EU TE AMO, SEU RATO IDIOTA!
CAPÍTULO 17
“EU TE AMO, SEU RATO IDIOTA!”
_Madame Dolores Jane Umbridge. _ disse Draco _ Então quer dizer que as suspeitas sobre a senhora acabaram por confirmar-se.
_A Corporação dos Aurores e a InterSec já desconfiavam, principalmente depois do depoimento dela no seu julgamento, Draco. _ disse o Sr. Weasley.
_E agora não há como negar. _ disse Harry, enquanto o formigamento no dorso de sua mão direita parecia transformar-se em uma ardência, tal era a indignação que o bruxo sentia _ Há quanto tempo a senhora vendeu-se ao Círculo Sombrio?
_Ora, Harry Potter, foi pouco tempo depois da minha aposentadoria. Imagine, para alguém que já foi Subsecretária Sênior do Ministro da Magia, Professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alta Inquisidora do Ministério em Hogwarts e, temporariamente, Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, terminar a carreira aposentando-me como Chefe do Departamento de Serviços Gerais, coordenando faxina e limpeza, tendo de conviver e tratar com bruxos medíocres e com “Abortos”. E foram vocês que me jogaram para baixo, principalmente você, Harry Potter! Eu precisava melhorar um pouco de vida e, se pudesse ferrar você e seus amigos, seria ainda melhor.
_A senhora deveria, então, já ser partidária das Trevas, desde aquele tempo, não era? _ perguntou Claudiomir.
_E o que você sabe a respeito disso... trouxa? _ perguntou Dolores, tentando irritar Claudiomir ao tratá-lo com desprezo, mas ele não caiu na armadilha dela.
_Muito mais do que a senhora imagina, dona sapinha. Sabia que eu consegui rastrear até a senhora algumas moedas raras, adquiridas de modo bastante duvidoso? Quem diria que o seu passatempo era numismática e que a senhora não mede esforços para obter as peças que deseja, não importando como? Uma raríssima e valiosíssima moeda do tempo do Primeiro Império, uma peça única, com um erro de cunhagem que moldou uma letra a mais, formando a palavra “BRAASIL”, desapareceu do Museu Bruxo do Rio de Janeiro e, paralelamente à investigação da rede de pedofilia que eu estava fazendo, consegui rastrear a trajetória da moeda até Londres, a pedido do próprio Leonardo Mafra, Ministro da Magia do Brasil, em uma compensação por eu tê-lo chantageado para obter o Acesso Nível 4 e a lotação temporária na Interpol. _ disse o oficial do BOPE, com seu sorriso sacana _ Ontem à noite, em Hogwarts, recebi uma coruja, antes de ir dormir. A carta era de um informante ao qual eu havia solicitado que procurasse pistas sobre o roubo e dizia quem era o destinatário final da moeda roubada. Ora, bancar o roubo da moeda deve ter custado algumas centenas de galeões, se não me engano é esse o nome das moedas de ouro do dinheiro bruxo. Recuperar a moeda e levar à Justiça o bruxo que havia financiado o seu roubo seria o meu trabalho seguinte, antes de retornar para o Rio de Janeiro e para a minha vidinha tranqüila, no BOPE (“Tranqüila, sei, sei”, pensaram os outros).
_Então, quer dizer que... _ disse Rony.
_... Que a dona sapinha aqui poupou o meu trabalho, já que era a bola da vez para tomar o lugar de Dara Mahoney. _ disse Claudiomir _ Sem contar que uma Chefe de Faxineiras aposentada não teria cacife para pagar a alguém para que roubasse a moeda de um Museu Bruxo, cheio de defesas mágicas. O serviço deve ter custado caro. E de onde poderia ter vindo o ouro para isso? Só se ela estivesse na folha de pagamento de alguma organização criminosa forte e poderosa, nada mais nada menos que...
_... O Círculo Sombrio. _ disse Shacklebolt.
_Exatamente, Kingsley. _ disse Claudiomir _ Agora, vamos ver o que esses dois têm para nos dizer.
_Primeiro, teremos de mantê-los aqui. _ disse Tonks, passando uma rasteira em Umbridge, que tentava escapar, fazendo com que caísse de boca no chão, quebrando dois dentes _ Xii, desculpe o mau jeito, Madame Umbridge.
_Deixe para lá, Tonks. _ disse Arabella _ Se o Capitão Claudiomir for a metade daquilo que eu já ouvi falar do BOPE, os dentes serão a menor das preocupações dessa sapa, pode estar certa.
_Assim ela vai fazer uma má idéia de mim, Sra. Figg. Se bem que os meus métodos de interrogatório são bastante... contundentes. E interrogado é interrogado, não importa sexo, idade, credo ou classe social. O importante é obter a informação e, para isso, eu preciso de pouca coisa, tipo um saco plástico...
_... E uma vassoura, já sabemos. _ disse Harry _ Bem, considerando que Madame Umbridge não iria querer passar por essa situação difícil, creio que ela irá nos prestar todo o tipo de informação de que precisamos. E, caso seja preciso, sempre poderemos contar com o Veritaserum.
_Bando de tolos! _ disse Umbridge, sorrindo _ Eu fui preparada, assim como grande parte dos operativos do Círculo, para apresentar reações ao Veritaserum. Se tentarem obter informações com Veritaserum, elas irão perder-se.
_Isto nos leva de volta ao início. _ disse Draco, com um suspiro e uma cara de “fazer-o-quê” _ É, parece que teremos de recorrer aos métodos do BOPE. Faria as honras, Capitão Claudiomir?
Mas Harry interveio.
_Calma, Claudiomir. Não precisamos recorrer aos métodos do BOPE, por mais eficientes que eles sejam e por mais que essa megera mereça. _ disse o bruxo, com um olhar de desprezo e raiva para a gorducha _ Creio que ela nos dirá tudo aquilo que quisermos saber, sem a necessidade de interrogatório “À La BOPE”. Isso eu posso garantir.
_E o que faz você pensar que eu iria colaborar com vocês, bruxinho patético? Já esqueceu de que eu tive você em minhas mãos durante todo o seu quinto ano em Hogwarts?
