Capítulo XIV



Capítulo XIV


 


 


 


As palavras de Sirius Black ainda ecoavam pela mente de James. Para completar, a descoberta que Lily fizera no quarto dos Mason parecia a peça que faltava para compor o grande quebra-cabeça, em que se transformara a história de espionagem industrial no encontro de projetistas da Zonk’s.


Sim, a primeira vista tinha-se a impressão de que Ed violara a combinação do cofre, deduziu James, olhando para o grande cofre da sala de conferencias da pousada. Mas seria isto mesmo!?... Ele ainda não tinha certeza de saber a resposta.


Redobrando a atenção, James examinou as quatro fotocópias em tamanho reduzido dos passos necessários para a execução dos novos projetos; em seguida verificou os esboços feitos à mão livre do principal brinquedo a ser apresentado na feira de Nova York, que deveria acontecer no mês de fevereiro.


Todos os papeis estavam dispostos sobre a mesa de reunião e, sem sombra de duvida, eram provas contundentes de que havia algo muito errado ocorrendo em Hogwarts.


Seu senso profissional lhe dizia que deveria estar exultante com a descoberta das pistas antes do fato ter sido consumado, no entanto, não era este o sentimento que experimentava.


- Pensei que fosse ficar satisfeito com as provas – Lily murmurou, estranhando a ruga que vincava a tez máscula de James. – Algum problema que eu não tenha notado?


- Infelizmente sim – respondeu ele, dando um suspiro impaciente – Apesar de todas as provas estarem diante de nós, tem um detalhe que não se encaixa nesta história toda.


- Qual? – Lily quis saber, apreensiva.


- Os envolvidos no projeto são unânimes em afirmar que não sentiram falta de nenhum documento ou esboço original. Como pode ser isto se você encontrou as provas no quarto dos Mason? – retrucou, abrindo as mãos num gesto de impotência.


- Não sei, não... – Lily deu de ombros, antes de curvar-se para inspecionar os papeis espalhados sobre a mesa de reunião. – Se existe alguma coisa errada com estes esboços e projetos, eu ainda não consegui descobrir o que é! Diga, já deu uma boa olhada nos desenhos feito à mão livre, James!? As cores parecem tão nítidas que dá a impressão de que se trata dos originais! Veja este aqui, por exemplo!


- Ei, espere um pouco! – James arqueou as sobrancelhas e curvou-se ainda mais sobre a mesa. Depois de alguns instantes, um brilho sagaz surgiu em seus olhos. Pegando os desenhos que ela apontara, levou-os até perto da janela, onde pode apreciá-los melhor.


Lily o acompanhou, contudo, ainda não conseguia entender o que estava acontecendo.


- Os desenhos são originais, não tenho a menor duvida quanto a isto! – anunciou ele, após breve pausa – Já os passos dos projetistas são outra história. Para mim, são copias. Agora dê uma olhada aqui no canto do desenho do boneco maior... Está vendo as impressões digitais? – apontou para um ponto determinado na margem esquerda do papel. – Esta marca não seria tão evidente se fosse feita a copia de um original!


Lily meneou a cabeça em sinal de concordância. Evidente! Como não notaram o detalhe revelador antes!?


- E então, aonde estas pistas nos levam? – inquiriu ela, tentando raciocinar com clareza – Acha que foi mesmo Ed?


- Bem, creio que alguém fez estas copias dos passos dos projetos antes que os originais e as copias oficiais tivessem sido guardados em segurança no cofre – ponderou James – E, justamente para nos confundir, mexeu na combinação do cofre para dar a impressão de que foi violado – completou com um pequeno muxoxo.


- Meu Deus! – gemeu Lily, começando a entender o que James pretendia dizer.


- Sim, foi por este motivo que os rapazes nunca sentiram falta de nada. Nenhum documento havia sumido, apenas foram feitas outras copias e um novo desenho original...


- E por que tudo isto estava no bolso de Ed Mason? Ele é o culpado?


- Não, madame detetive. Embora deteste ter de inocentar aquele calhorda, devo ser justo: é obvio que Ed foi usado como bode expiatório. Lembra-se dos esboços a mão livre!? – atalhou James, com um riso sarcástico – Acho que concordamos que seria preciso um artista para fazer um esboço tão perfeito quanto o que está guardado no cofre, certo?


- Mas só tem uma pessoa que poderia... Céus! Sirius tinha razão... Cinthia!?


- Exato, é ela quem faz os desenhos, portanto, a única que poderia criar um esboço tão perfeito quanto o original.


