Capítulo 3



Capítulo 3.

Eu dormi demais. Porém, era domingo e meus dois dias anteriores, em que, aliás, descobri ter esquecido o último ano de minha vida, realmente esgotaram toda a minha energia. E apesar de minhas 14 horas de sono terem sido tão cheias de Potter quanto meus dias – pesadelos inimagináveis -, conseguiram me deixar com um humor bem melhor. Ou pelo menos tão melhor quanto esta situação toda pode deixar.

Acordei e me arrumei calmamente. Estava absolutamente frio, era inverno. Coloquei minhas luvas e fui olhar a neve pela janela. Nesses dias em que perdi a memória não tinha nem sequer saído do castelo e eu amo a neve, apesar de odiar o frio. Não tinha mais ninguém nos dormitórios. Então desci feliz, pelo menos o tão quanto feliz eu posso estar.

Marlene e Remus jogavam xadrez, sentados no chão. Potter e Sirius estavam sentados no sofá, separados por Alice. Fiquei por um tempo observando e pensando qual seria meu papel nessa minha nova vida, o que eu deveria estar fazendo neste exato momento se não tivesse perdido a memória. Até que Alice me viu e começou a acenar pra mim. Relutei por um segundo, pensando em me fingir de cega, quando ela começou a berrar o meu nome. Não podia me fingir de surda também, e ela já estava começando a atrair atenção das outras pessoas.

“Pegamos alguns biscoitos de chocolate pra você na cozinha, já que o café acabou faz tempo.”Ela me disse enquanto Potter me passava um embrulho cheio de biscoitos. Sentei-me no chão de frente para o sofá em que eles estavam, de costas para o jogo de Remus e Marlene. Abri o pacote e cheirei. Olhei para Potter e perguntei “Falaram para os elfos que era pra mim?”.

“Eles não estão mais com raiva de você, Lily.”Potter me informou rindo, e pegou um biscoito pra comer, vendo que eu obviamente ainda suspeitava deles. “Agora estão com raiva de Sirius e Marlene”.

Bom, Sirius estava realmente menos sorridente que o de costume. “Não me diga que vocês se estapearam, uma tremenda falta de consideração não terem me acordado para assistir, principalmente levando em conta que eu garanti camarote pra vocês” Sirius abriu um sorriso franco e disse que não havia batido em Marlene, mas que a idéia não era tão ruim assim.

Marlene e Sirius sempre foram amigos. As famílias de ambos tinham uma espécie de amizade. Contudo, não poderia haver famílias tão distintas, eu realmente adorava os McKinnon, uma família grande e cheia de confusões. Tenho certeza que se não tivesse me tornado amiga de Lene, ela teria se transformado no único membro feminino dos marotos, de forma que ela me deve muito. Acontece que apesar de amigos, Marlene e Sirius sempre implicaram com os namorados um do outro, numa espécie de ciúmes fraternal.

“O que a Lene fez desta vez?” perguntei totalmente solidária com Sirius. Só que Marlene ouviu atrás de mim. “Não, Lily, O que Sirius fez seria uma melhor pergunta.”. Senti-me bem por estar me preocupando com um assunto não-Potter. “Não, Lily, como você bem sabe o gênio de sua amiga não lhe permite bom humor logo pela manhã”. Algo me dizia que havia perdido algo realmente legal. Potter leu meus olhos mais uma vez e me informou.

“Sirius estava com uma – o que Sirius? Quartanista?” Provocou Potter sorrindo. Ri também. “Quintanista!” corrigiu um Sirius um tanto quanto irritado. “ O que seja, estava ele com aquela garotinha da Corvinal... E então Marlene chegou para se sentar conosco” Bom, até aí parece uma cena cotidiana. “Então, Marlene começou a conversar comigo, e depois com Remus, ignorando Sirius e a tal garotinha” Grave erro ignorar Sirius Black. “Com isso Sirius começou a contar histórias de quando Marlene tinha 2 anos de idade, como aquela em que ela o convenceu em tomar banho no vaso sanitário...” Grave erro constranger Marlene Mckinnon que, aliás, não deixou Potter continuar. “ Não precisa repetir o erro de seu amiguinho engraçadinho, James”

“Ela me detonou pra garota, Lily, disse um monte de coisas que nem podem ser provadas. E eu tenho uma foto dela me induzindo a entrar no vaso...” Sirius falou queixoso. Serio que eu poderia adotar Sirius, ele não passa de uma criança grande. Talvez um dia eu pergunte se ele não quer ser meu filho. Aposto que ele nem ao menos sabe o nome da pobre acompanhante dele. “E então a garotinha ficou absolutamente chateada com Lene por ela ter desfeito a ilusão que possuía a respeito de Sirius” Remus falou antes de avançar com o cavalo, o jogo estava difícil pra Marlene no tabuleiro também.

