Do Paraíso ao Inferno
Capítulo XVII
Do Paraíso ao Inferno
Estava me preparando para ir ao encontro de Harry, lá na Floresta Proibida, onze horas da noite, com todos os perigos possíveis. Terminei de colocar meu cachecol e pensei em pegar uma maçã e coloca-la na boca para servir de banquetes para as mais temíveis criaturas daquela floresta.
Por que eu ainda arrisco meu pescoço por ele?! Por que eu ainda quero me meter nessas histórias?! Será que eu nunca irei aprender?!
Minha mente dizia não, meu coração dizia sim. Eu pensava que ele poderia ralhar comigo, dizer várias, me xingar, me ofender, pedindo que eu saísse do seu caminho, ou apenas queria conversar, dizer o porquê daquele show e finalmente me dizer o porquê dessa distância. Eu poderia também confessar a morte dos meus pais, eu acho que ele entenderia.
E você está falando como se a sua relação com ele estivesse às mil maravilhas! Acorda, Hermione! Ele quer distância, você quer distância. Ele quer viver em paz com a sua namorada e você tem que começar a se contentar com isso! Faz mais de seis meses que você vive nessa rixa com a Gina por causa de um desentendimento idiota. Eu poderia também voltar a falar com ela como boas amigas, quem sabe.
Sacudi a cabeça para aliviar os pensamentos e saí do quarto. Tudo bem, esse lance com a Gina eu posso deixar como está, é legal ter uma rival colegial. Me digam vocês, vocês já pensaram como é bom ver aquela pessoa que você mais odeia ficar por baixo e você sempre sair por cima? Não me diga que isso é falta de ética porque eu sei, quando a coisa aperta, ninguém pensa na ética.
Que a ética vá para o inferno.
Nos corredores sombrios e gelados daquela 'fortaleza da solidão', tentava não ser vista por monitores que estavam, possivelmente, de ronda, nem por Filth e sua gata, que já deram o que tinham que dar. Rapidamente, já estava para fora do castelo. Olhando aquele lugar de fora, para ser um bom lugar para se viver, mas quando você passa pelo menos seis meses sem sair daquele calabouço, é um inferno.
Não queria perder tempo, a noite estava realmente muito bonita. O inverno não predominava mais como antes, mas ainda fazia frio depois das dez da noite. Entrando na Floresta, logo fui seguindo o caminho que Harry sempre pega. No final dele, lá o encontro, no centro daquela clareira com as duas mãos no bolso do seu casaco de moletom, de costas para mim.
- Você é doido... - Soltei abrindo um mero sorriso e me aproximando dele.
- Pensei que não viria.
- Não perderia isso por nada. - Virou-se para mim e também sorriu. - Então, estamos aqui. - Olhei para os lados suspirando. - Sobre o que quer conversar?
Me deixou falando sozinha. Pegou um caminho e eu logo o segui o chamando e falando da sua tremenda falta de educação comigo. Depois de meio minuto, estávamos em frente ao Lago. A lua crescente estava grande e graciosa no céu, refletia nas águas calmas do lago. Sentou-se em cima de um tronco, perto da margem. A água, com seu movimento lento, batia perto do seu pé, e voltava; fazia isso inconstantes vezes, reproduzindo um barulho calmo e sereno.
Os grilhos cricrilavam, as vezes, um pio de coruja aparecia e alguns mosquitos atrapalhavam. Sentei-me ao seu lado, olhei para o horizonte, assim como ele, e suspirei.
- Aqui é lindo.
- E perigoso. - Soltou ainda olhando para frente.
- Gosta de se sentir em perigo? Sua vida já não tem perigos de mais?
- Hermione, não sou um herói, nunca fui e nunca serei. Não é você que diz que não salvamos o mundo e sim nossas peles? - Me encarou e eu abri um leve sorriso. - Eu tô cansado de abrir o jornal e vê meu rosto estampado.
- Muitos dariam a vida para ser você.
- Eles não sabem como tem sorte de não ser eu.
Um minuto de silêncio.
- Você tem amigos que se preocupam com você, tem um tutor maravilhoso, tem a Ordem onde todos só fazem o seu bem, tem uma namorada maravilhosa e-
- Mas eu não tenho você.
