LEMBRANÇAS - parte 2



Capítulo 11
Lembranças - parte 2

Era a primeira vez que Hermione tinha acesso a uma “viagem de penseira”, e era sinceramente uma sensação estranha, como cair num buraco em que não se vê o fim, e continua-se caindo. Afinal o chão veio a tocar seus pés, olhou o ambiente e reconheceu o hall da mansão Malfoy, na qual há menos de um ano tivera sido torturada... Mas não poderia deixar-se perder agora em suas lembranças. Recompôs-se, assim como o sonserino que também aparentava estar navegando em lembranças.
Logo o pequeno Draco apareceu correndo com vestes verdes muito mais largas que seu magro corpo, Dobby estava logo atrás dele, tinha nos dedos vários esparadrapos. O garotinho não deveria ter mais que dez anos.
- Tire já isso senhor... – Dobby gritava sem autoridade na voz – seu pai se aborrecerá ao saber que andou mexendo novamente nos antigos uniformes dele de Hogwarts. Da ultima vez ele prometeu-lhe um castigo.
- Você não manda em mim criatura! – O menininho achou nas vestes uma varinha branca – Vamos, duele comigo! – O susto de Dobby ao ver a varinha foi evidente. Nas mãos do menino ela tremeu e produziu um raio rubro que atingiu o Elfo no ombro com tamanha força que o fez cambalear e cair, ao se levantar percebeu o garoto gargalhando.
Neste momento o Malfoy do presente estava de cabeça baixa.
- Eu avisei que não seria boa idéia observar minhas lembranças com o elfo!
“Por isso ele não queria vir... Está envergonhado...”, sabiamente Hermione decidiu nada dizer.
Dobby apertou os grandes olhos, um brilho transpassou, era capaz agora de realizar algum feitiço pra revidar o ataque, mas em vez disso respirou fundo, deu as costas e com um ‘click’ sumiu.
- Duele comigo! – O garotinho gritava com a cólera característica de sua natureza – Volte já aqui criaturinha maldita, eu ordeno que volte aqui – instantaneamente voltou-se a se ouvir o ‘click’ e Dobby estava de volta, desta vez também trazia um corte na cabeça.
- O que quer senhor?! – estava desanimado
- Ordeno que duele comigo! – a altivez do menino era incrível
- Sinto muito senhor... Dobby não pode duelar com o senhor... Porque se duelasse Dobby colocaria em risco sua vida e teria que me castigar depois. Dobby precisa proteger seu senhor.
Era mais do que evidente que o garotinho loiro com as vestes do pai estava muito irritado, e quando Dobby deu as costas apontou-lhe a varinha espremendo-a e fazendo movimentos na esperança de que acontecesse alguma coisa. De fato aconteceu, outro lampejo rubro foi expelido pela varinha, mas desta vez antes que o atingisse o pequeno e maltrapilho elfo-doméstico virou-se novamente e com um movimento de braço conteve o raio... O garotinho ficou assustado com o poder de Dobby, a tensão tomou conta dos personagens do passado e do presente, estava mais do que provado para ambos os tempos que na pequena criatura de olhos grandes havia mais poder do que qualquer um dos presentes poderia supor.
- Draco!? O que se passa? – Uma voz fria, fina e imponente inundou a o hall.
- Mamãe... – Hermione surpreendeu-se ao ouvir que esta palavra não saiu apenas do garotinho paralisado, mas também do ofegante Malfoy ao seu lado que seguia a mãe com os olhos, levemente tristes e sombrios como relâmpagos em dia de tempestade, porém sem chover, a não ser por uma solitária gota que relutava entre suas pálpebras para que não caísse.
- Espero que estas não sejam minhas vestes Draco! – Ouviram a voz do Sr. Malfoy irrompendo a sala – O que se passa aqui? - O garotinho deu um ataque de berros.
- Ele papai... Ele me atacou... Ele me atacou...

