A marca negra no céu
Enquanto isso
Severo Snape sempre foi um homem que conseguiu mascarar perfeitamente as suas emoções. Não poderia ser diferente sendo ele quem é. No entanto, ninguém sabe o quanto isso lhe custa. Vigilância constante... Ele repete mentalmente as palavras de Olho-Tonto Moody. Esta frase deveria ser minha. Ele pensa com ironia
O temido professor de poções sabe que cada vez mais ele deve ser vigilante. Isso é uma questão de vida ou morte, não apenas dele, mas de pessoas que lhe são caras de alguma forma. Sua oclumência deve se manter impecável se quiser se manter nas boas graças do Lorde das Trevas, principalmente agora que ele tomou o ministério
Severo Snape é obrigado a admitir que seu mestre foi particularmente brilhante neste aspecto. Ele entrou no ministério pela porta da frente sem derramar sangue mágico, pelo menos não mais do que o necessário. O mestre de poções tem que admitir que embora Voldemort goste mesmo de matar e torturar ele também sabe ser ardiloso quando quer
Suas conjecturas são logo esquecidas quando ele sente uma conhecida ardência no braço esquerdo, o Lorde das Trevas está chamando e não seria de bom tom deixar de atender o seu chamado. Snape então se prepara para se apresentar ao mestre, como Lorde Voldemort gosta de dizer, o terror vai começar...
XXXXX
De volta a Hogwarts
O quadro de Dumbledore encara silencioso o grupo, na sua imensa sabedoria ele tem consciência que eles precisam de um momento para digerir a notícia que lhes foi dada de forma tão bombástica
Ele aproveita o momento para analisar a cena e não pode deixar de sorrir ao ver que entre os presentes se encontra Draco Malfoy e mais do que nunca Alvo Dumbledore sabe que tomou a decisão certa em acreditar que o sonserino arrogante merecia a sua segunda chance
- Como assim, o ministro se matou? – quem diz incrédula é Hermione
- Ele foi encontrado em uma das salas do ministério e ao que parece ele ingeriu algum tipo de veneno fulminante – o quadro responde
- Será que foi realmente suicídio? – Hermione está cada vez mais cismada – é realmente providencial que no dia em que Voldemort entra no ministério, o ministro resolva se matar
- Não acho que isso importe agora – quem fala é Draco Malfoy alheio aos olhares escandalizados que recebe – se foi suicídio, assassinato, ou morte natural, o que importa é que neste exato momento não temos um ministro da magia e eu como a minha varinha se antes que o sol nasça o lorde não tiver ele mesmo assumido o posto ou colocado algum dos seus seguidores no lugar
A despeito da forma um tanto ríspida que o loiro fala, os presentes sabem que ele tem toda razão. Voldemort já havia entrado no ministério e agora ele provavelmente estará lá de forma oficial. Harry disse que algo aconteceria esta noite e realmente aconteceu
Minerva olha o grupo a sua frente e neste momento ela não vê um bando de jovens que tem a missão terrível a de lutar com um bruxo das trevas terrível e maligno. A diretora, embora sisuda e severa, tem mais em comum com Molly Weasley que alguém poderia imaginar e neste momento ela vê apenas jovens exaustos físicos e mentalmente e é por isso que ela diz – vocês precisam descansar. Já está mais tarde do que eu havia me dado conta
Harry e seus amigos olham para a diretora como se ela de repente tivesse sido substituída por um espírito agourento, mas Minerva não se deixa abalar e continua – você sabe quem já tomou o ministério, o ministro já se matou ou talvez tenha sido morto, eu já fui destituída do meu cargo – ela vê que todos a encaram estupefatos – algo iria acontecer esta noite e realmente muita coisa aconteceu e dá pra ver no semblante de vocês que todos estão exaustos, ninguém será de muita serventia se o castelo for tomado agora e vocês não tiverem tido pelo menos algumas horas de sono
Harry olha para a diretora. Ele não quer admitir nem para si mesmo, mas Harry sabe que realmente está cansado. O problema é que ele sabe que não conseguira sequer pregar o olho. O menino que sobreviveu sabe que a ansiedade não o deixaria descansar
Nós vamos estar atentos a tudo – Minerva diz antecipando o que Harry pensava em argumentar. A diretora, prática como sempre, ao saber que algo aconteceria nesta noite e com tudo que estava acontecendo, reuniu os demais professores e os organizou em uma escala para que todos pudessem descansar e serem avisados caso algo anormal acontecesse. Então ela diz – daqui a dez minutos o professor Flitwick irá tomar meu lugar na vigília, assim como o Hagrid e mais algumas pessoas. Eu prometo que caso aconteça mais alguma coisa eu mando acordá-los. Não tem motivo para todos nós ficarmos acordados
É claro que nenhum deles conseguiria dormir verdadeiramente com tudo o que está acontecendo e com o que eles imaginam que pode acontecer, mas o grupo tem que admitir que todos estão esgotados demais para poder fazer qualquer coisa de forma eficiente neste momento, então mesmo que não durmam talvez descansar por uma hora ou duas seja o mais sensato a fazer. Eles se entreolham e o menino que sobreviveu diz – a senhora promete que me acorda se alguma coisa, qualquer coisa – ele faz questão de enfatizar – acontecer?
