Lua Cheia



Cap. VIII - Lua cheia

[Narração de Julie]


Ah, não. As férias já acabaram, mas parece que não durou nada. Bom, acordei o Remo e nós nos trocamos para descer. Era nossa última manhã aqui na minha casa, nós aparataremos depois do café.

- Bom dia, Remo, bom dia Julie – disse Lily enquanto descíamos as escadas. Ela parecia animadíssima.
- Bom dia – eu e Remo respondemos.
- Estou fazendo ovos para o café! – gritou James da cozinha. – Está ficando ótimo, eu... AAAAAAAAH!

De repente uma fumaça invandiu a cozinha, subiu um cheiro de queimado e nós começamos a tossir. Sirius correu e tirou o James da cozinha, enquanto eu, as meninas e Remo usávamos panelas com água para apagar o fogo.

- Você está bem, James? – perguntei.
- Estou... acho que cozinhar não é meu forte, ainda mais nesses aparelhos trouxas esquisitos.
- Então pode deixar que dessa vez eu preparo uns sanduíches pra gente – riu Lily.

Nós comemos, demos uma última olhada na casa e aparatamos. O expresso saiu às onze horas, como sempre, e reencontramos todos. Achamos uma cabine vazia no fim do corredor, colocamos nossos malões e sentamos.

- Que droga, passou muito rápido – reclamou Sirius.
- Nem me fale – disse Remo completamente desanimado.
- Que foi, Remo? – perguntei.
- É que a lua cheia vem amanhã.
- Ah, Aluado, você vai ter um cervo e um cachorro enorme pra te ajudar – consolou James.
- Não Pontas, é que só de pensar no monstro horrível que vou me transformar já fico angustiado. E se der alguma coisa errada?
- Remo John Lupin – interrompi – Nunca deu nada errado, por que vai dar agora? Quer saber, eu vou com você amanhã.
- NÃO, JULIE, NÃO MESMO! – exaltou-se.
- Ah, Remo.
- Prometa que não vai me acompanhar amanhã.
- Eu... – ai caramba.
- Promete, Julie.
- Mas eu...

Graças a Merlin, alguém apareceu pra me tirar daquela saia justa, por que eu não ia prometer nada mesmo. Não desisti da idéia de acompanhar o Remo, quer ele queira ou não. Rodrigo, irmão da Kath, abriu a cabine e entrou.

- E aí gente? – perguntou animado.

Katherine estava sentada no colo do Sirius e de mãos dadas com ele. Ela demorou um tempinho pra perceber que o irmão estava olhando desconfiado, mas, quando se deu conta, escorregou para o banco e soltou rapidamente a mão, corando furiosamente.

- O-oi, Rodrigo – ela sorriu amarelo.
- Kath, tem uma tal de Belatriz te procurando.
- Belatriz? – todos nós perguntamos assustados.
- É, ela me passou uma cantada e depois perguntou se eu era o seu irmão – ele fez uma careta. – Bom... ela pediu pra te chamar, está no início do trem.
- O que aquela garota quer comigo?
- O que eu sabia já te disse – falou Rodrigo, dando de ombros. – Então... se cuida. – ele mandou mais um olhar desconfiado a Sirius e saiu.
- Kath, toma cuidado – alertei.
- Pode deixar, Julie, eu dou um jeito na Black se ela vier se meter à besta – Kath respondeu, dando um beijo rápido no Sirius e saindo da cabine.

Essa história está muito mal contada. Belatriz procurando a Katherine? Hum, com certeza tem Sirius Black no meio. Estou tão preocupada, espero que o Remo não me faça prometer mais nada, estou decidida.

[Narração de Katherine]

Andei até o início do trem, e encontrei uma cabine com alguns sonserinos. Lá estavam Belatriz, Snape, Rodolfo Lestrange e outros que eu não consegui identificar muito bem, por que a Black saiu correndo ao me ver parada ali fora. Ela estava sorrindo.

