À procura

Alguns dias depois, na ala do castelo que quase ninguém vai

Gina segura a mão do seu amado enquanto espera que Hermione lhe dê uma resposta. Ela vê no semblante da amiga que ela acha isso uma loucura, mas ao mesmo tempo ela sabe que Hermione também já não aguenta mais ver Harry nesta situação e ela sabe que algo precisa ser feito

- Isso é loucura – Hermione finalmente balbucia – você já pensou que as chances que tudo dê errado são imensas? Você já pensou que talvez você não consiga retornar?

- Sim – a ruiva suspira – eu pensei, eu já pensei em todos os cenários possíveis, principalmente nos piores e eu estou disposta a tentar. Até agora a situação permanece a mesma. Tenho medo de que nada mude e tenho medo de alguém tentar fazer algo...

Ela para de falar, mas Hermione sabe o que Gina quer dizer. Se ninguém fizer algo talvez o medo de que Voldemort retorne pode fazer com que alguém tome uma medida desesperada e resolva acabar com os dois

- Eu preciso, Mione – ela diz enquanto encara a amiga – eu nunca iria me perdoar se não tentasse, eu sei que pode dar errado, mas eu sinto que tenho uma chance e que esta pode ser a única chance dele. Eu treinei várias vezes com a professora McGonagall – ela para por um momento – eu sempre consegui encontrar o Harry, até quando vocês usaram o vira tempo pra procurar uma horcruxe, eu consegui encontrá-lo. Eu tenho certeza que posso conseguir trazê-lo de volta, mas eu preciso de alguém comigo

- Não seria melhor então a professora McGonagall? – Hermione diz – afinal vocês já fizeram isso juntas

Gina respira fundo, ela realmente pensou na sua mentora em primeiro lugar, no entanto a ruiva sabe que Minerva seria a primeira em fazê-la voltar se sentisse que as coisas deram errado e Gina não quer isso, ela quer tentar até as últimas consequências e se o preço for não conseguir voltar, ela está disposta a pagar

- A professora McGonagall não me deixaria ir às últimas consequências. Se ela sentisse que algo está errado ela me traria de volta

- E o que faz você pensar que eu não faria o mesmo? – Hermione argumenta

- Eu sei que você faria se pudesse – Gina encara a amiga – mas provavelmente você não conseguiria se eu não estiver disposta a voltar. Por favor, Mione – ela diz com os olhos cheios de lágrimas – eu preciso fazer isso, eu estou disposta a ir às últimas consequências, eu só posso contar com você, talvez seja a última chance do Harry. Você vai me ajudar?

Hermione respira fundo – sim, Gina, eu vou ajudar você...

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Em algum lugar não identificado

Harry não sabe direito onde está, a última coisa que ele se lembra foi de lançar uma magia contra Voldemort ao mesmo tempo em que este lançava em sua direção a mais terrível das maldições imperdoáveis, ele lembra que sentiu os dois feitiços se interligarem talvez por causa da conexão entre suas varinhas e depois disso apenas o nada

Ele não sabe dizer o que aconteceu, não sabe dizer onde está, não sabe sequer dizer se está vivo ou morto e neste momento ele se lembra das aulas de religião que havia em sua escola trouxa, mas isso não parece o céu nem mesmo o inferno, apenas o nada

Ele olha ao redor, como fez várias vezes desde que acordou. Não há nada nem ninguém, apenas névoa e o horizonte. Será que é algum feitiço? Ele não pode deixar de pensar

Então ele vê uma figura ao longe. Sem pensar, ele começa a andar em sua direção ao mesmo tempo em que ela também se aproxima...

XXXXX

Em Hogwarts

Aletheia continua trabalhando na enfermaria. Embora agora tudo já esteja bem mais calmo. Ela diz para si mesma que já é hora de retornar ao convento, mas ela também diz que não pode fazer isso enquanto não tiver certeza absoluta que tudo acabou

Ela vai todos os dias verificar os sinais vitais de Harry Potter e de Você-sabe-quem. A bruxa sabe que enquanto Voldemort respirar ainda há perigo para o mundo bruxo e é isso que ela diz para si mesma todas as vezes em que se pega pensando no Carmelo e na vida pacífica que levava

- Alguma novidade? – ela ouve uma voz conhecida perguntar. Aletheia não precisa sequer se virar para saber quem está falando. Ela ouve esta pergunta todos os dias, Sirius Black a faz religiosamente sempre que ela volta da área do castelo onde estão Harry e Voldemort

