O Novo Colaborador



O escritório de Dumbledore transpirava ansiedade por cada um dos quadros de antigos diretores pendurados em suas paredes. Todos eles se sentiam integrantes honoráveis da Ordem da Fênix e, inevitavelmente, todos nutriam uma integral lealdade ao atual diretor.

Discutiam em voz baixa enquanto Dumbledore, ensimesmado, tamborilava com os dedos sobre a escrivaninha, já não mais cheia de papéis espalhados, agora estavam todos eles, mapas, listas, estratégias e planejamentos perfeitamente organizados em uma pequena estante ao canto, que aparentemente, foi conjurada especialmente para acomodar os documentos durante a importante reunião. Foi marcada para as oito horas da noite, principalmente para que os alunos do sétimo ano convocados pudessem comparecer sem perderem nenhuma aula e também para não chamarem a atenção de outros alunos.

Somente mais uma providência precisava ser tomada, mas Dumbledore propositalmente deixou para tomá-la quando a hora se aproximasse mais, para não ter todo o espaço da sala ocupado, impedindo-o de pensar com amplitude.

Tomou a varinha com as pontas dos dedos e com um gesto quase desdenhoso fez com que sua escrivaninha se tornasse uma imensa mesa repleta de cadeiras, grande o suficiente para acomodar a todos os participantes.

Tão logo a mesa fora posta com algumas jarras de água e alguns petiscos, a porta do gabinete ribombou sonora, mas educadamente.

_Entrem! – respondeu, contendo a ansiedade.

_Podemos entrar? – Perguntou Minerva McGonaghal, que vinha acompanhada de um grupo de onze apreensivos alunos. Alguns tremiam, todos carregavam um semblante sério e assustado. Minerva olhava o diretor com severos olhos reprovadores, pois esperava que eles estivessem mais calmos. Dumbledore os havia participado, talvez de detalhes a mais. Mas sem dúvida sua conversa com os alunos foram no mínimo esclarecedoras e, ela sabia, apesar de toda a tensão que os meninos deixavam transparecer, eles sabiam exatamente porque estavam ali, e do que se tratava tudo aquilo de que eles iriam participar agora e talvez para o resto de suas vidas.

Antes mesmo dos grandes portais do escritório se fechar chegaram em companhia um do outro, mas nenhum dos dois demonstrando exatamente satisfação, Severus Snape e Rúbeo Hagrid.

Sem demora outros foram chegando. Alguns pela chaminé, outros aparatando com um barulhinho parecido com uma bola de chicletes quando estouram, e alguns pela porta mesmo.

Em poucos minutos, e pontualmente, estavam todos muito bem acomodados, mordiscando bolinhos de abóbora ou canapés de ervas tonificantes.

_Meus amigos e correligionários. Inicialmente quero agradecê-los por atenderem tão prontamente meu chamado. – Iniciou Dumbledore, tentando amenizar o tom de urgência de sua voz – Mas gostaria que soubessem que os motivos que me fez trazê-los aqui são bem assustadores, e exigem que entremos em ação o quanto antes e o mais organizadamente possível.

_Você-sabe-quem está aprontando de novo! – constatou perspicaz Alastor Moody.

_Sim, ele está. – esclareceu Dumbledore – e conta com um exercito bem forte. Segundo nossas fontes, ele está traçando um plano bem conciso, e precisamos nos preparar o quanto antes.

_E esses alunos? Porque estão aqui? – questiona preocupada Arabela Figg - Precisam de nossa proteção? Estão sendo ameaçados? Posso escondê-los na minha casa, no meio dos trouxas.

