O colar
Em Hogwarts
Sirius ainda tenta processar o que aconteceu. Ele tinha consciência que ficou durante um bom tempo entorpecido em uma espécie de pesadelo, mas Harry acabou de lhe contar que ele ficou preso no véu da morte por anos. Definitivamente ele não entende
Ele vê no semblante de seu afilhado que Harry está se consumindo em culpa, como se ele fosse o causador de toda a sua tragédia pessoal. Sirius faz um esforço para se lembrar de algo que ajude o afilhado a aplacar a sua consciência pesada, mas neste momento ele não consegue. Tudo o que Sirius consegue se lembrar é da dor e da angústia – eu ainda não consigo acreditar – ele balbucia – é tudo muito louco
Eu sei que deveria ter feito algo – Harry diz mortificado – eu demorei a aceitar, mas acabei acreditando que você estava morto – ele baixa os olhos – me desculpe...
Sirius olha para Harry e vê o sofrimento no olhar do rapaz. É evidente que ele se culpa – você não tem que pedir desculpas, Harry. Eu sei que se você tivesse a mínima idéia de que eu estaria vivo você já teria feito algo e pra falar a verdade eu ainda não consigo entender direito o que foi que aconteceu. Eu me lembro de Bellatrix pronunciar a maldição ao mesmo tempo em que o véu me puxou – ele dá um ligeiro sorriso – acho que me transformei, não sei direito. Era uma coisa meio instintiva, sabe. Todas as vezes que os dementadores se aproximavam eu me transformava porque era mais difícil eles me atingirem quando estava na forma animaga
Será que isso de alguma forma confundiu o véu? – Harry questiona – eu sei que o avada não é usado apenas em seres humanos, lembro que o falso Olho Tonto Moody matou uma aranha com ela no meu quarto ano, mas sei lá... – ele olha para Sirius – de repente quando você caiu no véu e se transformou isso pode ter tido um efeito diferente
Sirius parece pensar por um minuto ou dois – é... Pode ser – ele finalmente diz – talvez seja algo assim, talvez nunca saibamos... Agora eu quero fazer outra pergunta
Pode perguntar – Harry fala, curioso
- Quem é aquela garota linda que estava aqui quando eu acordei?
Harry então sorri como há muito tempo não acontecia. Finalmente Sirius Black está de volta...
XXXXX
Local desconhecido
O Lorde das Trevas encontra-se reunido com seus seguidores. Não todos, para seu espanto Severo Snape ainda não respondeu ao seu chamado o que lhe causa certo espanto, nenhum de seus discípulos se atreveria a ignorar a marca negra, eles sabem muito bem que um castigo terrível poderia acometê-los
Embora Voldemort faça o possível para que não transpareça, as coisas não estão tão bem assim, pelo menos não tanto quanto ele gostaria. A esta altura do campeonato se seus planos estivessem saindo da forma como ele esperava, a sétima filha já deveria estar em seu poder, no entanto isso está se mostrando mais difícil do que ele poderia supor
Não que ele ache que precisa dela para conseguir realizar seu plano. Não, Voldemort sabe que é o bruxo mais poderoso da face da terra, mas como todo ser ambicioso ele sempre quer mais e ele quer a sétima filha a seu lado. Corrigindo, ele quer o poder da sétima filha
Ele olha ao redor e vê que Snape ainda não chegou. Mesmo assim ele vai começar, o Lorde das Trevas não espera ninguém. Ele acertará as contas com Snape depois
XXXXX
Em Hogwarts
Quem entrasse naquele local neste exato momento pensaria que estava havendo uma festa e não uma visita a um convalescente
De fato, o quarto encontra-se lotado de uma forma que madame Pomfrey teria um ataque se algo parecido acontecesse em sua enfermaria. As vozes altas e as risadas mostram o quão felizes as pessoas ali presentes estão
Aletheia já pensou várias vezes em acabar com a bagunça para que seu paciente pudesse descansar, mas ela não o fez. Não o fez porque ela sabe o quanto a companhia de pessoas queridas faz bem ao paciente. Além disso, se Sirius conseguiu sobreviver a tanta coisa não vai ser meia dúzia de pessoas entusiasmadas que irá derrubá-lo
Ela se sente meio deslocada, Aletheia não pode deixar de se lembrar das queixas que Reg fazia a respeito de seu irmão que era descrito pelo seu amado como um rapaz inconsequente, que não ligava para a sua família. Mas agora ouvindo Sirius Black conversar com os amigos, ela reitera ainda mais a sua opinião que as rusgas entre Sirius e Regulus não passavam de rusgas entre irmãos agravadas pela situação em que viviam
Aletheia se lembra que quando Regulus descobriu que ela era nascida trouxa antes mesmo de começarem o romance, ele tentou se afastar por causa dos preconceitos a que ele foi exposto durante toda a sua vida. Só Deus sabe como foi duro pra ela ouvi-lo chamá-la de sangue ruim e acusá-la de tê-lo enganado, só Deus sabe como ela chorou e o quão difícil pra ela foi perdoá-lo quando ele voltou arrependido. Ela bem que tentou ficar com raiva e mandá-lo embora, mas o amor que sentia foi mais forte que tudo
