Capítulo I
- Você é casada, Lily? – interrogou Horácio Slughorn, diretor executivo da indústria de brinquedos Zonk’s, coçando levemente o queixo fino. Seus olhos percrustadores estavam fixos na nova assistente de marketing da empresa de brinquedos que pertencia à família Slughorn havia quase meio século.
- Não, senhor – respondeu Lily Evans, estranhando a pergunta de cunho intimista.
- E não tem nenhum outro tipo de relacionamento mais sério? – Slug teimou em saber.
- Não, não tenho. – Um discreto rubor tingiu as faces bonitas de Lily. Horácio Slughorn era um senhor de meia-idade e, apesar daquele tipo de assunto ter se tornado comum e corriqueiro para a maioria das pessoas, ela não se sentia à vontade para descuti-lo com alguém que ma conhecia. – Mas por que deseja saber, senhor? – insistiu, mordendo o lábio inferior.
Propositadamente o diretor executivo da Zonk’s ignorou sua pergunta. Fazendo de conta que Lily não tinha dito nada, Slug pegou um folheto promocional que lhe fora entregue minutos antes e, abrindo-o, começou a ler em voz alta:
- “Pousada Hogwarts, em Carmel, Califórnia. Trinta e cinco quartos, incluindo cinco suítes, todos com sacadas com vista para a paisagem deslumbrante, lareira e ar-condicionado. Para seu conforto, temos sauna, banheiras de hidromassagem, restaurante com opções de pratos variados e também serviço de quarto. Ao cair da noite, oferecemos vinho quente e fondue de queijo para que nossos hóspedes, além de gozarem das belezas locais, possam usufruir de momentos de completa tranqüilidade. Somos especialistas em lua-de-mel, portanto, traga seu amor para passar uma temporada conosco...” – Slug calou-se e, sorrindo, voltou a sentar-se atrás da escrivaninha de mogno.
Durante de tal atitude, Lily remexeu-se inquieta na cadeira estofada em tecido vinho.
- Um convite ao amor... Pelo que pude entender, Srta. Evans, está sugerindo que façamos nossa conferência anual em um hotel cuja especialidade é lua-de-mel, certo? – tornou Slug em tom zombateiro.
Lily respirou fundo e preparou-se para defender sua escolha. Ali estava a derradeira chance de provar que tinha valor e assim conseguir galgar alguns degraus na carreira que abraçara.
- Na verdade, Sr. Slug, Hogwarts não é bem um hotel, mas sim uma espécie de pousada. Claro que me certifiquei de que ali poderíamos contar com uma total infra-estrutura, porém, o que de fato me impressionou foi a sala de reunião. Olhe esta foto - sugeriu, apontando para uma das páginas do folheto que Slug trazia aberto. – Como pode perceber, a sala de reunião é pequena, aconchegante e, em meu modo de ver, se adapta perfeitamente às necessidades da empresa.
- Não acha que esta escolha é um tanto... hã, como vou dizer... incomum!? – questionou o homem de cabelos grisalhos, espreitando-a com olhos sagazes.
- Ai é que está, senhor! – Lily exclamou, erguendo o queixo com orgulho. – Sabemos que o encontro anual de nossos projetistas e especialistas em marketing tem de permanecer em absoluto segredo. Por isso optei por Hogwarts – afirmou, sorrindo confiante. – Quem pensaria em espionar um hotel que abriga casais em lua-de-mel!?
Slug colocou um dos braços sobre a escrivaninha e apoiou o rosto na mão bem cuidada. Durante alguns segundos, fitou-a com ar compenetrado.
- Neste ponto tenho de lhe dar razão, Lily Evans – capitulou por fim, antes de pegar novamente o folheto promocional e correr os olhos por ele.
Respirando fundo, Lily aproveitou o momento de concentração de Slug e permitiu-se observar o ambiente a sua volta.
Era um escritório amplo, todo decorado em tons de vinho e grafite, em alguns vasos de plantas espalhadas em pontos estratégicos, além de uma imensa estante de brinquedos disposta junto à janela envidraçada.