_Não, eles não estão correndo perigo. Eles estão aqui porque no decorrer dos sete anos que estudaram conosco, demonstraram incrível fibra moral e talentos excepcionais. Isso me leva a dar abertura ao primeiro ponto a ser discutido. Queridos alunos e alunas, amigos na verdade. Já os participei do motivo de tê-los chamado aqui e agora esclareço os outros membros da ordem. Estão aqui porque estão sendo convidados a ingressar na Ordem da Fênix e conosco combater o Lord das Trevas. Já têm alguma idéia dos planos dele, conforme foi possível esclarecê-los em nossa conversa no dia de ontem. Gostaria muito de poder dar-lhes mais tempo para pensar, esperar mesmo que se formassem, contudo o perigo iminente tornou necessário que nos dêem uma resposta agora. Vocês aceitam integrar a Ordem da Fênix, receber treinamento especial em duelos, feitiços defensivos, defesa contra as artes das trevas e lutar ao nosso lado contra Lord Voldemort?

Alguns dos alunos tiveram gestos positivos de imediato, mas antes que pudessem verbalizar sua prontidão em atender a convocação, foram surpreendidos por um argumento que, apesar de tenaz, fez-se de uma forma inesperada.

_Então, professor, porque eu estou aqui? Porque fui convocado também? _manifesta-se um intrigado e confuso Pedro Petigrew - Quero dizer, eu não tenho os talentos que os outros têm. Não sou bom em feitiços, em defesa, em duelo, em poções e em nenhuma matéria que tenhamos estudado aqui. Em todas elas sou apenas... medíocre, eu sei que sou. Não consegui nem as sombras dos NOMs que eles conseguiram e estou correndo sério risco de não conseguir nenhum NIEM. Então, porque me chamou também?

_Ora Pedro! – respondeu simpático o querido diretor – Se você é bom o suficiente para ser um ‘maroto’, é bom o suficiente para a Ordem da Fênix e para o treinamento que iremos oferecer. E isso poderá inclusive te ajudar em alguns NIEMs, como em Defesa contra as Artes das Trevas e Feitiços por exemplo.

_ Mas como poderemos vencer você-sabe-quem? Ele é simplesmente o maior bruxo de todos os tempos. – argumenta Emeline Vance, emendando um tanto sem graça – depois do senhor, é claro.

_Srtª Vance. Se nos unirmos de coração seremos bem mais fortes do que qualquer exército que Voldemort possa recrutar, porque seremos leais uns aos outros, e isso é uma arma que temos e que o lado negro da força jamais poderá compreender. E isso se deve a mais simples e poderosa faculdade humana. Amor, srtª. Acima de tudo eu acredito em cada um dos que estão aqui presentes. Em todos os membros da Ordem, e em vocês, que convido a ingressar com o coração esperançoso de que aceitem.

_Nós aceitamos. - responde decidido Sirius.

_Todos nós. – Emenda com entusiasmo surpreendente Liliam. Alice e Frank concordam apenas com um gesto positivo. Pedro, continuando reticente, também gesticula positivamente, apesar de transbordar medo em sua fisionomia. Também Emeline demonstra o mesmo medo, contudo concorda mais prontamente um pouco. Esturgio Podmore, com uma demonstração quase cômica de coragem exagerada, concorda, soltando uma pergunta no ar que fez com que todos na sala rissem.

_ Mas, diretor, desculpe perguntar, mas como foi que o senhor descobriu os ‘marotos’?

A resposta veio de um ponto que ninguém esperava. Arthur Weasley tentando conter a gargalhada, diz:

_Ora garoto, a ‘Sociedade dos Marotos de Hogwarts já é famosa até mesmo fora das terras de Hogwarts. Ou você realmente acreditava que as memoráveis travessuras praticadas por vocês não iriam jamais repercutir?

_Mas qual é a ameaça afinal? – pergunta um tanto aflito Dédalo Diggle – O que aquele-que-não-deve-ser-nomeado está afinal tramando?

_Ele planeja – respondeu Dumbledore com simplicidade nos gestos e austeridade no rosto – invadir Hogwarts. Imagino que seu intuito seja principalmente mostrar que não mais teme... a mim...

_Mas ele jamais irá conseguir! – intervém Elifas Doge – Hogwarts é impenetrável, com todos esses feitiços de proteção que circundam o Castelo, e ele jamais poderá vencer Alvo Dumbledore.