- Kath! – ela me abraçou e não foi correspondida. Peraí, Kath?
- Anh... o que você quer comigo?
- Você e o Sirius... vocês estão juntos?
- Estamos – respondi, confiante. Tinha certeza que o assunto era o Si.
- Parabéns, Kath! – ela abriu um sorriso ainda maior e não consegui conter minha expressão de espanto total. – Mas... o que eu quero realmente é me desculpar.
- Se desculpar?
- É Kath, eu impliquei bastante com você, e fiz umas coisas erradas com o Sirius também.
- Mas eu... achei que você me detestasse, Belatriz – soltei.
- Ah, que besteira, era só uma implicância boba – ela piscou -, e pode me chamar de Bela.
- Ah... OK.
- Olha, eu sei que você está confusa, mas eu só queria me desculpar e dizer que mudei, sabe?
- Tudo bem... Bela.
- Então nos vemos mais tarde no jantar – ela me abraçou mais uma vez e caminhou até o interior de sua cabine.

Tem alguma coisa cheirando mal. E o Peter nem está devorando nada muito gorduroso do meu lado. Belatriz Black me chamando de Kath, parabenizando meu namoro e pedindo desculpas? Bom, ela me parecia muito sincera, talvez quisesse ser minha amiga agora. Deixei meus pensamentos pra depois e fui me trocar, com certeza já estávamos chegando.

Todos acharam muito estranho esse papo de reconciliação com a Belatriz. Chegamos no castelo e fomos para o salão principal.

- Se eu fosse você teria cuidado com ela – advertiu Lily.
- Ah, Lily, vamos dar uma chance, quem sabe ela não está se sentindo culpada? – falei.
- Bom, a Kath tem razão, ela pode ter mudado – concordou Julie.

O Sirius não parecia nada feliz com a idéia. Ele podia ter se engraçado com a prima há algum tempo, mas agora não gostava nada dela. Comemos, subimos para a torre e ficamos um pouco com os meninos lá em cima. Estávamos cansadas da viagem, então, nos despedimos e subimos para o dormitório.

- Julie, você já desistiu da idéia maluca de ir atrás do Remo amanhã, né? – perguntei.
- Claro que não. Eu vou e vocês vão me ajudar.
- QUÊ? – perguntamos eu e a ruiva.
- Isso mesmo, mas amanhã explico melhor – ela deitou-se – Boa noite, meninas.

[Narração de Julie]

Nem ao menos consegui dormir direito, não parava de pensar em como iria ser... se iria realmente dar certo. Quando me dei conta já estava amanhecendo, o dia estava meio nublado, intimidador. Bom, como de costume, ao acordar fomos para o salão principal juntas, eu, Kath e a Lily. Quando íamos começar a falar sobre o plano, Belatriz chegou:

- Bom dia Kath! – falou isso abrindo um sorriso e por um momento esquecendo da minha presença e da Lily por lá. Então eu arqueei a sobrancelha e eu e Lily nos retiramos sem dizer nada.
- Meninas! O que foi? Nem esperaram a Bela terminar de falar. – a Kath veio correndo atrás de nós.
- Ah, claro, Kath, não agüento olhar para a cara cínica dessa menina se fazendo de sua amiga! – a Lily respondeu com fúria.
- Tudo bem... – a Kath falou com um ar confuso. Nos sentamos na mesa um pouco mais afastada dos demais e então comecei a falar.
- É, gente, sobre o plano... Bem, eu queria pedir sua ajuda, Lily.
- Ai, Julie, por favor nos diga que desistiu! Não posso ajudar em uma coisa dessas! É perigoso.
- Talvez se James fosse que nem o Remo você me entenderia – falei com uma expressão triste. A Kath me abraçou consolando.
- Tudo bem! Como posso ajudar você a fazer essa besteira? – Lily falou em um tom desanimado.
- Eu tenho que arranjar alguma coisa que me esconda.
- Você pensou na capa de invisibilidade do James? – a Kath falou em um suspiro.
- Como você sabia? – falei assustada.
- Eu também faria isso no seu lugar. – a Kath deu um sorrisinho pra mim.
- Gente, o James nunca me emprestaria a capa! – Lily interrompeu o nosso momento.
- Você sabe que poderia pegar escondido se quisesse. – pisquei para ela.
- Ah, claro, Julie, sempre muito fácil para você.
- Por favor.
- Certo então, vejo o que posso fazer.
- Agora que está tudo “resolvido” podemos ir para a aula? – a Kath disse.
- Ah claro, já estava me esquecendo.