- Não tem porque tem algo que não o deixa ter. - Nos encaramos.
- Quando você descobrir o porque de eu me afastar de você, você irá reconhecer que fiz a coisa certa.
- Acredito...
- Prefiro sofrer meses para não sofrer uma vida inteira.
Meus olhos cresceram significativamente. Fiquei refletindo sobre aquilo que ele tinha dito. Eu já tinha pesado várias vezes que o motivo por ele estar se afastando de mim, é para me proteger de alguma coisa. Mas não seria mais prudente ele me contar do que eu preciso ser protegida?
- Está tentando me proteger?
Ele não respondeu de imediato.
- Lembra do nosso trato?
- Dane-se o trato. - Suspirei. - Se é tão grave assim, você deveria me contar, eu poderia te ajudar!
- Não, Hermione, você não pode me ajudar. - Molhei os lábios e concordei lentamente com a cabeça olhando novamente o horizonte. - Incrível como você ainda não me perguntou sobre o que aconteceu na Sala de Transfiguração.
- Não estou interessada. - Cruzei os braços.
- Que milagre... - Ironizou.
Ficamos mais alguns instantes em silêncio.
- Odeio sua ironia.
- Você me faz ser irônico...! - Bufou e riu depois.
- Quer dizer que a culpa é minha? - Apontei para meu peito um pouco irritada.
- Sim, a culpa é sua. - Afirmou um pouco sério. - Você me questiona de mais, Hermione.
- E é isso que eu vou continuar fazendo até você acabar com essa palhaçada e me contar o porquê dessa distância idiota!
Meneou a cabeça e me olhou.
- Você não entenderia.
- Eu entendo várias coisas com uma incrível facilidade! Era a melhor aluna do ano, lembra?
- Francamente, você pode ser ótima nas aulas mas é péssima em questões pessoais.
Isso é um tiro na auto-estima de qualquer mulher.
- E eu devo te agradecer por isso, Harry Potter? - Levantei-me cruzando os braços.
- Esse foi de graça. - Piscou e levantou cruzando os braços.
- Você é um ogro!
- Mas você ama esse ogro. - Minhas bochechas ficaram pimentão.
- Cala a boca! - Peguei um caminho incerto.
- Você não sabe voltar para o castelo! - Gritou de onde estava.
- Não enche! - Gritei de volta.
De repente, um pequeno barranco me chama para dentro dele e eu desliso soltando gritos chatos. Um minuto em silêncio, olhando o nada, deitada naquela terra, suspirei profundamente e senti algo também escorregando perto de mim.
- O que eu disse?
- Não quero saber. - Ainda deitada, sem mover um músculo.
- Você está bem?
- Estou ótima. - Tocou no meu braço e eu me desviei rápido e fiquei de pé batendo a terra da roupa. - Você é patético!
- Eu me preocupo com você, você nem dá bola, saiu correndo por aí e eu que sou patético?!
Chega! Para mim, chega!
- Eu te odeio, Harry Potter! - Parti para cima dele esmurrando-lhe o peito com força que o fez até gemer.
- Não tente competir com um apanhador. - Pegou meus dois punhos com agilidade e parou qualquer reação minha.
- Me solte, seu idiota!
- Eu sei que você não quer isso...
- Quero sim, me solta! - Comecei a me debater.
Não vamos ser patéticos, eu estava me aproveitando daquela situação. Aquele meu ódio? Pura encenação.
- Me solta!
- Já estou cansado, Hermione, pare... Poderíamos estar conversando, brincando, mas sempre estamos discutindo!
- E vai jogar a culpa em mim novamente...! - Bufei me soltando.
Sentei-me na grama ali perto, agarrei os joelhos e logo ele se sentou ao meu lado.
- Você tem razão. - Disse vencida, deixando a encenação de lado.
- Sabia... - Riu.
- Não era para você concordar. - Ri também. - A coisa deve ser comigo. Você, o Ron... Eu sempre sou o pivô das brigas! Eu sempre estou envolvida nelas...
- Que bom que reconhece. - Olhei com uma sobrancelha alta.
- Cala a boca, você já está muito encrencado. - Riu.