Naquele momento, um vaso de flores sobre um aparador no Gabinete do Ministro estilhaçou-se (“Xii, ela não imagina com quem está mexendo”, pensaram Draco e Rony. Ambos haviam participado dos acontecimentos aos quais ela referia-se, Rony na AD e Draco na Brigada Inquisitorial de Umbridge) e Harry Potter, depois daquela emissão mágica involuntária, falou com Dolores Umbridge, tentando controlar a raiva que sentia daquela sapa que tanto prejudicara os alunos, naquele ano em que lecionara em Hogwarts. A campanha para ridicularizá-lo e enfraquecer sua vontade, a perseguição, a paranóia do Ministro que, pensando que Dumbledore queria tomar o poder, ordenou que ela desencorajasse a prática de Feitiços de Combate, a formação da AD, os interrogatórios dos alunos com o Veritaserum que, graças a Deus e a Merlin, Snape havia adulterado, a batalha no Ministério, que culminara na revelação do retorno de Lord Voldemort e, como uma de suas lembranças mais dolorosas, o desaparecimento de Sirius Black, dado como morto por quase um ano. Com voz aparentemente tranqüila, mas que não disfarçava o perigo iminente, Harry dirigiu-se à batráquia.
_Não, “PROFESSORA” Umbridge, eu não me esqueci. Inclusive, ainda tenho até hoje alguns vestígios das marcas que suas detenções me deixaram, no dorso da mão direita. E o que é mais interessante, eu não sei se por coincidência, por alguma razão especial ou se é a minha imaginação, mas elas ardem e ficam mais evidentes quando a senhora está maquinando alguma coisa, assim como minha cicatriz da testa ficava, em relação a Lord Voldemort, veja! _ e Harry mostrou o dorso da mão direita, onde ainda era possível ver finos sinais, formando a frase “No More Lies” (“Sem Mais Mentiras”), deliciando-se em ver que a bruxa com cara de rã ainda tremia de medo ao ouvir o nome do Lorde das Trevas, ainda que ele estivesse morto há cerca de quinze anos _ Assim como não me esqueci que foi bem merecido o seu rebaixamento, uma das atitudes mais decentes do finado Ministro Fudge, que Deus e Merlin o tenham em bom lugar. Inclusive, Sirius Black ainda teve a felicidade de vê-la na função que lhe cabia, quando foi mudar o “Motto” do Brasão de Armas da Família Black. Quando assisti ao seu depoimento venenoso e falso, durante o julgamento de Draco, tive vontade de voar no seu pescoço, só não o tendo feito para não prejudicar o nosso plano de desmascarar “Mantis”. Não sei se a senhora se lembra, mas eu era o “Sherlock Holmes” que estava lá.
_Sim, eu me lembro. Pieterzoon teve seu disfarce revelado e foi preso pelos Aurores. _ disse Umbridge.
_Quase todos aqui têm motivos para querer o pior para a senhora. Sabe, eu poderia deixá-la, bem como ao falso Shacklebolt, esse “Doppelgänger” que está aqui, nas competentes e eficazes mãos do meu amigo brasileiro, Capitão Claudiomir. Como sabem, os métodos de interrogatório do BOPE são minimalistas e bastante econômicos, ele só precisará de um saco plástico e de uma vassoura. Mas eu creio que a pobre vassoura não merece passar por uma situação tão desagradável, portanto vou propor uma alternativa. A senhora poderá ir comigo para Hogwarts. Na Floresta Proibida há uma manada de centauros que adoraria privar do seu convívio por mais uma vez. Lembra-se de como foi, quando eu estava no quinto ano e a senhora ficou na companhia do meio-irmão de Hagrid, Grope? Naquela ocasião, a senhora também passou algum tempo com os centauros e eu soube que não foi nada agradável. Vou deixá-la com eles e, desta vez, o Prof. Dumbledore não irá resgatá-la. O que a senhora acha?
Depois de raciocinar por alguns instantes, pesando as suas chances, Dolores Umbridge lembrou-se dos maus momentos pelos quais havia passado, quando foi feita refém pela manada de centauros da Floresta Proibida. Não foi por muito tempo, mas foi o bastante para que ela, depois de ter sido resgatada por Alvo Dumbledore, tivesse passado dias na Enfermaria de Hogwarts, em um choque catatônico, entremeado por surtos de pânico, quando alguém imitava sons de cascos eqüinos galopando. A bruxa levara anos para recuperar-se completamente daquela experiência traumática e, por nada no mundo, gostaria de passar por aquilo, novamente.
_Você... você não teria c-coragem, Harry Potter. _ balbuciou Dolores.
_Madame Umbridge, aquele garotinho politicamente correto cresceu e tornou-se um homem mais pragmático e disposto a empregar os métodos mais eficazes para atingir os objetivos propostos. Basta lembrar-se do que eu fiz quando fui dado como morto, passando dois meses a golpear o Círculo Sombrio o mais fundo que eu podia, sob o disfarce do “Homem-Névoa”. Se não for o bastante, pergunte a Sergei Igorovitch Karkaroff, Anatoly Pietrovitch “Gazela Prateada” Orumov, Yuri Malenkov e Sasha Rubokiev, sobre o estrago no “Crepúsculo Escarlate”, a Zezinho “Microondas”, sobre as cobras que brincaram com ele, quando subi o Complexo do Alemão, juntamente com o BOPE e aliás, aí está o Capitão Claudiomir para confirmar. Pode perguntar também a Hu-Wong, que agora já tem condições de falar depois do que fiz com ele e então ele vai lhe dizer o quanto sobrou de sua arcada dentária e do antro de ópio em Xangai, depois que passei por lá, à procura de pistas do paradeiro de Draco e Janine depois que foram seqüestrados do Orient Express, quando fui o “Nêmesis”, o flagelo das operações do Círculo. Qualquer um deles poderá confirmar para a senhora que eu teria, sim, coragem de lhe dar um destino tal que iria fazê-la desejar ser interrogada por Claudiomir. O Círculo Sombrio atingiu muita gente, eu mesmo não fui exceção, pois “Escuridão” conseguiu, com um feitiço, remover o cérebro da minha filha, ainda não nascida. Não duvide das minhas palavras.
O olhar e as palavras de Harry Potter deram a Dolores Umbridge a certeza de que o bruxo não estava blefando.
_OK, vocês venceram. Coloco-me em suas mãos. _ disse a gorducha.
_Excelente estratégia “Orwelliana”, Harry. _ disse Draco _ Você usa o método da “Sala 101”, onde a pessoa é ameaçada de confrontar-se com aquilo que mais a apavora. Meu pai certa vez me disse que, de vez em quando, Voldemort... pare de tremer, Madame Umbridge... também utilizava esse método.
_E o que o faz pensar que era só uma ameaça? _ perguntou Harry, sorrindo perversamente para o amigo _ Eu deixaria nossa “querida ex-professora” aos cuidados de Firenze, Agouro, Magoriano e do restante da manada com o maior prazer. Estou certo de que eles adorariam revê-la. E agora, vamos pensar no que faremos com você, “Kingsley-2”. Estou curioso para saber como será extrairmos informações de um “Doppelgänger”.