Bebemos um gole de suco de abobora e seguimos para as masmorras. Agora era questão de tempo, a Lily iria pegar a capa para mim. Eu iria conseguir...

[Narração de Lily]

Terminei as duas primeiras aulas e segui com o James para o salão comunal, que por sinal estava vazio. Ele olhou se o dormitório masculino estava livre e então acenou com a cabeça para mim. Entrei e fiquei em pé em frente a sua cama.

- E então, a que devo a essa sua visita, meu lírio? – James falou pra mim enquanto sentava-se na cama puxando minha mão. Na mesma hora avistei a capa, estava atrás dele dentro do malão escancarado.
- Nada, saudades de meu mais novo namorado – falei, sorrindo angelicalmente para ele.
- Hum, quer dizer que tenho uma namorada linda e carente, não é? – falando isso ele me beijou. Retribui seu beijo, sentei no colo dele e então durante o beijo disfarçadamente peguei a capa. Saí correndo logo depois com ela na mão.
- RUIVINHA? RUIVINHA? – ouvia ele me chamar e então respondi enquanto corria.
- ESTOU ATRASADA! DEPOIS AGENTE SE FALA! – eufórica como nunca, com medo de ser descoberta fui até o dormitório das meninas, onde a Julie e a Kath me esperavam.
- E então, conseguiu? – Julie me perguntou assim que me viu subir as escadas.
- Sim! – disse esbaforida. A Julie me beijou na bochecha como agradecimento e disse:
- Eu te amo, Lily! – retribui o seu comentário com um sorriso. Mas não conseguia deixar de notar por trás de toda aquela felicidade um sentimento de culpa e medo em seu olhar.
- Agora eu tenho que ir, já está escurecendo, vou falar um pouco com ele como num dia normal e depois vou descansar enquanto espero a hora certa para sair. Vou logo assim que terminar o jantar. Agente se vê no salão principal - disse Julie.
- Ok – respondemos eu e Kath.

[Narração de Remo]

Encontrei a Julie no salão comunal, ela me parecia ansiosa.

- Há quanto tempo não nos vemos, não é? Esqueceu de mim... um pobre coitado apaixonado – falei enquanto me aproximava mais, e lhe dei um beijo.
- Claro que não, Remo! Deixa de ser bobo! – me respondeu aquela linda voz, mas ainda me parecia estranha.
- Está tudo bem com você Julie?
- Porque não haveria de estar, Remo? Estou ótima – me respondeu com um sorriso que me fez esquecer das minhas preocupações quanto a hoje à noite.
- Que bom, então – falei enquanto me aproximava e lhe dava mais beijos carinhosos. – Tenho que ir meu amor, noite de lua cheia... – concluí com uma expressão não muito agradável.
- Se cuida! – ela me disse, me deu outro beijo e foi para o salão principal.

[Narração de Julie]

A hora chegara, não podia mais voltar atrás. Mas, tenho que confessar, estava com medo. Vesti a capa no banheiro feminino isolado do terceiro andar, passei por Filch e o barão sangrento. Contando os passos para não me esbarrar em nada, afinal não era hora de uma estudante estar passeando por Hogwarts.

Andei uns 10 minutos, e então avistei de longe os Marotos. Me aproximei devagar, a lua brilhava mais forte. Fui para trás de uma moita, escondida e calada. Vi os marotos se transformarem em animais e apenas o Remo não estava, cheguei até a pensar que ele não iria para aquele local esta noite. Mas então eu vi uma coisa grande e corcunda, com pêlos escuros e olhos amarelados surgindo do coração da floresta. Era o Remo, ou melhor, o lobisomem...

