Um dia daqueles!!!

Um dia daqueles!!!



Numa manhã de sol, Humphrey abriu seus olhos e ouviu os pássaros cantando sua repetitiva melodia. Ergueu-se vagarosamente da cama; não estava nem um pouco disposto nesta manhã.
Vindo não se sabe de onde, Ylam, o elfo anão, pulou em cima do jovem mago.
- Mestre, nós temos muita coisa a fazer esta manhã!
- Ylam, por favor, me deixa dormir só mais um pouco... - disse ele, com os cabelos bagunçados pelo travesseiro. - Eu tive um pesadelo essa noite...
- Foi um daqueles, mestre Humphrey? Mas faz tantos anos que não aconteciam...
- Mas desta vez parecia real! Era como se eu estivesse novamente com ela em meus braços... - Humphrey estava triste, depois de muitos anos os pesadelos do dia da morte de Astart voltaram a povoar sua mente.
- Mestre - começou o pequeno elfo, sua voz rouca ressonava dentro do quarto de pedra, do novo Templo Odin -, tem que esquecer, não pode ficar guardando esse ódio para sempre. A mestra Astart não gostaria que o senhor tivesse, junto à memória dela, esse rancor pelo causador desse desastre! É certo que há anos não se sabe onde está o Verom, por isso, deve tentar esquecer.
Humphrey ergueu a cabeça num ímpeto de fúria. Como aquele pequenino elfo se atrevia a lhe dizer como agir? Ia esbravejar, mas no mesmo instante, sua fúria foi reprimida pela lembrança dos momentos que vivera ao lado do elfo.
- Ylam, por favor, só me deixe dormir mais um pouco, sim? Prometo que estarei de pé antes de desjejum!
Vendo que mesmo que levasse toda a manhã dialogando com o guardião do fogo, ele não deixaria de sentir rancor por seu rival em poder, Ylam saiu do quarto.
Verom havia tirado a vida da esposa de Humphrey. Fora mais um acidente, que um assassinato. Pois, quando Verom desferiu o seu ultimo ataque contra Humphrey, no Grande Torneio de Esphata Magus, Astart entrou na frente do marido. Isso poupou a vida do rapaz, mas a menina estava grávida de dois meses, e, não sobreviveu ao ataque.
Ao ver o que havia feito, Verom fugiu, sem deixar rastros. Seu dragão interior chamado Sudalka, já não tinha mais energia para o combate, assim, o filho, reconhecido do terrível feiticeiro Asvuquã, fugiu deixando Humphrey desacordado no campo de batalha, com sua esposa morta ao seu lado.
“Não adianta ficar só com a lembrança...” – pensou Humphrey, enquanto se levantava.
Caminhou até o guarda roupa e apanhou sua túnica negra.
- Mais um dia de aula...


Enquanto o mago caminhava pelo corredor, alguns discípulos vieram em seu encalço. Todos sedentos de conhecimento e ávidos por saber dos mistérios elementais.
- Mestre Humphrey! Mestre Humphrey!
O mago parou e virou com um sorriso indulgente nos lábios.
- Digam, por que esta agitação toda, logo de manhã?
- Mestre, será que pode nos mostrar como conjurar o fogo? – indagou um menino ruivo, de olhos verdes.
- Claro que posso! Só que, tem uma condição... Vocês já cuidaram das suas plantas; fizeram os exercícios de meditação e anotaram as experiências nos seus Livros das Sombras?
Os discípulos perderam a animação instantaneamente. Cuidar das plantas, às vezes, até era engraçado; praticar a escrita no LDS também não era nenhum suplício, mas, fazer os exercícios de meditação, era a coisa mais chata do dia no Templo Odin. Quase nenhum discípulo gostava da prática da meditação.
Como Humphrey estava tomando conta do Templo, enquanto o Mestre Nasrudim estava de férias numa ilha afastada da costa, ele era responsável por ensinar boa parte dos ensinamentos de Nasrudim aos jovens magos.
- O quê é isso? Perderam o interesse pelo fogo elemental? – disse ele, rindo por dentro de ver as caras dos seus protegidos. – Assim que todos terminarem seus afazeres mandem me chamar para a aula de lutas, sim? Agora, quero todos sigam para a sala de meditação.
Os discípulos saíram cabisbaixos pelo corredor, às vezes o guardião do Templo era muito rígido com as regras disciplinares.

Assim que todos haviam feito suas meditações diárias, os discípulos foram levados ao campo de batalha, localizado nos fundos do Templo Odin. Aquele lugar só existia porque, um dia, Humphrey ousou ser inovador. A primeira luta fora com seu irmão Attis.
Ali, o então Mestre Instrutor Sohja Grinn, adotou a modalidade de luta como parte de seus ensinamentos. Depois disso, toda a Terra dos Sete Cometas (Teseco), passou a praticar o esporte de magos. Este recebera o nome de Esphata Magus, e tornou-se realmente popular entre todos os templos do reino.
Embora as tradições fossem adversas, quase todos os templos de magia trabalhavam com os A.I. Assim, não houve Mestre que não estimulasse a prática entre seus discípulos.
Era incontestável o fato de que a prática da luta deixa os discípulos mais fortes e mais preparados para o mundo, quando estes deixassem os templos.
Lutas entre os A.I. de magos já existiam a muitos séculos, porém não eram lutas recreativas. Eram verdadeiros massacres. Quando magos rivais se encontravam em desses duelos, eles não saíam da mesma forma que entraram. Com sorte, um mago poderia sair com 80% dos seus membros intactos; mas sempre terminava com a morte de um dos dois.
Assim, quando Humphrey mostrou ao Templo Odin, na aula de Lutas, que uma luta entre irmãos era possível. O M.I. Sohja, decidiu consolidar algumas regras para que a modalidade tivesse alguma validade esportiva. Desta forma, ele se tornou o criador de Esphata Magus. Como Humphrey ainda era um discípulo, ele não podia ter o esporte registrado em seu nome, mas, podia ser mencionado como inspirador.

Humphrey, ainda vestido com sua túnica negra, caminhou descalço pelo gramado. Seus pensamentos estavam perdidos, em lembranças e desejos. Todos desconexos em sua mente.
“Antes era tão fácil...” pensou ele, “Não era necessário cuidar de ninguém além de mim mesmo”.
- Mestre Humphrey! - Quem bom que o senhor chegou. Estávamos para começar o treinamento. – disse uma menina de cabelos cor de palha. Seu nome era Maleia a única filha de Aurélia.
Humphrey estava agora com seus 30 anos, Tinha passado por maus bocados quando partiu em busca de vingança. Nuca conseguiu encontra Verom, tampouco Asvuquã.
Agora, ele passava seus dias preparando os discípulos do Mestre Nasrudim para uma guerra. Pois, tinha absoluta certeza que Asvuquã estava fazendo o mesmo no Templo Negro de Nahash.
“Se a guerra acontecer mais uma vez, pelo menos eles estarão preparados. Que a Deusa Mãe e o Deus Pai olhem por nós neste dia”.





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