Um minuto em silêncio. Suspirei e comecei a assobiar.
- Tá bom, tá bom, eu vou te beijar. - Se inclinou para cima de mim e eu o afastei.
- Eu não quero te beijar! - Disse com os olhos arregalados.
- Mas eu quero. - Juntou seus lábios nos meus de uma maneira torta.
Pra que lutar? O que está feito, está feito e é quase impossível voltar a trás. Eu jurei para mim mesma que nunca mais encostaria minha língua naquele moleque e cá estou! Merlin, eu tenho que me vacinar contra Harry Potter, ele é uma doença que irá fazer com que eu continue perdendo a cabeça. Ou quem sabe, me internar numa clinica de reabilitação, um Grupo de Apoio as Idiotas que Amam Harry Potter.
Passava as mãos em seus cabelos e suas costas e ele deslizava pelas minhas curvas. Sim, isso é bom! Estamos ali, longe do castelo, todos estão dormindo, numa paisagem linda à luz do luar, beijando o maior CAFAJESTE DO MUNDO! Oh, dane-se, ele é bonito, gostoso e eu caio de amores por ele desde que me conheço por gente.
Me levantando ainda com a boca na minha e me levou até uma árvore. Senti minhas costas colidirem com a dura madeira. Fiquei alguns centímetros mais alta do que ele; Seu alvo, agora, era meu pescoço, beijava, lambia, ia até minha orelha, mordia, me deixava louca.
Com as duas mãos, ergui sua boca para lhe dar mais um beijo profundo. Eu estava com saudades daquilo, tinha que confessar.
- E eu desperdiçando o tempo brigando... - Sussurrou enquanto eu beijava seu pescoço.
- Implicando...
- Ignorando... - Gemeu quando eu mordi sua orelha.
Suas mãos frias foram debaixo das camadas de blusas que eu tinha, senti um arrepio que fez com que ele sorrisse. Alisava minha cintura, minha barriga, passava aquela mão gelada e torturante nas minhas costas.
Isso é tortura, uma tortura que eu amo. Desceu novamente até meu pescoço e me deixou com calor, tirou uma das minhas blusas e parou nos botões da minha calça. Droga, o que eu estava fazendo?! Despi sua jaqueta e baguncei seus cabelos, minha respiração ficou mais alta quando me voltou até o chão, ficando em cima de mim, sem deixar sua boca longe da minha um minuto se quer.
Aquele chão nunca foi tão gostoso. Quase erguia aquelas duas blusas quentinhas que eu tinha. Meu cachecol foi para o chão junto com o suéter dele. Aqui e agora?! Ele só pode estar pirando, e você também, Hermione! Por deixar isso chegar aonde está!
Grude os pés no chão, Hermione, grude!
- Harry... - O chamei me afastando lentamente. Encarou meus olhos, encostou em minha testa e segurou meu queixo.
- Não posso mentir para você, Mione...
- Então, me fala, por que não podemos ficar juntos? Por que você está me fazendo sofrer desse jeito? - Sentamos no chão.
Ficou em silêncio, olhava meus olhos, minha boca, meus olhos, os lados, meus olhos e por fim, suspirou e abriu um mero sorriso.
- Eu quero te amar.
- Então, me ame, deixe que eu escrevo nosso felizes para sempre. - Sorriu e deu uma pequena risada enquanto alisava meu rosto.
- Caramba, isso foi lindo.
- É, eu sei! - Sorri vitoriosa.
- Não estraga o momento romântico, Ok...?
Colou os lábios nos meus e enquanto eu sorria. Voltou a ficar sobre mim mas logo o empurrei.
- Chega. - Disse levantando.
- Ah, Mione...!
- Francamente, Harry! No meio da Floresta? Nesse frio?! Broxa qualquer um.
***
Invadimos o quarto nos beijando. Fechei a porta com o pé e logo nos derrubamos na cama, ele por cima de mim. Joguei alguns livros no chão e me ajeitei enquanto ele beijava meu pescoço e já ia tirando minha blusa. Com um movimento rápido, tiramos os tênis, voando um para cada lado daquele quarto.