Com um leve sorriso insinuando-se nos lábios rosados, Lily considerou que as bonecas, os carrinhos com controles remotos e também os jogos pedagógicos já haviam trazido milhares de dólares para a família Slughorn, no competitivo mercado americano de brinquedos.
Em verdade, a Zonk’s era uma das maiores empresas do ramo, e todos os seus concorrentes tinham interesse em descobrir-lhe os planos para copiá-los e, quiçá, atingir o mesmo sucesso.
Como se fosse um mago e pudesse ler os pensamentos de Lily, Slug declarou:
- Tem razão, minha cara, nosso sucesso atrai muito interesse. Para ser honesto, confesso que temos enfrentado alguns problemas com espionagem industrial nos últimos anos. – Fez uma breve pausa antes de prosseguir: - Talvez essa sua proposta seja mesmo uma solução para nosso impasse.
Lily mal pôde conter seu entusiasmo diante da perspectiva que se apresentava.
- Tenho certeza de que será, senhor! – garantiu.
- Mas espere um pouco, mocinha – Slug a preveniu. – Como a idéia foi sua, terá que acompanhar os conferencistas durante a semana que permanecerem em Hogwarts.
- Não vejo problemas nisto – apressou-se em dizer.
Diante da resposta imediata, Slug arqueou as sobrancelhas com leve ironia.
- O problema, minha cara, é que não podemos deixá-la sozinha num lugar que é o paraíso de casais apaixonados. Afinal, é evidente que sua solidão não passaria despercebida. Temos de dar um jeito nisto! – anunciou, ao mesmo tempo em que pegava o fone do gancho.
- Temos!? – Lily repetiu, experimentando a misteriosa sensação de que algo não iria sair como planejado. Os cabelos de sua nuca, de repente, ficaram eriçados, o que sempre acontecia quando estava em apuros. Afinal, o que estaria por vir!?
- Dolores?– a voz de Slug, que falava ao telefone, a tirou de seus devaneios. – Peça a James que venha até minha sala, por favor – ordenou o diretor executivo da empresa, desligando sem dar tempo de a secretária manifestar-se.
“Quem será este tal James?”, perguntou-se Lily, franzindo o cenho. Seu sexto sentido lhe dizia que era melhor não saber, contudo, a curiosidade a fez conjecturar cerca de mil hipóteses diferentes.
Estava prestes a tomar uma atitude concreta a fim de solucionar suas duvidas quando, menos de dois minutos depois, a porta do escritório foi aberta e um homem alto e viril entrou na sala.
- Quer falar comigo, Slug? – disse o recém-chegado, com uma voz que parecia mais a de um barítono italiano.
- Sim, James, sente-se aí – Slug ordenou, dirigindo-lhe um sorriso benevolente.
Pelo canto dos olhos, Lily observou os cabelos castanhos quase pretos e extremamente despenteados, a boca carnuda e a incrível aura de autoconfiança que emanavam do homem que se sentara a seu lado, defronte à mesa do diretor da Zonk’s.
- James, quero que conheça Lily Evans – disse-se Slug – Lily é nova no departamento de marketing. Eu a deixei encarregada de me apresentar uma pesquisa que apontasse o melhor local para realizarmos a conferência sobre desenvolvimento de novos produtos – explicou, antes de voltar-se para ela. – Lily, este é James Potter, o chefe do departamento de segurança da Zonk’s – apresentou-o com deferência.
- Potter!? – repetiu Lily, incapaz de conter a perplexidade diante de um nome tão incomum.
- Pode me chamar de James – o belo chefe de segurança da Zonk’s sugeriu amigável, dando a impressão de que a atitude de Lily era uma ocorrência rotineira em sua vida.
Durante uma fração de segundos, seus olhares se encontraram, e ela sentiu como se James tivesse o poder de vê-la através do elegante conjunto de lãnzinha verde-musgo que usava.
Notando-lhe o embaraço, ele sorriu e voltou sua atenção para a fisionomia intrigada de Slug.
- Chamei-o aqui, James – começou a dizer o homem de meia-idade – porque Lily acaba de me sugerir que realizemos nossa conferência em um hotel cuja a especialidade é receber casais em lua-de-mel.
