Até que Ponto?
Até que Ponto?
Essa semana está sendo ótima. Vinguei-me do idiota completo do McLaggen, tenho as melhores amigas que posso confiar, estou literalmente bem comigo mesma e não tive nenhuma prova nem nenhum trabalho surpresa. Que maravilha! É nesse ponto que a gente pára e se pergunta o porquê de estar tão bom assim e se daqui a pouco, vai se transformar numa grande merda.
Mas o que está feito,está feito e não podia fazer nada para mudar. Para um ponto de reflexão, estou vivendo a vida para ser feliz. Mesmo que a minha felicidade custe a de outros e demore de mais para acontecer. Tá, não estou tão feliz assim. Todas as vezes que encontro Harry e Gina juntos por esses corredores, me sinto a mais idiota do mundo, por ter confiado e por ter me entregado a um amor não correspondido.
Nessas horas você quer sumir, mas também há horas que você adora ficar por cima de tudo, sempre mostrando que você está de bem com a vida e de bem com todos, que nenhuma pessoa aí, vai te deixar de cabeça baixa e engatar uma depressão. Falando em coisas depressivas, todas as vezes que eu converso com aquela Meg, parece que um sono, uma tristeza me cerca. Se não fosse pelas meninas, acho que nem trocaria uma palavra com aquela garota.
Não que ela seja má pessoa, é que quando o santo não bate, não adianta questionar. Ela está se revelando uma pessoa muito prestativa, sempre nos ajudando nos trabalhos, nos estudos, dando até conselhos sobre moda, que até então, pediam a Hermione aqui, não a ela que acabou de tomar seu espaço naquela escola. E eu não estou com ciúmes. Ciúmes é uma coisa para fracos, e eu não sou fraca...! Que pensamento mais egoísta esse o meu. Posso estar com ciúmes sim, mas não gosto mesmo de pessoas que ficam 'parasitando' meus amigos, amigos que eu conquistei, não ela.
E lá vou eu para a reunião dos monitores. Era engraçado ter que ficar vendo Mc todas as quintas feiras à noite, eu sempre lhe encarando com um sorriso malicioso e ele sempre me evitando sem olhares, conversas e nem um 'boa noite' se quer! Dane-se ele, não tenho mais nada e nunca mais quero ter algo com ele.
Olhei novamente no meu relógio e respirei fundo colocando as mãos para trás. Posso falar que não quero mais nada com ele e essas coisas, mas eu tenho que confessar que já me sinto sozinha de novo. Sabe, não é um 'sozinha' de amor, é um 'sozinha' de companhia mesmo. Eu lembro que não tinha uma noite que eu, Harry e Ron sentávamos naquela sala e confabulávamos, estudávamos e fazíamos muitas coisas ilícitas para essa escola.
Agora, minhas noites – quando bem aproveitadas – resumem-se a ir até o dormitório feminino, ficar ouvindo coisas do tipo 'com que roupa eu vou?' ou até 'meu namorado beija de olhos abertos, isso é um bom sinal?'. É terrível olhando de fora, imagina de dentro como eu. Não que eu não ache legal, mas é a falta de algo útil e da variedade que eu tinha antigamente. Não tenho mais meus amigos de antes, não faço mais parte do grande trio de ouro da escola. Sou apenas mais uma menina que tenta viver sua vida.
Antes, era a amiga inseparável de Harry Potter. Agora, é a Hermione Granger, má, pegadora e muito fresca. Já estou cansando de novo.
Ao passar num dos corredores mais desertos, ouço soluços e choros vindo das escadas para a sala de Astronomia. Paro, dou um passo para frente saindo do breu daquele lugar e reconheço aquele cabelo loiro debruçado em cima dos braços, apoiados num degrau acima do que estava sentada.
- Oh, Anne, o que aconteceu? – Fui até ela colocando uma mão em seu ombro e me sentando ao seu lado.
Ela não respondeu. Ficou debruçada nos braços chorando ainda mais.
- Anne, fala comigo. – A puxei um pouco para trás. Sua cabeça baixa e os cabelos jogados no rosto, impossibilitou de ver seu semblante. Mas nem precisei, me abraçou com força abaixando sua cabeça em meu ombro. – Meu Merlin, está gelada! Onde está seu sobretudo? – Não respondeu. – Calma, pode ficar tranqüila, eu estou aqui... – Passei a mão em seus cabelos dando mais uma olhando relógio.
Que se dane a reunião; Pego as novidades com Ron mais tarde. Anne daquele lado do castelo, sozinha e ainda chorando, só tinha um motivo: preconceito.
Como eu posso decidir o que é certo?
When you're clouding up my mind
Quando você está embaçando minha mente
I can't win your losing fight all the time
Eu não consigo vencer sua luta perdida o tempo todo
Not gonna ever own what's mine
Como eu poderia possuir o que é meu
When you're always taking sides
Quando você está sempre tomando a frente
You wont take away my pride
Mas você não vai tirar meu orgulho
No not this time
Não, não desta vez
Not this time
Não desta vez
Levei Anne para o Salão Principal que estava quase vazio. Sentamos na ponta da grande mesa, lhe dei um copo de suco de abóbora para que acalmasse me sentando ao seu lado. A loira já estava mais calma, mas demonstrava estar ainda muito triste.
- Agora me conta: o que você estava naquela parte do castelo? – O motivo pelo qual estava chorando, era óbvio, queria saber como chegou até lá já que até mesmo de dia, fica perdida, de noite, nem se arrisca sair sozinha.
- Eu- - Limpou a garganta segurando com as duas mãos aquele copo. Seu nariz, seus olhos e suas bochechas, antes brancas, estavam róseas e geladas. – eu me perdi, pra variar um pouco, e-
- O quê?
- Eu vi um grupo de alunos da Sonserina se aproximando, rindo, sei lá o que eles estavam fazendo. – Mexeu as pontas dos dedos. – Eu os parei perguntando se alguém podia me dizer como que eu chegava até o Salão Comunal, mas eles riram de mim. Chamaram-me de burra, me chamaram de ignorante e de criança.
O que se passa na cabeça de um ser desses?
