A aposta
Bem, diáro-não-mais-confidencial, estou retirando todas as outras páginas para que certas pessoas, ao lhe escrever, não vejam ataques de insanidade. Claro, como deve ter percebido, tive outro ataque, afinal, estou preste a dividi-lo com outrem.
Óbvio que era de se esperar, sendo eu tão inconstante e, agora, perdidamente apaixonada pelo meu namorado – sim, surpreenda-se, Lily Evans namorando um garoto – que será, junto de seus amigos e meus também, as pessoas com quem vou ter de te dividir, diário querido. De pensar que eu passava horas a fio falando mal dos ditos cujos. Sim, meu bem, você adivinhou: são os Marotos.
Merlin, eu realmente devo estar insana para aceitar que eles invadam minha privacidade. Quero dizer, pense em como estou aflita por desabafar contigo toda minha história de vida, sabendo que, a partir desta data, mais cinco seres poderão ler. Ok, me acalmei – claro, eu bebi água com açúcar. A Marlene quem me deu. Uma ótima amiga sempre. Pena que ela seja tão... galinha quanto seu novo romance, o Sirius. Sinceramente, eles se merecem; são lindos, invejados, são hiper gênios – e modestos – e são muito legais –.
AH! Já comecei a escrever sobre o que penso novamente, tendo plena consciência de que tal pessoa – Sirius Black – vai ler! Maldita aposta! Não podia ter perdido!
Ok, agora eu te confundi, então, deixe-me explicar a situação toda.
Lembra-se que eu, quando agredida verbalmente por ninguém menos que Severus Snape, disse – ou melhor, jurei – que veria as qualidades de cada indivíduo? Pois bem, assim o fiz. Entrementes, não esperava que fosse repercutir tanto em minha vida. Eu nem esperava que funcionasse, aliás, pois sou aquele tipo de pessoa explosiva – ouvi boatos de que todas as ruivas são assim, estressadas. Mas como sou uma, prefiro não comentar – e este temperamento dificulta o processo de tentar ver o melhor das pessoas. Mas sim, deu certo – tanto que estou namorando um maroto. Merlin, obrigada por embaralhar minha cabeça a tal ponto. E não, não estou sendo irônica - .
Voltando ao assunto; passei a andar com todos da escola – menos os sonserinos, é lógico. Aqueles esnobes simplesmente não têm um lado positivo – e, me aproximando de todos, acabei conhecendo os Marotos. Não os encrenqueiros, sacanas, arrogantes, cabeças de titica, ridículos, cruéis, safados, idiotas, entre outros tantos defeitos que eu fazia questão de enumerar aqui. Mas eu conheci as verdadeiras pessoas detrás da fama de desordeiros. Encantei-me com a lealdade, amizade, palhaçadas e segredos deles – sim, mesmo eu sendo ruiva, mudei de opinião passados dois meses de convivência, no meu sexto ano, que de longe fora o melhor. Tirando o fato da perda de um grande amigo, meu melhor amigo. Sim, estou falando de Sev (James, não sinta ciúmes, mas o fato é que ele era meu melhor amigo, e sempre me lembrarei) – .
Bem, enquanto me envolvia completamente com os Marotos, James Potter, sem que eu percebesse, tornou-se uma pessoa indispensável em minha vida – céus, agora o Jay vai se achar; mereço um namorado tão egocêntrico – . Tipo, o Jamie meio que aparecia e tornava meu dia mais bonito, até mesmo o inverno mais rigoroso se tornava a primavera, com os campos floridos, de várias tulipas e lírios. Claro que eu confessava isto somente quando lhe escrevia – sim, timidez acaba com qualquer começo de um relacionamento. E meu orgulho não ajudava. Estava acostumada a destratá-lo; chego a dizer que o humilhei por diversas vezes, mas já me redimi. –.