Não queria saber se Bichento estava por lá, mas parecíamos animais sedentos, querendo devorar um ao outro. As roupas cheias de barro sujaram o lençol mas eu nem liguei. Sua mão gelada tocou minha pele branca e quentinha fazendo eu me arrepiar por inteira.
Subi em cima do seu corpo e o beijei freneticamente. Ele procurou a varinha e ligou o meu som um pouquinho alto, mas nada que faça o vizinho reclamar.
- Você fala de mais nessas horas, Hermione...
- Eu ainda nem abri a boca! - Disse ofegante olhando nos seus olhos.
- Mas vai falar, eu tenho certeza.
- Você é tão indelicado...!
Calou-me me dando mais um beijo daqueles. Rolávamos na cama sem muito o que dizer, apenas deixando nosso corpos falar por nós. Eu só podia estar muito, mas muito louca mesmo...!
***
Ninguém, ninguém mesmo conseguia tirar o sorriso do meu rosto. Eu sabia que seria coisa de uma noite só e depois, ele agiria daquele modo grosso e rude comigo, mas valeu a pena, valeu muito a pena...! Eu me envolvi de mais, mas quem está ligando? Ele tem seus segredos, então, irei respeitá-lo até que eu tenha a cara de pau de falar o que aconteceu na minha vida para eu mudar tanto.
Já estava na hora deles saberem. Durante o resto de noite que me restou – óbvio que não preguei os olhos – fiquei pensando em como eu contaria isso para eles. Poderia chegar e falar simples e claro: Eu mudei pela morte trágica dos meus pais. Ou poderia contar toda a história e terminaria falando: Eu mudei pela morte trágica dos meus pais. Ou quem sabe, eu escrevesse um livro, e colocaria o nome de: Eu mudei pela morte trágica dos meus pais.
Não tinha muito o que dizer, era mais eu expor o tema e eles me metralharem de perguntas e críticas. Tinha que engolir meu orgulho, superar meu medo e dar a cara para bater. Cara, eu não fiz nada de errado! Eles deveriam saber desde o primeiro momento!
Está decidido! Hoje eu conto a verdade a eles, não quero mais viver essa mentira.
Enquanto não chega a noite, eu me encontrava no Salão Comunal para meu café da manhã com as meninas. Todas muito animadas, eu também entrava no clima. Harry, junto com Ron, entraram no Salão conversando animadamente, Gina nem estava por perto. O ruivo chegou por trás de sua namorada e lhe deu um beijo na bochecha.
Harry, doido como sempre, pulou a mesa e sentou ao meu lado, com as costas para a mesa.
- Hoje eu tenho que conversar com vocês dois. - Olhei para ele e depois para Ron.
- Opa, conversas, adoro conversas! - Disse numa voz maligna.
- Sobre o que? - Perguntou Harry.
- Vocês verão à noite. - Pisquei.
- Harry, o que você fez com a Meg?! Ela não para de falar em você! - Soltou Parvati. Meg não estava na mesa, não tinha visto ela aquele dia.
- Ah, Parvati, você sabe... - Disse engraçado. - Meu charme irresistível! - Todos riram na mesa. Eu peguei um bolinho e enfiei na sua boca.
- Tudo bem, conquistador! Come esse bolinho e fica quieto!
Ron pulou a mesa e pegou pelo colarinho de Harry, puxando ele para se sentar junto com os moleques, um pouco longe dali.
- Vamos logo, 'conquistador'!
- Valeu pelo bolinho! - Piscou e eu sorri. Virei-me para a mesa, para terminar meu café e todas me olharam com olhares engraçados, sarcásticos e sobrancelhas arqueadas.
- HMM... - Disseram juntas.
- Oh, por favor, o cara tem namorada! - Meneei e ri baixo.
Elas não me ouviram mas também não tocaram mais no assunto.
***
- Bom, aí a loira chegou pra mãe, pediu mais dinheiro, e a mãe pergunto: por que mais dinheiro, filha? Ai a loira respondeu: é porque é alugado! - E quase mijou de rir e eu fiquei séria.
- Que sem graça, Tony. Você tinha piadas mais engraçadas! - Brinquei.