- Não – ela diz com um suspiro – ambos estão estáveis, mas não há nenhuma novidade, tanto o Harry quanto você sabe quem estão na mais perfeita saúde, exceto pelo fato que nenhum dos dois recupera a consciência

- Eu estou me lixando para você sabe quem! – ele diz mais alto do que gostaria e encara a feição assustada da mulher – desculpe... – ele murmura – não queria gritar com você. Você não tem culpa do que aconteceu

- Nem você – ela diz. Aletheia já conseguiu conhecer Sirius bem o suficiente para perceber que desde que seu afilhado foi levado desacordado para o castelo, que ele se culpa diariamente mesmo sabendo que é uma culpa irracional, mesmo sabendo que ele não poderia fazer nada para impedir. Mesmo assim ele se culpa, Aletheia vê isso nos olhos dele, como se estes fossem uma janela para seu coração atormentado

Sirius se senta em um dos leitos vagos da enfermaria e segura a cabeça com as mãos – eu sei que não é minha culpa, mas uma parte de mim diz que eu tinha que ter feito alguma coisa, que de alguma forma eu deveria ter adivinhado e mesmo que não tivesse adivinhado eu tinha que ter feito alguma coisa! Agora por que ele não acorda? Eu preciso fazer alguma coisa! – ele diz sem se dar conta que as lágrimas escorrem livremente por sua face

- Sirius... – Aletheia toca em seu ombro depois de hesitar por um momento – não é culpa sua. Você precisa ter fé que conseguiremos arrumar um jeito de fazer o Harry acordar – ela se senta ao seu lado e o obriga a encará-lo – você precisa ser forte. Eu sei que não sou ninguém para lhe pedir isso...

Sirius levanta a cabeça lentamente, depois do dia da invasão é a primeira vez que estão assim tão perto e antes mesmo que ele possa saber o que está acontecendo, ele a abraça como se a vida de ambos dependesse deste gesto

Aletheia sente o corpo de Sirius pressionado ao seu. Ela quase pode ouvir as batidas de seu coração descompassado, neste momento ele está muito longe do homem galante com quem ela trocava algumas palavras esporádicas e que lhe roubou um beijo antes de uma batalha que poderia ter levado ambos à morte. Neste momento ela está abraçando apenas um homem quebrado, um homem consumido pela culpa, alguém que precisa muito de um gesto de carinho e calor humano

E neste momento ela se pega pensando que este é o seu mundo, que por mais que sinta falta do Carmelo de das outras freiras, ele não pode negar o que é uma bruxa e por menor que seja a sua participação, ela quer dar a sua contribuição para a reconstrução do mundo mágico e quem sabe dar algum alento a alma atormentada de Sirius Black...

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Local desconhecido

Harry olha a figura que o encara com uma expressão indecifrável. Apesar da sua forma não ser a mesma da qual ele se lembrava, o menino que sobreviveu sabe muito bem quem ele é, ele é aquele que outrora fora chamado de Lorde das Trevas pelos seus asseclas ou de aquele-que-não-deve-ser-nomeado por aqueles que o temiam. No entanto, neste momento, ele não é nada disso, nem Tom Ridle ele é mais, ele é apenas um mísero sopro do que foi um dia lorde Voldemort

- Harry... Potter... – Voldemort fala pausadamente – eu poderia dizer que é um prazer revê-lo, mas você sabe que eu estaria mentindo – ele diz com algo em sua face viperina que poderia lembrar vagamente um sorriso

- Tom Ridle – Harry fala encarando seu inimigo – eu também poderia dizer que é um prazer, mas digamos que você não é nem de perto a face conhecida que eu gostaria de ver. Mas já que você está aqui, eu pergunto. Onde estamos?

- Você não sabe, Harry Potter? – Voldemort diz e vê Harry negar com a cabeça – nós estamos em algum lugar no meio do nada, talvez mortos

- Mortos? – Harry repete estupefato. Não que ele não acredite nisso, mas até onde ele sabe existia algo dizendo que um iria viver

- Sim, Harry – Voldemort confirma com um sorriso viperino – talvez estejamos mortos ou talvez não, isso eu não sei. Só que eu sei é que de alguma forma nós estamos ligados.

E neste momento Harry se dá conta da presença de um fio muito fino, mais fino do que um fio de seda ligando seu corpo ao corpo de lorde Voldemort...

