exatamente o contrário.
- Tudo mudou, Weasley! Será que não percebe isso? Nada mais será como antes e é melhor que se acostume com isso.
- Acabou tudo o que sentia por mim, Draco? Como pode ter acabado de uma hora pra outra? – perguntou sem demonstrar qualquer tipo de emoção.
- Do que está falando, Weasley? Eu nunca senti nada por você!
- Não finja que não me queria, Malfoy! – exclamou indignada.
- VOCÊ ME ENGANOU, WEASLEY!!!
- Não fuja da pergunta, Malfoy!
- Cale a boca, Weasley! A sua voz me irrita!
- Quer saber Malfoy? Vá pro inferno junto com o seu contrato! EU TE ODEIO!!! –a ruiva disse se descontrolando.
Draco apenas sorriu:
- Isso mesmo, Weasley. Mostre a sua verdadeira face. Isso é ótimo, pois eu te odeio também.
Depois disso eles ficaram em silêncio.
“Droga! Eu realmente não queria ter mentido pra ele. Mas o MaLfoy me tira do sério. Ele é um cabeça-dura idiota! Fica me xingando e me julgando como se eu não valesse um nuque. Isso não é verdade, tudo o que eu fiz foi por uma boa causa, Voldemort não pode continuar no poder.”
“Tenho que ficar esperto com a Weasley. Como é que pode isso? Eu nunca tinha sido enganado por ninguém, era eu quem enganava os outros...mas o que mais me surpreende é a Weasley ter conseguido enganar Voldemort ao ocultar pensamentos que a condenassem e mentindo naturalmente. Ela é perigosa. Por que é que eu fui confiar nela? Logo eu que desconfio da minha própria sombra. Fui um idiota!”
Chegaram em uma clareira que no centro tinha um desenho de uma tocha de uns 5 metros:
- é aqui o lugar. – Draco informou e os dois pisaram em cima do desenho – Dissendium. – disse apontando a varinha para o chão.
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