Potter saiu do sofá e se sentou ao meu lado. Comecei a me concentrar em fingir que não me incomodo com a presença dele. Então quando comi meu último biscoito finalmente perguntei “ Mas porque os elfos iam ter raiva deles agora?” . E finalmente me contaram a parte divertida.

“Acontece que a garotinha” começou Potter “ no meio de sua revolta, disse para Lene, que ela ia morrer de ciúmes no dia do casamento dela com Sirius, casamento este que Lene nem seria convidada.” Tive que rir. Sirius se casando. Tenho certeza que meu futuro filho adotivo não sabe nem o sobrenome da tal garotinha. Eu ia ter que me aproveitar da situação, claro, estava me preparando para perguntar se a futura Sr. Black iria me convidar para a festa quando Sirius disse sombriamente “Preste atenção no que vai dizer, Lily, seu passado te compromete”. Certo, recuei. “ E então o que Sirius e Marlene fizeram para os elfos me esquecerem?”.

“Bom, Marlene começou a rir da cara da menina, que jogou uma jarra de leite encima dela, então Sirius jogou suco de laranja na menina, e Marlene jogou o chá na menina e eles estão em detenção.” Alice sempre fala a parte mais interessante, por isso que gosto de minha amiga, ela é direta e não fica fazendo suspense como certas pessoas. Os elfos odeiam desperdício.“Estão em detenção Marlene, Sirius e a menina que ninguém sabe o nome?” Perguntei sorrindo e vieram duas almofadas de encontro ao meu rosto.

Estava começando a ficar difícil ignorar Potter, já que ele toda hora esbarrava em mim. Então sugeri que fossemos ver a neve, lógico que convidei apenas Alice, mas Potter e Sirius acharam que era com eles também. “Ninguém pode impedir um aluno de circular pelo castelo, ou pelo menos não um maroto”, ele lê pensamentos agora? Espero que esteja lendo meus pensamentos neste momento!

Sirius estava nos contando sua teoria sobre a neve e o fascínio que ela gera nas mulheres. Não sei mais se quero um filho tão pervertido. Ele me falou coisas úteis também, como acontecimentos nos dias que me esqueci. Falou que ele e Potter haviam conhecido meus pais, ido a minha casa.

Nem toda aquela neve branquinha foi capaz de me acalmar. Eu havia levado Potter a minha casa? Meus pais teriam sobrevivido? Eu andava com Sirius um pouco na frente, Potter vinha atrás com Alice. Parei de andar e me virei, Potter teve a sensatez de parar antes de colidir em mim.

“ O que você foi fazer na minha casa?” falei com pausa entre as palavras, mas com bastante irritação. Ele me olhou assustado. “Lily, você me convidou...” olhei pra ele incrédula. “Lily, você realmente me namorou, se não acredita tenho fotos... e...” não permiti que ele continuasse, “não por favor, não quero ver essas fotos...”. Reparei que Alice e Sirius estavam perto do lago. E eu realmente achei que Potter fosse me beijar, e eu não consegui fazer nada, apenas fiquei ali imóvel.

Acho que o tapa que dei nele na sexta surtiu efeito. Ele apenas passou o dorso da mão sobre meu rosto e eu fiz força para não fechar os olhos. “Desculpa, disse ele em seguida, é o costume”. Sim, ele simplesmente disparou essa palavra perturbadora.Costume. Certo ele costumava me namorar, certo ele costumava me acariciar. Mas eu não estou acostumada com isso. Isso definitivamente não é um costume pra mim. E eu não deveria desejar que ele continuasse me acariciando. Talvez Potter tenha colocado algo naqueles biscoitos...Algo em uma concentração bem baixa para que o único biscoito que ele ingeriu não surtisse efeito.

Então, veio uma bola de neve nas minhas costas. Era Sirius. Realmente tenho de adotar este menino. Potter logo estava arregaçando a manga para responder. Eu e Alice não íamos ficar no meio de uma guerra sem nos defendermos, certo? E depois eu não era mais monitora mesmo!

No almoço, Marlene e Sirius já estavam como dois bons amigos novamente. Perguntei pra Alice quem era a garotinha, mas ela disse que a menina ainda não tinha se sentado na mesa da Corvinal. Bom, quem mandou ela se apaixonar por Sirius Black, ou quem sabe um dia levar ele a sério? Aí, me lembrei que havia namorado James Potter, mas não do sentido de minha memória ter voltado.

Parei de comer para observar Potter. Ele falava mais do que comia. Como podia uma pessoa ter tantos amigos? Não que eu não tivesse muitos, mas pra ele era como se todos fossem íntimos. E aqueles múltiplos sorrisos dele? Como ele podia expressar alegria, tristeza, surpresa, prepotência, malicia, perdão e arrependimento, com sorrisos? Passou as mãos nos cabelos enquanto falava animadamente com Remus sobre o treino de quadribol. Então todos pararam de falar.