Moça, você está bem? – Aletheia ouve alguém perguntar e se dá conta que seus olhos estão banhados de lágrimas, ela enxuga com as costas das mãos e olha para Sirius Black – estou... Desculpe, com licença – a freira diz enquanto se retira
Eu disse algo errado? – Sirius pergunta meio sem jeito
Os presentes se entreolham, eles sabem que Sirius não faz idéia que Aletheia poderia ter sido sua cunhada se as coisas tivessem sido diferentes
Não Sirius, você não disse nada – Remo diz com cuidado, ele não sabe até que ponto a freira gostaria que sua intimidade fosse exposta – Aletheia tem um passado meio complicado e de vez em quando ela se sente triste com isso – ele vê que o amigo o fita curioso – quando ela achar que deve ela contará
XXXXX
Local desconhecido
Severo Snape entra e vê que todos os presentes o fitam, alguns o encaram como se ele fosse maluco. Sim, apenas alguém insano ousaria não atender imediatamente ao chamado de Lorde Voldemort
Ele se senta sem olhar para os demais. Severo sabe que está muito encrencado e que não adianta pedir desculpas pelo atraso, o Lorde das Trevas não admite desculpas, ele sabe também que o mais seguro é manter-se calado até que Voldemort o questione, não que isso vá livrá-lo do castigo, é claro
Continuando – Voldemort diz enquanto encara Snape com seus olhos ofídicos – ficamos quietos demais nestes últimos meses. É hora de mostrarmos novamente a que viemos
Vamos atacar milorde? – Bella pergunta sem esconder seu entusiasmo
Contenha-se, minha Bella – Voldemort diz com um tom que poderia ser confundido como paternal para quem não o conhecesse, o que inacreditavelmente faz com que a comensal se ruborize, Snape poderia até ter rido da situação se isso não fosse extremamente perigoso para si mesmo – sim nos iremos atacar – Voldemort diz – mas não imediatamente – ele vê o semblante de decepção estampar o rosto da mulher – não, não imediatamente, mas posso dizer que será logo, mais cedo do que você pensa
Exclamações de júbilo são ouvidas até que o Lorde das Trevas pede silêncio e começa a explicar seu plano macabro
XXXXX
Na sala precisa
Faz muito tempo que Harry não tira um momento para si e sua amada, mas agora ele pode se dar ao luxo. As coisas não estão perfeitas evidentemente, mas há muito tempo ele não se sentia tão leve e tão feliz
Ver Sirius Black desperto e bem lhe dá um alento enorme. É como se uma parte morta de seu coração tivesse criado vida novamente e ele se sente mais disposto que nunca a lutar, lutar para ter uma vida ao lado da sua ruiva, lutar para que seu padrinho possa finalmente desfrutar a sua liberdade
Ele sabe que muita coisa ainda deve ser feita e encabeçando a lista está destruir as horcruxes, a seu ver Voldemort está quieto demais e isso não é definitivamente algo bom
Harry tem consciência que o tempo está passando, que ele não pode simplesmente ficar devaneando sem pensar nos problemas que ele tem
Mas isso pode ficar pra depois, neste momento só o que ele quer é ficar nos braços da sua ruiva sem pensar no amanhã
E seria isso que ele faria se um patrono não viesse pedir que ele fosse com urgência a sala da diretora...
Ruiva... Ruiva, acorde! – Ele diz suavemente para Gina, que se encontra adormecida a seu lado. Ele não pode deixar de sorrir ao ver sua amada esfregando os olhos como se fosse uma criança.
Ela olha para os lados como se tentasse se localizar antes de perguntar – o que aconteceu? Já é dia?
Não ruiva, ainda é noite – Harry diz e logo explica ao ver o semblante curioso da sua namorada – eu acabei de receber um patrono pedindo para que eu fosse à sala da McGonnagall
Será que houve um ataque? – Gina pergunta, preocupada. Ela sabe que só algo muito importante faria que a diretora ousasse perturbar o sono de alguém
Não sei – Harry diz – espero que não. Mas vamos logo, deve ser algo importante
XXXXX
Na sala da diretora
Minerva aguarda Harry ansiosamente. Ela ainda está estupefata pelo que acabou de acontecer, sinceramente Minerva não entende. Mas ela já viveu tempo demais para saber que certas coisas simplesmente não têm uma explicação lógica, pelo menos não a seus olhos
Harry e Gina entram quase ao mesmo tempo em que Hermione e Rony. A diretora não pode deixar de notar a coincidência dos dois casais chegarem juntos. Melhor não pensar nisso agora, Minerva. Ela diz para si mesma. Existem coisas mais importantes que dois pares de jovens dormindo juntos em plena escola
Desculpe o adiantado da hora – Minerva começa – mas achei que isso não poderia esperar
Aconteceu alguma coisa? – Harry expressa a curiosidade de todos os presentes – houve um ataque?