_Quanto a isso, pode deixar comigo, Harry. _ disse Alastor “Olho-Tonto” Moody, entrando na sala _ Depois que eu terminar com ele, vamos saber até a cor das roupas de baixo de “Sombra & Escuridão”. Conheço métodos de interrogatório especiais para um “Doppelgänger”.
_Não será preciso, Sr. Moody. _ disse o falso Shacklebolt, com a voz grave e educada e os mesmos gestos do verdadeiro _ Minha missão era tentar descobrir a identidade dos três “Camaleões-Fantasmas”, “Hawkeye”, “Tigershark” e “Banshee”, na qual falhei, miseravelmente. Mas uma coisa ainda posso fazer, antes do meu tempo terminar.
_O quê? _ perguntou Moody.
_Isto. _ disse o “Doppelgänger”, esticando a perna direita e acertando um leve chute na pantorrilha esquerda de Dolores Umbridge. Imediatamente a bruxa parou de falar e levou as mãos à garganta. Uma pequena lâmina era visível na ponta do sapato do falso Kingsley Shacklebolt _ Lamento dizer que, mesmo com o Antídoto Universal Granger/Snape, não haverá tempo. Isto é uma preparação especial de “Dokukiki”, veneno de xarope de pistilo de crisântemo, ultraconcentrado e magicamente potencializado. E agora, “Τέλος του Κύκλου! Επιστροφή στην Πηγή” (“Télos tou Kýklou! Epistrofí̱ sti̱n Pi̱gí̱!”, “Final de Ciclo! Retornar à Origem”)!
O falso Kingsley Shacklebolt começou a derreter, com um chiado, até que ali, à frente deles, encontrava-se apenas uma massa, semelhante a plástico derretido e com cheiro de cera. Era tudo o que restava do “Doppelgänger”.
_Maldição! _ exclamou Moody, tentando colocar uma cápsula de Antídoto Universal Granger/Snape na boca de Dolores _ Aquele boneco desgraçado estava certo! A paralisia neuromuscular é muito rápida, não consigo nem fazê-la abrir a boca para tomar o antídoto!
_E com isso, quaisquer informações que Dolores Umbridge pudesse nos fornecer em um interrogatório ficam perdidas para sempre. _ disse Arthur Weasley.
_Creio que não, Ministro. Olhe para ela. _ disse Claudiomir.
Uma substância prateada, nem líquida e nem gasosa, emanava da boca, narinas e ouvidos de Dolores Umbridge. À beira da morte, a bruxa resolvera compartilhar com eles as suas memórias.
_Rápido, vamos providenciar alguns frascos, para recolher as memórias de Dolores! _ exclamou Harry.
Frascos foram providenciados e preenchidos com a totalidade das memórias da bruxa. Quando não havia mais nada para sair, ela deu um pequeno gemido e morreu, na frente de todos.
_Aí temos, agora, mais uma morte para a conta de “Sombra & Escuridão”. _ disse Draco.
_Nem mesmo Voldemort aprovava mortes desnecessárias. A não ser que Dolores fosse mais do que aparentava e pertencesse a um escalão mais elevado na hierarquia do Círculo. _ disse Rony.
_Só saberemos após a análise das memórias dela. _ disse Arthur.
_E também seria bom analisar esse monte de lixo, antes de dar um destino a ele. _ disse Moody.
Como se tivesse entendido as palavras de Alastor Moody, o monte derretido que fora o falso Shacklebolt recomeçou a chiar e a soltar um vapor estranho.
_Gás venenoso! _ exclamou Harry _ Saiam da sala, AGORA!!
Todos saíram do Gabinete do Ministro, antes de serem intoxicados pelo gás que desprendia-se dos restos do “Doppelgänger”. Do lado de fora, no corredor, executaram Feitiços Cabeça-de-Bolha e prepararam-se para retornar.
_Mas que #$%!! _ disse Claudiomir _ A sala está toda tomada por esse gás!
_Já vou dar um jeito. _ disse Harry _ Não entrem até que eu dissipe totalmente o gás. “Premieňať jedovatého plynu v kvetinová vôňa” (“Transmutar Gás Venenoso em Fragrância Floral”)!
Em um instante o gás transformou-se em um agradável perfume de flores.
_Excelente feitiço, Harry. _ disse Draco _ Onde foi que você aprendeu a invocar magias em Eslovaco?
_Com uma bruxa camponesa durante uma missão na Eslováquia, há alguns anos atrás. Bem, Prof. Moody, acho que agora não haverá perigo em levar aquela coisa para análise.
_Certo, Harry. E também temos de dar um funeral digno para Dolores Umbridge... ou para o que restou dela. _ disse “Olho-Tonto” Moody e todos olharam para onde Dolores havia caído. Seu corpo estava coberto de úlceras e vesículas, apresentando sangramento por elas e pelos orifícios naturais _ Aquele maldito boneco caprichou.
_E vocês não imaginam o quanto. _ disse Harry, tocando os restos de Dolores Umbridge com seu Identificador de Substâncias _ Aqueles pervertidos voltaram a fazer pesquisas com material QBN. O gás era uma variação, um híbrido de VX e Gás Mostarda, aquele que os alemães utilizaram na I Guerra, em Yprés.
_E que teve uma versão potencializada por Adolf Grindelwald, se me lembro bem do que li sobre ele. _ disse Claudiomir _ Harry, mesmo que não tenhamos permanecido na sala, podemos ter tido uma exposição perigosa a esse gás. E você sabe o que isso significa.
Claudiomir fez um gesto e Rony fez uma cara de desagrado.
_Injeções? Ah, não!
_Quer continuar vivo, Rony? _ perguntou Claudiomir _ Então faça como eu. Harry, você pode conjurá-las?
_OK, Claudiomir. _ com um gesto, Harry conjurou várias seringas, especialmente grandes.
_Hein? Como usamos isso? _ perguntou Shacklebolt.
_Assim. Alguém aqui assistiu “A Rocha”? Então lembrem-se do que Nicholas Cage fez no filme. _ e, pegando a seringa com a dose adequada de Atropina, cravou-a no tórax, injetando seu conteúdo direto no coração, com um gemido _ Dói um monte, mas te mantém vivo.
Com aquele argumento, todos concordaram e aplicaram o mais eficaz antídoto para o VX, direto no coração, gritando de dor.
_E para o Gás Mostarda? _ perguntou Arthur.
_Um bom banho. _ disse Harry _ Vamos para os chuveiros.