- Ah, Mione, qual é! Essa é uma das melhores! - Grudei em seu braço e paramos em frente uma multidão que tinha se formado naquele corredor.
- O que está acontecendo? - Perguntei intrigada.
- Saí da frente, galera! Saí da frente! - Pedi com a sua delicadeza de um elefante. Abriu caminho até que meus olhos arregalaram-se e minhas mãos foram a boca aberta.
- Olha só, a dona do espetáculo chegou! - Dizia Adam abrindo os braços e mostrando aquela parede.
Estava totalmente pichada de corações em uma tinta vermelha escrito 'Hermione&Draco', corações e flechas ao lado, e mais em baixo, estava escrito: “Do ódio ao amor, e agora? Quem irá assumir esse namoro escondido que começou a meses atrás?! . Meu coração quis sair pela boca, minhas pernas não queriam mais exercer a função delas e minha vontade era de matar a primeira pessoa que eu visse pela frente.
- Gostou do presente, Amor? - Olhei com profundo desprezo para Adam. Tony saiu de trás de mim e partiu para cima daquele idiota, mas eu impedi antes que um deles saíssem machucados.
- ME DEIXA BATER NESSE IDIOTA, HERMIONE! - Eu segurava Tony enquanto alguns garotos do sexto ano seguravam Adam.
- NÃO, TONY! - Gritei. - Você vai se encrencar, não vale apena!
- Esse idiota tá zoando com você, Hermione?! Você vai deixar?! - Olhava com profundo desprezo para Adam e para todos aqueles corações.
-Fala pro teu amiguinho, Granger! Fala a verdade! - Tony quietou-se por um minuto e se soltou lentamente de mim, respirando alto.
- Que verdade, Hermione? - Perguntou me encarando logo depois de uma boa olhada em Adam.
- Vai, Granger! Você tem coragem de fazer mas não de assumir, não é?!
- CALA A SUA BOCA, ADAM! - Gritei para ele.
Havia mais pessoas que eu imaginava. Por que esses urubus queriam ficar presenciando aquilo? Será que não têm mais nada de bom para fazer nessa vida?!
- Ah, olhem só! O galã da história! - Apontou para trás de mim e de Tony. Draco estava lá, pasmo com tudo que via. Sim, ele queria matar alguém mais do que eu. - Então, cara, - - Foi até seu lado e colocou a mão em seu ombro. - Gostou?
- Não rela essa mão em mim, seu desgraçado. - Disse num tom que nunca ouvi Draco falar. Adam tossiu assustado e saiu de perto de Draco cruzando os braços e me encarando.
- Eu posso até ter chocados um, ter apenas confirmado as desconfianças de outros, mas cá estamos, em frente os dois! Queremos saber se é verdade isso! Que vocês são loucamente apaixonados, um pelo outro! - Aquela multidão explodiu.
- Me deixa ferrar com esse cara, Hermione... - Dizia Tony entre os dentes.
- Não, Tony, você vai se meter numa briga que não é sua.
- Vamos, cara! Confessa aí que esse anel que tá na mão dela, é um presente seu! - Tratei de esconder a mão no mesmo momento. - Fala, Hermione! Que enquanto você tava namorando, o Draco era quem dava conta do recado!
- Você mexeu com a pessoa errada, cara. - Soltou Draco apertando os punhos. - Você sabe do que eu sou capaz, do que minha família é capaz.
Dentre todo esse desespero, eu não pude deixar de me sentir um pouco aliviada.
- Estou fazendo um favor a vocês!
Todos aqueles olhares, todos aqueles sussurros, aquelas pessoas que só sabem julgar os outros pela aparência, não sabem o que os outros sabem e já enfiam um rótulo. Não devo explicação a elas, não devo!
- É verdade. - Soltou Draco para meu desespero.
Meus olhos se encheram de lágrimas, Tony me olhou descrente e muito irritado, abriu caminho pela multidão e sumiu. Encarei o chão, depois Draco com lágrimas escorrendo dos olhos. Adam ria e batia palmas.
- Era isso que você queria, Adam? - Concordou lentamente abrindo um sorriso malicioso. - Só tem um problema, cara, e eu irei repetir, você mexeu com a pessoa errada. Deseje apenas querer ver o sol pela manhã. - As pessoas que estavam lá começaram a sair, algumas assustadas, outras não queriam simplesmente ficar ouvindo aquela novela. - Cara, 'ce tá ferrado...
