O baque
Harry acordou bem cedo naquela manhã, por ter dormido também cedo no dia anterior. Decidiu então ir ao quarto, ver Gina e se possível acorda-la para que contasse que convidou os amigos pra o jogo e também já estava com os ingressos na mão. Bateu três vezes na ilustre porta de madeira com um brilhante bordado de ouro que antecedia o quarto do casal. Nada aconteceu e com um pouco de pressa decidiu abri-la. Gina não se encontrava ali. Começou a ficar preocupado, como era possível sua esposa sequer voltar pra casa? Ela nunca havia chegado depois do anoitecer, muito menos passado a noite fora.
Não sabia onde começar a procurá-la, então decidiu esperar na sala de estar. Vinte minutos, trinta, uma hora. Quando completaram duas horas de espera Harry decidiu ir à casa do Sr. e Sra.Weasley para ver se eles teriam notícias dela. Depois de aparatar e ver “A Toca”, Harry se dirigiu à porta e bateu na mesma três vezes. Molly Weasley o atendera e rapidamente Harry viu que algo sério estava acontecendo. Haviam cochichos chorosos vindo de dentro da casa e a Sra. Weasley estava com o rosto completamente úmido com suas próprias lágrimas. Harry àquela altura já estava extremamente preocupado e a Sra. Weasley pediu para que ele entrasse.
- Ha... Harry, a... a Gina... ela está, ela está morta. – disse Molly com uma voz rouca e extremamente frágil.
Aquilo simplesmente perfurou completamente seu cérebro e não conseguia mover um músculo sequer depois do que Molly havia dito. Em sua mente só podia ser um pesadelo, ou então algum delírio.
- Como assim Sra.Weasley? A Gina... Ela não pode estar morta. Eu a vi ontem de dia, antes de ir comprar os ingressos para o jogo da Copa, me diz, por favor, que isso não passa de uma brincadeira de mau gosto. – Harry não conseguia imaginar o que havia acontecido.
- Harry, me dói... Dói-me muito te dizer isso, porém ela andava muito preocupada com o relacionamento de vocês dois, sabe? Ela tentou preparar uma poção do amor, para que ela sentisse que você realmente a amava. – Sra. Weasley viu naquele momento o olhar incrédulo de Harry. – não que você não a amasse, não é mesmo?
Aquelas palavras foram ainda piores que as primeiras. Não podia acreditar naquilo tudo, simplesmente não podia acreditar que havia acabado com a vida de sua própria esposa por culpa de sua obsessão por Hermione e o amor que não mostrava mais a Gina.
- Ela andava muito insegura, sabe Harry? – chorava Sra.Weasley tentando explicar a situação. – Acabou que ela fez essa poção e cometeu um pequeno erro, que se transformou em fatal. Ela, bem, ela bebeu para experimentar o efeito, só um pouco, para ver se a poção estava boa. Se ela não o tivesse feito, a vítima seria você Harry. Ah, Harry, não consigo mais dizer nada.
E com essas palavras se retirou da sala gaguejando e chorando muito, e no momento seguinte Arthur Weasley entrava pela entrada lateral que ligava a cozinha. Parecia pelo menos vinte anos mais velho do que o normal. Seus olhos inchados eram facilmente perceptíveis e provavelmente ele havia arrancado os poucos cabelos que ainda sobravam em sua cabeça.
- Harry, eu... – começou o Sr.Weasley, e com uma breve pausa continuou, - eu não sei nem o que dizer. Você deve estar extremamente abalado assim como nós. Não sabemos como vai ser daqui pra frente. Sabe, os meus netos, e tudo mais. Harry, não sei por onde recomeçar.
Era a primeira vez que via o Sr.Weasley tão entregue e vulnerável. Aquilo acabava com Harry por dentro, aquilo tudo o fazia se sentir cada vez mais culpado. Precisava pensar, precisava ficar sozinho. Desculpou-se e disse ao Sr.Weasley que precisava de um momento só, e então saiu d’A Toca. Rapidamente desaparatou e se dirigiu diretamente para o quarto que costumava ser seu e de sua esposa Gina. Deitar naquele lugar o lembrava de coisas tão boas que esquecera a tanto tempo. Porque tudo aquilo tinha que acontecer logo com ele? Um amor impossível atravessava sua vida desde aquele primeiro dia em Hogwarts até os dias atuais. E aquilo custara uma vida, a de sua esposa. Pela primeira vez em muitos anos, lágrimas caiam de seus olhos.
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