Era pavoroso e me arrepiei toda. Novamente o bicho sumiu. Alguns minutos de silêncio se passaram, e senti algo me cheirando por trás. Virei devagar com medo da realidade, e era ele... ele estava atrás de mim. Com seus dentes afiados e saliva escorrendo sem parar.

- SOCORRRO! SOU EU, A JULIE! REMO, PARE! PARE! – ele me arranhava com fúria e me jogou contra o chão. Avançava devagar quando Sirius se chocou contra ele fazendo com que ele tombasse para trás. Depois disso não vi mais nada, estava nauseada, sentia o sangue sair aos poucos de mim.

[Narração de James]

No instante que vi Julie ensangüentada no chão, me transformei em humano de novo. Mandei o Peter ir chamar a Madame Pomfrey. Enquanto isso, eu e o Almofadinhas arrastamos a Julie para um lugar mais plano, afinal, ela desmaiara entre moitas.

- Por que será que ela fez isso? – perguntei confuso ao cachorro.
- Não faço a mínima idéia, mas de uma coisa eu tenho certeza: ela tá muito mal.
- Quando o Aluado souber disso... – não continuei a falar, o Peter chegava não só com a enfermeira, trazia Lily e Kath consigo, as duas apavoradas.
- JULIE? JULIE?! – berrava Lily, enquanto tentava acordar Julie com tapas no rosto que só faziam piorar a situação.
- PÁRA, LILY!- Kath falou, segurando os braços da ruivinha.

Madame Pomfrey levou em uma espécie de maca enfeitiçada o corpo de Julie inconsciente para a ala hospitalar. Ficamos por lá toda a noite esperando notícias, mas a única coisa que a enfermeira falou durante toda a nossa estada por lá é que a Julie se recuperaria, mas que demoraria bastante.

- Pelo menos vai dar tudo certo, não é gente? – Almofadinhas falou.
- É, sem contar que ela deve ficar com cicatrizes horrendas ou algo parecido – a Kath falou em tom de desabafo, mas logo a Srta. Pomfrey interferiu.
- Não se preocupem, garanto que cicatrizes físicas não, mas psicológicas talvez...

Todos pararam para pensar um pouco então fomos para os dormitórios, faltavam três horas para “acordarmos’’ e enfrentarmos o novo dia, o dia que Aluado descobriria que fez a única coisa que não queria por nada nesse mundo.

[Narração de Sirius]

Cochilamos um pouco, mas nada que desse para reverter o cansaço que estávamos sentindo. O Remo já havia voltado e tínhamos decidido que eu contaria o que acontecera ao Aluado. Nos arrumamos e fomos para o salão principal como de costume. Quando chegamos, a Kath e a Lily estavam a nossa espera.

- Bom dia, meninos – Lily falou tentando não demonstrar tristeza, e logo em seguida beijou o James. A Kath fez o mesmo comigo.
- Bom dia meninas, onde está a Julie? Imagino que esteja atrasada como de costume penteando os cabelos – Aluado falou em um tom descontraído.

Todos se retiraram e então ficamos eu e ele, cara a cara. Pensei que não teria coragem para contar.

- Porque eles saíram assim, cachorro? – perguntou ele desconfiado.
- Tenho que te contar uma coisa e achei melhor que ficássemos a sós.
- O que foi Sirius? O que aconteceu?
- Ontem a Julie se machucou, Remo.
- Como? Eu sempre falo pra ela ter cuidado, onde ela se machucou? Onde ela está? Já sei, ela caiu, como sempre! – falou ele se dirigindo a saída do salão e eu interrompi.
- Ela está na ala hospitalar. Ontem à noite... bem... ela foi te ver, e... – não terminei de falar e Aluado teve um acesso de raiva começou a chutar as poltronas, e depois se encostou na parede sem falar nenhuma palavra.
- Não foi culpa sua, Aluado, você não sabia o que estava fazendo. Vai ficar tudo bem – tentei ajudá-lo.
- Eu falei pra ela não ir e ela foi, como não é culpa minha? SOU UM MONSTRO! – depois disso ele saiu da sala e não o vi o dia inteiro.