Adam engoliu seco, olhando friamente eu e Draco, saiu entre o resto das pessoas que estavam naquele local. Eu encarava o chão, sem ação, sem sentimentos.
- Hermione... - Disse Draco encostando no meu ombro até eu desviar.
- Me deixa pensar. - Sai por outro lado da multidão.
A principio, passos, depois corridas até chegar em qualquer lugar que eu pudesse colocar meus pensamentos no lugar. O jardim. Draco era atleta, ele poderia muito bem ter me alcançado antes de chegar naquele lugar. Correu atrás de mim, podia sentir. Corria em passos duros assim como eu. Tentávamos não sermos percebidos pela multidão que estava em todos os lugares, mas era uma coisa impossível, principalmente quando você quase passa por cima dela.
Estava tão aborrecida que mandei pro inferno alguém que chamou pelo meu nome. Ele conseguiu, ele conseguiu o que queria.
Avistei Harry, estava completamente sozinho, apreciando o momento, a paisagem e a solidão, coisa que eu queria estar. Que maravilha ele não estar naquele corredor, naquele exato momento...! Pelo menos um em tantos para não ouvir tal barbaridade.
Ergueu seu olhar para mim, sorriu e confortou minha alma. Mas o dilúvio estava por vir. Senti meu braço preso, logo depois só consegui olhar os olhos surpresos em cima de mim, principalmente Harry; Draco tinha me alcançado, e beijado a força.
Eu tentava me separar, eu tentava me soltar mas com aqueles braços e toda a fraqueza que eu estava sentindo, era a última coisa que conseguia. De repente, senti meu corpo indo para trás e alguém pulando no meio de nós dois. Harry tinha saltado, me puxado para trás e metido um soco no rosto de Draco que o fez cair no chão, com o nariz quebrado.
O ódio que eu sentia por Adam se transferiu para Draco. Além de ter confirmado tudo aquilo que aquele idiota armou, me faz uma coisa dessas! Droga!
Abaixei-me ao seu lado perguntando se estava bem, mas Harry me pôs novamente em pé. Uma roda de pessoas havia se formado em volta de nós, do primeiro ao sétimo ano.
- Você está bem? – Perguntou Harry pegando em meus dois ombros.
Fiquei olhando sua face raivosa espumando pela boca, Draco levantou-se limpando o rosto com a manga de seu sobretudo e partiu para cima do moreno que ainda me segurava; Iam começar a briga novamente, me pus no meio dos dois pedindo que parassem no mesmo momento mas era tarde de mais.
Todos gritavam: Briga! Briga! Briga! E a roda aumentou-se gradativamente; Logo, os professores aproximaram-se empurrando todos. O primeiro foi Snape que surgiu não sei da onde separando os três, jogando Harry e eu pra um lado, e Draco para o outro. Estava visivelmente vermelho e irritado.
- O que há com vocês?! Parecem animais! – Draco queria partir para cima de Harry novamente, mas Snape o segurou e eu segurei Harry. Logo, Ron apareceu também acalmando o amigo; Minerva apareceu logo depois furiosa mandando que os três fossem para sua sala.
Saímos do local sob olhares estranhos, cochichos e algumas risadas. O nariz de Draco estava roxo e um pouco inchado, ainda escorria sangue mas ele não deixava respingar pelos cantos. Harry estava com a mão vermelha e um pouco arranhada, mais alguns segundos e eles poderiam se matar naquele jardim.
Na sala da professora McGonagall, Draco colocava um saco de gelo em seu nariz enquanto eu encarava o chão, pensando em tudo aquilo que aconteceu. Harry evitava me olhar e eu evitava olhá-lo. Minerva soltava o verbo a mais de meia hora, nós escutávamos cabisbaixos e mudos, sem dizer uma palavra. Na hora de se explicar, um foi acusando o outro e eu me mantinha em silêncio, encarando o nada.
- Basta! – Gritou fazendo os dois se calarem. – Senhorita Granger, o que aconteceu? – Ergui meu olhar para a professora sendo observada pelos dois.