- Um deles, um gordinho, disse que tinha que ser mesmo uma sangue ruim para nem saber onde estava. – Meneei com a cabeça suspirando. – Aí eles come-começaram a brincar comigo, me empurrando de um lado para o outro, uns riam, outros nem sei o que faziam. Pareciam selvagens, acho que alguns estavam bêbados. – Ouvia aquilo aterrorizada. – Tiraram meu sobretudo e fizeram dele mil pedacinhos... Um loiro me pegou, me prensou contra a parede e disse que se eu- - Continuou a chorar. – cruzasse novamente seu caminho, ele ia fazer de tudo comigo, de tudo... – Apoiou-se na mesa e continuou a chorar.
Eu estava estática. Olhava para o nada com uma expressão perdida e sem sentimento. Engoli uma pedra com dificuldade. Anne se acabava na minha frente e eu não conseguia nem me mexer direito.
- Draco Malfoy fez isso com você? – Soltei para seu espanto. Ergueu sua cabeça e olhou dos lados.
- É, os amigos dele chamavam ele de Malfoy. – Dei um murro na mesa que quase todos ouviram.
- Isso é uma injustiça! Você vai dar queixa! – Estava completamente nervosa. Estava até gritando.
- Não, Hermione-
- Lógico que sim, Anne! Isso é um crime, eles não podem fazer isso com você. Não podem te ameaçar desse jeito! – Levantei-me passando uma das mãos na testa. – Eu também sou uma 'sangue-ruim', eu também sei o quanto dói ficar ouvindo essas coisas, mas não seja besta como eu e fique calada... Isso só vai aumentar a confiança nesses idiotas! – Esbravejei. Comecei a pegar um rumo incerto e ela foi atrás.
- Hermione, eles são perigosos! Aquele Draco Malfoy é muito perigoso! – Parei e a olhei profundo e nervoso.
- Do Draco Malfoy, cuido eu. Ele não é doido de encostar um dedo em mim. – Essas palavras saíram com um tom ameaçador, mas era a pura verdade.
- Hermione! O que você vai fazer? – Correu atrás de mim.
- Volta pro quarto. – Ordenei subindo as escadas.
- Hermione!
- Volta pro quarto!! – Gritei sem olhar para trás.
Como nós chegamos aqui?
Well, I used to know you so well
Eu costumava te conhecer tão bem
How did we get here?
Como nós chegamos aqui?
Well, I think I know
Bem, eu acho que eu sei
Anne devia ter parado. Se não tivesse, não era louca de correr como eu corria. Independente de onde Draco estava, eu ia atrás dele. Eu ia atrás dele e ia fazer ele pagar por isso. Por Anne e por mim. Eu sou uma dessas, e se um dia desses, ele resolver me ameaçar também? Isso tem que parar. Ele parou de ser assim, como ele pode voltar?! Já passou dos limites, já passou.
Podiam ter feito coisas piores com ela! E se fosse um aluno do primeiro ano? E se essa pessoa estivesse pronta para reagir e matasse o Draco?! Agora, a raiva tornou-se desespero. Comecei a chorar, deixando as lágrimas caírem sem nenhum pudor. Corria e corria.
A agonia era maior ainda. Passei uma das mãos no rosto e comecei a subir as escadas dos nossos dormitórios. Esteja aí, esteja aí, esteja aí... Sussurrava enquanto chegava a sua porta. Dei leves batidas, ninguém atendia. Mais batidas mais fortes e nada. Encostei a testa na porta com uma das mãos ainda batendo fracamente até ouvir as engrenagens velhas da porta abrirem e se destravarem. Desencostei passando as duas mãos no rosto e se abriu.
Draco abriu a porta sério, mas logo abriu um sorriso ao me ver. Não sei se viu meu estado de choro pois estava escuro, mas o recebi com um forte tapa no rosto que os estalos podiam ser ouvidos da outra ala do castelo.
- Nunca mais. – Soltei ofegante. – Nunca mais encosta um dedo nas minhas amigas. – Me olhou com espanto. Queria sair de lá mas me pegou com força e me trouxe para dentro. – ME LARGA! – Gritei me debatendo o máximo. Fechou a porta e tampou minha boca.
- Não grita. – Me prendia com seu corpo, tampando a minha boca e trancando a porta. – Hermione, não grita, vai ser melhor para os dois. – Parei de me debater quase sem ar, minha respiração estava acelerada e meu cabelo parcialmente sobre meu rosto. – Não vai gritar? – Concordei para logo me soltar.
A verdade está escondida nos seus olhos
And its hanging on your tongue
E está pendurada na sua língua
Just boiling in my blood,
Apenas fervendo no meu sangue
But you think that I can't see
Mas você acha que eu não consigo ver
What kind of man that you are
Que tipo de homem você é
If you're a man at all
Se é que você é um homem
Well, I will figure this one out on my own
Bem, eu vou descobrir isso por conta própria
(eu estou gritando "eu te amo tanto")
But my thoughts you can't decode)
(mas meus pensamentos você não consegue decifrar)
- Seu cretino, como pode fazer uma coisa dessas?! – Não teve tempo de reagir, parti para cima dele esmurrando seu peito. – Ela é igual a mim! É isso que você pensa de pessoas como eu?! É isso que seus amigos e você fazem quando alguém que está perdida lhe pede ajuda?! SERÁ QUE QUANTAS PESSOAS TERÃO QUE SER HUMILHADAS PRA VOCÊ SE TOCAR QUE O MUNDO NÃO GIRA EM VOLTA DE VOCÊ?! – Voltei a gritar. Ele só segurava em meus punhos, impedindo que eu me movimentasse.
As lágrimas cobriam minhas maçãs e meus olhos nem conseguiam mais ficar abertos. Draco me olhava com uma frieza tão compulsivo que eu ainda pensava se um coração batia ali.
Por fim, largou-me e me abraçou. Não pude fazer nada além de segurar nas suas costas.
- Eu não sei o que deu em mim... – Sussurrou no meu ouvido depois de alguns pedidos para que eu me acalmasse.
- Você sabe... – Balbuciei. – Você sabe muito bem. – Ergui minha cabeça e o olhei. – Aquilo é atitude de um animal! Não de um ser humano! – Soltei-me e andei pelo quarto.
- Hermione, me escuta.
- E não vem me dizer que foi 'pressão dos seus amigos' porque eu sei muito bem que você não se deixa influenciar por eles. – Fui clara e grossa. – Se você não incentivasse, eles também não fariam porque pra eles tanto faz como tanto fez, Draco, eles não tão nem aí pra pessoas como eu, como a Anne que a propósito, se eu não a achasse se acabando nos corredores, ela ia morrer de frio.