Passei a reservar um sorriso para ele, um exclusivo que pertencerá a ele para sempre – sim, eu sei ser melosa quando quero –. Acho que, caminhando ao seu lado, cheguei até a mudar o passo, algo que lhe chamasse mais a atenção. Não o tratava formalmente, era apenas James, assim como para ele era apenas Lily. Incrível como tudo muda quando descobrimos o que é o amor, principalmente se este é encontrado em meio ao ódio mortal. De fato, em James acreditou ao nos ver tão íntimos, como jamais sonhamos em nossas vidas. Mesmo assim, como capitão do time de quadribol e venerado por vários fãs-clubes, eu continuava negando os encontros que ele me convidava – sinceramente, eu ficava de coração partido, mas isso você já deve saber. Perdi as contas de quantas lágrimas silenciosas derramei por rejeitá-lo, em cima de suas páginas terapêuticas e consoladoras. (AH! De novo! Eu esqueço que agora você virou um bem público e não posso mais me expressar abertamente. Droga de aposta.) –. E sabe o que era lindo? O James sorrir, mesmo que tristonho, e perguntar se aquilo afetaria nossa amizade, pois ela era preciosa demais para perdê-la. Eu me derretia, sério, e respondia que eu não permitiria tal coisa. Nada atrapalharia nossa convivência. E sabe o que ele fazia? Sorria lindamente; aquele sorriso meio sedutor e abobado – céus, como eu amo o sorriso do James! É tão envolvente, bonito, simétrico, singelo, expressivo, verdadeiro... ah, é simplesmente perfeito e impossível de descrever. É o sorriso –.
Nas férias de verão, trocávamos cartas – muito engraçadas, devo completar – e o Sirius passou a se interessar pela Marlene – que está aqui no quarto, se arrumando para encontrar o próprio. Ela diz que é apenas uma das tantas outras quedinhas dela, mas, que eu saiba, a Lene sempre quis sair com o Sih. (AH! Controlem minha mão, por Merlin!) –.
Pausa para descrever minhas amigas, já que arranquei todas as antigas páginas deste diário que continham as descrições das três.
Marlene McKinnon: morena quanto aos cabelos longos e ondulado, com uma sutil franja que vai até a boca carnuda e rosada. Amo o nariz pequeno e delicado dela, na verdade, tenho inveja, pois o meu é grande demais. Eu acho. O corpo é bem distribuído, de estatura mediana e curvas nos lugares certos – dos quais eu tenho a absoluta certeza de que Sirius se aproveita –. Sempre bem-humorada, ajudando todos aqueles que precisam sendo justa e leal. Pena que a vaidade á torne um pouco fresca e volúvel – o próprio Sirius disse que não saía com ela antes justamente pelos ‘gritos irritantes’ –. Tem quase duas safiras genuínas no lugar dos olhos.
Jenna Creeb: loura, dos cabelos encaracolados brilhantes e maravilhosos. Seus olhos arroxeados – pasme com a cor dos olhos dessa menina. E dizem que os meus que são raros! – fascinam um certo maroto – não é, Remus? –, entretanto, ela se preocupa muito com os estudos e... bem, vou me controlar para não contar este segredo – do mesmo modo como jamais vou contar sobre o ‘problema peludo’ de Remus –. Jen é bastante alta e magra, mas não raquítica – exato, aquelas ‘partes importantes para os meninos’, segundo Sirius, são suficientes para o Remmie babar, literalmente –. Tem boa índole e é pura, sabe, no sentido amplo da palavra. Ousaria dizer que é quase santa – HÁ! Cuidado, Merlin! Sua rival chegou. –.
Alice Amon: de baixa estatura, os cabelos negros, em contraste com sua pele alva, batem até a cintura, caindo como cascatas extremamente lisas. Seus olhos são azuis, bem claros, e pode-se ver o céu estrelado por trás deles, pois é muito doce e romântica. Sabe ser bem histérica quando necessário e profundamente apaixonada por seu namorado, Frank Longbottom – ou ‘o garoto dos pés grandes’, afinal, nunca vi alguém ser tão desastrado capaz de se desequilibrar com os próprios pés. Na verdade, eu já vi sim, mas é melhor não entrar em detalhes ou posso me comprometer –, são tão unidos que nem a diferença das casas interfere no relacionamento. Ao contrário, Frank, como bom Corvinal, sabe de muitos versos que deixam Alice completamente derretida. Uma pessoa incomum e essencial em minha vida.