- Nada.
- Como não aconteceu nada?! – Gritou quase batendo na mesa. – Onde vocês pensam que irão chegar com isso? Vivem se atracando pelos corredores! Isso já me cansou. – Voltei a olhá-la, agora assustada. – Sabe porque eu não expulso os três agora? – Engoli seco. – Por que Dumbledore me pediu muita, mas muita paciência com vocês. Por mim, os três estavam foram desde a primeira infração! – Suspirou. – Será que eu terei que separá-los mais uma vez nessas briguinhas infantis?
- Não, senhora. – Respondemos juntos.
- Ótimo, para suas casas e não quero mais ver esse tipo de coisa.
Saí primeiro do que os dois agarrando os próprios braços, só que antes de pegar o caminho para o meu quarto, Harry pegou em meu braço delicadamente e me olhou nos olhos, Draco estava logo atrás apenas observando.
- O que aconteceu lá, Hermione? – As lágrimas começaram a cair, não queria confessar, mas também não queria deixar tudo como estava.
- Ele me beijou... – Soltei encarando o chão.
- Ele é um desgraçado! Um desgra-
- Não, Harry, eu correspondi ao beijo. – Ficou me olhando totalmente confuso, olhou para Draco e apertou os punhos.
- Você não pode ter correspondido, Hermione.
- Me desculpe... – Deixei mais lágrimas escorrerem.
Harry passou a mão no rosto e passou por mim colidindo com meu ombro. Encarei o chão segurando num dos ombros. Draco se aproximou com seu nariz vermelho e um pouco inchado e pegou no meu rosto.
- Me desculpe por ter te pegado daquele jeito.
- Só me deixa em paz, Ok? – Saí de perto dele e corri para as escadas principais.
Ao entrar no meu quarto, bati a porta com toda a força possível. Queria destruir tudo que encontrava, peguei uma almofada e afundei meu rosto nela dando um forte grito me deixando totalmente rouca. Joguei-me na cama e desatei a chorar.
Como minha vida vai do melhor para o pior em questão de horas?! Será que vocês não se cansam de brincar comigo?! Eu não agüento mais isso! Eu não agüento! Me desculpe, papai e mamãe, eu não sou mais virgem! Me desculpe, papai e mamãe por estar indo mal na escola! Me desculpe, papai e mamãe por ficar bêbada incontáveis vezes! Mas parem de fazer isso comigo, por favor...
***
Faltei no resto das aulas. Fiquei trancada no meu quarto pensando em tantas coisas ao mesmo tempo. Bichento ficava apenas me olhando, se perguntando como eu posso me ferrar tanto! Nem eu estou acreditando nisso. Em algum momento, eu teria que sair daquele quarto e encarar a vida, mas estava tardando aquele acontecimento ao máximo. Me privei do almoço, das aulas vespertinas, do estudo que tínhamos combinado, acho que a única coisa que poderia fazer era ir ao jantar e deixar aquilo em pratos limpos.
Me olhei no espelho, tentei disfarçar os olhos inchados de choro e saí do quarto em direção o Salão Comunal. Não havia quase ninguém nos corredores, e aqueles que estavam, nem ligavam para minha existência. Graças à Deus.
Entrei pela porta e logo dou de cara com Ron e Harry, sentados quase na ponta. Ambos me olharam, Harry com raiva e Ron não entendendo nada, não acreditando aquilo de mim. Abaixei a cabeça e me sentei um pouco mais longe deles, junto com as meninas que estavam mudas, me olhando um pouco surpresas.
- Olá, pessoal. - Disse me servindo rapidamente.
O clima estava pesado por ali, ninguém falava, ninguém me perguntava nada, eu olhava para uma delas, e elas desviavam os olhares para outras coisas. Na sobremesa, aquela situação me subiu o sangue.
- Tudo bem! - Larguei a colher em cima do prato fazendo um barulho significativo. - Vocês vão ficar com essas caras ou será que podemos ter uma conversa digna, pelo menos na hora da janta?
Ninguém disse nada.
- Hermione, você tem idéia do que você está fazendo?
- Parvati, eu não estou fazendo nada!