Ele não disse nada. Sentiu-se errado, viu que fez a coisa mais errada possível. Acho que só não entendia como eu estava tão ofendida assim com esse acontecimento. É difícil entender já o porquê dele estar totalmente apaixonado por mim já que sempre fui a odiada preferida dele. Mais difícil ainda é pensar como ele me travava antes e como ele me trata agora. Se eu colocar isso numa balança, nem dava para se comparar.
Como nós chegamos aqui?
Well, I used to know you so well
Eu costumava te conhecer tão bem
How did we get here?
Como nós chegamos aqui?
Well, I think I know
Bem, eu acho que eu sei
Também era difícil pensar como ele não entende que eu sou igual a qualquer nascido trouxa dessa merda de escola. Eu sou igual a eles e eu recebo um tratamento diferente? Por que essa preferência? Por que ele sabe que eu posso ser sua quando ele quiser? A roda não gira para esse lado.
- Olha, eu quero esquecer disso, só me prometa nunca mais fazer esse tipo de coisa nessa escola. – Peguei nos seus punhos caídos e olhei nos seus olhos. Não queria me encarar já dando sua resposta no silêncio. – Era o eu imaginava. – Fui até a porta. – Você nunca muda, as pessoas que tem que mudar para você.
Saí sem olhar para trás.
Entrei no meu quarto batendo a porta com muita força. Corri até minha cama e me joguei nela chorando. Chorando por não conseguir ser perfeita.
Você vê o que fizemos?
We're gonna make such fools of ourselves
Nós estamos fazendo nós mesmos de bobos
Do you see what we've done?
Você vê o que fizemos?
We're gonna make such fools of ourselves
Nós estamos fazendo nós mesmos de bobos
No outro dia, levantei mais cedo do que todos, mas todos mesmo. Esperei dar apenas seis e meia da manhã para sair do quarto e ir até o dormitório das meninas. Meus olhos estavam ligeiramente inchados e minha expressão estava triste. Tinha mais um dia de aula e eu tinha que tocar minha vida para frente. Coloquei meu cachecol e logo sai pegando bolsa e livros. No meio do caminho, encontrei com Tony que já ia me acordar.
- Princess, não dormiu bem? – Passou a mão pelo meu ombro.
- É, problemas. – Tentei sorrir mas não consegui.
- Que tipo de problemas?
- Problemas.
- Ah, saquei. Mas sabe, independente do que for, fica tranqüila que no final tudo da certo.
- Tá demorando pra chegar esse final... – Riu.
- É, senão, não teria graça. – Me faz rir. – E é assim que eu quero te ver, sorrindo. – Me deu um beijo na testa e se despediu indo para o outro caminho.
Acelerei o passo e logo estava na Sala Comunal da Grifinória para uma imagem para ajudar: Gina e Harry nos sofás, trocando caricias e brincando, logo as sete da manhã, quem é que agüenta? Subi as escadas rapidamente abaixando a cabeça e logo entrei.
Parvati estava terminando de se arrumar, Sarah ainda estava no banho, Meg nem sei onde tinha se enfiado e nem queria, Deena estava revendo seus livros e Anne estava sentada em sua cama ainda de pijamas, olhando fixamente para os dedos sobre as pernas. Sorri para elas e me sentei ao lado daquela loira. Peguei no meu ombro chamando sua atenção.
- Vai, vai se trocar.
- Não vou para a aula hoje. – Mirei meu olhar em Parvati que largou seus brincos e foi do outro lado da cama.
- Ela nos contou o que aconteceu. – Disse a morena.
- E como está? – Ela concordou com a cabeça e me olhou tristemente.
- Só não quero ir para a aula. – Deena também apareceu, agachando na frente de Anne, pegando nas suas mãos.
- Você não está sozinha, Anne. Você tem a gente pra o que der e vier, não precisa ficar se privando do mundo por causa do que aconteceu. – Deena disse tudo que precisava ouvir.
- E o que você fez ontem? – Virou sua cabeça para mim chamando a atenção de todas.
- Só coloquei minha cabeça no lugar, não se preocupe, não fiz nada errado. – Sorri amigavelmente.
Como nós chegamos aqui?
Well, I used to know you so well
Eu costumava te conhecer tão bem
How did we get here?
Como nós chegamos aqui?
Well, I think I know
Bem, eu acho que eu sei
I think I know
Eu acho que eu sei
There is something I see in you
Tem alguma coisa que eu vejo em você
It might kill me
Que vai acabar me matando
I want it to be true
Eu quero que seja verdade
Anne suspirou. Olhou seu uniforme e se levantou para pegá-lo.
- Isso mesmo, vá se trocar. – Disse Parvati voltando a sua cama e pegando seus brincos. Deena sentou-se ao meu lado e esperou que Anne fosse para o banheiro.
- É mesmo verdade? Fizeram tudo isso com ela? – Perguntou a loira.
- É, Deena. Malfoy e a sua gangue. – Engoli seco.
- Ela chegou desesperada aqui, não queria contar mas depois de muita pressão que fizemos, ela abriu o bico e contou tudo... – Suspirou. – Que coisa horrível.
- Isso tem que parar. – Concordou.
- Hermione! Hermione! – Ouvi alguém me chamar. No final de tudo, era Ron. o esquisito era ele ter me chamado e não ter chamando Deena que estava conosco. – Bom dia, amor. – Lhe deu um beijo e segurou em seu ombro. – Onde você se enfiou, filha? – Perguntou a mim.
- Por que? – Perguntei rindo.
- Ontem tinha reunião e você nem apareceu! O McLaggen soltou várias falando que responsabilidade é a última coisa que você tem. – Ergui uma das sobrancelhas.
- Tive problemas maiores do que essa reunião e ele que engula o que disse de mim porque não devo satisfações da minha vida a ele. – Pisquei num sorriso malicioso.
- Caralho, você tem resposta pra tudo... – Deena lhe deu um cutucão.
- Já disse para você para de falar assim. – Disse brava.
- Desculpe, amor, é que com a Hermione, só assim. – Lhe mostrei a língua e peguei o caminho para a minha próxima aula com Sarah e Parvati. Anne e Deena tinham Trato com Criaturas Mágicas e a gente tinha Transfiguração.
Ótimo, McGonagall quis ser boazinha e nos avisou que semana que vem, dará uma prova com todo o conteúdo do semestre passado... Todo o conteúdo que eu não sei, esse é o meu problema. E cair de cara nos livros naquele resto de semana e até o dia da prova seria loucura e burrice. Tentei me explicar sem dizer tudo a Parvati e a Sarah, pedindo que elas me explicassem essa matéria, pelo menos o básico do básico.