- Trata-se de uma pousada, não um hotel, Sr. Slug – interferiu ela, consciente da surpresa e incredulidade que se estampavam no rosto anguloso de James Potter.
- Uma conferência secreta tendo lugar num hotel cheio de casais enamorados!? – James interrogou, maneando a cabeça de um lado para outro, num sinal óbvio de que seria contra a idéia. – Não podem estar falando sério!?
Slug deu um sorriso divertido e gesticulou para que Lily explicasse o plano em detalhes.
- Estou sim, Sr. Potter. Hogwarts é o lugar perfeito para um encontro que deve permanecer em segredo – declarou ela, esforçando-se para não se deixar intimidar pelo brilho escarnecedor que havia no fundo dos olhos castanho-esverdeados do belo James. – Como já esclareci ao Sr. Slug, dificilmente nossos concorrentes imaginariam que a conferência está acontecendo num lugar destinado aos amantes e apaixonados.
- Neste ponto Lily está coberta de razão, James – Slug intercedeu a seu favor. Num gesto hábil, pegou o folheto promocional e entregou-o ao chefe de segurança da empresa. – Não vejo nada demais em tentar uma nova estratégia! – assegurou pensativo. – Durante anos a fio, fizemos de tudo para evitar os piratas que copiam nossos projetos e depois vendem os brinquedos pela metade do preço. Mesmo assim, não conseguimos resultados satisfatórios.
- Ora, vamos Slug, sempre fomos capazes de manter a produtividade e o lucro da empresa – James interrompeu-o. – Você sabe que contamos com um ótimo departamento de segurança!
- Talvez sim, só que não tenho a menor intenção de arriscar – tornou Slug, recostando-se contra o espaldar alto da cadeira giratória. – Este ano não quero que nada dê errado! O que significa que faço questão de que nossos lançamentos só fiquem conhecidos quando forem mostrados na feira de brinquedos de Nova York, que acontecerá em fevereiro.
James respirou fundo, antes de dizer aborrecido:
- Bem, talvez a sugestão da moça até possa dar certo. Mas será que a Srta. Evans tem condições de nos garantir que as informações não vazarão através dos funcionários do hotel!?
- Sim, eu posso garantir – Lily assegurou. Não gostara da maneira que James se referira a ela, como se não estivesse presente na sala. Por isto, quando os olhos castanho-esverdeados se encontraram com os seus, prosseguiu em tom desafiador: - Vou mais longe ainda, Sr. Potter. Como a segurança é nossa maior prioridade, sugiro que as esposas dos cinco participantes do projeto os acompanhem na viagem. Afinal, sendo a pousada típica para lua-de-mel, a presença de um grupo de homes desacompanhados pode despertar curiosidade.
James mordeu o lábio e a fitou pensativo.
- Faça como quiser, Slug – sucumbiu ele por fim. – Mas apenas certifique-se de que todos dêem a impressão de estar em lua-de-mel. Primeira, segunda... quinta, isto não importa! Até os mais velhos, que já se deixaram levar pela rotina, deverão mostrar-se apaixonados!
- Fico feliz que pense assim, James – Slug murmurou com leve ironia – porque te chamei aqui justamente para dizer que desejo sua presença na conferência... junto com Lily, é lógico.
James Potter olhou do diretor executivo da Zonk’s para Lily, e um sorriso sardônico brincou em seus lábios carnudos.
- Claro, não vejo problemas quanto a isto. Afinal, a segurança da empresa é minha responsabilidade.
Sem saber bem o porquê, Lily sentiu um calafrio de apreensão percorrê-la de alto a baixo. “Nts, nts. Lá vem encrenca!”, pensou.
- Eu também não vejo problema – Slug prosseguiu zombateiro – só que parece que vocês não atentaram para um pequeno detalhe.
- Detalhe!? – repetiram os dois ao mesmo tempo.
- Sim, para manter a salvo os interesses da Zonk’s, sugiro que viajem para Hogwarts na condição de marido e mulher. Mas é claro que este será apenas um casamento de conveniência! – apressou-se em elucidar. – Cada um de vocês estará livre para fazer o que deseja, tão logo tudo esteja terminado.
Por uma fração de segundos, um pesado silêncio dominou o escritório da diretoria.