Os berros foram esmaecendo á medida que uma camada de fumaça branca e espessa aumentava cada vez mais, levando o local consigo... A sensação causava medo e incerteza, a única coisa que Hermione conseguia ver era o rosto de Draco ao seu lado, encaravam-se atônitos, enquanto a garota tentava entender tudo que passara e o que acontecia no momento e sentiu a mão direita ser segurada pela do rapaz, deixou que as coisas ficassem como estavam.
A fumaça começava a se dissipar, e pelo novo ambiente deduziu que estariam em outra lembrança. Estavam na cozinha vazia da mansão Malfoy, as imagens clarearam totalmente, e as mãos se largaram num ato instantâneo e os olhares se perderam. Hermione gostaria de perguntar o quê aconteceria agora, mas manteve o silêncio, preferiu a agonia de esperar, enquanto isso se lembrava do poder de Dobby, e sua cabeça se enchia de dúvidas “Por que ele aceitava ser tão maltratado, quando tinha poder o suficiente pra revidar?”. A porta finalmente escancarou e por ela passaram Draco e Crabe, agora tinham uns 12 anos.
- Vamos Draco, me mostre, onde elas estão? É verdade que seu pai comprou uma pra cada um?
- Cala a boca! Você está duvidando de mim?
- Nós já procuramos pela casa inteira...
- Eu vou encontrá-las, sei que estão em algum lugar, meu pai queria fazer uma surpresa e mandou o Elfo esconder, e ordenou que ele não me contasse... Eu quero ver a cara do Potter quando perder o jogo contra a sonserina.
- Ele não vai ter chance se cada um tiver uma Nimbus 2001.
O pequeno Draco conduziu Crabe para uma portinha estreita e os garotos do presente não tardaram a segui-los pelo que parecia um túnel. Finalmente avistaram Dobby com uma frigideira na mão e batendo na própria cabeça até ficar tonto e sentar no chão.
- Elas não estão aqui... – Cochichou Crabe. No que o Draco da lembrança fez gesto de silêncio.
Dobby se lamentava baixinho, e pouco eles podiam entender o que estava dizendo. Hermione, que estava tentando se esconder, se lembrou que não poderia ser vista, estão aproximou-se para ouvir o que o elfo dizia.
“Dobby não pode mudar de senhor... Não pode trair seu senhor... Mas mundo bruxo está em perigo... Dobby não tem outra saída... Ele não pode retornar”
Draco também se aproximara para ouvir e entender. Após muitos lamentos o elfo tornou a bater na própria cabeça com a frigideira, causando horror na mente de Hermione que tinha a vontade de tomar a frigideira da mão do pequeno. Os murmúrios foram ficando cada vez mais fraquinhos, ela já suspeitava o que aconteceria, e a primeira camada de fumaça confirmou suas suspeitas.
Logo a fumaça tornaria a esmaecer e estariam na próxima lembrança. Tanta coisa precisava ser descrita... Relatada... Analisada... Apesar de a fumaça branca ter tomado conta do ambiente, a imagem de Dobby se castigando não saída da mente da garota. Fechou os olhos, e respirava fundo, quando começou a ouvir vozes ao longe, duas pessoas discutiam, as vozes se tornavam cada vez mais conhecidas, mas a fumaça não esmaecia por completo, mesmo assim pôde reconhecer a cena, encarou Draco procurando passar todas as suas dúvidas através de seu olhar. Agora tinha certeza que sabia quem eram os donos das vozes, e a fumaça esmaeceu por completo. Estava no número 3 do Caldeirão Furado, reconhecia a decoração verde, os objetos quebrados, a meia iluminação e principalmente não só reconhecia como se lembrava de sua irritação.
“- É isso mesmo que você deve estar pensando Granger... Eu sou o hóspede daqui. Você invadiu MEU quarto e me atacou, o que o ministro dirá disso?
- O quê você está tramando? Este quarto não pode ser... SEU... Pode?
- Pode, e é... E o ministro ficará sabendo desse seu ataque, quem será que vai pra Azkaban agora?”
Hermione a reconheceu no dia em que invadira o quarto de Draco, este mantinha a cabeça erguida, e apenas olhava dela para a cena. “O que ele pretende com isso? Na certa quer me lembrar de que poderia ter contado ao ministro, e não o fez.”
- Eu quero ir embora – Disse a garota ao ver-se desmaiando, mas não obteve resposta, o garoto continuava observando e ela resolveu fazer o mesmo.
Ao vê-la desmaiar o Draco do passado tomou um grande susto, hesitou por alguns instantes e por fim foi ampará-la. Levantou sua cabeça com cuidado e percebeu que no braço havia um pedacinho de vidro verde que provinha da luminária quebrada. Com a varinha na mão e num só gesto arrumou a cama, e segurando-a com cuidado e certa delicadeza jamais imaginável num Malfoy, ou até mesmo naquele Malfoy, ele levou-a até a cama e pausadamente deixou-a lá. “Ele me disse que tinha usado o feitiço de levitação” pensou Hermione ao vê-lo colocá-la cuidadosamente na cama muito bem arrumada.