- Mas, por quê?


- Isto é o que teremos de descobrir. Nosso próximo passo é por tudo em pratos limpos! Vamos, Lily, assim que chegar do passeio, Cinthia Mason vai ter muito o que explicar!


 


<hr>


 


- Ah, James, você e Lily deveriam ter ido conosco! – afirmou Arthur Weasley, envolvendo sua amada Molly pelos ombros. – O passeio de escuna foi magnífico, nos divertimos muito. Não é mesmo, meu docinho de coco!?


- Arthur, por favor – pediu a Sra. Weasley enrubescendo levemente quando o marido a brindou com um beijo estalado na boca.


Uma sonora gargalhada escapou dos lábios do gerente de vendas da Zonk’s.


- Ela sempre foi tímida para demonstrações de afeto em publico – brincou Arthur – Mas no fundo gosta de que eu a trate desta maneira carinhosa. Afinal, isto a faz lembrar de nossos melhores momentos de amor!


- Oh, Arthur, você esta impossível! – exclamou Molly encabulada, contudo o brilho de satisfação que pairou em seus olhos confirmava as palavras do marido.


James sufocou o riso e, com relutância, sinalizou para o gerente de vendas da empresa. Odiava ser desmancha prazeres, entretanto, não lhe restava outra escolha a não ser desmascarar a farsa de Cinthia.


- Podemos nos fala, Arthur? – pediu em tom de confidencia.


- Claro! Com licença um minutinho, garotas – Arthur murmurou, antes de seguir James para um canto vazio da sala – O que houve? Parece preocupado...


- E estou – admitiu James – Afinal, Lily e eu não só descobrimos que nossos projetos foram, de fato, roubados, como também sabemos quem é o culpado.


- Diabos!? Como pode ser isto? – revoltou-se Weasley, deixando o espírito brincalhão de lado e voltando a ser o respeitado homem de negócios – Eu tinha certeza de que você estava exagerando James. Não sentimos falta de nada!


- Sei disto, Arthur. E nosso espião também sabia!


- Quem é este maldito traidor? Diga que eu vou acabar com sua...


- Não precisa se exaltar, Arthur. Resolveremos tudo com a maior descrição. Agora, se puder reunir todo o pessoal na sala de reunião, digamos... em cinco minutos, creio que teremos nossas respostas.


- Claro!


- Só mais uma coisa...


- Sim?


- Nenhuma palavra sobre o verdadeiro motivo desta reunião de emergência, ok?


- Certo, Potter. Você é quem manda, afinal, é o chefe da segurança!


 


<hr>


 


- Tomara que isto seja importante – resmungou Hal Martin, entrando na sala de reunião com o rosto tomado pela ira – Arthur quase me arrancou de debaixo do chuveiro, exigindo que eu estivesse aqui em cinco minutos.


- Eu também – Patrick Moriarty declarou, surgindo quase junto com o amigo – Nora esta furiosa com a minha falta de tempo, e acho que vou ter de enfrentar uma longa noite no sofá de nossa suíte. Minha esposa não vai me perdoar.


- Tampouco Mary esta satisfeita com essa nossa segunda lua-de-mel – ironizou Richard Lowe, que já se encontrava na sala. – Mas quem não ficaria furioso!? Veja a situação pelo prisma das senhoras: os maridos as convidam para uma semana em uma pousada cuja especialidade é o romance, então, ao chegarem ao sonhado paraíso cor-de-rosa, os cavalheiros desaparecem quase o dia todo, para não falar das noites... Meu casamento não voltará a ser o mesmo depois disto, Potter, espero que tenha consciência do mal que está causando.


James franziu o cenho, aborrecido com a acusação injusta.


- Escute aqui, Ricky, se você tem algum problema matrimonial, há de convir que ele deva ter se iniciado muito antes de nossa vinda para Hogwarts. Por que não encara a verdade de frente!?


Um pesado silencio se abateu sobre os presentes, e o rosto envelhecido de Lowe ganhou um rubor típico do constrangimento.


- Bem, como já estão todos aqui – James prosseguiu, desviando sua atenção para Cinthia, que acabava de entrar na sala com ar preocupado – vamos direto ao que interessa. Dêem uma olhada nisto! – sugeriu, fazendo sinal para que Lily colocasse as provas do crime sobre a mesa de reunião.


- Você tirou o projeto do cofre? – interrogou Hal Martin, franzindo o cenho.