- Agora está pedindo demais, Slug! – James foi o primeiro a recuperar-se da surpresa. – Não vou me propor a assumir uma farsa destas! – Os olhos castanho-esverdeados reluziram intensamente e, dando a impressão de sentir-se acuado, ele levantou-se e seguiu até a enorme janela envidraçada, de onde se tinha uma vista deslumbrante da praia de Santa Mônica.
Lily respirou fundo ao notar que alguns ousados raios de sol incidiam sobre os cabelos castanhos, tornando-os de uma rara tonalidade dourada.
- No que me diz respeito, casamento é a pior coisa que pode acontecer a um homem. Um já foi mais que suficiente pra mim! – James prosseguiu, voltando-se e encarando Slug Comar de irritação. – Por isto me divorciei!
- Eu também não pretendo participar desta farsa – Lily manifestou-se, pegando a pasta que trouxera consigo e levantando-se com intenção de deixar a sala. Por alguma estranha razão, a pronta recusa de James em bancar seu marido a aborrecera sobremaneira. – Não me fingiria de esposa dele nem que me pagasse para isto! – exclamou contrariada.
- Chegamos ao ponto que eu queria, Srta. Evans: minha empresa a paga para isto sim! – Slug se fez ouvir, fitando-os com determinação. De súbito, o sujeito simpático e brincalhão que ele costumava ser havia desaparecido e, em seu lugar, ficara o homem de negócios frio e calculista.
Por um breve instante, Lily teve vontade de dizer muitos desaforos a Horácio Slughorn. Contudo, seu gênio intempestivo foi contido pelo bom senso, que a fez ver que, sendo uma mulher de negócios, teria de enfrentar situações complicadas e difíceis. Além do mais, que mal lhe faria se tivesse de se passar por noiva de James Potter!? Certamente, Horácio Slughorn fizera tal sugestão pensando em um envolvimento superficial e...
- Foi você que teve a idéia, mocinha – a voz de timbre impressionante de James a tirou de seus devaneios.
- E tenho orgulho por isto! – garantiu ela, esforçando-se para manter a máscara de profissionalismo e eficiência que se impusera, antes de se voltar para o rosto sisudo do diretor da empresa. – Mas, diga-me, Sr. Slug, o que teríamos que fazer para bancar marido e mulher? Acha que apenas uma simulação bastaria?
- Ora, se é simulação que deseja, não precisamos nos fingir de casados – James interferiu mal-humorado. – Hoje em dia muitos casais viajam juntos, sem que para isto seja preciso casar.
“Libertino!”, Lily acusou-o em pensamento. Era estranho, porém a simples idéia de James Potter tinha uma concepção de vida que lhe permitia envolver-se levianamente com uma mulher a irritava bastante.
- Não neste caso, James – Slug murmurou, fitando-os sagaz. – O que sugiro que façam para acobertar o tema da conferência é justamente dividirem o mesmo quarto, e assim impedirem que os funcionários do hotel descubram o motivo que os levou até lá.
- O quê!?Dividir o mesmo quarto!? – Lily gemeu estarrecida.
- Claro! – Slug exclamou, franzindo o cenho. – Será que não percebe que nossos planos poderão ir por água abaixo se uma simples camareira resolver espioná-los e contar para a imprensa?
- Tudo isto é um absurdo! Não vou me sujeitar a um esquema tão primário e torpe quanto a este! – trovejou James, deixando evidente que as palavras recriminadoras estavam sendo dirigidas mais para Lily do que para o diretor executivo da empresa.
Furiosa com ele e consigo mesma por se sentir tão acuada, Lily decidiu que estava na hora de dar um basta naquele assunto. Desta forma, com sua peculiar impulsividade, logo colocou em prática uma idéia que acabava de lhe ocorrer.
- Sinto muito, Sr. Slug. Mas também não posso ir adiante com esta história – disse ela, baixando os olhos para as próprias mãos. – A verdade é que já sou casada. Meu marido e eu resolvemos manter o casamento em segredo por razões pessoais, porém, diante das circunstâncias, creio que não posso mais esconder o fato.