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Em Hogwarts

Gina respira fundo. Ela quer fazer isso, mas a jovem não pode negar que está apavorada. A ruiva tem medo, mas não é medo de não conseguir encontrá-lo, ela sabe que conseguiria encontrar Harry em qualquer lugar em que ele esteja. Seu medo no momento é que alguma coisa a impeça de trazê-lo de volta, Gina não sabe se vai aguentar caso isso falhe, ela sabe que é a única chance que Harry tem

Ela olha para a amiga e sabe que Hermione está tão temerosa quanto ela e por um momento Gina tem medo que ela desista de ajudá-la, então Gina diz antes que Hermione pense em desistir:

- Eu vou me deitar ao lado dele e me concentrar por alguns instantes – ela vê que Hermione presta atenção em tudo e continua – depois de um tempo vai parecer que eu estou em uma espécie de transe. Não se assuste e não mexa no meu corpo sob nenhuma circunstância, isso pode fazer com que eu não consiga voltar

Hermione assente com a cabeça e Gina pensa que se ela tivesse uma pena e pergaminho à mão, ela estaria tomando notas

- Quanto tempo você acha que vai demorar? – Hermione pergunta – e o que eu devo fazer se você não voltar?

A ruiva suspira – eu não sei quanto tempo vai demorar – ela para por um momento como se estivesse procurando as melhores palavras – na verdade eu só fiz isso por poucos minutos, a professora McGonagall nunca deixava que durasse tanto... – a ruiva se cala

-Por que ela não deixava? – Hermione encara a amiga que continua em silêncio – por que, Gina?

- Porque ela temia que eu não fosse capaz de voltar – Gina finalmente diz

Hermione encara a amiga chocada demais para falar. Demora alguns instantes até que ela finalmente diga – espere... – ela respira fundo em uma tentativa de se acalmar – você está aqui querendo me dizer que todas as vezes que tentou isso foi por apenas alguns minutos e agora você está indo atrás do Harry sem saber direito onde ele está e sem saber se conseguirá voltar?

- Basicamente é isso – Gina a encara, decidida – e eu estou disposta a tentar com ou sem a sua ajuda. Se eu fizer isso sozinha as chances vão ser menores ainda, mas pelo menos eu e o Harry ficaremos juntos

Hermione suspira derrotada, ela conhece muito bem a sua amiga e sabe que Gina pode ser mais obstinada que todos os seus irmãos juntos e ela sabe também que as chances de ser bem sucedida serão praticamente nulas sem ajuda, então ela diz – eu vou te ajudar, o que eu preciso fazer?

Gina sorri – você deve apenas ficar ao meu lado e observar, se eu murmurar algo pedindo pra voltar você apenas me toque

- Apenas isso? – Hermione diz e vê a amiga assentir com a cabeça e se deitar ao lado de Harry Potter. Antes que tudo comece, ela pergunta – e se ele também voltar? – a garota fala olhando para Voldemort

- Não se preocupe – Gina diz de forma decidida – ele não vai voltar

Hermione até pensa em perguntar como ela sabe disso com tanta certeza, mas olhar que a amiga lhe dá a desanima. A morena suspira enquanto a vê se deitar ao lado de Harry. É agora ou nunca. Ela pensa enquanto vê Gina cair em uma espécie de transe, a Hermione só resta esperar e ver se tudo vai dar certo...

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Local desconhecido

O olhar de Harry dança entre a figura viperina e a fina linha que os une e neste momento ele entende, ele percebe que nada que fizesse poderia derrotar completamente Voldemort a não ser que ele próprio sucumbisse. Nesse momento ele percebe que assim como Nagine, ele também carregava um pedaço da alma maldita de Voldemort

Seu primeiro pensamento é que tudo o que fez foi em vão, mas depois de um momento ele percebe que mesmo que as coisas não tenham terminado da forma que ele esperava, Harry conseguiu o que vinha lutando, ele libertou o mundo mágico da ameaça do bruxo maligno. Harry só lamenta não poder viver a vida que almejava ao lado da sua ruiva

- Então é isso – ele diz mais para si mesmo do que para Voldemort – e assim que acaba. Com nós dois no meio do nada

Antes que Voldemort possa responder, Harry vê uma silhueta ao longe que indica que eles não estão sozinhos assim...