“Que houve?” perguntei atordoada. Alice e Remus estavam suprimindo uma gargalhada. Sirius e Marlene gargalhavam na minha cara. “Sua memória voltou?” perguntou Potter -adivinhe só?- Sorrindo. “Não” respondi ingenuamente. “Se quiser mudar de opção então, é só falar... quer dizer... nem precisa falar... é só agir...” Merlin ele merecia um tapa não merecia? Mas eu não merecia outra detenção e elfos me odiando.

Usei todo meu auto-controle e sai da mesa. Ignorei os pedidos pra eu ficar. Fui até a enfermaria e perguntei o que eles faziam em caso de perda de memória. Falaram-me que dependendo da forma, era quase impossível recuperar a memória. Saindo de lá, vi que estavam montando a arvore de Natal do castelo. Estávamos perto do Natal, meus amigos haviam esquecido de me informar esse detalhe.

Fiquei pensando em como seria rever meus pais sem me lembrar do último ano. Eles iam perceber que não reconhecia o namorado de Petúnia? O tal que eu odiava? Iam me perguntar sobre Potter e Sirius e perceber que não sabia nenhum detalhe da visita deles a minha casa? Será que eles tinham me expulsado de casa depois de conhecer meu namorado? Bom, se eu fosse mãe da namorada de Potter, eu a expulsaria... Da minha vida... Só pra não ter mais que conviver com Potter.

Resolvi voltar para a sala comunal no fim da tarde. Alice escrevia uma carta para Frank. Não tinha sinal dos marotos nem de Marlene. Sentei-me ao lado de minha amiga e pedi pra ela me contar sobre Frank. Qualquer coisa pra me distrair de Potter eu estava topando. Ela falou que as aulas de Frank na escola de aurores eram muito pesadas, e que ela estava pensando em ir pra lá também ano que vem.

Pelo menos ela tinha um objetivo. Eu não sabia nem mesmo o que ia fazer do meu natal. Perguntei se ela o ia ver nas férias de Natal e ela disse que sim. Então falei para Alice sobre não querer que meus pais percebam a minha falta de memória - Esse é o bom de falar com Alice, ela deixa você falar. E também não fala nada sarcástico a respeito de suas duvidas existenciais, Marlene tinha outras qualidades, mas não perdia uma chance de implicar.

Porém para minha surpresa, quando terminei de despejar minhas preocupações sobre o Natal para Alice, ela simplesmente disse “Ah, Lily, não se preocupe, o James já havia imaginado que você não ia querer preocupar seus pais... e depois parece que vocês haviam combinado de passar as férias na casa da Lene, eu mesma não vou por causa de Frank, e então você só terá de passar o dia de natal mesmo com seus pais...e-”

Não ouvi mais o que minha amiga me disse. Potter sabe tudo de mim. Parece que sabe mais do que eu mesma. Aquilo estava deixando assustada. Mas ao mesmo tempo era confortável, ter alguém pra pensar nas soluções pra você.

Remus chegou logo, ele ainda era monitor. Eu via no olhar de Remus compreensão pelo meu estado. Era bom conversar com ele, e rir das histórias da monitoria. Principalmente porque agora não tinha mais que enfrentar aquelas chatíssimas reuniões. Pedi pra Remus me contar como tinha sido a história da minha renuncia ao cargo de monitoria.

Potter chegou quando estava terminando a pergunta. Chegou sozinho percebi, havia pensado que ele estava com Marlene e Sirius. Fiquei um pouco irritada com minha curiosidade de saber onde ele estava, já que obviamente não era da minha conta. “ Na verdade foi um desafio entre você e o James...” contou Remus, ao que Potter explicou “ não estávamos namorando ainda... E você tinha me dado uma detenção...”. Essa história parece totalmente real, diferente das outras que andam me contando. “Então eu comecei a te irritar...por algum motivo besta, aí você começou a falar que odiava ser monitora, e ainda mais ser monitora da casa dos marotos.” Bom, essa é uma desvantagem para a monitoria da Grifinória. “E eu sugeri que se você odiava tanto a monitoria, obviamente não largava para poder continuar brigando comigo com a desculpa de ser pelo dever de monitora... falei que se fosse por minha causa, não precisava...” Arregalei os olhos enquanto Alice e Remus riam. “ Então você largou a monitoria no dia seguinte, mas ficou apenas 3 dias sem brigar comigo...” Bom, tive que rir. É absolutamente impossível não brigar com Potter.

Fui dormir. Mas não sem antes receber mais um beijo de boa noite. E ,de certa forma, ser forçada a retribuir. Ainda bem que amanhã é segunda e poderei voltar a uma rotina mais perto da minha sanidade e o mais longe possível de Potter.

Nota da autora:

Oi pessoal, realmente não sei se contunuo a postar aqui....
ALGUÉM ESTÁ LENDO? Se alguém estiver acopanhando eu continuo a postar por aqui... Beijinhos

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