Depois de terem eliminado todos os vestígios do Gás Mostarda e queimado as vestes que usavam, substituindo-as por outras, novas, encontravam-se na sala de reuniões anexa ao Gabinete do Ministro, à volta de uma Penseira, analisando as memórias liberadas por Dolores Umbridge, antes da gorda morrer. Todos utilizavam óculos escuros, pois tinham as pupilas dilatadas pelo efeito da Atropina que haviam injetado diretamente em seus corações, para salvar suas vidas.
_Caracas, como isso dói! _ exclamou Rony _ E o pior é que ou você injeta ou você morre.
_Pode crer. _ disse Claudiomir _ Eu mesmo não gosto, mas é o que a gente tem de fazer. Quando vi “A Rocha”, fiquei pensando: “Será que eu teria coragem de fazer como fez o personagem de Nicolas Cage, cravar uma agulha daquele tamanho, no próprio coração?” Bem, acabei descobrindo e da pior maneira.
_Até quando teremos de ficar com estes óculos? _ perguntou Draco.
_Mais algumas horas, até que passe o efeito dilatador da Atropina. Sabia que ela era usada pelas mulheres, antigamente? _ comentou Moody _ Achavam que as pupilas dilatadas tornavam as mulheres mais belas.
_Daí o nome científico da planta, “Atropa belladona”. _ disse Arthur, colocando na Penseira uma das memórias de Umbridge _ Vejam esta, vejam! Umbridge tinha participação em uma rede virtual de prostituição.
_Relacionada com aquela que desmantelamos, com a ajuda de Hyeronimus Pendergast. _ disse Harry _ Até agora, só operações das quais já tínhamos conhecimento. Parece que Umbridge era peixe médio no Círculo.
_Epa, aqui tem coisa grande. _ disse Shacklebolt _ E as ramificações desse plano vão até o Palácio Real.
_Teremos de providenciar proteção para eles, então. _ disse Harry.
_Vou colocar Tonks no caso. _ disse Shacklebolt _ Ninguém melhor do que uma Metamorfomaga, para circular pela Corte, sem despertar suspeitas.
_Pode contar comigo. _ disse ela _ Claudiomir, de onde vêm esses reflexos e a tomada rápida de decisão?
_Do nosso treinamento, Tonks. Esse é um dos atributos que aprimoramos durante a formação. Nossos princípios são a agressividade controlada, o controle emocional, a disciplina consciente, o espírito de corpo, a flexibilidade, a honestidade, a iniciativa, a lealdade, a liderança, a perseverança e a versatilidade. Muitos têm a idéia de que o policial do BOPE é um brutamontes que só sabe dar porrada em vagabundo... bem, isso faz parte do jogo, mas a gente também pensa e tem de pensar rápido, porque qualquer hesitação, parceiro, a vala está ali mesmo, só esperando pelo otário.
_Os filmes “Tropa de Elite” 1 e 2 e aquela operação conjunta no Rio, em 2010, já dizem tudo. _ comentou Rony _ O raciocínio deve ser rápido, pois pode fazer a diferença entre viver ou morrer.
_Agora que sua missão está cumprida, Claudiomir, o que vai fazer?
_Preciso voltar para o Rio, Shacklebolt. Ainda há muito o que fazer por lá, agora que o Círculo Sombrio está associado aos traficantes. Mas, ao que tudo indica, poderemos expulsá-los mais uma vez do Complexo do Alemão.
_Se precisarem de mim mais uma vez, estou às ordens. Tanto eu quanto as cobras. _ brincou Harry, lembrando-se do susto em Zezinho “Microondas”.
_Será sempre bem-vindo, Harry. _ disse Claudiomir _ Você já é membro honorário do BOPE, lembre-se disso.
_E quanto a Milena Kersey, Capitão Claudiomir? _ perguntou Draco, com um sorriso.
_Já nos despedimos em Hogwarts, Sr. Malfoy. Ela viajará ao Rio, nas férias de verão, para viajarmos pelo Brasil. Afinal de contas, ainda estão me devendo algum tempo de férias e eu acredito que muitos ficarão felizes se eu tirá-las. Mas, até lá, ainda haverá muito o que fazer para manter a ordem na Cidade Maravilhosa.
_Então, acredito que você irá precisar disto aqui. _ disse Rony, passando uma caixinha às mãos de Claudiomir _ Abra e veja o que tem dentro.
Claudiomir abriu e mostrou aos outros o que havia: uma corrente de ouro, com um pingente representando um trevo de quatro folhas.
_Ora, Rony, um símbolo de sorte? _ perguntou Claudiomir.
_Não apenas um símbolo, Capitão Claudiomir. A corrente é comum, mas o trevo foi fundido com ouro proveniente de fios retirados do Velocino de Ouro.
_???
_Um dos Aurores Especiais, um “Camaleão-Fantasma” de codinome “Banshee”, retornou de uma missão na Abkhazia, trazendo um chumaço de fios.
_Velocino de Ouro? _ perguntou Claudiomir _ O pelego místico que Jasão e os Argonautas foram procurar... mas claro! A Cólquida situava-se onde hoje é a Abkhazia, a região que ainda está em conflito separatista com a Geórgia! E, segundo as lendas, o Velocino de Ouro traria poder e fortuna ao seu possuidor.
_O Velocino inteiro, sim. Mas um chumaço de fios de lã de ouro deve trazer ao menos um pouco de sorte. _ comentou Harry, satisfeito em saber que um poderoso amuleto estaria nas mãos de alguém que merecia e precisava.
_Você vai retornar ao Brasil ainda hoje, Claudiomir? _ perguntou Arthur.
_Sim, Ministro. Aliás, devo agradecer ao Ministro da Magia do Brasil pelo Feitiço de Ampliação Interna em minha mala. Não precisarei nunca mais ter preocupações com excesso de bagagem. _ todos riram.
_Vou providenciar uma Chave de Portal no Departamento de Transportes Mágicos. _ disse Arthur _ Você chegará ao Rio de Janeiro quase que instantaneamente.
_Que bom. Creio que os bandidos dos morros devem estar morrendo de saudades de mim. _ disse Claudiomir, com seu sorriso safado.
_Muita saudade, com certeza. _ disse Harry, rindo _ Lembranças minhas ao Nogata.
_Com certeza, ele vai gostar de saber que tudo deu certo por aqui. Bem, agora está na hora de ir...
Um casal aproximou-se do grupo.
_Não poderíamos deixar de conhecer um oficial de uma unidade de elite tão famosa. Todo o Ministério está comentando o fato de vocês terem pego o falso Kingsley Shacklebolt. Muito prazer, sou Neville Longbottom.