Sim Potter, aconteceu alguma coisa – ele vê que o semblante do menino que sobreviveu endurece – mas fique tranquilo, não houve um ataque. Pelo contrário, temos uma ótima notícia
Então a diretora caminha até uma mesa afastada e pega uma bolsa de couro de tamanho médio. Ela tira algo de dentro, um pano negro que a mesma desenrola com cuidado e mostra a seus alunos
Minerva esperava alguma exclamação ou questionamento, mas neste momento não há nada além do silêncio absoluto. Os presentes se entreolham boquiabertos sem acreditar que diante dos seus olhos está o colar da Corvinal
Como a senhora conseguiu? – Harry finalmente consegue expressar a perguta muda que todos fazem – é mesmo o colar da Corvinal?
É o colar, Potter – Minerva diz, ela respira fundo – é o colar que quase matou Catia Bell. Agora como eu o consegui, eu não sei dizer. Eu entrei nesta sala e ele estava aqui
A senhora quer dizer que ele simplesmente apareceu do nada – Rony pergunta, incrédulo
Eu sei que é difícil acreditar, mas foi exatamente isso senhor Weasley – Minerva diz – quando eu saí da sala para jantar, eu posso jurar que não havia nada aqui. Então eu voltei para uma última xícara de chá antes de me recolher e ele estava exatamente onde vocês estão vendo
Os quatro jovens se entrolham. Definitivamente é bom demais pra ser verdade. Como o colar pode simplesmente ter aparecido do nada? Mesmo num mundo de magia isso é algo difícil de explicar
A horcruxe ainda está aí? – Hermione, racional como sempre, questiona
Deve estar – a professora diz – não me atrevi a tocá-la por razões óbvias, mas desconfio que ainda esteja
Neste momento Tonks e Lupin chegam e a diretora não pode deixar de notar que eles também chegaram juntos. Será que as pessoas esqueceram que isso aqui é uma escola? Ela pensa com seus botões e logo afasta esse pensamento, existem coisas mais importantes agora do que se preocupar com o decoro que uma instituição de ensino requer
A diretora vê os olhos do casal se arregalarem, assim como aconteceu com os jovens minutos atrás – isso é o que eu estou pensando? – Tonks pergunta sem esconder o sorriso
Sim, se o que você está pensando for o colar da corvinal – Gina diz sorrindo também. Ela olha para a diretora – por mais inacreditável que possa parecer, ele simplesmente apareceu aqui do nada
Foi exatamente isso – Minerva completa. A sua racionalidade não lhe permite acreditar, mesmo que ela possa jurar que não havia nada na sala quando ela desceu para o jantar – quando eu voltei após o jantar, ela simplesmente estava aqui
Vários murmúrios a respeito de como isso foi acontecer foram ouvidos até que Harry finalmente diz – pessoal, eu sei que todos nós estamos curiosos a respeito deste mistério. Mas eu acredito que o mais importante agora é que o colar está aqui e nós precisamos arrumar um jeito de destruir a horcruxe – ele olha para os Weasleys – será que os gêmeos podem conseguir mais algum chifre?
Nem pensar, Harry – Gina o interrompe – você escapou por muito pouco daquela explosão. Não vai adiantar nada você destruir a horcruxe se não sobreviver pra atacar o cara de cobra
Ela tem razão – Hermione diz antes que Harry pense em argumentar – não podemos nos arriscar
O menino que sobreviveu bufa, desanimado, enquanto diz – então alguém tem alguma idéia brilhante de como vamos conseguir destruir essa coisa aí?
Nós vamos pensar em alguma coisa, Harry – Gina diz – sempre pensamos, não é mesmo?
Sim, Harry sabe que eles, talvez mais por sorte que habilidade, sempre acabam descobrindo uma forma. O problema é que o tempo está se esgotando rapidamente, essa é uma certeza que ele possui, mas prefere não compartilhar pra não acabar com o clima de alegria que todos estão sentindo pela descoberta
Então ao trabalho! Hermione diz, entusiasmada. Ela olha para a diretora – se a senhora puder convocar a ordem, acho que isso ajudaria. Toda ajuda seria bom
Concordo, senhorita Granger, vou convocá-los amanhã de manhã – Minerva diz deixando claro que por hora a conversa acabou
NOTA DA AUTORA
Capitulo demorado, mas finalmente postado e com mais uma horcruxe encontrada! Espero que tenham gostado e pra variar desculpem pela demora. Eu sei que não ando merecendo por causa do tempo que levo pra atualizar, mas quem puder deixar uma palavrinha vai me deixar muito feliz
Bjos e até o próximo
Comentários (1)
Estou a adorar eu sei o quanto é dificil ter o capitulo pronto na cabeça e não saber como colocar em palavras ou por não termos tempo e escrever. No entanto estou a amar a tua fic por favor atualiza o mais rapido possivel.Bjs.Ana Marisa Potter
2015-03-27