A Kath me falou que ele não assistiu nenhuma das aulas e passou todo o dia na ala hospitalar, ao lado da Julie. Não dera nenhuma palavra com ninguém.

[Narração de Katherine]

Logo quando amanheceu nos vestimos rapidamente e fomos para a ala hospitalar, ver como a Julie estava. Passamos pelos marotos no salão comunal, o Remo não estava lá. Provavelmente já estaria ao lado da Julie.
Quando subíamos as escadas encontrei Bela.

- Olá Kath! Como você está? – ela falava enquanto a escada se mexia.
- Bem... Meio abalada – disse. - Você soube do que aconteceu com a Julie, não?
- Ah, soube sim, amiga, sinto muito – ela respondeu. As escadas pararam e então me despedi dela e segui com a Lily.
- Você e Belatriz estão mais amigas do que nunca, não? Só por que ela resolveu dar uma de boazinha. Até preocupada com você ela já está – Lily falou em um tom irônico.
- Ela não está preocupada comigo, Lily. E pare com essa besteira – respondi.

Chegamos na sala, e como já era de se esperar o Remo estava ao lado de Julie. Ela estava um pouco melhor, mas continuava desacordada.

- Ela deve se recuperar em uns cinco dias – Srta. Pomfrey falou.
- CINCO DIAS? – eu, Lily e o Remo nos espantamos.
- Sim – confirmou a enfermeira.

Despedimo-nos de Remo e saímos em direção ao salão. No caminho, encontrei o Sirius e nós três fomos para o café.

[Narração de Lily]

Passamos um bom dia, sem contar a aula de Herbologia, que foi um saco.
A Kath não falava direito comigo desde o almoço, estava andando pra cima e para baixo com a Belatriz. Encontrei o James no jardim perto da casa de Hagrid, ele havia terminado o treino de quadribol.

- Olá James – falei chegando por trás dele.
- Meu lírio! – ele me correspondeu com um beijo. – Estava me assistindo jogar?
- Ah, não, acabei de chegar.
- Meu lírio eu queria te perguntar uma coisa, agora que já passou.
- Pode perguntar.
- Bom... é que eu fiquei curioso – ele disse. - Quando a Julie foi atacada pelo Remo, ela estava com a minha capa da invisibilidade na mão.
- Hum. – e agora? Tinha que contar a verdade. – É que, sabe... Ela não podia sair por aí à noite em Hogwarts sem que fosse pega e então ela me pediu uma ajuda...
- Você quer dizer que naquele dia, quando você me beijou no dormitório masculino você se aproveitou para pegar a capa sem ao menos me pedir? - ele falou com raiva.
- Desculpe, não era pra eu ter feito isso.
- Lily, por favor, nunca mais pegue em minha coisas sem me falar. Você podia ter contribuído para a morte de uma de suas melhores amigas – ele me respondeu como quem estivesse muito chateado. - Abaixei minha cabeça e não pude conter minhas lágrimas, estava realmente me sentindo culpada.
- Desculpa, meu lírio, eu perdi a cabeça e não queria ter te dito isso. Ela iria arranjar de qualquer forma... Desculpe – ele falou isso enquanto me acolhia em seus braços e então nos beijamos.

Fomos jantar, e lá encontrei a Kath que agora sentou ao meu lado, entre eu e Sirius. O Remo parecia não nos conhecer e se sentava excluído de todos... Já estava ficando preocupada.

[Narração de Remo]

Não conseguia mais em pensar em nada, era a pior pessoa do mundo. Isso não poderia continuar assim, prometi a mim mesmo que assim que Julie se recuperasse terminaria o namoro com ela antes que acabasse matando-a. Estava realmente triste, daqui a dois dias ela já estaria totalmente recuperada. Com os tratamentos que estava recebendo, começara a recuperar a consciência, mas não abria os olhos ainda, apenas se movimentava devagar.