_Ora, o Chefe do Departamento de Pesquisa Farmacológica Bruxa do Ministério da Magia. _ disse Claudiomir, cumprimentando Neville _ Então, esta bela dama só pode ser a Pesquisadora-Chefe do Departamento de Feitiços Experimentais, sua esposa, Luna.
_Exatamente, Capitão. _ disse Luna _ Harry nos contou suas aventuras no Rio de Janeiro, quando subiu o Complexo do Alemão, juntamente com o BOPE.
_E, para mim, ele contou as aventuras das quais vocês participaram, desde o tempo de estudantes. Enfrentando perigosos Death Eaters, já aos quinze anos e derrotando Voldemort aos dezessete. Vocês merecem mesmo o título de heróis da Bruxidade.
_Na verdade, heróis são vocês, que estão todos os dias na linha de fogo, para garantir a ordem. _ disse Neville _ Mudando de assunto, tenho novidades. Aquela poção para potencializar os anti-retrovirais está pronta. Não proporciona uma cura definitiva, mas reduz a carga viral e modula a imunidade, mantendo uma contagem satisfatória de CD4. Vamos mandá-la para os laboratórios e logo será adicionada aos medicamentos trouxas, para poporcionar uma melhor qualidade de vida aos doentes.
_Meu irmão, Christian, é que vai gostar. _ disse Arthur Weasley, lembrando-se do irmão, Medi-Bruxo que trabalhava com organizações humanitárias bruxas e trouxas, principalmente em países mais atingidos por graves epidemias _ Ele esteve no Quênia e agora está na África do Sul, trabalhando com os pacientes HIV-positivos de lá.
_Soube que começaram a surgir alguns casos em bruxos. _ disse Rony, preocupado.
_Até agora, cinco casos foram identificados em bruxos, em todo o mundo. Somos menos suscetíveis, por alguma razão desconhecida. Meu próximo passo será estudar essa característica e tentar reproduzi-la, de modo a beneficiar tanto bruxos quanto trouxas, no seu tratamento. _ disse Neville.
_E já faz algum tempo que não nos vemos, Draco. Como vai o CEO das Empresas Malfoy? _ perguntou Luna.
_Temporariamente licenciado, Luna. Resolvi aceitar seu conselho e passar uma temporada na Clínica/Spa de seus tios, no Brasil. A administração das empresas ficou com Marilise e com o Prof. Mason.
_Você vai gostar do Spa da Tia Cassie. Então os pesadelos continuam?
_Sim, mas acredito que vamos resolver tudo. Bem, está na hora de irmos.
No Departamento de Transportes Mágicos, Marieta Edgecombe entregou para Claudiomir uma caixa de DVD.
_Ora, “Tropa de Elite 2”? Bastante significativo. _ disse Claudiomir, olhando para o título _ Então, só preciso ficar segurando o objeto?
_Exatamente. _ disse Marieta _ Em um instante, o senhor estará na Estação de Transportes Mágicos do Leme.
_Bem, está na hora. _ disse Claudiomir _ Espero por vocês, lá no Rio.
_Iremos, assim que possível. _ disse Shacklebolt _ Boa viagem.
_Lá vou eu, então. Um, dois e... TRÊS!!
Com um brilho, o Capitão Claudiomir desapareceu, rumo ao Rio de Janeiro.
_Alguém disse a ele que a sensação das primeiras viagens com Chave de Portal é a de estar em um ciclone? _ perguntou Neville.
_Puxa, acho que esqueci de avisá-lo. Mas não fiquem preocupados, ele vai descobrir, logo, logo. _ disse Harry, com um sorriso maroto.
_Não nega que é filho do Tiago. _ disse Arthur, rindo.
_Bem, creio que também já está na minha hora. _ disse Draco, conferindo o relógio _ Vou tomar uma Chave de Portal para Porto Alegre e de lá alugar um carro, para ir até Gramado. A Serra Gaúcha é algo para ser apreciado e, se eu aparatasse, perderia o prazer de ver aquelas paisagens. Os plátanos devem estar começando a ficar com a folhagem amarelada.
_Diga à Tia Cassie e ao Tio Luiz que mandamos um abraço e que, assim que possível, iremos visitá-los. _ disse Luna.
_Pode deixar. _ disse Draco, segurando um boneco do personagem Ichigo, de “Bleach”. Em um instante, o loiro também rodopiava, em direção ao Rio Grande do Sul.
Um homem loiro e alto, vestindo um elegante terno estilo Saville Row cinza-grafite, teclou 6-2-4-4-2 na cabine telefônica e recebeu o seu crachá prateado, logo após dizer o motivo de sua visita. Chegando ao Átrio, localizou o grupo de bruxos e sorriu, aliviado.
_Harry Potter, mas que bom encontrá-lo aqui. _ disse o homem, aproximando-se do grupo _ Entrei em contato com Hogwarts e o Vice-Diretor Snape me disse que você havia vindo para o Ministério, em uma missão. Como eu já tinha de vir, para tratar de um assunto com o Ministro Weasley, poderei resolver as duas questões.
_Bom dia, Alteza. _ disse Arthur Weasley, dirigindo-se ao recém-chegado, fazendo uma reverência e sendo seguido por todos os outros.
_Aah, Ministro Weasley, deixemos as formalidades para as cerimônias oficiais. Na verdade estou contente, pois sei que aqui estou entre amigos.
_Como quiser, Príncipe Harry. _ disse Arthur, apertando a mão que lhe era estendida pelo segundo filho de Charles e Diana, Harry Charles Albert David Mountbatten-Windsor, irmão mais novo do atual Rei, William Arthur Philip Louis Mountbatten-Windsor, já conhecido da Bruxidade e que, juntamente com ele, esteve presente ao julgamento de Draco Malfoy, quando o Círculo Sombrio armou a falsa acusação de associação para o tráfico de drogas (*Ler os Capítulos 20, 21 e 22 da Fanfiction “Harry Potter e o Círculo Sombrio”*).
_O que o traz ao Ministério, Príncipe? _ perguntou Harry, cumprimentando seu xará real.
_Duas coisas, Harry. _ disse o Príncipe _ A primeira delas é com o Ministro Weasley. Vim avisar que as instalações do Parlamento estão disponíveis uma vez mais para sediar o Congresso da Confederação Internacional dos Bruxos, que irá realizar-se em Londres, neste ano, no solstício de inverno.
_É mesmo, lembro-me de que na última vez em que o Congresso realizou-se na Inglaterra, sua avó presidiu a cerimônia de abertura. _ disse Rony.
_Sim, é verdade. _ disse Arthur _ Foi há dez anos. Que Deus tenha sua Majestade em bom lugar.