- Eu prometo, Potter. Qualquer coisa por mais insignificante que seja e vocês serão chamados. Agora vão – a diretora diz – vão descansar um pouco
O grupo está se preparando para sair quando o quadro de Dumbledore se faz ouvir e para espanto de todos, ele diz
Antes que se retire, senhor Malfoy, eu gostaria de lhe dizer umas palavras – ele olha para Minerva – eu não vou prendê-la aqui, sei que você também precisa descansar. Não se preocupe, eu me certificarei que o senhor Malfoy apagará as luzes quando sair
Se Minerva não conhecesse tão bem o seu amigo, ela certamente teria ficado indignada. Mas os anos de convivência com o antigo diretor faz com que ela apenas lhe lance um olhar e saia junto com os demais
Se os presentes ficaram atônitos, nada se compara ao estarrecimento de Draco Malfoy que luta para que seu queixo não caia, ele ouve a voz calma do quadro dizer – sente-se, senhor Malfoy, temos muito a conversar...
XXXXX
Quase ao mesmo tempo
O Lorde das Trevas trás em sua feição viperina algo que poderia ser classificado como um sorriso, tudo está saindo como ele planejou, agora está mais perto do que nunca e será esta noite, faltam apenas alguns detalhes
Ele poderia muito bem pedir para que alguns dos seus comensais fizessem este trabalho para ele, mas Voldemort sabe que algumas coisas devem ser realmente feitas por ele mesmo e isso é uma delas. O Lorde das Trevas, embora seja extremamente arrogante, também é uma pessoa que admite seus erros, ao menos para si mesmo. E ele percebeu que não adianta insistir em algo que não está dando certo. É hora de mudar seus planos para conseguir o que quer
XXXXX
De volta a Hogwarts
Na sala do diretor, Draco ainda tenta acreditar se o que ele acabou de ouvir é realmente verdade. Se ele achava que já havia tido a sua parcela de surpresas para o resto da sua vida, o quadro de Dumbledore lhe mostrou que ele estava totalmente enganado
- E então, senhor Malfoy, eu sei que estou lhe pedindo algo muito perigoso e totalmente fora da sua zona de conforto, mas eu posso contar com a sua ajuda?