Sarah falou que precisa mesmo aprender a matéria então, aprendemos juntas e Parvati ensinará o que sabe, que também não é lá grandes coisas.
Na hora do almoço, sentei-me com elas. Ao terminar meu prato, vi um daqueles bilhetinhos em forma de pássaros aproximar-se de mim. Virei os olhos e olhei para o outro lado, quando uma 'manada' de pássaros de papel veio na minha direção. Tinha uns trinta, ou até mais. Parvati que estava do meu lado levantou-se me puxando do banco que quase fui ao chão. Todos no Salão olhavam fixamente para aquela cena: eu e Parvati nos debatendo para livramos daqueles pássaros. Isso já estava enchendo! Peguei minha varinha e gritei um feitiço para que todos sumissem.
Parvati estava ofegante e com uma expressão engraçada no rosto. Meu cabelo estava totalmente desarrumado e minha expressão dizia por mim.
- Isso- - Respirei fundo fechando os olhos. – está passando dos limites. – Parvati sentou-se de costas para a mesa meneando a cabeça.
- Seja quem for esse desgraçado, acho bom parar! No começo era bonitinho e coisa e tal, mas agora está se tornando obsessão! – Disse a morena.
- Nunca achei bonitinhos esses bilhetes. – Soltei me sentando saindo dos olhares de todos aqueles seres no Salão Principal. – Deixa só eu descobrir quem é ... !
- Você não disse que tinha uma leve impressão de quem era?
- Não pode ser mais aquela pessoa. Sabe, tem coisas que- - Parei de falar suspirando.
Não podia ser o Belby. Por mais que seja coisa de mulher, há um código entre os homens; Belby era o melhor amigo do McLaggen. Eu sou a ex-namorada do McLaggen. A não ser que o Belby dê um de filho da puta, não ficaria comigo, principalmente se Mc contou tudo a ele.
É outra pessoa.
Não agüento mais isso. Ou eu descubro quem é o desgraçado que está mandando esses bilhetinhos excessivos, ou eu continuo surtando como estou agora, tento ataques de histeria e de nervosismo. Por mais que eu seja paciente, tudo tem seu limite.
Deitei a cabeça no seu colo e bocejei. Pediu que eu levantasse porque queria estudar, mas eu arranquei o livro de sua mão e joguei no chão. Tony virou os olhos e aceitou minha revolta, encostando-se na parede e acariciando meus cabelos lentamente. Parvati estava ali também, compenetrada em alguns pergaminhos. Dividíamos um banco nos corredores. Tony num dos cantos, eu no meio deitada em seu colo olhando para seu queixo e brincando com a sua gravata e Parvati sentada aos meus pés com as pernas em cima do acento.
- Parvati,- - Olhou para mim. – pare um pouco, hoje é quinta feira, amanhã e sexta, depois fim de semana! Descanso, descanso, descanso!
- Por isso mesmo que estou estudando agora, pra poder descansar no final de semana, e você deveria fazer o mesmo.
- Agora não. Já estudei a manhã e a tarde toda! Se eu estudar até o jantar, eu piro. – Cocei os olhos e olhei novamente o queixo de Tony. Estava me olhando com um pequeno sorriso nos lábios. – Por que está rindo?
- Por nada. – Voltou a ficar sério. – Parvati, o Dylan não é daqui, né?
- Não, é da Califórnia.
- E o que tá fazendo aqui? – Perguntou rindo.
- O irmão dele mais velho está se mudando para cá, resolveu vir também. – Disse ainda sem tirar os olhos dos pergaminhos.
- Ah, claro. Esses ianques... Já falei que eu peguei uma patricinha da Flórida? – Virei os olhos me levantando.
- É mais fácil falar quem você não pegou, Tony. – Brinquei fazendo Parvati rir.
- Era o tempo que eu morava lá; Meus pais resolveram ir pra Florida e eu fui forçado! Dei meu primeiro beijo com ela... – Sonhou longe colocando as duas mãos na nuca e se ajeitando no banco.
- Ah, então não foi uma pegação! Foi um acontecimento que sempre marcará sua vida como sendo algo fofo. – Comentei rindo. – Vocês tinham o que? Dez anos?
- Eu tinha dez, ela tinha quinze. – Sorriu maliciosamente colocando uma mão no queixo. Troquei olhares engraçados com Parvati e meneei com a cabeça.
- Tem coisas que nunca mudam... – Comentei rindo e avistando Sarah ao longe. Sorriu acenando mais ao ver Tony, ficou estática. Acho que eu era a única a vê-la. Pegou dentro da bolsa um espelhinho e se olhou ajeitando seu cabelo e sua sobrancelha. Respirou fundo o guardando e foi a nossa direção.
- Bo-bom dia, gente.
- Boa tarde você quer dizer. – A corrigi dando espaço para que sentasse mas preferiu ficar em pé.
- É, isso mesmo. – Sorriu falsamente. – Olá, Antonio.
- Pode me chamar de Tony, viu? – Sorriu dando algumas piscadas.
- Ah, tudo bem, Tony. – Riu sem graça. E agora, eu ia vomitar.
- Já que estão quase todas aqui, sábado e os moleques estão combinando de dar uma festinha na sala da Grifinória, é pra todas irem. – Levantou-se e colocou seu braço em cima do ombro de Sarah fazendo ela ficar um pimentão.
- Pedindo se formiga quer doce, Tony?! Lógico que iremos! – Sorri largamente, Parvati também se animou e Sarah, pra variar, estava estática e totalmente sem graça.
- Então, eu vou indo, mulherada. – Sorriu e acenou para nós. Sarah esperou ele sumir de vista para se jogar entre eu e Parvati respirando ofegante.
- Nós vamos nessa festa, não é? – Pegou no meu braço com força.
- Lógico que sim, Sarah, relaxa. – Me soltei meneando com a cabeça. – E você, pára de estudar. – Fechei o livro de Parvati e a levantei junto com Sarah. Ajeitei minha bolsa no ombro e enganchei no braço da morena com Sarah do outro lado.
- Gente, eu tenho que estudar... ! – Soltou guardando seus livros dentro da bolsa e sendo puxada por nós.
- Esquece um pouco disso, Ok? Vamos curtir!
Some people think they're always right,
Algumas pessoas pensam que estão sempre certas,
Others are quiet and uptight.