_E a segunda delas, bastante importante, é que preciso de sua ajuda, Harry. Poderia ir comigo até o Castelo de Balmoral?
_Com certeza, Príncipe. _ disse Harry _ Poderemos, inclusive, ir de Chave de Portal, para economizarmos tempo. Amigos, até mais tarde.
_Excelente, Harry. Avisarei os seguranças para que não fiquem preocupados. _ disse o Príncipe, utilizando um celular enfeitiçado.
Logo depois, Harry e o Príncipe rodopiavam rumo ao Castelo de Balmoral, na Escócia, segurando um guidão de bicicleta, convertido em Chave de Portal. Lá chegando, largaram-no no jardim e entraram no castelo, sendo cumprimentados pelos empregados.
_O que foi que houve, Príncipe?
_Foi hoje pela manhã. Estávamos passando alguns dias aqui, antes das crianças retornarem à escola. Assim que vi, entrei em contato com Hogwarts e tentei falar com o Diretor Black, para saber de você. Ele não estava no gabinete e o Vice-Diretor Snape me disse que você estava no Ministério, em uma missão. De toda a Bruxidade, somente em você eu confiaria para contar e mostrar isto. Imediatamente, peguei um vôo para Londres e fui ao Ministério.
_As crianças devem estar grandes. _ comentou Harry.
_Victoria está com nove anos e Andrew com oito. São o meu orgulho, mas hoje me deram uma grande preocupação.
_Como assim, Príncipe?
_Veja por si mesmo, Harry. _ disse o Príncipe, abrindo a porta do quarto das crianças.
O chão estava inteiramente forrado por colchões e aquilo tinha uma boa razão. Victoria e Andrew estavam de pernas cruzadas, cantando uma velha cantiga infantil que liam em um livro, “Sing a Song of Sixpence”:
“Sing a song of sixpence,
a pocket full of rye,
Four and twenty blackbirds,
baked in a pie.
When the pie was opened
the birds began to sing,
Oh wasn't that a dainty dish
to set before the king?
The king was in his counting house
counting out his money,
The queen was in the parlour
eating bread and honey
The maid was in the garden
hanging out the clothes,
When down came a blackbird
and pecked off her nose!”
A diferença era que as crianças estavam fazendo aquilo flutuando, a cerca de cinco metros de altura, no meio do quarto.
É, agora entendo o que quis dizer, Príncipe. _ disse Harry, olhando para cima e vendo as crianças a cantar, despreocupadamente _ Creio que é hora de trazê-las para baixo. Vamos até elas?
_Como subiremos até onde elas estão?
_Assim. “Wingardium Leviosa”. _ disse Harry, apontando a varinha para o Príncipe e, enquanto ele começava a elevar-se, concentrou-se e pôs-se a levitar. Logo os dois estavam na mesma altura das crianças.
_Papai! _ disse Andrew _ Veio brincar conosco? Quem é esse senhor?
_Bom dia, jovens Altezas. Meu nome é Harry Potter.
_O senhor tem o mesmo nome do papai. _ disse Victoria _ E o que é isso na sua mão?
_É uma varinha, Princesa. _ disse Harry.
_O senhor é um bruxo? Bem que papai disse que eles existiam de verdade.
_Sim, sou. Como chegaram aqui em cima?
_Sei lá, Sr. Potter. _ disse Andrew _ Começamos a ler este livro antigo, “Nursery Rhymes” e, sem mais nem menos, começamos a subir e chegamos aqui.
_A camareira ficou assustada e chamou papai. _ disse Victoria.
_Eu olhei para eles e, não sabendo como fazê-los descerem, mandei que colocassem colchões no chão, para o caso deles caírem e tentei procurar você em Hogwarts. O resto é o que você já sabe.
_OK. Bem, está na hora de descermos. Vamos nos dar as mãos.
Harry deu as mãos a Victoria e Andrew, que deram as mãos a seu pai. Utilizando o “Xiangua”, modulando Ki e Magia, Harry fez com que os quatro descessem, suavemente, indo pousar sobre os colchões no chão do quarto.
_O que foi isso, Harry? _ perguntou o Príncipe _ O que foi que meus filhos fizeram?
_Isso chama-se “Emissão Mágica Involuntária” e é a primeira manifestação de magia em uma pessoa, independente do fato de sua origem ser bruxa, mestiça ou trouxa. _ disse Harry _ Ocorre somente na infância, havando uma única exceção em todo o mundo, a Profª Janine Malfoy, professora de Feitiços em Hogwarts. Ela foi a única pessoa, até hoje, a manifestar magia na adolescência, aos dezesseis anos de idade e é conhecida como “A-Trouxa-Que-Virou Bruxa”.
_Então, quer dizer que...
_... Que o Príncipe Harry é o pai de um casal de simpáticos bruxinhos. E isso terá algumas conseqüências.
_De que tipo, Sr. Potter? _ perguntou Andrew, curioso. Ele e a irmã estavam excitados com aquela novidade, descobrirem-se bruxos.
_Será melhor que vocês concluam o Fundamental Junior em uma escola especializada, a “Lady Diana”, onde grande parte dos alunos é de pequenos bruxos, de todas as origens.
_Não é nessa escola que leciona a esposa de um Auror licenciado, Derek Mason, se não me engano? _ perguntou o Príncipe.
_Sim, Marilise Mason é mãe de Janine e de Sabrina, que é aluna do primeiro ano, em Hogwarts. Além disso, os dois dividem as responsabilidades de administração das Empresas Malfoy, durante a licença de Draco. Lá eles poderão concluir o Fundamental Junior, sendo orientados no uso e controle dos poderes.
_E além disso...
_... Dentro de poucos anos, teremos a realeza freqüentando Hogwarts. Ficaremos honrados em recebê-los como alunos, para que possam usar seus poderes em benefício do mundo. Isto é muito importante pois, como sabe, nem todo bruxo é bom.
_É, eu sei. Vovó me contou o que aconteceu na cerimônia de posse do Ministro Weasley, quando vocês impediram que ele e a Vice-Ministra, Amélia Bones, fossem envenenados por um assassino a soldo daquele bandido bruxo, o tal de Lord Voldemort (*Ler o Capítulo 24 de “Harry Potter e o Legado de Avalon”*).
_Não se preocupe, Príncipe Harry. Logo receberão a visita de alguém que irá orientá-los sobre como proceder. Até lá, fique com o número do meu celular. Qualquer coisa, me ligue.
_Bruxos com celular. Os tempos mudaram. _ brincou o Príncipe.
_Não podemos ficar estagnados. Magia e tecnologia não são antagônicas, pelo contrário, podem complementar-se muito bem. No trabalho de Auror, é bastante útil.