Horácio Slughorn fez uma pequena careta, antes de declarar:
- Deveria ter sido mais honesta quando lhe perguntei se tinha algum envolvimento emocional, Srta. Evans! – recriminou-a o chefe, obviamente furioso.
- Lamento... – Lily balbuciou, quase arrependida da mentira que inventara para se livrar de James Potter.
- Mas, já que é assim, minha cara, dê um jeito de levar seu marido à conferência, para que tudo saía como o planejado. – A reação de Slug a surpreendeu. Outra vez o homem de negócios superava qualquer dificuldade de ordem pessoal para conseguir atingir as metas que significavam sucesso para a Zonk’s.
- Não... não sei se ele poderá – Lily gaguejou. – Tem o trabalho e...
- E garanto que também quer vê-la empregada durante muito tempo, não é, minha cara? – Slug jogou duro.
- Sim, senhor – Lily assentiu, cabisbaixa. Que grande enrascada fora se meter! E agora, o que faria?
- Quanto a você James, teremos de dar um jeito em sua situação – anunciou o diretor da empresa, voltando-se do rosto enrubescido de Lily para a fisionomia taciturna de James Potter.
- Se não precisa mais de mim, Sr. Slug, posso me retirar? – ela perguntou, antecipando que poderia haver uma longa discussão entre os dois homens que ali estavam.
- Sim, e termine o relatório que lhe pedi para o final da tarde, Srta. Evans.
Após anuir comum movimento de cabeça, Lily girou nos calcanhares e deixou a sala com uma rapidez impressionante.
Por uma fração de segundos, James Potter se permitiu esquecer o problema que teria ao enfrentar Horácio Slughorn e se concentrou em avaliar a mulher elegante que deixava a sala.
Ela era pequena, do tipo mignon, com cabelos avermelhados e olhos de uma tonalidade de profundo verde-esmeralda...
Sim, Lily Evans era muito, muito bonita e, por certo, inteligente também, caso contrário não teria chegado aonde chegou. Contudo, James desejou nunca a ter encontrado, afinal, tinha consciência de que havia alguma coisa nela que mexia com suas emoções mais profundas.
“O pior é que vou ter que passar uma semana inteira na companhia desta mulher!”, conjecturou James, pressionando os lábios com firmeza. “Só espero que o marido dela esteja presente”, desejou antes de voltar-se para o rosto curioso de Slug.
- Acho que encontrou um páreo a sua altura, não é James? – zombou Horácio Slughorn, dando uma sonora gargalhada. – Mas agora vamos ao que interessa, meu caro. Precisamos arranjar uma acompanhante para você...
- Dolores, traga-me a pasta com os dados pessoais de Lily Evans. Ela trabalha no departamento de marketing – James pediu à secretaria da diretoria, minutos depois de sair da sala de Horácio Slughorn.
Sem esperar por uma resposta, desligou o intercomunicador e levantou-se da cadeira de espaldar alto que havia em sue próprio escritório. Com movimentos rápidos, foi até o frigobar, oculto num dos cantos da sala, e pegou uma pequena garrafa de água-tônica.
Num gesto impulsivo, verteu o líquido por entre os lábios enquanto desejava ter algo mais forte para tomar num momento como o que se apresentava.
Diabos, mal se livrara de um casamento desastroso e lá estava ele outra vez, dominado pelos caprichos de uma garotinha, assistente de marketing da Zonk’s, ponderou irritado.
Entretanto, se Lily Evans acreditava que poderia dominá-lo com suas idéias mirabolantes, estava muito enganada! Iria reunir todas as armas possíveis para defender-se dela.
Ainda pensando no que acabava de ocorrer na sala de Horácio Slughorn, James Potter retornou para a cadeira atrás da escrivaninha e sorriu com sarcasmo. Seu lado mais racional sabia que toda a sua ira se devia não só ao impacto que a beleza e arrogância de Lily tinham exercido sobre suas emoções, mas também ao fato de que falar sobre casamento e lua-de-mel havia ressuscitado velhos fantasmas.
Fora casado durante muitos anos e, nos últimos doze meses, enfrentara um desgastante processo de divórcio, que só tivera fim há pouco mais de quarenta dias. Na verdade, deixara de viver com a esposa tempos antes de entrar como processo na justiça, mais ela simplesmente se recusava a consumar a separação legal.