Outras são quietas e nervosas.
Others they seem so very nice nice nice nice, (oh-ho)
Outras parecem tão bem, bem, bem, bem,
Inside they might feel sad and wrong. (oh no)
Por dentro elas devem se sentir tristes e erradas.
Terminei de sair do banho enrolada na toalha, dançando ao eletrônico que estava saindo do meu iPod. Numa das mãos o aparelhinho e na outra uma escova de cabelos. Meus passinhos eram estranhos mas eram 'verdadeiros'. Quase dez da noite num sábado. Daqui a pouco, tinha que ir para a Sala da Grifinória antes que alguma delas dê um chilique.
A música estava alta, doía até meus ouvidos. Voltei até o banheiro me olhando no espelho e passando um delineador rápido. Quando volto pro quarto, levo um grande susto. Meg estava dentro do meu quarto. Também se assustou. Arranquei os fones de ouvido e abri a boca para esbravejar contra aquela franga que não sabe bater na porta.
- As meninas mandaram dizer que estão te esperando e a Sarah te mandou isso. – Entregou um colar a mim. Oh, era o colar que eu tinha pedido emprestado da Sarah. Eu tinha me esquecido completamente.
- Ah, obrigado. – Sorri sem graça.
- Desculpe ter entrado sem bater é que eu chamei um monte de vezes e parece que- - Apontou discretamente para o meu fone e depois estralou os dedos. – você não ouviu, e como estava aberta eu-
- Tudo bem. – Deixei o colar em cima da minha penteadeira junto com meu iPod.
Twenty-nine different attributes,
Vinte-nove atributos diferentes,
Only seven that you like.
Só sete que você gosta.
Twenty ways to see the world, (oh-ho)
Vinte maneiras de ver o mundo,
Twenty ways to start a fight. (oh-ho)
Vinte maneiras de começar uma briga.
Já que não pode vencê-los, junte-se a eles.
- Irá com essa roupa? – Foi até a cadeira que estava coberta com a roupa que eu ia.
- Aham. – Cruzei os braços de frio.
- Muito bonita. – Sorriu – E a minha? – Abriu seu sobretudo preto e revelou uma calça jeans escura e bem justa, uma blusinha verde e por cima um casaquinho prata quase transparente.
- Também é muito bonita. – Fui até a penteadeira e coloquei meus brincos de argolas. – Senta aí. – Sorriu e se sentou.
Bom, ficamos ali. Conversando sobre algumas novidades, sobre assuntos de garotas e sobre moda. Ela era uma boa entendedora de moda. Fui para o banheiro, me troquei, terminei de me maquiar e ela se ofereceu para fazer um penteado que tinha aprendido já que eu tinha dito umas trezentas vezes que hoje, meu cabelo não estava cooperando comigo.
Oh don't don't don't get out!
Oh não não não vá embora!
I can't see the sunshine,
Eu não posso ver a luz do sol,
I'll be waiting for you, baby!
Estarei esperando por você, amor!
Cause I'm through,
Porque eu estou acabado,
Sit me down,
Me acalme,
Shut me up!
Me cale!
I'll calm down,
Eu vou me acalmar,
And I'll get along with you.
E vou ficar a noite inteira com você.
Sentei-me na frente do espelho e ela ficou atrás com grampos na boca e a escola no cós da sua calça. Em três minutos fez um penteado prático e bonito. Prendeu todo o cabelo num coque alto e desarrumado deixando alguns fios caídos. Quando se olhava por trás, parecia uma flor.
Peguei meu casaco e fomos juntas. Meg não era o bicho de sete cabeças que eu pensei que era. Até que era legal, tivemos ótimas conversas. Mesmo não querendo admitir, estava errada em relação a ela. Era só mais uma que queria seu espaço, não uma usurpadora de amigos. Entramos na Sala Comunal da Grifinória e logo ouvimos o rock que estava tocando.
Havia quase o sexto e sétimo da Grifinória inteiro ali. A sala já era pequena para trinta pessoas bem espalhadas, imagina para mais de oitenta. Pessoas sentadas nas mesas, nas poltronas, nos encostos das poltronas, até mesmo perto da lareira. Havia cerveja amanteigada para todos. As garrafas com os mais pesados, ficavam a cargo de alguns espertinhos que até estavam cobrando. Meg me cutucou e apontou para perto da mesa onde estavam as meninas.
Fomos até lá seqüestrando um copo de FireWhisky cada uma; Sentei-me a mesa colocando os dois pés em cima da cadeira e me debrucei em Sarah que ria ativamente. Deena estava dançando calmamente ao ritmo da música e Anne, contando baixinho. Parvati parecia um pouco emburrada e logo foi dizendo que todo mundo poderia ficar com alguém, menos ela, porque seu namorado era da Corvinal e blábláblá!
Oh Men don't notice what they got,
Homens não sabem o que têm,
Women think of that a lot.
E mulheres pensam nisso demais.
One thousand ways to please your man, (oh-ho)
Milhares de maneiras de agradar a um homem,
Not even one requires a plan. (I know)
E nenhuma precisa de um plano. (eu sei)
- Namora porque quer! – Disse brincando e me mostrou a língua.
- Sério que a porta dos quartos estão liberadas? – Perguntou Meg boquiaberta.
- É, qualquer um entra, qualquer um sai. – Disse Sarah num sorriso malicioso.
- 'Pera aí, pegação liberada nos quartos? – Perguntei rindo.
- Isso mesmo.
- Vai lá, Deena, vai atrás do Ron e tira o atraso! – Brincou Meg.
- Como vocês são engraçadas... – Rolou os olhos dando um gole na sua cerveja.
And countless odd religions, too,
E incontaveis religiões horrorosas, também,
It doesn't matter which to choose. (oh no)
Não importa qual escolher.
One stubborn way to turn your back, (oh-ho)
Um jeito teimoso de dar as costas,
This I've tried, and now refuse. (oh-ho)
Isso eu já tentei e agora me recuso.
Um garoto loiro aproximou-se de Meg, falou algo em seu ouvido, a fez rir e logo a arrastou para lá. Disse algo como 'não me esperem!' e subiu para os quartos com ele. A garota era rápida...
Levantei da mesa cansada de ficar sentada e logo sinto braços em volta da minha cintura e um queixo em cima do meu ombro. Sabia quem era então deixei, também segurando em seus braços e me mexendo conforme a música ia.