Harry dirigiu-se à saída, a fim de desaparatar para Hogwarts. No hall de entrada, o mordomo aproximou-se e, ao entregar seu casaco, falou:
_Com licença, Sr. Potter, eu poderia falar com o senhor, reservadamente?
_Com certeza. _ disse Harry, olhando com atenção para o rosto do mordomo. Então, entraram em um gabinete, franqueado pelo Príncipe _ Eu jamais iria negar-me a conversar com um mordomo que tivesse a cara de Sir Alec Guinness. Não a vejo há algum tempo, “”. O que aconteceu?
_Muita coisa, Harry. _ disse a informante _ “Escuridão” está furioso com o fracasso da operação na Abkhazia e eu creio que vai ficar ainda mais, quando souber que o falso Shacklebolt falhou em sua missão e que Dolores Umbridge está morta. Ele ainda tinha planos para ela.
_O Círculo não está planejando nada de novo, “π”?
_Parece que sim, Harry. Só que “Escuridão” está cada vez mais desconfiado de que há vazamentos de segurança na organização. Por isso é que tenho ficado tanto na “sombra”, se me perdoa o trocadilho.
_De certa forma isso é bom. _ disse Harry _ Quanto mais tenso “Escuridão” ficar, também estará mais propenso a cometer erros.
_Sim, esse ponto de vista tem fundamento. Está difícil conseguir informações, há coisas que ele não compartilha nem mesmo com “Sombra” ou com Mariana. Mas eu soube que ele está planejando coisa grande, algo de repercussão internacional.
_Pode dar mais algum detalhe, “π”? _ perguntou Harry.
_Não tenho nada de concreto, mas notei que ele anda estudando muito um certo volume do Necronomicon, que trata de experiências alquímicas antigas, remontando ao tempo no qual ele foi escrito por Abdul Alhazred, em 730 d.C., em Damasco. Há algumas descrições de aparelhos com tecnologia e fontes de energia que ainda não haviam sido desenvolvidos naquela época, mas não pude olhar por tempo suficiente para perceber detalhes, pois ele fechou o livro e guardou-o em um cofre.
_Acha que o Círculo pode estar preparando um novo golpe, envolvendo atentados QBN?
_Não duvido, Harry. Vou retornar e ver o que mais consigo descobrir.
_Boa sorte, “π”. _ disse Harry.
_Obrigada, Harry. Até mais.
_Até mais, “π”. _ Depois de despedir-se, Harry juntou-se ao Príncipe.
_Não fique preocupado, Príncipe. Logo virá alguém para orientá-los. Até a próxima.
_Até, Harry. _ despediu-se o Príncipe, com um aperto de mão. Em seguida, Harry desaparatou, em direção a Hogwarts, enquanto o Príncipe murmurava para si mesmo ao ver o bruxo desaparecer à sua frente _ Gostaria de saber qual a sensação de desaparatar, como eles fazem. Bem, vamos cuidar da vida.
Hogwarts, naquele mesmo dia
Albert Pettigrew estava na Biblioteca, sozinho, sentado a uma mesa estrategicamente posicionada em um canto, de costas para a parede. Ele não queria que ninguém, nem mesmo seus amigos Waverly e Portman, bisbilhotasse o assunto de sua leitura. Inclusive, dissera aquilo a eles de uma forma bem enfática, ao alcance das curtas mentes dos dois brutamontes. Mas, na verdade, aguardava a chegada de uma pessoa, que poderia ajudá-lo a esclarecer suas dúvidas. Enquanto esperava por ela, rabiscava em uma folha em branco, distraidamente, sem perceber que seus rabiscos começavam a tomar forma. Dali a pouco, sentiu um par de mãos tampando seus olhos.
_Bom dia, Leilane. Só podia ser você, descobrindo o único caminho para chegar por trás de mim. Além disso, seu perfume é inconfundível. “J’Adore”, de Christian Dior.
_Assim não vale, Albert! _ exclamou Leilane Jordan _ Não dá para te surpreender, de maneira alguma!
_A forma Animaga do meu pai era a de um rato. Acho que herdei a audição e o olfato dele. _ disse Pettigrew, com um sorriso.
_Que bom que você está bem resolvido quanto ao passado do seu pai. Remoer aquilo só estava lhe fazendo mal. _ disse Leilane, sentando-se ao lado de Albert e prestando atenção no assunto de sua leitura _ Uau! “Fundamentos de Metempsicose”, “Transmigração de Espíritos”, “Metempsicose Compartilhada Espontânea e Forçada”... mas isso não é meio adiantado para o primeiro ano?
_Pode ser, Leilane. Mas estou com algumas dúvidas, envolvendo principalmente possibilidade de Metempsicose Compartilhada Espontânea e Forçada. Você acha possível dois espíritos compartilharem um só corpo? _ perguntou Pettigrew.
_Difícil, porém não impossível. _ respondeu Leilane _ Minha mãe tem bastante conhecimento nesse assunto, você sabe. Além de bruxa, ela sempre teve a mediunidade bem desenvolvida e estudou muito sobre todos esses temas, desde criança. Lembro-me de que ela me disse, certa vez, que dois espíritos podem compartilhar um só corpo, mesmo sem que a pessoa seja um médium a receber temporariamente o espírito, embora seja meio raro. Os espíritos encontram-se em harmonia, caso a Metempsicose Compartilhada seja espontânea, manifestando-se de forma equilibrada, sem que um queira predominar sobre o outro. Mas, caso seja forçada, um espírito sempre irá tentar sobrepor-se ao outro, predominar sobre ele. Isso prejudica o hospedeiro e pode levá-lo à insanidade, caso o seu próprio espírito e o forçadamente transmigrado entrem em um conflito muito grande.
_E é possível que um determinado espírito transmigre e compartilhe um determinado corpo ou ocorre ao acaso? _ perguntou Pettigrew.
_Quase sempre é ao acaso, Albert. Mas, sob determinadas condições, um determinado espírito pode, sim, ser destinado a transmigrar e compartilhar um determinado corpo com seu espírito... residente, podemos definir desta forma. E é perigoso.
_E que condições seriam essas, Leilane?
_Nesse caso, o compartilhamento acabaria por ser forçado, mediante a prática de antigos rituais, atualmente proibidos, pois envolvem contratos com forças arcanas e extremamente perigosas, com oferendas e sacrifícios grotescos a divindades obscuras de civilizações antigas, muitas delas esquecidas, realizados em línguas arcaicas, várias delas mortas. Certa vez, ouvi rumores sobre um desses rituais, em honra a dois deuses egípcios, chamado “Contrato de Seth e Anúbis”. E é muito perigoso retirar um espírito de seu descanso, interromper sua evolução.