- Mas fez, você estava tendo um caso com Draco Malfoy o tempo todo!
- Isso é problema meu! - Suspirei.
- A gente só quer seu bem, Hermione, Malfoy não presta. - Afirmou Deena.
- Não presta para quem não conhece.
- Está defendendo ele agora? - Perguntou Anne um pouco irritada. - Você sabe do que ele é capaz.
- E por que não defenderia? Ele é humano, tem o direito de errar.
- Ele ter nascido já foi um erro, Hermione. - Disse Parvati desdenhosamente. - A familia dele é muito poderosa! Imagina quando ela souber que ele está namorando uma- - Parou.
- Fala, Parvati, termina.
- Uma nascida-trouxa.
- Uma sangue-ruim. - Corrigi demonstrando estar visivelmente irritada e magoada. - Pensei que vocês intenderiam.
- E entendemos! Só estamos te avisando que não estamos a favor disso.
Suspirei, me levantei deixando tudo como estava.
- É pra isso que serve os amigos, não é?
Dei as costas e saí do Salão Comunal como um tiro. Eu estava tão atordoada que tive a leve impressão de ter esquecido para onde ia. Parei onde estava, suspirei olhei dos lados, encarei Filth que estava na porta do Salão e voltei a subir as escadas.
Saindo do quadro da Mulher Gorda, encontrei com Tony; Abri um largo sorriso e parei com as duas mãos abaixadas sobre a coxa. Olhou-me, olhou para frente e depois tornou a me olhar. Passou por mim sem trocar uma mínima palavra; Meu sorriso minguou e eu comecei a lhe seguir chamando por seu nome, mas nem isso ele respondi.
Peguei em seu braço depois das incansáveis vezes que tinha lhe chamado;
- Tony, o que houve com você? Está me ignorando completamente! – Rolou os olhos e deu espaço para que as pessoas que estavam atrás de mim, subissem.
- Olha, Hermione, eu até pensaria que tudo isso que você está fazendo é porque é coisa do momento, mas isso já passou dos limites. – Voltou a andar.
- Está se referindo ao Draco?
- Estou me referindo ao Malfoy, se é que você ainda se lembra de quanto ele odeia todos os Grifinórios e pessoas como você. – Serrei os punhos e comecei a acompanhá-lo.
- Pessoas como eu? Você quer dizer que só porque eu sou uma nascida-trouxa eu-
- Eu não estou te descriminando, só que os outros olham pra você e estão vendo muito bem a besteira que você está fazendo.
- O quê os outros tem a ver com isso? A vida é minha.
- E você não pode ter pessoas que se importam com você? - Ironizou. - Malfoy não presta, Hermione.
- Será que vocês não têm outro discurso?! Será que vocês não tiveram um pouco de paciência para conhece-lo melhor?
- Conhecer o Malfoy melhor? - Parou e me encarou. - Não, obrigado.
- Você está sendo egoísta!
- Estou sendo realista.
- Você está com ciúmes, isso sim! – Quase gritei.
- Ciúmes? – Virou-se para mim e apontou para o próprio peito. – Sentir ciúmes de Draco Malfoy é a última coisa que eu faria nesse mundo.
- Ninguém entende o que eu sinto!
- Ah, então você sente alguma coisa por ele? O cara que até o ano passado, queria a sua morte?
- Ele mudou, Tony!
- Mudou só pra transar com você, Hermione, cai na real! - Deixei algumas lágrimas escorrerem. - Você está fazendo uma coisa muito errada, eu só não quero que amanhã, você venha correndo para mim chorando como você sempre faz quando termina com alguém ou beija o Potter, falando que ele não era aquilo que você pensava.
- Eu nunca fiz isso.
- Fez, pode ter certeza que fez, e fará muitas vezes, escuta o que eu estou te dizendo! - Voltou a andar e eu fiquei parada. - Cansei de ficar aturando suas loucuras, Hermione! Cansei de ficar sendo o seu cachorrinho! Pra mim chega!
Aquelas palavras cortaram meu coração e lágrimas caíram dos meus olhos. Eu fiquei parada enquanto ele sumia nas escuridão dos corredores.
Eu estava completamente sozinha.
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