_A situação é mais séria do que possa parecer. – redargüiu Aberforth – Segundo as informações que vazaram no meu pub, e que eu ouvi sem que os comensais pudessem perceber, eles estão com um exercito enorme, que conta com quase seis vezes mais bruxos do que nós, e se gabam de ter descoberto praticamente todos os contra-feitiços que anularão as proteções do castelo. Por isso posso adiantar que, mesmo não sabendo o que vai sendo tramado na cabeça louca de meu irmão, sei que será muito trabalho para todos nós, inclusive para reforçar todos os feitiços protetores ao redor do castelo.

E assim foi. A reunião foi menos dramática do que o próprio Dumbledore imaginava. Correu organizada e repleta de idéias e estratégias brilhantes. Enquanto tudo isso acontecia, ninguém sequer notara a presença de um bruxo alto e magro, vestido com muita descrição, sentado quase que escondido entre Hagrid e Moody.

Ali, sentado ele apenas observava. De vez em quando, sem que ninguém notasse, os olhos de Dumbledore e do bruxo que passava despercebido se cruzavam. O bruxo apenas fazendo discretos sinais aprovadores e para que o diretor seguisse em frente com as discussões.

_Acredito que o Lord irá tentar invadir a escola pela floresta proibida. E por isso, devemos estar deslocando sempre sentinelas para patrulharem ao menos suas orlas.

E nesse momento, diante desse comentário de Catáraco Dearborn, o homem se manifestou:

_Estaríamos expondo os membros da Ordem – disse o homem em um tom de voz baixo e imponente – a um perigo desnecessário e ineficaz. Pois se a tropa do Lord atacar pela floresta, receio que nossa sentinela não terá tempo para enviar qualquer aviso, podendo estar abatido antes mesmo de perceber a invasão. A melhor opção, segundo informações que o Sr. Dumbledore me passou, seria contar com a... digamos... influência que o Sr. Hagrid tem sobre as criaturas que habitam a floresta. Ele deve adentrar a floresta, e tentar conseguir que essas criaturas, que não constituem alvo imediato para os comensais, vigiem toda a floresta, tendo estes mais chances de conseguir fazer chegar até nossos ouvidos avisos mais eficazes e ágeis.

_Creio que esse é o momento de apresentar a vocês o nosso mais novo e promissor colaborador. Este é Julivan Corblocket. E conhecido em todo o mundo bruxo pelo excelente trabalho que tem feito ao longo da vida e da carreira em pesquisas envolvendo as grandes batalhas do mundo mágico e suas estratégias. É auror há quinze anos e comanda uma das mais bem treinadas tropas de aurores do nosso mundo: a ‘Les Trupes de La France de Aurora’ conhecida como tropa modelo por toda a comunidade bruxa. Obrigado Julivan, pela prontidão em atender minhas solicitações.

_O prazer é todo meu. É com orgulho que ingresso para essa respeitada e verdadeiramente secreta sociedade de bruxos que se dedicam a defender nosso mundo de malfeitores vorazes como Lord Voldemort.

E depois de mais algumas horas de discussões e definições estratégicas, quando o relógio já se impacientava com suas avançadas horas, principalmente por causa dos alunos que precisariam estar de pé no outro dia para mais aulas acirradas, Dumbledore se viu mais do que satisfeito com os resultados e, depois de propor que os membros da Ordem a partir daquele momento passassem uma temporada habitando o castelo ou se hospedando em Hogsmead para sua própria segurança e para maior facilidade no momento que fosse necessário entrar em ação, o que a maioria concordou, deu por encerrada a reunião e enfim, depois de várias longas e angustiadas noites, foi dormir um pouco,mas sem baixar a guarda, mantendo-se em alerta e com todos os seus aparatos mágicos tanto quanto exóticos funcionando a todo vapor para avisá-lo de qualquer eventualidade.


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