Draco olha para o quadro do diretor e vê que o homem lhe encara com confiança, como se já soubesse a sua resposta, como se estivesse esperando isso desde aquele momento fatídico na torre de astronomia, o momento em que Draco não teve a coragem de dizer o que passava no fundo da sua alma. Esta é a sua segunda chance e o loiro não vai deixar escapar desta vez, mesmo que tenha que arriscar a sua vida por isso. Então ele diz – sim, diretor, o senhor pode contar com a minha ajuda. Eu farei tudo o que for preciso
XXXXX
Enquanto isso
Sirius está caminhando pelos jardins. Ele sabe que talvez o momento não seja apropriado, que ele deveria talvez descansar um pouco e se preparar para o que virá. No entanto ele sabe que não conseguiria descansar e que talvez esticar um pouco as pernas e ficar um pouco ao ar livre seja o melhor pra ele, talvez isso lhe dê a paz de espírito que necessita neste momento tão crucial
Ele está pensando em voltar e esperar o que quer que seja que irá acontecer nesta noite que ele sabe que será crucial de uma forma ou de outra quando vê um vulto ao longe, sem pensar muito ele vai naquela direção
XXXXX
Quase ao mesmo tempo
Aletheia sabe que deveria estar no castelo em vigília, ela sabe que algo acontecerá nesta noite e que a todos devem estar a postos
No entanto ela precisa de um momento para si mesma, ela precisa se conectar com todas as mudanças que ocorreram na sua vida. Há menos de um ano ela era uma freira que vivia em um lugar de paz e de repente ela viu todo o seu passado surgir na sua frente e sem que se desse conta voltou novamente ao seu mundo como se nunca houvesse saído. E agora ela se pega pensando que talvez nunca mais volte para a paz do seu convento
Ela está se preparando para voltar e quem sabe oferecer seus préstimos a madame Pomfrey quando vê um vulto vindo em sua direção
XXXXX
Enquanto isso
Harry e Gina estão na sala precisa. Eles notaram que Rony e Hermione também sumiram assim como Lupin e Tonks, Luna e Neville e outros casais. É como se eles quisessem passar o tempo com as pessoas que amam, afinal ninguém sabe o que acontecerá amanhã, pra falar a verdade, ninguém sabe sequer se haverá amanhã
Eles não conversam, apenas ficam abraçados tentando não pensar muito no que está por vir, mas seus corpos estão cansados demais e o casal sucumbe ao sono...
XXXXX
Nas masmorras
Draco Malfoy ainda não acredita na conversa que teve com o quadro de Dumbledore. Ele sentiu como se o bruxo estivesse planejando isso desde o momento em que foi morto na torre de astronomia, é como se de alguma forma seu destino estivesse traçado desde aquele dia
O loiro tem consciência de que o pedido de Alvo Dumbledore não será fácil de realizar e ele também tem consciência que o quadro não teria lhe feito este pedido se Dumbledore não confiasse plenamente nele, talvez até mais do que ele mesmo. Ele se pega pensando e jurando para si mesmo que vai cumprir a missão que Alvo Dumbledore lhe confiou, mesmo que isso lhe custe a vida
Draco sabe que muitos estão descansando ou ao menos se preparando para a luta, mas não ele. Mais importante que lutar agora é cumprir o que lhe foi designado e é por isso que ele beija suavemente a sua mãe adormecida e parte para cumprir a sua missão
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De volta aos jardins
Sirius caminha lentamente até Aletheia. Se ele fosse ser racional, o homem pensaria que ela gostaria de ter um momento a sós antes que tudo aconteça, mas neste momento ele não quer ser racional, Sirius não quer deixar de ter esta conversa com esta mulher. Pode ser que não haja outra chance
Ele vê que Aletheia já notou a sua presença enquanto continua a caminhar. Sirius se senta ao seu lado e por alguns instantes nenhum deles faz uso da palavra. É como se um estivesse esperando o outro dar o primeiro passo até que Aletheia diz:
- É tudo tão bonito por aqui, nem parece que amanhã... – ela interrompe a frase como se por um momento não quisesse pensar no amanhã
- É lindo mesmo – Sirius diz tentando não se deixar levar pelo tom fatídico dela – foi o lugar onde eu fui mais feliz, meu irmão também gostava muito daqui – ele resolve comentar
- Não sabia que você dois conversavam – Aletheia vê as palavras saltando da sua boca – ele me disse que vocês não se davam bem – ela completa ao perceber que provavelmente Sirius não a deixará mudar de assunto
- Conversávamos muito no início – ele diz e por um momento a sua mente divaga – antes que ele se metesse com o pessoal errado... Ele poderia ter sido um bom garoto, se tivesse ido por outro caminho – ele a encara – eu sei que talvez não seja o momento adequado, mas é evidente que você o conheceu muito bem. Por favor, me conte mais sobre ele, eu preciso saber se ele conseguiu ver o caminho escuro que estava trilhando no final