- Tô te agarrando porque seu ex não para de olhar para cá. – Sussurrou no meu ouvido beijando meu pescoço e meu ombro.
- Ótimo... – Sorri maliciosamente. Sarah meneou a cabeça levemente estressada tentando evitar aquela cena. Não fazia de propósito! E aliás, não temos nada mais do que uma amizade.
- Quer conhecer minha cama, princess?
- Vamos! – Peguei na mão de Tony e o arranquei de lá.
Oh don't, don't, don't, get out!
Oh não, não, não, vá embora!
I can't see the sunshine!
Eu não posso veja a luz do sol!
I'll be waiting for you, baby.
Estarei esperando por você, amor.
Cause I'm through,
Porque eu estou acabado,
Sit me down,
Me acalme,
Shut me up!
Me cale!
I'll calm down,
Eu vou me acalmar,
And I'll get along with you.
E vou ficar a noite inteira com você.
Subimos as escadas, eu à frente e Tony atrás, de mãos dadas; Tinha alguns alunos conversando, outros se agarrando. O rock de lá de baixo, mudou para o eletrônico. As portas dos dormitórios estavam abertas. Logo na entrada, tinha uns alunos fazendo farra, mais adentro, grupinhos mistos conversando jogados nas camas. Casais abusando do amor sem muito constrangimento e coisas que prefiro não comentar.
Ele tomou a frente e fomos até seu quarto. Antes de entrar, parou de costas para a porta segurando na maçaneta num sorriso malicioso.
- Antes de entrar, quero que saiba que o que vai encontrar aí dentro é-
- Ah, Tony! Parece que eu nunca entrei num quarto masculino antes! O que há de mais em- – Abri a porta o empurrando pro lado e logo encarando aquela cena.
Ele parou atrás de mim levando uma das mãos na testa. Eu estava estática e com uma laranja na garganta.
- Completando: seu amor catando outra na minha cama...? – Sussurrou no meu ouvido.
Como o destino era irônico. Irônico até de mais. Gina agarrou sua blusa e logo a colocou empurrando Harry de cima de seu corpo. O moreno fechou o cinto da calça e pegou sua camiseta a colocando de costas para mim que parecia não me mexer. Gina levantou-se, pegou suas sandálias e passou por mim sem me encarar nos olhos.
- Te espero lá em baixo, amor. – Saiu deixando a porta aberta.
- Foi mau, cara, é que foi na primeira cama que a gente-
- Esquece, cara, sem crises. – Disse Tony me cutucando para que eu voltasse a realidade.
- Hermione. – Olhou para mim cumprimentando com um movimento de cabeça.
- Olá, Harry. – Abaixei meu olhar cruzando os braços. Tony andou pelo quarto juntando as mãos e quebrando aquele clima tenso.
- Bom, vai logo atrás da sua namorada antes que ela surte por aí...! – Deu uma risada engraçada.
- Eu- – Limpou a garganta indo até a porta. – vou deixar vocês dois a sós.
- Não, não é isso que você está pensando! – Soltei tão espontaneamente que ambos os dois me olharam confusos. – Quer dizer-
- Tudo bem, você não me deve explicações. – Sorriu sem jeito e saiu do quarto fazendo a porta.
Fiquei encarando a porta por alguns segundos até encarar o chão. Tony andou até mim e pegou no meu ombro.
- Você ainda gosta dele. – Soltou rindo.
Apertei os olho, mordi os lábios com força e fechei os punhos.
- Gosto... ! – Deixei as lágrimas escorrerem procurando abrigo em seus braços.
Que horror, como eu pude esquecer de fechar as cortinas?! Eu fecho todos os dias pra não ter problemas como esse: acordar com a luz na cara quase me cegando. Levei uma das mãos no rosto e me sentei na cama. Esfreguei os olhos, ao olhar meus dedos, estavam borrados de maquiagem. Esqueci de tomar banho, foi isso? Olhei minhas roupas, iguais as de ontem. Olhei o quarto, não era igual o de ontem.
Era o dormitório masculino.
Olhei pro lado e lá estava Tony, dormindo espremido naquela cama. Olhei em volta, apenas três camas ocupadas das cinco. Estiquei meu pescoço para meu lado direito reconhecendo aquele pé, tendo a leve impressão de que seria quando vou ao chão, levando a coberta comigo e soltando um grito.
- O QUE FOI?! – Ouvi Neville levantando de sua cama rapidamente assustado e ofegante. – Hermione?! – Perguntou confuso ao me ver de pé. Harry tinha acabado de acordar colocando seus óculos em cima do nariz e voltando a se deitar rolando os olhos.
- Tá tudo firmeza, Princess? – Perguntou Tony se espreguiçando e se levantando da cama. Ainda estava com a mesma roupa de ontem.
- Tá, Tony! Tá! – Disse estressada pegando minha sandália mas ele me prendeu naquela cama de novo.
- Fica mais um pouco...! Se você sair as- - olhou no seu relógio. – as nove da manha com essa roupa, vão te fazer milhares de perguntas! – Me derrubou na cama.
- Me solta, Antonio! – Pedi rindo. Segurava meus dois pulsos contra o colchão. – Antonio Goldstein, acho melhor o senhor me soltar! – Me debatia.
- Pede com jeitinho! – Disse rindo também.
- Me solta logo, cacete! – Soltou-me rindo.
- Assim mesmo. – Sentou-se na cama se espreguiçando de novo.
Neville já tinha se levantado nutrindo um pequeno mau humor. Pegou sua toalha verde musgo e entrou no banheiro.
- Ô, Gordinho! 'Pera! Eu quero usar o banheiro! – Tony correu e entrou no banheiro também.
Sentei-me na cama e coloquei minhas sandálias. Não lembrava muito da noite passada, apenas de ficar chorando mais um pouco e depois encher a cara com Tony. Os detalhes, nenhum. Harry sentou-se, de costas para mim, na cama. Estava sem camisa e com uma calça preta de moletom. Espreguiçou-se mexendo quase todos aqueles músculos bem definidos, fazendo isso para me provocar, com certeza. Terminei de prender minha sandália e já coloquei a outra.
Quando me ergo, quase vou ao chão. Bati minha cabeça em seu queixo fazendo ele soltar um gemido de dor e eu dar um berro. Para não cair, me segurei nos seus braços e o trouxe junto comigo para a cama. Eu juro que não foi de propósito. Juro mesmo!