Por sorte não haviam tido filhos e...
- A pasta que pediu está aqui, James – soou a voz da secretária, interrompendo-lhe os pensamentos.
Colocando a garrafa de água-tônica de lado, ele pegou a pasta que a moça lhe estendia e abriu-a no mesmo instante.
- O que Lily fez para que ficasse tão interessado nela? – Dolores quis saber, com uma expressão curiosa brincando no rosto de traços obviamente italianos.
- Lily!?. Você a conhece?
- Claro, costumamos almoçar juntas no restaurante dos mensalistas. Ela é uma garota adorável, não acha? – piscou com ar de cumplicidade. Era evidente que havia interpretado erroneamente o motivo que levara a pedia a pasta de Lily Evans.
- Bem, não foi a impressão que me deu – James respondeu, mal-humorado. – Só espero que as coisas mudem quando tivermos q trabalhar juntos.
- Ei, escute aqui, será que estamos falando da mesma pessoa!? – a secretaria empertigou-se. – O que Lily poderia fazer para aborrecer um homem como você, James!?
- Nada... por enquanto. – Ele franziu o cenho conforme folheava as páginas da pasta. – Agora ouça, Dolores, seja uma boa menina e não comente com ninguém que andei pedindo dados pessoais da Srta. Evans. Acho que fui um tanto precipitado e falei demais sobre algo que deveria ser confidencial.
- Falou demais!? – repetiu a moça aturdida. – Nunca o vi falar demais, James! È o homem mais discreto e reservado que conheço... principalmente quando o assunto são garotas.
- OK, Dolores, agradeço o elogio, mas agora preciso ficar sozinho. Boca fechada, ouviu?
- Está bem – a secretária capitulou. Conhecia James Potter havia anos e sabia exatamente até aonde podia ir. – Deixei um cartão no arquivo do departamento pessoal dizendo que se alguém precisar da pasta de Lily, ela está com você – anunciou, caminhando até a porta e preparando-se para deixar a sala.
- Pois então vá até lá agora mesmo e o retire! – ordenou imperioso. – Este assunto é confidencial.
- Confidencial!? Está me parecendo mais sentimental do que qualquer outra coisa! – arriscou Dolores, pouco antes de receber um olhar retalhador de James e deixar a sala como um furacão.
Assim que viu a porta se fechar, e teve certeza de que estava só, James recostou-se contra a cadeira e folheou a pasta de Lily com lentidão.
Ali não havia nada que fizesse supor que existissem motivos para que Lily Evans se casasse em segredo. Além de uma série de cursos e o relato de graduação em Comunicação pela UCLA, Universidade da Califórnia, estava discriminada uma lista de empresas para as quais ela trabalhara, e que a fizera ser contratada pela Zonk’s tão logo que seu currículo fora avaliado.
No entanto, como já notara, em nenhum momento os dados obtidos pelo departamento pessoal sugeriam a existência de um noivo ou marido. Aliás, os dois únicos pontos merecedores de atenção especial naquele currículo era o fato de Lily ser descendente de irlandeses e ter ganho algum dinheiro com apresentações de dança do ventre, enquanto ainda era universitária.
Com um breve sorriso brincando nos lábios carnudos, James lembrou-se da figura delicada e de cabelos avermelhados contrapondo-se ao profundo verde dos olhos de Lily. Sim, ela tinha uma sensualidade latente, bem adequada para o tipo de dança apreciado pelos árabes.
- Perfeita demais para ser verdadeira, Srta. Evans, perfeita demais! – sussurrou ele, ao mesmo tempo em que uma idéia arriscada lhe cruzava a mente... Sim, Lily iria provar um pouco do próprio remédio. – Vamos ver como nos sairemos em Hogwarts, minha cara. A conferência será realizada na pousada em Carmel, mas eu ditarei as regras. A sorte está lançada. Tenho uma surpresinha para você, madame sabe-tudo...
N/A: Bom gente espero que gostem, e deixem comentários para eu saber que tem alguém gostando ou então digam se esta horrível, certo? Até o próximo cap.
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