Bem, há um ano, teria de descrever a Elle, mas ela terminou de cursar Hogwarts ano passado e nos vemos apenas nas férias. Vou poupar minha mão por hoje e prosseguir com a história da aposta – maldita aposta –.
Com Sirius e Marlene no início de um romance, James e eu nos vimos envergonhados quando o casal passava a se agarrar pelos corredores da escola, na nossa volta para o ano letivo. Assim, o sétimo ano teve início, sem tantos problemas. Até Remus e Jenna passaram a ‘se conhecer melhor’. Tudo corria extremamente bem para os casais.
Então, em meio a uma aula e outra, Sirius decide ‘testar minha coragem’, como ele mesmo disse, e eu, tola, aceitei. O desafio, que eu soube duas semanas depois de abrir minha boca anormalmente grande, era simples: “Aceite sair com Prongs e, se gostar, o que vai acontecer, nós, os Marotos, poderemos escrever no seu diário.” – Merda, Sirius! Eu te odeio, sabia?! Por que eu fui aceitar este desafio? Merlin, obrigada por não segurar a minha boca. Sim, agora foi sarcasmo –.
E, claro, o James, sem saber da armação do amigo dele, no fim da nossa aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, acompanhados pelos alunos da Sonserina, enquanto eu me erguia da cadeira e guardava meus materiais, tendo uma conversa cordial com ele, sobre quadribol, me vem com um enorme sorriso – o sorriso – e eu o puxo para fora da sala. Assim, pudemos conversar algumas coisas, sozinhos no corredor. Eu já esperava pelo convite, mas não que a turma da Sonserina, que vinha nos seguindo, ouvisse. Afinal, era algo particular, embora o Potter não saiba ser discreto. Ele se empertigou todo e falou, meio que brincando: “Evans, sai comigo?” e eu, não me pergunte por quê – TPM – corei e gritei em resposta, claro que em meio a um surto com o sorriso perturbador dele: “Sim!”
Desde então, James e eu começamos a namorar e eu perdi a aposta.
Vendo por este ângulo, obrigada Merlin. Sério. Obrigada por não segurar a minha boca, pois ela foi presenteada pelo melhor beijo do mundo. O beijo do meu namorado. Somente meu.
Sabe um fogo, brando, terno, aconchegante e... único? Exato. É o beijo do Jay. Tipo, quando seu perfume chega em minhas narinas, invadindo meu cérebro e danificando meu sistema neural, eu me entrego, completamente derretida, aos abraços calorosos e despenteio aqueles cabelos negros e lisos, naturalmente desarrumados, o tomando pelo pescoço. Ele sela meus lábios com os dele, tão rosados e finos, me levando aos céus em nanosegundos ao toque quase que combinado e sedutor de nossas línguas. Então, passo minhas mãos pelos seus braços e peitoral em definidos pelo quadribol – sim, obrigada esporte –. As horas passam enquanto estamos juntos.
AH! Acabei de lembrar que ele vai ler isto! Mas tudo bem, é a verdade. E é melhor ele saber lendo do que eu dizer ao pé do seu ouvido, o fazendo estremecer... Eu já disse que ele estremece com freqüência? Acho isso tão lindo e... sei lá, dele. Sabe, o Jay tem seu jeito único que me faz amá-lo mais e mais, a cada dia – ok, chega de ‘momento meloso’ –.
Bem, agora que já expliquei minha condição de sofredora, posso ir me deitar. Tenho aula pela manhã. Sabe como é, hoje é domingo... dia 31 de outubro. O dia que comecei a namorar James Potter. Namorar. E eu pensava que jamais veria estas três palavras juntas em uma mesma frase, pelo menos não de modo afirmativo. Ah, e o dia do fim da minha privacidade.
Preciso comprar outro diário. E a Marlene precisa parar de roncar urgentemente. Parece que a escola está desabando.
L.E.
N/A: Como falei anteriormente, capítulos menores em comparação a CSM. Sem Marotas aqui, apenas a humilde Padfoot. Espero que comentem.
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