Ficou em cima de mim com milímetros de distância com seus olhos fixados nos meus e suas mãos apoiadas na cama, perto da minha cabeça.
- Valeu... – Soltei ofegante olhando pra sua boca e depois para seus olhos; Boca e olhos, olhos e boca.
Levantou-se de cima de mim como se fosse um impulso, mas antes disso, Tony adentrara no quarto sem olhar para nós, correu até seu malão, pegou suas escovas e saiu acenando.
- Não quero atrapalhar, podem continuar se pegando...! – Eu só queria matá-lo. Apenas isso, mais nada. Mas uma morte bem demorada e bem dolorosa.
Eu também me levantei querendo passar para fora daquele metro cúbico, mas ele ia para onde eu ia, ficando no meu caminho por umas quatro vezes consecutivas. Segurei nos seus ombros e o empurrei pro lado passando por ele.
- Puta que pariu! Hoje tem Hogsmeade! – Soltou Tony entrando no quarto novamente.
- O que?! – Perguntei com os olhos grandes.
- Tô lascado! Combinei com os moleques de ir e ainda nem tomei banho! – Passou as mãos nos cabelos.
- Droga, eu também não. – Já ia até a porta para correr para meu quarto quando Dino entrou de supetão quase me derrubando.
- O que você ainda está fazendo aqui?! – Perguntou para mim.
- Eu-
- McGonagall está vindo aí! – Gritou guardando as garrafas que trazia dentro do seu malão.
- ... QUEM?! – Gritei. Neville saiu do banheiro correndo. – COMO ASSIM?!
Harry foi até mim, tampou a minha boca e me levou para o banheiro a força. Pediu que eu ficasse em silêncio e abriu o chuveiro. Trancou a porta e ficou perto o bastante para que ouvisse algo que era dito lá.
- Presumo que foram dormir bem tarde ontem. – Era a voz inconfundível de McGonagall.
- É, professora! Bem tarde! Estávamos estudando para os testes que a senhora irá aplicar na próxima semana. – Disse Dino, o 'orador do grupo'.
- Cadê o resto do quarto?
- Já foram para o café, senhora. – Disse Tony.
Aqueles meninos eram mais espertos do que eu pensei.
- E quem está aqui? – A voz ficou mais perto.
A maçaneta quase virou por completo, deixando meu coração a mil.
- Não, professora! – Tony entreviu. – Harry está tomando banho, não é uma visão muito agradável, posso afirmar isso.
- Por que ela vem aqui? – Perguntei mas Harry pediu silêncio.
- Tudo bem, hoje tem passeio a Hogsmeade, as carruagens partem as onze, estejam prontos. – Ouvimos um 'sim' coletivo.
- Porque parece que ela tem um faro aguçado para festas. Já é a terceira vez esse ano. Por pouco que ela não te pega aí dentro. – O vapor do chuveiro estava me deixando com muito calor. Suava feito tampa de marmita.
- Vamos sair daqui. – Ameacei sair mas Harry me impediu.
- Ela ainda não saiu. – Pegando na minha mão e me impedindo de agir. Também estava suando. Aquele banheiro não era muito grande, o chuveiro estava com a potencia máxima e o vapor era constante. Parecia uma sauna.
- Oh, eu tenho um aviso para o senhor Potter e preciso que ele assine isso aqui. Acho que vou esperá-lo, não vai demorar muito. – Os olhos de Harry crescerem.
- Professora, Harry é praticamente uma noiva antes do casamento! Demora que só vendo! – Brincou Tony tentando inverter a situação.
- Não tenho pressa. – Harry me olhou em alerta.
Que ótimo! Hermione se ferrando mais uma vez. Será que isso já entrou para minha rotina diária ou é provocação de você, papai, por estar aqui dentro com um garoto?! Ouvimos batidas na porta a voz de Tony ecoando mais como uma ameaça do que um aviso:
- Vamos, Harry, vamos logo antes que acabe 'secando' aí dentro!
Ajeitei meu cabelo, limpei o suor e sentei no vaso sanitário abaixando a tampa. Harry começou a andar de um lado para o outro preocupado limpando o suor do rosto e do pescoço. Comecei a me abanar mais era difícil com tanto vapor. Ainda tinha a desculpa da janela emperrada! Tudo para ajudar.
Arranquei minha blusa ficando só de sutiã tentando aliviar um pouco mais não conseguia. Harry foi até o chuveiro, deixou seus óculos no meu colo e molhou seu cabelo. Tirou sua calça, se enrolou numa toalha e pediu que eu ficasse atrás da porta. Respirou fundo e saiu de lá.
- Bom dia, Professora. – Ar fresco! Ar fresco! Encostei-me a parede e sorri aliviada.
- Oh, senhor Potter! Haverá um treino de seleção para o novo time de quadribol do ano que vem e queria que o senhor aprovasse a data e o horário!
- Claro, sem problemas.
- E ela? – Sussurrou Tony em seu ouvido.
- Lá dentro... – Mexeu os lábios. Indo até a uma parte sólida para assinar o papel. – Tem uma caneta, professora?
- Aqui. – Retirou a pena do seu bolso mas acabou manchando sua mão. – Oh, eu vou lavar, só um minuto.
- NÃO! – O grito foi coletivo. Neville levou uma das mãos no rosto meneando com a cabeça.
- Por que não? – Perguntou intrigada.
- Professora, por que a senhora não limpa com a sua varinha? É muito mais prático! – Sugeriu Tony quase gaguejando, e vocês sabem a regra, não é? Gaguejou, perdeu.
- Não, não, Senhor Goldstein, estou tentando evitar o máximo o uso da minha varinha. – Sorriu amigavelmente e correu para o banheiro.
- Fudeu... – Soltou Tony do lado de Harry que observava a cena estático.
- Oh, quanta fumaça! – Foi até a pia e lavou sua mão.
Eu estava atrás da porta, me contorcendo o máximo para ela não me ver, por sorte a pia ficava do outro lado do banheiro, mas como não era muito grande, que diferença fazia?! Lavou-se e foi atrás de uma toalha. Saiu do banheiro enxugando as mãos e eu cai nos ombros espiando tudo pela frestinha.
- Pronto, professora. – Vi que os olhos de Tony ficaram arregalados ao olhar o que estava segurando. Não era uma toalha, era a minha blusa.
- Aqui está sua to- - Olhou para a peça, a analisou, ergueu na altura dos olhos e olhou para eles com um olhar reprovador e furioso. – Algum de vocês pode me explicar o que isso está fazendo no banheiro masculino?