Bem, as coisas não andam muito bem como todos já sabem, mas, percebi que James e Lily estavam meio diferentes um com o outro. Acho que nada demais. Mas como era muito amigo do James, percebia, que já não se sentia mais tão seguro quanto a Lily.

Tive uma noite de sono melhor do que as anteriores, e como de costume me arrumei e fui ver a Julie na ala hospitalar. Ela já tinha aberto os olhos, estaria de alta amanhã. A vi rapidamente, não queria falar com ela, e então segui para as masmorras. Tivemos uma longa aula de Poções, e assim foi a nossa manhã. O resto do dia não vi a Kath nem a Lily, acho que a ruiva estava com o James e a Kath provavelmente com um dos Black.

[Narração de Sirius]

Kath não subiu para a torre depois do jantar. A vi conversando animada com a Belatriz quando estava subindo. A sala comunal ainda estava cheia, e nós sentamos em uns dos poucos sofás vagos.

- Vocês não estão achando estranha essa aproximação da Kath e da Black? – perguntou Pontas.
- É. Elas parecem amigas de infância – apoiou Lily, que estava abraçando o veado.
- Bom, eu já disse pra ela tomar cuidado – eu dei de ombros. – A Belatriz não brinca em serviço e...

O buraco do retrato se abriu e uma garota entrou, balançando os cabelos castanhos e esboçando um sorriso brilhante. Katharine veio e sentou no meu colo, me dando um beijo no rosto.

- Ah, o-oi, K-Kath – gaguejou Lily, nervosa.
- E aí, galera? – Katherine continuava sorrindo.
- Er... Kath, você estava com a Belatriz, não é? – perguntei.
- Tava, amor, por quê?
- Nada. Só... eu já te disse pra ter cuidado com ela, você pode se dar mal.
- É. Ela é má, anda com aqueles Sonserinos maníacos por artes das trevas – falou Pontas com uma careta.
- Pelo menos ela não parece ir muito com a cara do Ranhoso – acrescentei.
- Ah, gente, qual é – Kath disse, irritada. – A Bela mudou. Ela é muito divertida, conversamos sobre várias coisas. E, se querem saber, ela nem fala em artes das trevas, muito menos naquele tal de Volm... Voldun...
- Voldemort – disse Pontas, sério.
- Ai, esse nome me dá arrepios – disse Lily, assustada.
- Eu acho bem legal – falou Rabicho, também calado até então, entupindo-se com varinhas de alcaçuz.

Que comentário estranho, o do Peter. Todo mundo anda com medo desse tal Lord Voldemort. Nós desistimos de falar sobre a minha prima, já que não ia levar a nada. Ficamos batendo papo até umas onze da noite, quando as meninas resolveram ir dormir.

[Narração de Lily]

Não dormi direito, estou muito preocupada com a Julie. O Remo está muito estranho, o que será que aconteceu? Está na cara que ele se sente culpado demais pelo ataque para pensar em qualquer outra coisa.

O dia amanheceu e eu desci com a Kath. Julie estava dormindo na enfermaria, então, nós não ficamos muito tempo e descemos para o café. Ela voltaria amanhã.

- Bom dia garotas – três marotos disseram em coro. (Peter já tinha se sentado e devorava um prato cheio.)
- Bom dia – respondemos.
- A primeira aula de hoje é...? – Sirius comentou enquanto pegava um pão.
- Herbologia – Kath suspirou.– Que pena, a Julie odeia perder as aulas de Herbologia.

Ouvi alguma coisa que parecia um suspiro muito triste vindo do Remo. Ele estava muito calado, com certeza teve algum problema com a Julie de novo. Bom, eu é que não vou me meter. Pelo menos não agora.

Saímos do salão e fomos direto para as estufas. A professora Sprout não parecia muito animada, talvez a plantação de Asfódelo não esteja dando muito certo. Nós estávamos em frente a alguns potes amarelados cheios de terra quando James me abraçou por trás, animado.

