<i>Essa não.</i>



Um mês após a morte de Gina decorreu-se. As crianças pareciam estar se adaptando calmamente à ausência da mãe. Vez ou outra, a pequena Alice chorava, chamando o nome dela. Era melhor que não entendesse mesmo o que era morrer. A situação estava se agravando para Harry. E piorou ainda mais no dia em que Alvo Severo adoeceu.

Ele costumava ter umas crises respiratórias, e Gina sempre sabia os remédios certos. Por incrível que pareça, Harry não sabia quais eram. Não que fosse um pai ausente, ou ruim. Mas trabalhava muito, o que agora era mais um problema. Com quem deixar os meninos? Hermione e Rony moravam longe dali, não haviam meios de cuidarem dos seus filhos. E de qualquer forma, eles também trabalhavam. Sempre foram muito unidos, os dois e Harry, mas mesmo assim, agora era cada um com seus fardos, foi assim que Harry preferiu.

Alvo Severo estava ficando roxo, enquanto Alice chorava e Tiago implicava com Lílian. Harry não sabia mais o que fazer. As crianças não poderiam ficar sem assistência assim, e com Gina por perto, tinham assistência dobrada e de sobra.

Alvo, acalme-se... ah, Merlim, quais eram os nomes dos seus remédios? Tiago, quais eram os remédios do seu irmão?

Tiago correu até o cômodo onde Harry tentava acalmar o irmão.

Mamãe sempre pegava uns ali no banheiro, mas nunca parei pra reparar quais eram. Deu de ombros.

Harry correu para o banheiro. Haviam dezenas de remédios ali. Se pelo menos tivesse escrito em cada remédio o que cada um fazia...havia um que estava escrito: para Alvo, em caso de crises.; na caprichosa letra da mãe.

Ele deu algumas gotas do remédio ao filho, e ele foi melhorando aos poucos. Pelo jeito estava indo bem, mas e Alice, que não parava de chorar? Deveria, provavelmente, estar sentindo falta da mãe. Harry se lembrava do enorme carinho com que Gina tomava a filha nos braços, e assim que a pequena se aninhava nos braços da ruiva, parava de chorar. Incrível como só funcionava com Gina.

Ele mandou Lílian e Tiago para a cama. Eles obedeceram. Harry fazia com que Alvo ganhasse tempo para se recuperar da repentina crise. Alice agora mamava na mamadeira um mingau de aveia feito por Tiago, e estava quase adormecendo.

Depois que Alice dormiu, Harry perguntou ao filho se já estava melhor. Ele fez que sim com a cabeça. Harry mandou-o se deitar, e, quando ia apagar a luz do quarto do filho, ele disse:

Sinto falta da mamãe.

Harry concordou, olhando o filho nos olhos.

Eu também, Alvo. Todos nós.

Desejou boa noite e apagou a luz.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam café, Alice assentada em sua habitual cadeirinha de tamanho maior e os outros ao redor da mesa, são surpreendidos pela campainha. Tiago apressou-se:

Eu atendo!

Correu e abriu a porta, sem sequer perguntar quem era a visita inesperada. Sem pedir licença, funcionários do Ministro da magia passaram por Tiago e adentraram a casa, em busca de Harry.

Pois não? Perguntou Harry, adiantando-se para as visitas, com Alice no colo.

Senhor Potter? Temos muito a conversar. Disse um dos policiais que, anos antes, trabalhava ao lado de Dolores Umbridge.

À vontade, senhores. Podem falar.

Um deles, careca e gordo, interveio:

Não, senhor. Aqui não. Tenho certeza que o senhor iria preferir discutir um assunto tão peculiar longe dos seus filhos.

Tiago olhava de cara feia para o homem gordo e careca, que falava grosso e era muito grandalhão. Iria abrir a boca para falar alguma coisa que certamente não seria boa, mas Harry interrompeu o filho antes mesmo deste falar gato.

Tiago, leve Alice lá pra cima. O mais velho concordou. Lílian, Alvo, vão para o quarto.

Depois que os quatro meninos deixaram o recinto, Harry fez sinal para que os funcionários começassem. Eram cinco homens ali. E apenas um falou:

Senhor Potter, estamos aqui a mandato do Ministro da Magia.

Como Harry não falou nada, o homem continuou.

Sabe, viemos lhe comunicar que a guarda de seus filhos está com o senhor provisoriamente, até que se tome outra decisão e...

Harry levantou-se.
Como assim? Vocês querem tirar meus filhos de mim? Eles perderam a mãe, mas eles ainda têm o pai! O senhor pensa que eu sou um delinqüente, moço? Eu trabalho, você sabe muito bem, eu sou auror do Ministério, recebo o suficiente para manter meus filhos pela vida inteira...

Esse não é o maior problema, Potter. O maior problema é o amor que eles não recebem! O senhor não deve cuidar tão bem deles quanto a Sra. Potter cuidava!

Os funcionários não despregavam os olhos de Harry. Pareciam temerosos de que ele simplesmente sacasse a varinha e lhes matasse ali mesmo.

Gina era minha esposa, e eu conheci muito bem os métodos familiares dela, caso não saiba. Eu cuido dos meus filhos muito bem, agora se me derem licença... Harry foi empurrando-os de volta à porta.

O funcionário gordo e forte que assustara Tiago segurou os ombros de Harry.

Não é bem assim que funcionam as coisas, Potter. Muito menos as coisas do Ministério.

Outro funcionário, um magricela do cabelo ralo e loiro claro disse:

Se o senhor tentar qualquer coisa, podemos mandá-lo à Azkaban, Potter.

Tiago escutou a conversa inteira, pois estava em cima da escada, lugar onde sempre escutara tudo perfeitamente bem. Se segurou para não voar em cima do funcionário que encostara em seu pai.

Amanhã viremos lhe comunicar o que resolvemos no Ministério, Potter. Tenha um bom dia.

Os funcionários saíram. A notícia de que poderia perder a guarda de seus filhos o desanimara para o resto do dia. Tentou disfarçar, e virou-se para as escadas.

Meninos, podem vir.

Tiago foi o último a aparecer. Provavelmente ficara encucado com o que tinha acabado de ouvir. Não disfarçou, pelo contrário, tocou no assunto com o pai, na frente dos irmãos.

Pai, porque eles querem que agente vá embora?

Harry assustou-se. Então o filho havia ouvido. Isso era preocupante, mas não teria nada mais a esconder. Encarou Tiago, esboçou um sorriso.

Frescura deles, meu filho. Vocês vão continuar aqui, comigo.

Harry tentou parecer decidido, mas sabia que no fundo, se tudo estivesse realmente nas mãos do Ministro, era uma questão de tempo apenas, para perder seus filhos.

x.x.

:*

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