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De volta a Hogwarts

Hermione olha para a sua amiga que neste momento se encontra deitada ao lado de Harry Potter com os dedos entrelaçados aos do menino que sobreviveu. Uma pessoa desavisada poderia pensar que ela está apenas adormecida ao lado do seu amado, mas Hermione sabe que não é bem assim, ela sabe que a sua amiga está fazendo a jornada mais importante da sua vida e provavelmente a mais perigosa também

Ela está preocupada. Hermione não pode negar é difícil pra ela não ter o controle de uma situação, por mais que já tenha lido sobre os poderes da sétima filha, ela sabe que não pode fazer nada para ajudar, a única coisa que ela pode fazer é esperar e é isso que Hermione faz por mais que isso a desagrade, Hermione espera que Gina consiga realizar a sua missão e trazer novamente Harry Potter em segurança

Ela está absorta em sua missão de velar o transe da amiga quando percebe a presença de uma pessoa. Hermione olha espantada ao ver que Minerva McGonagall se encontra a seu lado e ao contrário do que pode aparecer, a diretora não parece surpresa, é como se ela soubesse que sua pupila iria tentar algo desta natureza

- Quanto tempo faz? – Minerva pergunta

- Talvez uma hora, um pouco mais, um pouco menos – Hermione diz. Pra falar a verdade, ela meio que perdeu a noção do tempo desde que tudo começou. Ela olha para a diretora – ela vai conseguir voltar, não vai?

- Espero que sim – Minerva fala – eu não tenho como dar garantias – a diretora suspira – eu sabia que a Gina tentaria algo assim e mesmo que ela não tentasse, as suas almas se procuram, é mais forte que ela

Hermione olha para a diretora tentando não demonstrar o seu espanto. É como se Minerva mesmo sem usar as palavras aprovasse o que Gina fez, não parece algo que a sisuda diretora faria

- A senhora não está chateada por isso? – Hermione não resiste em perguntar

Minerva suspira – não é como se a Gina tivesse uma escolha – ela diz de forma suave – a ligação entre ela e o Harry é algo que talvez nós não tenhamos capacidade de entender. Se ela não fizesse isso de forma consciente, talvez ela fizesse de forma inconsciente

- Como em um sonho? – Hermione pergunta curiosa

- Mais ou menos isso – Minerva diz – como eu disse, as almas se procuram...

- Isso acontece com o Harry também? – Hermione está tão curiosa que nem percebe que interrompeu a diretora

- Sim – Minerva assente com a cabeça – mas como o Harry não tem o treinamento que a Gina tem, ele não percebe. Pra ele sempre será um sonho

- E a senhora acha que ela vai conseguir trazê-lo de volta? – Hermione pergunta – sem trazer Voldemort com eles?

- Se tem alguém que pode conseguir isso é a senhorita Weasley – Minerva diz enquanto se senta ao lado de Hermione – quanto a nós só nos resta esperar...

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Local desconhecido

Harry pisca algumas vezes para ter certeza que seus olhos não estão lhe pregando peças, ele ainda não acredita que está vendo a sua ruiva. Não pode ser. Ele pensa. Ela não pode estar morta, mas se ela não estiver morta, como ela está aqui?

Gina vê seu amado a distância como todas as vezes a sua alma procurou a dele, Gina sabia que seria assim, ela sabia que conseguiria encontrar Harry em qualquer lugar entre a terra e o além. Essa foi a parte fácil, agora o problema vai ser conseguir levá-lo de volta sem que Voldemort o acompanhe

Ela caminha lentamente sem nenhum tipo de temor. Gina sabe que Tom Ridle não pode machucá-la, não mais. O grande Lorde das Trevas não é mais nada neste lugar, ele está exatamente onde deveria estar, sozinho no meio do nada. A ruiva sorri quando vê que Harry anda em sua direção, finalmente as almas se encontram

Mas o sorriso morre ao ver que Harry para subitamente como se tivesse levado um puxão e neste momento ela consegue ver uma fina linha que une o corpo do seu amado ao corpo de Voldemort...

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NOTA DA AUTORA

Aqui estou eu de novo, demorei um pouquinho mais desta vez, mas tenho certeza que não chegou nem perto do quanto eu estava demorando antes, mesmo assim me desculpem

Reta final, pelos meus cálculos mais uns dois ou três capítulos. Quero agradecer de coração a todos aqueles que ainda estão por aqui depois de tanto tempo. Espero que ainda estejam gostando e se puderem aparecer por aqui pra dizer uma palavrinha, eu agradeço

Bjos e até o próximo

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