- Não – James negou – E, para provar que falo a verdade, Arthur, por favor, abra o cofre e verifique se está tudo aí.


Silencioso, Weasley foi até o cofre e retirou os projetos originais dali.


- Como pode ser!? – seguiu-se o coro de vozes masculinas.


Pelo canto dos olhos, Lily e James viram Cinthia Mason se encolher na cadeira que ocupava.


- Bem, alguém com muito talento e capacidade de produzir originais fez o mesmo esboço duas vezes, além de tirar cópias dos passos dos projetos enquanto vocês trabalhavam neles.Vasculhando os quartos da pousada, Lily e eu encontramos as provas da traição – ele revelou com pesar.


- Santo Deus! – Moriarty exclamou, perplexo – quer dizer que o espião realmente existe!?


- Sim, existe, Pat. Quanto ao fato de ter-se a impressão de que o cofre foi violado, bem, isto foi intencional, para nos despistar. Certo, Cinthia? – James fez a pergunta de chofre, e os presentes ficaram ainda mais chocados.


Todos os olhares se voltaram para o rosto pálido da jovem Sra. Mason.


- Foi de propósito, certo, Cinthia? Você queria incriminar Ed – ele prosseguiu.


Levou algum tempo até que Cinthia Mason se fizesse ouvir.


- Por que tem tanta certeza que fui eu? – resmungou ela com voz tremula – Quem lhe garante que não foi o próprio Ed que escondeu as fotocopias na capa de chuva!?


James deu um longo suspiro.


- Em nenhum momento mencionei o fato de as provas terem sido encontradas na capa de chuva de seu marido, portanto, se nos restava alguma duvida, ela desapareceu com as palavras que acaba de proferir. Você atestou sua culpa minha cara.


- Por que fez isto!? – Arthur Weasley e os outros insistiram em saber.


Em uma fração de segundos, Lily, que até então se mantivera calada, postou-se atrás da cadeira de Cinthia e a segurou pelos ombros.


- Se não quiser, não precisa explicar nada. Tem o direito a defesa de um advogado – Lily lembrou-a, reconhecendo o brilho que entrevira no fundo dos olhos da outra mulher. Sim, por mais incrível que pudesse parecer, Cinthia fizera tudo por amor, era um estranho sentimento o que a ligava a Ed Mason.


- Eu sei, mas vou dizer assim mesmo – a desenhista falou amargurada – Não valeu à pena, alias, há muito sei que meu casamento com Ed não vale a pena... Só que é mais forte do que eu...


Lily e James se entreolharam, com pena da moça loira.


- Na verdade, tive esta idéia porque fiquei enciumada das atenções que meu marido estava dispensando a Mary Lowe. Quando chegamos a Hogwarts, acreditei que havia a chance de Ed e eu nos acertarmos. Mas ele arrumou uma nova amante diante de meus olhos. Portanto, quis puni-lo. A única maneira que encontrarei foi fazê-lo parecer um ladrão. Acreditem, em nenhum momento pensei em prejudicar a Zonk’s!


Todos os presentes ficaram perplexos com a descoberta, contudo, Richard Lowe estava mais do que isto, ele estava transtornado! O pobre homem parecia ter envelhecido dez anos em apenas um minuto. E não era para menos, afinal, a confissão de Cinthia o forçava a encarar a verdade de frente: sua jovem esposa o traía!


- Acho que não há mais nada a ser dito – Arthur se manifestou após um longo silencio – Faça as malas Cinthia, vá para casa e resolva seus problemas matrimoniais. É uma ótima desenhista, pena que ainda não tenha adquirido a firmeza de caráter para ser também uma grande mulher. Espero que ao chegar à Zonk’s, na segunda-feira, sua carta de demissão esteja sobre minha mesa. Caso encerrado.


Pela primeira vez, desde que tudo começara, Lily admirou a sensibilidade de Arthur Weasley. Ele havia compreendido que, por amor, as pessoas cometem os atos mais insanos, mas que, ainda assim, merecem uma segunda chance...


 


<hr>


 


- Desculpe, Lily, demorei mais do que esperava – James lamentou, assim que entrou na suíte.


- Eu compreendo, não foi uma situação muito rotineira a que tivemos de enfrentar – Ela sorriu, porem, em vez de aproximar-se, deu as costas para James. Com passos graciosos, seguiu até a pequena sacada e se debruçou sobre o gradil de ferro forjado. Durante um certo tempo, o rosto de traços delicados permaneceu voltado à direção do acaso.