- O que eu estou fazendo? Deveria acordar ela logo. – Disse várias vezes na lembrança enquanto procurava algo em um malão que havia ao lado da cama. Provavelmente não achara o que estava procurando, pois ficou muito frustrado. O garoto conjurou uma faixa branca e se aproximou de Hermione, que tremia de maneira sutil, porém perceptível, sentou-se ao seu lado, e tentou puxar o pedaço de sua luminária que estava enfiado no braço da garota desfalecida. Feito isso, percebeu que o corte tivera sido profundo, então colocou a varinha um pouco acima deste e murmurou alguns feitiços, o corte não fechou por completo, mas ao menos parou de sangrar, por fim ele colocou-lhe a faixa que era branca e tingiu-se de algumas gotinhas vermelhas.
Logo em seguida pôs-se a arrumar o quarto, consertando tudo aquilo que havia sido quebrado com feitiços não verbais, deixando presente e passado num silêncio constrangedor. Tudo estava reorganizado, e o silêncio continuava a reinar, até ser quebrado pela voz fraquinha da garota que permanecia desacordada. Todos os presentes chegaram bem perto na intenção de escutar o que ela murmurava, e ao fazer isso foi evidente que da sua boca só saiam duas palavras que se repetiam incansavelmente “Draco Malfoy... Draco Malfoy...” As palavras eram ditas no intervalo de um suspiro.
- Não pode ser – Disse a Hermione real. Agora menos ainda entendia quais as intenções de Draco ao levá-la àquela lembrança, nem sabia se acontecera realmente, simplesmente não queria acreditar. Novamente a fumaça branca tomara conta do local, ela esperava estar em sua sala num piscar de olhos, esperava também sair correndo. Fechava e abria os olhos na esperança de estar em sua sala, mas isso não acontecia, sabia que Draco a estava olhando, por isso não poderia se mostrar desesperada, não queria dar o braço a torcer...
- Eu não agüento mais! O que ainda estamos fazendo aqui? - Gritou ela.
Novamente havia vozes ao longe, por de trás da fumaça branca.
“- Ah, Granger, vamos recomeçar?
- Vou! Porque eu sei que é o seu orgulho que não o deixa admitir que eu descobri sua brincadeira!
- Não enfeiticei a porta!
- PROVE!”
Foi como-se uma cortina se abrisse rapidamente pra revelar uma última cena, e lá estavam eles pertencentes um ao outro, a visão seria encantadora se ela não estivesse tão irritada, não queria mais olhar, não queria mais estar ao lado dele, deveria haver um modo de sair da penseira antes da lembrança acabar.
- Não tem pra onde correr – Draco finalmente disse algo, e a segurava pelo braço.
- Eu deveria ter desconfiado que você aprontaria algo. – Hermione gritou puxando o próprio braço para si.
- Do que você está falando? Não aprontei nada!
- Por que tudo isso? Pra quê? Nós deveríamos estar investigando suas lembranças com o Dobby... E não... Lembrando de algo sem importância que deveria ser esquecido!
- Se não tem importância por que você se abalou tanto? – Ele se aproximava, e a segurava – Me responde?
- Eu só quero entender por que você está...
Tudo escureceu, Hermione teve a impressão de ter seu corpo sugado por um vento que saía de todos os lugares ao mesmo tempo. Draco não a segurava mais pelo braço, tão pouco ela conseguia vê-lo. “Bem que poderia ficar preso em suas lembranças”... Segundos depois após abrir os olhos percebeu estar em sua sala, estava meio tonta, mas não esquecera, por um só instante, de tudo o que acontecera. Levantou-se para ir embora, e novamente as mãos dele a segurou.
- Por que você está tentando fugir agora? – Ele perdera o controle, gritava.
- O que você quer que eu faça? – Gritou Hermione também. Mas não obteve resposta. – Pra que me mostrar aquelas lembranças?
- Eu só queria te provar o que você se recusa a aceitar.
- Já te disse que aquele beijo deve ser esquecido. Eu Amo o Rony, ele é meu namorado. E pelo que me lembro você está muito bem arranjado com a Parkinson.
- Você não ama o Weasley. – Ele gritou ainda mais alto.
- E você não sabe o que diz.
- Era o meu nome que você chamava.
- Eu estava inconsciente, você não deve se fiar nisso.
- Sua inconsciência é a maior prova de que você não o ama Granger.
- Quem pode te garantir que eu não estava sonhando em te matar?
- Seu beijo...
- O quê?
Draco se aproximou com toda a segurança que havia em seu braço, e como por um feitiço poderoso ela sentiu toda a paz ao toque de seus lábios, que se moviam com muito mais do que paixão, pareciam atravessar as barreiras de sua alma, queria se afastar, ofegava, mas cada vez que tentava se desvencilhar aquela sensação de estar em paz em meio a um bombardeio á trazia de volta... Os braços dele passavam tanta segurança que mesmo sabendo que estaria errando, passaria horas abraçada por eles.

N/A: Sei que a espera foi grande... Portanto, espero que este capítulo corresponda às expectativas. Beijos, das autoras. E novamente nos desculpe a demora. Pelo menos o 12 já está pronto. Comentem a vontade. O 12 será postado mediante o post de no mínimo 10 comentários.

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