Todos se entreolharam e eu levei a mão a testa, dando leves tapas e me chamando de burra mentalmente. Ótimo! Tira a blusa pra chamar a atenção daquele cara e ela cai nas mãos da coordenadora.
- Sabe o que é-
- É que a gente-
- É minha. – A voz de Neville surgiu no meio de todas as explicações e o ar faltou para mim. Queria rir, mas não podia fazer barulho.
- Sua... Senhor Longbottom? – Perguntou assustada como todos que estavam ali.
- Sim, professora. Minha. – Tirou da mão dela e a guardou dentro do seu malão. – Não conte para ninguém, por favor!
Tony ficou com uma expressão engraçada e Harry cruzou os braços quase rindo.
- É, professora, o menino ainda não se decidiu. – Disse Dino passando a mão pelo ombro de Neville que concordou rapidamente também quase rindo.
Minerva meneou, deu uma boa olhada no quarto e suspirou. Enrolou novamente o pergaminho e foi até a porta.
- Bom dia, garotos. – Saiu rapidamente de lá com um olhar incrédulo.
Dino fechou a porta e todos começaram a rir e tirar uma de Neville. Ele levava na brincadeira até um certo ponto, depois ficou nervosinho. Eu respirei fundo saindo daquele banheiro também rindo; Depois que todos pararam e me encararam, eu percebi que estava apenas de sutiã, cruzei os braços e pedi para Neville a minha blusa. Ele a me entregou mas estava molhada e um pouco suja de tinta.
- Eu vou ter que contar essa pros moleques! – Disse Dino saindo do quarto ainda rindo.
- Ah, pera aí, Dino! Essa eu não perco! – Tony também saiu.
- Seus cavalos! Esperem aí! Não contem isso pra ninguém! – Neville os seguiu fechando a porta.
O que há? Queriam me deixar sozinha com o Harry a qualquer custo, né? Harry limpou a garganta e voltou até o banheiro. Eu olhei minha blusa e rolei os olhos.
- E como eu vou fazer agora? Não posso sair com essa blusa desse jeito. – Disse olhando para o banheiro quando só sinto uma toalha caindo sobre minha cabeça.
- Toma banho aqui, se está querendo tanto. – Fechou a porta.
- Eu não estou querendo tanto, tá bom?! – Disse nervosa me encostando a porta e suspirando. Dobrei aquela toalha algumas vezes e a fiquei segurando nos braços, enquanto ele não saia de lá de dentro.
Não posso acreditar que só eu passo por essas coisas. Será que todo mundo, um dia, vai passar por isso ou só é comigo essa implicação? E se fosse Gina que tivesse entrado?! Meu Deus, estaria morta, com certeza. Falando em Weasley, Ron entrou no quarto chamando por Harry. No mesmo momento, Harry aparece no quarto só de toalha com seu cabelo molhado. Ficou atrás de mim e qualquer um que entrasse naquele momento, ia tirar as mesmas conclusões que Ron.
- Hã- Quase riu.
- Não é o que você está pesando. – Entrei no banheiro.
- Não pensei nada! – Gritou para mim.
Não sei o que eles conversaram, mas no mínimo, Harry contou tudo que aconteceu ali. Tomei um banho um pouco demorado. Deixava a água quente cair sobre todo meu corpo, preservando intacto meus cabelos, mas era quase impossível com um chuveiro daqueles. Banheiro masculino era uma merda mesmo, não tinha um sabonete que eu tivesse coragem de relar um dedo, então, deixaria para tomar um banho bom depois.
Peguei minha roupa e me enrolei na toalha. Como não ia conseguir me secar lá dentro, sai do banheiro e encontrei apenas Harry lá terminando de passar uma colônia que eu adorava. Parou e ficou me olhando por alguns segundos até perceber que eu estava realmente incomodada.
- E o Ron? – Perguntei ajeitando minha roupa na cama de Tony.
- Já foi, tinha que encontrar com a Deena.
- Ué, não dormiram juntos? – Sorri maliciosamente.
- Ela não é como você. – Rolei os olhos e não continuei aquela conversa. Harry entrou no banheiro e fechou a porta para me dar privacidade. Tranquei aquela porta e me troquei rapidamente, o único problema era minha blusa. Meu casaco estava lá em baixo, mas até lá em baixo, metade de Hogwarts, já tinha me visto assim.
Ao voltar para o quarto, lhe entreguei a toalha jogando sobre sua cabeça.
- Preciso de uma camiseta. – Olhou para mim com uma expressão de 'o que eu posso fazer por você'. – Quer que eu saia assim pelo dormitório? – Agiu com indiferença. – Ótimo! Mas se eu for agarrada, a culpa será sua. – Fui até a porta mas me segurou pelo braço.
- Pode escolher. – Apontou para o malão. Fui até ele e quase o revirei. Encontrei de tudo um pouco, até encontrar aquele Porta Fotos Refletor, que podia refletir o passado, ver o presente e prever o futuro. Era uma arma nas mãos de Harry, mas quem sou eu para proibi-lo de usar? Talvez isso foi mesmo uma das grandes causas de nossa inimizade.
- Não viu mais nada? – Perguntei o erguendo.
- Não. – Respondeu depois de olhar e voltar a arrumar sua cama. – Tonks pegou a chave do futuro, esqueceu?
- Mas eu não olharia o futuro, é perda de tempo. Eu olharia o passado, relembrar as coisas mais marcantes. – Disse num olhar sonhadora. – E também o presente, vai que eu pego 'alguém' aprontando.
- Acho que não precisa disso, já faz esse tipo de coisa naturalmente. – Mostrei a língua a ele e o guardei de volta. Escolhi uma camiseta verde um pouco justa para ele e larga para mim. A vesti e me olhei na frente do espelho.
- Bom, obrigada. – Sorri mas ele não retribuiu, apenas me olhou. – Talvez a gente se esbarre por Hogsmeade.
- Talvez. – Soltou ainda terminando de arrumar sua cama.
Saí do quarto ajeitando meu cabelo com o olhar um pouco perdido. Era estranho, com certeza. Segurava, numa das mãos, as sandálias e na outra o braço. Estava com sono como ninguém sabe. Dores nas costas e na cabeça. Havia poucas pessoas no quarto. Desci as escadas e encontrei a massa Grifinória ali. Meu casaco estava embolado com muitos outro. O peguei e o vesti batendo os dentes de frio.
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