Ao vê-la contemplar, silenciosa, os matizes púrpuras do entardecer, James teve a certeza de que, tanto quanto ele, Lily ainda estava triste com a cena que presenciara na sala de reunião. Alias, do episodio só restava à confirmação de que o ser humano é capaz de ir ao extremo de um sentimento. O mais lamentável era ver que homens e mulheres podiam se tornar joguetes nas mãos do ser amado, se não soubessem preservar a dignidade pessoal.


Ainda bem que isto jamais aconteceria com ele e Lily!, pensou James. Estavam apaixonados um pelo outro, entretanto, eram abençoados e capazes de manter a dignidade com uma constante em seu relacionamento. Bastou à simples consciência deste fato para fazê-lo tomar uma decisão: iria transformar aquele casamento falso em uma união definitiva e intensa...


Como se pressentisse o rumo dos pensamentos de James, Lily voltou-se para ele e deixou que os braços fortes e musculosos a envolvessem com ternura.


- Ufa! Ainda bem que este dia terminou – Deu um longo suspiro e aninhou a cabeça no tórax viril – Cinthia ama o calhorda do Ed, por isto fez essa besteira. Fiquei com muita pena dela.


- Eu também, mas aço que tudo poderia ter se resolvido de outra maneira – James ponderou, enroscando os dedos por entre as madeixas acobreadas. De súbito, o conhecido desejo aflorou em seu corpo – Lily... talvez agora possamos nos dizer o que de fato interessa, não concorda?


Ela piscou os longos cílios e um brilho maroto surgiu em seus olhos.


- E o que, de fato, nos interessa, James? – balbuciou, sentindo o coração bater num ritmo acelerado.


- Nós! – respondeu James sem titubear, e apertando-a ainda mais em seus braços – De minha parte, estou tentando deixar claro que te amo, como nunca amei outra mulher. Para ser franco, pressenti que isto aconteceria desde o dia em que a conheci na escritório de Slug. À principio, fiquei atordoado com a intensidade de minhas emoções, depois, quando nos entregamos ao espírito que reina em Hogwarts, relaxei e me descobri encantado com o poder da paixão. Quero ma casar com você, Lily, o que me diz!?


- Ah, James, isto é maravilhoso demais para estar acontecendo! – gemeu, erguendo o rosto para encará-lo.


Seus lábios ficaram a poucos centímetros um do outro.


- Diante desta reação, será que posso supor que a resposta seja: sim, querido, eu quero me casar com você porque partilho de seus sentimentos? – Embora o tom fosse de gracejo, a emoção contida nele era mais que evidente.


- Sim, querido,ainda que, as vezes, eu o ache um homem muito prepotente, admito que não pude evitar de me apaixonar por você. Eu te amo, James – confessou com olhos brilhantes.


- Fico feliz que também me ame, mas ainda não respondeu com todas as letras se vai casar comigo?


- Bem, me dê uma boa razão para que eu aceite – desafiou-o, conforme o beijava no canto dos lábios. Era uma provocação, mas uma provocação deliciosamente sedutora...


- Uma não, minha feiticeira de olhos verdes, três! – gemeu James, segurando-lhe o rosto entre as mãos – Eu te amo, eu te amo, eu te amo...


- Ok, quem pode resistir a uma declaração tão original!? – zombou – Eu me caso com você, James Potter!


- Ora, ora, sabia que não resistiria a meu charme – brincou James, antes de tomá-la nos braços e conduzi-la até a enorme cama de casal da suíte.


As bocas famintas se encontraram, e o beijo trouxe a tona todos os sentimentos que haviam florescido durante a semana mágica que passaram em Hogwarts.


Naquela noite, e nas muitas outras que se seguiram, Lily e James Potter tiveram a certeza de que não importava a ordem em que lua-de-mel e casamento aconteciam na vida de um casal, contanto que amor e respeito estivessem presentes!


Para eles, o que começara como uma farsa indesejável havia se transformado em realidade. Aliás, a realidade mais deliciosa e empolgante que o ser humano é capaz de vivenciar: a de um grande amor correspondido...


 


 


~ FIM ~


 


N/A: Chegamos ao fim.  Espero que todos que estavam acompanhando a fic tenham gostado, foi mto gratificante pra mim adaptar essa historia para o mundo HP, ainda mais para JL q é um casal que eu amo.


 


Agradeço a todos que leram a Fic, principalmente a todos que comentaram, os comentários foram um grande incentivo. Muito Obrigada!


 

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