_Os dois deuses egípcios das profundezas. Algo mais sobre essa situação, Leilane?
_Sim, algo muito importante, Albert. Uma relação de sangue é necessária.
Aquilo foi como que um relâmpago, clareando as últimas obscuridades que toldavam o raciocínio de Albert Pettigrew, esclarecendo suas dúvidas. Mas, para confirmar, complementou a pergunta.
_Você quer dizer, um laço familiar, tipo... descendência?
_Exatamente, Albert. _ confirmou Leilane.
O último véu de dúvida acabara de cair. Albert Trelawney Pettigrew começava a juntar as peças do quebra-cabeças. Pelas suas deduções, o espírito de Lord Voldemort havia sido forçado a interromper seu descanso, seu processo de evolução, retornando através de uma Metempsicose Compartilhada Forçada, para o corpo de uma pessoa encarnada, cuja manifestação era o “Avatar das Trevas”. E quem estava por trás de tudo era o Círculo Sombrio. De alguma forma, “Escuridão” havia conseguido aprisionar o espírito do maior bruxo das Trevas da atualidade, submetendo-o aos seus desígnios criminosos. E, para isso, havia conseguido descobrir alguém cuja existência a Bruxidade sequer desconfiava: um descendente. Para todos, o conhecimento era de que o Lorde das Trevas não havia deixado descendentes legítimos. E agora ele descobrira que havia um em Hogwarts, que disfarçava sua verdadeira identidade por detrás daquela máscara de prata, esculpida com as feições viperinas de Lord Voldemort. Mas quem seria o “Avatar das Trevas”?
Pettigrew foi despertado de suas elocubrações por um beliscão, dado por Leilane Jordan.
_Ai, Leilane! _ exclamou Pettigrew _ Por que você fez isso?
_Preste atenção nos seus rabiscos, tapado! O que você acha que está fazendo? Quer me magoar ainda mais?
Os rabiscos que Albert Pettigrew fazia, inconscientemente, na folha em branco, haviam tomado forma. A forma do rosto de Narcisa Malfoy.
_Leilane... _ Pettigrew tentou desculpar-se.
_Sem desculpas. Vamos sair daqui.
No pórtico, Leilane continuou a repreender Albert.
_Acha que não me dói nada ver que você, mesmo com tudo o que já aconteceu, ainda fica desenhando o rosto dela? Gosto de Narcisa, ela é uma boa amiga, mas não suporto ver que você não consegue tirá-la da cabeça. Não adiantou ela ter ameaçado fazê-lo falar fino para o resto da vida? Não bastaram as vezes em que Tiago fez com que suas armações toscas se voltassem contra você mesmo? Pensei que você tivesse aprendido a lição, mas acho que me enganei. _ Leilane McCorkindale Jordan tinha lágrimas nos olhos e o lábio inferior estava trêmulo. Vendo aquilo, Albert Trelawney Pettigrew achou que já era hora de resolver a situação.
_Leilane, sinto muito. Sei que você fica magoada, mas espero que creia em mim, estou conseguindo tirar Narcisa Malfoy da cabeça, este desenho foi uma distração. Acredite, a última coisa que quero é magoar você. Inclusive, nas últimas semanas, tenho pensado muito em você e nas coisas que você me disse. Não sei se é certo aproximar-se de uma pessoa para esquecer outra mas, se há alguém que pode pôr fim a essa fixação, esse alguém é você.
_Você jura? _ perguntou Leilane, enxugando as lágrimas e sentando-se na mureta do pórtico, ao lado de Albert, segurando as mãos dele _ Não minta para mim, eu não suportaria.
_Mas eu sempre pensei que você estivesse brincando, Leilane. Não sei como e nem porque alguém iria interessar-se por um cara todo errado como eu. Se bem que, como eu disse, tenho pensado muito em você nessas últimas semanas e não somente como uma colega de Casa. Acho que estou gostando cada vez mais de você e isto está me fazendo muito bem, quer eu seja correspondido ou não.
_Você acha mesmo que não é correspondido? Você considera-se mesmo um cara todo errado? Em nome de Merlin, Morgana e Viviane de Avalon! Ou você é mesmo muito tapado ou sua fixação pela Narcisa e por vingar-se de Tiago não está te deixando ver o que está debaixo desse seu nariz. Abra os olhos e finalmente perceba o que todo mundo, menos você, já percebeu.
_E o que seria? _ perguntou Pettigrew, apenas para fazer-se de desentendido, pois já sabia qual seria a resposta.
_Que eu te amo, seu rato idiota! _ exclamou Leilane, soltando suas mãos das de Pettigrew e segurando seu rosto.
O contato daquelas mãos macias fez com que um inesperado calor tomasse todo o corpo de Albert Pettigrew, que não conseguia enxergar nada além daquele belo rosto de pele cor de chocolate, que aproximava-se mais e mais do seu. Os lábios de ambos uniram-se em um beijo que dizia tudo, nenhum dos dois importando-se com quem quer que presenciasse a cena.
_Vou cobrar esta de vocês dois, casalzinho apaixonado! _ exclamou Larissa Bulstrode Wiesenthal, cujo sorvete acabara de derreter-se em suas mãos, devido à emissão mágica involuntária do casal de sonserinos.
_OK, Larissa, eu te pago um outro sorvete, para compensar esse daí, que derreteu. _ disse Pettigrew, rindo junto com Leilane, ambos rubros como cerejas com o comentário da colega _ Aliás, acho que todos estamos precisando de um.
Entre risadas, foram à cantina para um bem merecido sorvete, pois os dias já não estavam mais tão frios.
Adentrando a Biblioteca, Harry procurou pelos livros que lhe interessavam, encontrando-os sobre a mesa que Albert Trelawney Pettigrew e Leilane McCorkindale Jordan haviam acabado de desocupar (“Quem mais poderia estar pesquisando sobre este mesmo assunto? Será que Murta esteve por aqui? Preciso falar com ela e ver o que ela pode ter descoberto”, pensou o bruxo).
As pesquisas de Harry Potter e Albert Pettigrew estavam convergindo para o mesmo ponto, sem que um soubesse do outro. Que implicações elas poderiam ter? E quem poderia ser o misterioso “Avatar das Trevas”, de cuja existência Pettigrew sabia, mas Harry não tinha conhecimento? Qual seria o novo golpe que o Círculo Sombrio estava preparando e que “” procurava descobrir de que se tratava?
Logo as peças começariam a movimentar-se no tabuleiro, para uma nova investigação e um novo confronto com o Círculo Sombrio.
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