- Será que demora muito para as aulas do dia acabarem? – perguntou sorrindo.
- Jay, o dia mal começou! – arqueei as sobrancelhas.
- Ah, mas eu quero um tempo livre com você – ele fez um biquinho -, e com os NIEM’s próximos está ficando cada vez mais difícil.
- Depois que acabarmos esse ano teremos a vida inteira um pro outro – sussurrei e beijei-o.
- Hem hem – era a professora Sprout. – Com licença, será que o nosso casal poderia voltar a atenção para os Acônitos?

Senti meu rosto chegar a uma cor próxima dos meus cabelos.

- Aco... Acônitos? – perguntou Remo nervoso. Ele parecia estar acordando de um transe. – Usados na... na poção...
- Poção do Acônito ou Mata-Cão, como preferir – a professora sorriu. – A poção é usada no controle de raiva dos lobisomens. Cuidado ao tocar nas plantas, elas são venenosas, coloquem as luvas de proteção!

[Narração de James]

O Aluado ficou aturdido com as tais plantas pra poção do Acônito. Caramba, se ele continuar a disfarçar mal assim Hogwarts inteira vai descobrir que ele é lobisomem. Bom... o dia passou correndo, já que as aulas seguintes não envolviam História da Magia nem Poções.
Depois do jantar subimos para a sala comunal como sempre. Remo disse que precisava ir na biblioteca terminar um trabalho do Flitwick.

- Nossa, o jantar de hoje estava uma maravilha! – comentou Peter, alisando a barriga. – Vou lá em cima pegar uns sapos de chocolate de sobremesa.
- Você não já comeu pudim de sobremesa? – perguntou o meu lírio.
- Ah, não faz mal reforçar.

Nós quatro rimos enquanto Peter entrava no dormitório.

- Amanhã a Julie está de volta! – animou-se Kath.
- É, ela faz falta – Almofadinhas sorriu. – Aposto que o Aluadinho também está louquinho pra matar a saudade.
- Não sei não – Lily disse com a voz fraca. – Ele anda tão estranho... aposto como se culpa pelo ataque e terminou com ela de novo.
- O Aluado é um estúpido – falei. – Ele acha que a gente se importa com o problema dele.
- Ele sofre demais – Lily disse.
- Ei, Kath, se eu fosse um lobisomem você ainda ia me querer? – Almofadinhas perguntou com um sorrisinho.
- Hum... talvez... – ela deu de ombros. – Você é um cachorro e mesmo assim eu te quero. Lobisomem não seria diferente.
- Que bom saber. – O pulguento deu um sorriso malicioso e os dois começaram a se agarrar.

A ruiva olhou pra mim, prendendo o riso, enquanto o casal se beijava no sofá. Fiz um sinal com a mão e nós saímos do salão comunal. Andei com ela até a Sala Precisa e mentalizei um lugar pra gente poder ficar, um lugar bonito. Onde antes era uma parede de pedra comum, uma porta se abriu revelando uma sala com alguns sofás azulados e mesas. Do outro lado havia uma varanda enorme com vista para o céu com almofadas.

- Aqueles dois são loucos – riu ela. – Que lugar legal!
- Qualquer lugar é legal se você está comigo – eu disse, beijando-a em seguida.

Sentamos nas almofadas e observamos as estrelas em silêncio, abraçados. O céu estava muito semelhante ao da noite em que a gente se beijou pela primeira vez. Não segurei um sorriso ao lembrar, mas Lily interrompeu meus pensamentos.

- Jay... – ela não sorria, parecia preocupada – eu estou com medo.
- Medo de quê, ruivinha?
- Do que Você-Sabe-Quem está fazendo, de perder as pessoas que eu amo, de perder meus amigos... perder você.
- Não precisa ter medo, Lily – toquei o rosto dela devagar -, eu vou estar com você sempre, não importa o que aconteça.
- James, eu te amo tanto.

Ficamos nos beijando ali por muito tempo. Ou foram minutos? Quem sabe dias, semanas... Eu tenho Lily Evans do meu lado e é isso que importa. O tempo não faz o menor sentido perto dela.

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