Aletheia olha para Sirius e vê que ele também conseguiu ver em Régulos o que ela viu, mesmo que tenha sido por um curto período de tempo, mesmo que depois tudo isso tenha sido arruinado e ela sente que deve isso a seu amado, ela sente que Régulos ficaria feliz em saber que Sirius soube que ele tentou se redimir
- Sim, ele trilhou o caminho certo – ela diz sem encará-lo – ou pelo menos estava tentando trilhar e teria trilhado se tivesse tido tempo. Ele viu no que estava se tornando e tentou voltar atrás, mas infelizmente sair daquele caminho é algo difícil para quem se mete com aquele maldito, as pessoas não costumam sobreviver para ter uma segunda chance
- Fico feliz com isso, eu acho – Sirius diz também sem encará-la – e fico chateado também. Talvez se nós estivéssemos mais próximos, isso poderia ter sido evitado
- Talvez – Aletheia o encara – mas talvez não, quem pode saber? Eu às vezes me pego pensando nisso também, que se eu o tivesse conhecido antes, talvez tudo não tivesse acabado como acabou. Dói ficar pensando em como as coisas poderiam ter sido
- Você o amava... – Sirius fala e encara Aletheia. Não é uma pergunta
- Sim, eu o amava – ela se vê admitindo e o silêncio toma conta por alguns minutos – eu o amei mais do que a mim mesma. Foi a sua lembrança que me deu forças pra continuar viva e vai ser esta lembrança que vai me dar forças para continuar lutando – ela diz enquanto uma lágrima solitária corre por sua face
Se Sirius fosse pensar racionalmente, ele diria a si mesmo que a atitude que está próximo a tomar seria uma completa loucura, que ele não deveria se aproveitar da fragilidade de uma mulher
Mas Sirius não está pensando racionalmente... Talvez a influência da luz da lua refletindo no lago, talvez o fato de que possa não existir o amanhã, talvez porque ela foi a primeira coisa que viu quando finalmente acordou de seu pesadelo no véu... Ele poderia passar a noite inteira enumerando os motivos para fazer ou não fazer isso, mas ele sempre foi um homem de ação mais do que de palavras e é por isso que ele toca no rosto da mulher a sua frente se aproxima e a beija de forma suave. Como se não houvesse mais nada a ser feito, como se não houvesse o amanhã...
E talvez realmente não haja, pois neste momento uma conhecida marca negra irrompe o céu de Hogwarts...
XXXXX
No interior do castelo
Barbara acorda subitamente com a sensação que não deveria ter dormido. Ela sabe que algo terrível irá acontecer nesta noite, não apenas pelo que Harry Potter disse, não apenas pela forma com que tudo aconteceu. É algo maior, ela simplesmente sente isso...
Seu coração está acelerado e em um segundo seus olhos percorrem todo o quarto atrás de seu pequeno para constatar que ele não está lá
Ela respira fundo tentando manter a calma enquanto diz a si mesma que não é a primeira vez que isso acontece e que seu filho provavelmente deve estar escondido por aqui ou talvez tenha ido procurar seu amigo Draco Malfoy, mas esta esperança rapidamente some quando ela vê a marca negra reluzindo no céu de Hogwarts
XXXXX
Na sala precisa
Harry acorda sobressaltado ao ver um patrono surgir do nada, ele não tem tempo para pensar como ele conseguiu entrar naquele local protegido ao ouvir o que ele diz
- A marca negra surgiu no céu, temos que nos reunir agora! – a lontra de Hermione diz e desaparece rapidamente
Harry se levanta com o coração aos pulos e se vira para acordar a sua amada, mas Gina não esta lá...
NOTA DA AUTORA
Sinceramente não sei se alguém ainda está passando por aqui, mas sempre me sinto na obrigação de dar alguma explicação para a minha demora. Eu faço isso pra deixar bem claro que se eu não apareço aqui com tanta frequência não é porque eu não me esforço pra isso. Eu mais do que ninguém quero ver esta fic finalizada!
Então vamos às explicações. Bem, além das de costume, eu vou acrescentar um problema com a minha conta aqui no site, que já dura mais de um mês e que ainda não foi totalmente resolvido. E isso acabou me atrasando muito, por sorte eu arrumei um modo de "driblar" o problema mas levou um tempo até conseguir. Em segundo lugar descobri que adquiri uma bela tendinite que já atacou meus dedos e meu cotovelo esquerdo (eu sou canhota) e preciso gastar parte do meu pouco tempo livre com fisioterapia, então não posso escrever tanto.
Espero que entendam e se alguém puder me dar uma palavrinha de incentivo eu vou ficar muito feliz. Estou precisando mais do que nunca...
Bjos e até o próximo
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